top of page

Um Amor Complicado

Capitulo 1

 

Gabriela saiu do quarto já arrumada para o trabalho, usando terninho de saia e blazer preto, com blusa branca por dentro. Os cabelos castanhos estavam presos em um coque folgado, algumas mechas emoldurando seu rosto bonito. Os olhos castanhos muito claros, luminosos e inteligentes, estavam marcados pela maquiagem, os lábios sensuais pelo batom discreto.
Cruzou com a mãe enquanto ela se aproximava da mesa, a jarra de café na mão.
— Bom dia, filha. — Laura cumprimentou, oferecendo a face para o costumeiro beijo matutino da filha.
— Bom dia, mamãe. — Ela disse, enquanto pegava uma xicara e despejava um pouco de café, tomando um grande gole, sem se sentar.
— Sente-se para tomar café, Gabi.
— Não tenho tempo! A condução vai passar em poucos minutos.
— Não gosto quando você faz isso. Por que não levanta mais cedo? — Laura fez uma careta, enquanto se sentava e mordia uma torrada.
— Por que fiquei até a madrugada fazendo um trabalho que preciso entregar essa noite... — Gabriela colocou a xicara vazia na mesa, e jogou um beijo para a mãe, acenando uma despedida.
Saindo de casa, Gabriela caminhou rapidamente até o ponto de ônibus, duas quadras adiante. Cumprimentou as pessoas que ela geralmente encontrava diariamente e em alguns minutos estava no ônibus que a levaria até a World Dream Tur, a agencia de viagens e turismo na qual trabalhava há dois anos como secretária.
Quando chegou à empresa, Gabriela cumprimentou animadamente os colegas de trabalho, enquanto caminhava para o escritório. Ligou os computadores, e começou a trabalhar.
Gabriela amava aquele lugar. Cursava turismo na faculdade, e aquele emprego era um sonho para ela. Era um ambiente alegre e descontraído, a empresa era altamente conceituada em seu ramo. World Dream Tur era uma rede, com polos em vários países, tendo sua sede em Nova York. Gabriela trabalhava diretamente com o gerente, Bruno Rios, um homem simpático e inteligente de trinta e três anos.
Eles trabalhavam bem juntos, e eram amigos. Algumas vezes, Gabriela cogitara se Bruno estaria interessado nela. Mas ele nunca tomara nenhuma iniciativa, o que estava muito bom para ela.
Os planos de Gabriela estavam bem definidos. Ela queria se formar, trabalhar, e ganhar bem. Queria uma vida melhor, com a parte financeira estável.
Queria dar á sua mãe coisas que ela tinha que ter aberto mão para tê-la.
Laura tinha sido uma jovem e determinada mãe solteira.  Ela engravidara aos dezessete anos, e o namorado simplesmente lhe virara ás costas, assim como os avós de Gabriela, que a haviam expulsado de casa.
Laura trabalhara de doméstica então, sem carteira assinada e ganhando menos do que o justo, para que pudesse morar no emprego enquanto juntava dinheiro para alugar uma casa e comprar as coisas que o bebê precisava.
Depois que Gabriela nascera, Laura começara a trabalhar como diarista, o que fazia até hoje.
Gabriela sempre fora boa aluna. Trazer boas notas para casa era sua forma de demonstrar á sua mãe sua gratidão. Com dezesseis anos, arrumou emprego, mas sua mãe foi contra essa ideia. Queria que ela estudasse e que tivesse as oportunidades que ela mesma não pudera usufruir. Mas Gabriela manteve-se firme e prometera manter suas notas.
Desde então Gabriela ajudava com as despesas de casa. Com pouco, já que sua mãe insistira que ela começasse um curso de inglês. Mais tarde, quando ganhara uma bolsa parcial de estudos para a melhor faculdade do Rio de Janeiro, pensara em deixar o curso para iniciar a faculdade, mas sua mãe não permitira, custeando ela mesma a parte dos estudos que a bolsa não cobria.
Quando começara a trabalhar na World Dream Tur, alguns meses depois de iniciado a faculdade, tudo melhorara. O salario era ótimo e permitia que ela arcasse com os próprios estudos, o ambiente de trabalho era tudo o que ela sempre sonhara, e, para completar, trabalhava com turismo, onde podia aprender um pouco da prática de seu curso de graduação, que era Turismo e Hotelaria.
Mas ela queria poder devolver um pouco do muito que sua mãe lhe dera... Queria que ela pudesse usufruir um pouco da vida que abrira mãe para poder tê-la, para poder cuidar dela.
Então, Gabriela queria trabalhar e estudar... E alcançar um novo patamar, uma vida mais descansada e tranquila.
A manhã passou rapidamente. Era Novembro, e as vendas de pacotes para final de ano estavam em alta.
Quando Gabriela olhou para o relógio do computador, já eram treze horas. Pegou sua bolsa e desligou as luzes do escritório, enquanto saia para almoçar no habitual restaurante que ficava na esquina, próxima ao seu trabalho.
Caminhou pelo corredor que levava á recepção. Chegando lá, parou para conversar com Flávia, a recepcionista, enquanto esperava Clara, que estava atendendo um cliente.
Da recepção, havia seis salas onde as atendentes trabalhavam. Tinham as paredes em vidro transparente, e Gabriela podia ver o grande sorriso de Clara enquanto ela atendia o cliente.
Era um homem alto de ombros largos. Ele estava sentado displicentemente na cadeira, uma perna dobrada sobre a outra, enquanto olhava atentamente para a tela do computador, onde Clara mostrava algumas coisas.
— Flávia, eu preciso ir. — Gabriela disse, virando-se para a recepcionista. — Você diz á clara que já fui almoçar?
— Sim, tudo bem... Veja, ela já esta acabando. — Flávia disse, indicando com a cabeça.
Gabriela virou-se para ver Clara levantar-se e cumprimentar o homem, acompanhando-o ate a porta da sala.
Quando o homem se virou para sair, Flavia e Gabriela o olharam, admirando-o disfarçadamente.
Ele era moreno e tinha em torno de quarenta anos. Os cabelos pretos cortado curtos, tinham alguns fios precocemente grisalhos, os olhos escuros, a barba cerrada, a boca sensual. Ele usava terno cinza e gravata da mesma cor, em tom mais escuro, e camisa branca.
Todo o conjunto era perigosamente sexy.
— Boa tarde, senhoras. — Ele murmurou, a voz roucamente sensual, enquanto passava por elas, olhando demoradamente para Gabriela, um sorriso brincando no canto dos lábios.
Gabriela acenou com a cabeça em resposta, e Flávia murmurou uma resposta ao cumprimento.
Quando teve certeza de que o homem já havia ido embora Gabriela se virou para a saída.
Mas ele ainda estava lá, a porta da grande Hilux preta aberta, enquanto ele a olhava.
Os olhos deles se encontraram, e Gabriela sentiu seu sangue ferver. Mesmo com somente um olhar, aquele homem fazia pensar em sexo e luxuria. Ele sorriu para ela, enquanto colocava os óculos escuros e entrava no carro, partindo em seguida.
— Oh meu Deus, o que foi isso? — Flávia disse, dramaticamente se abanando. Virando-se para ela, Gabriela notou que ela estava corada. Mas não a culpava, ela mesma sentia as faces quentes.
E não só as faces a incomodavam.
As mãos estavam frias e suadas, o ventre apertado, as pernas trêmulas.
O homem era pura dinamite.
E quem nunca tivera fantasias com um homem mais velho?
 
 
Quando Gabriela saiu da faculdade a noite, encontrou com Camille no estacionamento, ouvindo musica dentro do seu carro. Abriu a porta e sentou-se no banco de passageiro.
— Oi, Ca. — Gabriela cumprimentou, e elas se abraçaram rapidamente.
— Oi, Gabi. Vamos?
— Vamos. — Gabriela concordou, colocando o cinto de segurança.
Camille era a melhor amiga de Gabriela. Elas se conheciam desde o ensino médio, e desde então eram inseparáveis.
Elas eram muito diferentes. Camille era linda, rica e mimada. Mas era uma ótima amiga, e Gabriela a amava verdadeiramente.
Os pais de Camille haviam se separado quando ela tinha onze anos, e desde então Camille e a mãe, Marina, mantinham pouco contato com ele. Nas poucas vezes em que fora na casa de Camille e ouvira-as falando sobre o pai, ele lhe parecera um homem egoísta e sem coração, e a amiga se mantinah o mais distante possível dele.
Mas Camille não falava sobre o assunto, e para Gabriela não fazia diferença.
— Sabe quem me perguntou de você hoje? — Camille perguntou, enquanto mudava a marcha do carro. Sem esperar pela resposta dela, continuou. — Júlio.
Gabriela gemeu, contrariada. Júlio Aragão estudava com Camille, que o apresentara a Gabriela. Ele era bonito e inteligente, e Gabriela tinha namorado com ele por poucas semanas, há alguns meses.
Mas o encanto acabara e ela terminara. Fim.
O fim para Gabriela, por que vez por outra ele a procurava, ou a Camille.
— Ah, não, não quero saber, Camille.
— Você devia dar mais uma chance, amiga. — Camille disse, em tom de deboche. Ela costumava rir da insistência de Júlio em reatar algo que todos sabiam que não era nada importante.
— Pare com isso, Camille. — Ela repreendeu, séria. Não gostava que a amiga fizesse esse tipo de comentário. — Não é por que não vai rolar que vamos debochar dos sentimentos dele. Julio é um cara legal.
Camille fez uma careta, e seguiu em silencio.
Minutos depois elas entravam pelo grande portão de ferro da casa de Camille. Era uma casa enorme para apenas duas pessoas, muito diferente da casa alugada de dois quartos, sala e cozinha americana que Gabriela morava.
Camille estacionou seu Corolla branco na garagem para quatro carros, ao lado do Chrysler vermelho de sua mãe. Entraram pela grande porta de vidro que dava acesso á cozinha, e enquanto subiam a grande escada de mármore, encontraram com sua mãe.
Marina era uma bonita mulher de quarenta e dois anos, um pouco excêntrica na opinião de Gabriela. Ela era alta e tinha longas pernas, cabelos nos ombros e uma boca sensual.
— Gabriela. — Marina cumprimentou com um aceno de cabeça. Nas poucas vezes que viera à casa de Camille, nunca tivera nem mesmo uma curta conversa com a mãe da amiga. Elas se cumprimentavam e só.
— Boa noite, Sra. Matos. — Cumprimentou educadamente.
— Camille, seu pai telefonou. Disse que tentou falar pelo celular, mas você não atendeu. — Marina comunicou.
— É, eu vi as chamadas. Depois falo com ele. — Camille respondeu, enquanto dava de ombros, continuando seu caminho pelo corredor que levava ao quarto.
— Ele disse que ligaria no horário que você chegasse da faculdade.
— Se ele ligar, diga que não estou! — Camille disse um pouco mais alto enquanto batia a porta do quarto.
Elas passaram as próximas horas conversando e ouvindo musica. Cantaram algumas juntas e se divertiram, e Camille buscou vários sanduíches na cozinha e elas comeram no quarto. Era mais de meia noite quando Gabriela se recolheu para dormir.
 
No dia seguinte, Gabriela acordou cedo e foi trabalhar. Foi um dia cheio. Era sexta feira, e quando encerrou o expediente ela, Flávia e Clara foram a um bar que ficava próximo a agencia.
Era um lugar animado e de musica alta, e aos finais de semana tinham musica ao vivo. A um canto, atrás de um grande balcão, o barman dava um show de malabarismo com garrafas e copos.
Elas se sentaram nas altas banquetas junto ao balcão e pediram suas bebidas, sendo servidas em seguida. Poucos minutos depois foram tiradas para dançar, e quando voltaram para seus lugares, estavam cansadas e sorridentes.
Beberam e conversaram, e Clara foi para a pista novamente, e Flávia e Gabriela ficaram bebendo seus drinques.
Quando Gabriela deu o ultimo gole em sua bebida, o barman colocou outra em sua frente, sem que ela pedisse.
Ela levantou a cabeça, para vê-lo sorrir.
— Com os cumprimentos do cavalheiro. — Ele disse, indicando um canto do bar com a cabeça.
Gabriela seguiu a direção do seu gesto, ficando surpresa ao deparar com lindos e profundos olhos escuros. O homem sorriu para ela, levantando seu uísque em uma silenciosa saudação.
Ela sorriu para ele, levantando seu copo em cumprimento.
— Não acredito que ele está aqui! — Flávia murmurou ao seu lado, animada.
— Nem eu. — Gabriela concordou, os olhos fixos no lindo estranho que vira pela primeira vez no dia anterior, na agencia.
Ele se levantou e fez seu caminho na direção delas. Flávia levantou-se e rapidamente sumiu de vista, deixando o lugar ao lado de Gabriela vazio.
Algumas mulheres o olharam enquanto ele caminhava, e Gabriela não podia culpa-las. Ele era lindo e sexy. Tinha o andar calmo e sedutor como o de uma pantera.
— Boa noite. — Ele cumprimentou, se aproximando. A voz era profunda e sensual, e ela sentiu uma batida do coração falhar quando o ouviu.
— Olá. — Ela respondeu, inacreditavelmente tímida.
— Posso me sentar aqui com você?
— Sim, claro.
Ele se sentou, a calça colando em volta de suas pernas.
— Meu nome é Marcio. — Ele disse, os olhos presos nos dela.
— Gabriela. — Disse, e prendeu a respiração quando ele pegou a mão que ela estendera, beijando sua face, os lábios macios e firmes se demorando um pouco mais do que o necessário.
Gabriela sempre ficava nervosa quando conversava pela primeira vez com alguém que a interessava. E definitivamente aquele homem a interessava sobremaneira. Ele era mais velho e experiente, e tinha toda aquela sensualidade em volta de si mesmo.
Eles conversaram pouco, o som alto impedia um diálogo. Mas não havia barreiras para os olhos deles, que expressavam todo o desejo que sentiam , sem necessidades de palavras.
Discretamente, Gabriela escorregou o olhar para suas mãos. Não havia aliança, nem marca de uma.
— Não sou casado.
Ela levantou os olhos rapidamente, ficando corada ao ser pega em flagrante. Mas Marcio sorriu, e desceu graciosamente do banco, estendendo a mão para ela.
— Dança comigo, Gabriela?
Eles foram de mãos dadas para a pista de dança, e se entregaram as batidas da mesma, um som sensual e envolvente. Embora afastados pelo ritmo rápido e intenso da dança, eles se movimentavam em sintonia, os olhares presos. Quando o casal colidiu contra Gabriela, empurrando-a, Marcio estava perto o suficiente para segura-la.
E ele a manteve assim, junto ao corpo viril. Eles pararam de tocar, o som alto do coração acelerado ecoando nos ouvidos, a respiração rápida e difícil demonstrando o quanto o toque era perturbador.
Segurando Gabriela pelo pescoço, ele puxou os lábios dela de encontro aos seus, em um primeiro beijo explosivo e enlouquecedor.
A língua dele passeava sem pudor pelo interior da sua boca, e respondendo ao rouco gemido que ela soltou, Marcio a puxou contra o corpo, fazendo-a sentir sua ereção.
Gabriela o abraçou pelo pescoço, se entregando a delicia que era ser beijada por aquele homem.
 

Capitulo 2

 

Quando conseguiram se afastar estavam ambos sem fôlego. Gabriela olhou para Marcio e o olhar dele era pura luxúria. Ele a puxou contra seu corpo e beijou novamente, agora com mais intensidade e desejo que o primeiro.  Quando suas bocas se desgrudaram Gabriela estava derretida nos braços de Marcio sedenta dele.

— Eu preciso ter você. – Marcio disse ao pé do ouvido de Gabriela, levando arrepios por todo seu corpo. Ela não disse nada apenas confirmou com a cabeça enquanto ele a puxava pela mão.

                Marcio passou com ela pelo bar, deixou algumas notas com o barman e saiu. Depois que saíram eles caminharam poucos metros até a Hilux de Marcio. Durante todo caminho ele segurou possessivamente a mão de Gabriela. Quando chegaram ao veiculo, ele abriu a porta para que ela entrasse, e depois que ela estava acomodada, ele puxou o rosto dela com uma das mãos, apertando levemente seu maxilar e deu-lhe outro beijo.

                Gabriela sentiu sua barriga se contrair e enviar um calor para o centro de suas coxas. Aquele beijo cheio de promessa, cheio de desejo estavam deixando-a totalmente excitada.

                Enquanto Marcio dirigia ele pousava a mão possessivamente no joelho de Gabriela, só tirando quando era necessário passar a marcha.  Poucos minutos depois chegaram a um motel grande e bonito. Márcio escolheu a suíte mais cara e assim que ele estacionou na garagem privativa e fechou a porta do quarto, avançou até Gabriela com passos largos a abraçando e suspendendo, fazendo suas bocas se chocarem. Suas línguas travavam uma deliciosa batalha enquanto ele a encostou na parede e pressionou seu corpo contra o dela. Gabriela pode sentir sua ereção por baixo da calça jeans que ele usava.

                As mãos de Marcio passeavam por todo corpo de Gabriela, e desceram até a barra do vestido que ela usava e sem cerimônia, ele afastou sua calcinha do caminho e enfiou um dedo na abertura de Gabriela, fazendo-a gemer enquanto ainda se beijavam.

— Você está tão molhada! – Marcio disse com a voz rouca de excitação. Ele puxou violentamente a calcinha de Gabriela fazendo com que a mesma rasgasse. Levou o dedo até o clitóris dela massageando sem desgrudar suas bocas.

                Com uma rapidez assustadora, ele tirou o vestido dela deixando-a apenas de sutiã.  O vestido dela caiu aos seus pés e Marcio não tardou em tirar a peça de roupa que restava, expondo seus seios. Marcio desceu seus lábios quentes pelo pescoço de Gabriela e foi descendo, abocanhou seu mamilo fazendo Gabriela arquear seu corpo para frente dando a ele total acesso ao seu corpo.

                Marcio se levantou e levou Gabriela até a cadeira erótica que tinha dentro do quarto. Posicionou Gabriela na cadeira de barriga pra cima, com as pernas abertas e ajoelhou na frente dela fazendo sua língua brincar com seu clitóris, enquanto Gabriela segurava nas laterais da cadeira arfando de prazer. Percebendo que ela já estava quase chegando ao orgasmo ele introduziu dois dedos duros nela fazendo a excitação dela se intensificar e rapidamente ela chegar ao orgasmo.

                Gabriela estava com a respiração ofegante e o corpo ainda mole quando Marcio a suspendeu da cadeira e beijou seus lábios intensamente. O beijo ainda faminto e agora com gosto do seu prazer.

— Venha querida, venha retribuir o favor. – e mal ele disse, Gabriela caiu de joelhos na frente dele abocanhando sua ereção e depois lambendo toda extensão do membro de Marcio.

                Gabriela lambia e sugava todo comprimento dele, fazendo-o gemer de prazer. Ela nunca tinha conseguido fazer um Deep Throat, mas ela estava tão excitada e queria retribuir o prazer que ele havia proporcionado a ela, que era como se ela fosse expert.

                Marcio se afastou e posicionou na cadeira, como tinha feito antes com ela. Novamente ela se ajoelhou e continuou a suga-lo. Conforme Marcio se aproximava do orgasmo ele segurou firmemente os cabelos de Gabriela, enrolando-os entre os dedos e puxando a cabeça dela contra seu membro mais rapidamente.

                Gabriela adorou ver aquele homem no comando e aumentou a sucção. Não demorou muito para Marcio gozar, fazendo Gabriela engolir seu liquido quente e espesso.

                Ela se levantou o encarando e lambendo os lábios. Quando Marcio viu aquilo ele se levantou rapidamente e a levou até a cama. Seu membro ainda estava semiereto e ele começou a beija-la e alisar seu corpo, brincando com os mamilos dela entre os dedos, dando leves apertões. Não demorou muito para que o membro dele estivesse novamente, totalmente ereto.

                Ele puxou um preservativo da cabeceira da cama, vestiu seu membro e sem esperar penetrou Gabriela duramente fazendo-a gemer com todo o comprimento dele dentro do seu sexo. Marcio estocou uma e outra vez, cada vez mais intenso e desejoso.

Marcio parou e colocou Gabriela de barriga para baixo, fazendo-a dobrar os joelhos e expor seu sexo para ele e a penetrou novamente, agora por trás, fazendo seu membro entrar ainda mais fundo na abertura dela, levando-a rapidamente a outro orgasmo. Algumas estocadas depois Marcio também gozou deixando Gabriela sem ar de tanto prazer.

Quando ele saiu de dentro dela, ela deitou-se ainda buscando o ar nos pulmões. Ele tirou o preservativo amarrou e jogou no sanitário dando descarga, e depois voltou até a cama e deitou-se ao lado dela, envolvendo-a em seus braços, enquanto o corpo de Gabriela ainda estava mole por conta dos orgasmos que ele tinha proporcionado.

— Você é um deus do sexo? – ela perguntou sorrindo.

Marcio deu uma risada rouca e deliciosa. — Eu tento.

— Pois eu tenho que dizer que você consegue.

— Obrigado querida. – ele beijou a testa dela. – Está com fome?

— Um pouco.

— Gostaria de beber alguma coisa? – Marcio perguntou enquanto pegava o telefone para discar para o serviço de quarto.

— Eu acompanho você. – ela disse se levantando. Foi até o banheiro, quando voltou  estava vestindo um robe.

                Marcio pediu pizza e um vinho. Eles conversavam e riam enquanto comiam. Gabriela descobriu em Marcio não só um homem mais velho e ótimo de cama, mas também, muito divertido.

                Ele por sua vez ficou impressionado em como Gabriela era esperta e inteligente. Ela não tinha só um corpo delicioso como também uma boa conversa. Ele a encarou um tempo em silencio enquanto ela bebia mais um gole do vinho. E enquanto a encarava os olhos dele queimaram novamente, desejosos.

— Você já terminou? – ele perguntou sem desviar o olhar.

— Sim. – ela respondeu quase num sussurro quando percebeu o desejo no olhar dela.

— Então venha, vamos tomar um banho. – ele se levantou e estendeu a mão pra ela e antes mesmo de chegarem ao banheiro ele já havia tirado o robe dela e a penetrado novamente.

 

                Algumas horas depois Marcio parava em frente a casa de Gabriela. Desceu e deu a volta abrindo a porta do carro e estendendo a mão para que ela saísse. Assim que ela desceu ele pegou a mão dela e lentamente beijou os nós dos dedos dela, demorando com os lábios encostados em sua pele, fazendo com que aquele simples toque fizesse Gabriela sentir novamente aquele aperto em seu ventre.

— Obrigada pela noite maravilhosa.

— Ah não querida! Eu que agradeço. – Marcio sorriu e novamente estava lá, aquele olhar que queimava de desejo. Ele a puxou contra seu corpo e a beijou intensamente. Depois se afastou deu a volta e entrou no carro, acenou para Gabriela e saiu.

                Quando Gabriela entrou em casa, sua mãe ainda dormia. Gabriela ficou feliz de poder acordar tarde no dia seguinte, já que era sábado. Algumas poucas horas depois ela acordou e viu que já passavam das dez da manhã. Ela se levantou, inevitavelmente lembrou-se de Marcio e mesmo estando longe dele, sentiu aquele calor crescer em sua barriga e desejou poder vê-lo novamente. Gabriela sorriu e balançou a cabeça.

— Não seja ridícula, vocês nem trocaram telefone! – ela resmungou pra si mesma.

                Quando chegou à cozinha havia um bilhete da sua mãe dizendo que o café estava pronto e que ela tinha saído para mais uma faxina. Que voltava um pouco depois da hora do almoço.

                Gabriela tomou seu café e se pôs a fazer alguns trabalhos da faculdade. Estava na metade deles quando seu telefone tocou e ela viu que era Flávia.

— Pode me contando todos os detalhes! – Flavia disparou depois da saudação de Gabriela ao atender ao telefone.

— Eu estou estudando Flá...

— Nem vem com essa... Eu quero saber...

— Eu te conto os detalhes na segunda, mas eu posso te dizer que o cara sabe agradar uma mulher.

— Ah! Que invejinha branca! – Gabriela ouviu a amiga soltar um suspiro – Pois eu fiquei com um carinha que eu tive que ensinar o bê-á-bá. E depois ele ainda quis meu telefone acredita? – Flavia deu uma risada – Eu disse que ligaria, e peguei o numero dele. Mal ele virou a esquina e eu joguei o cartão fora. – mais uma risada - Ele vai esperar sentado.

— Você é uma menina má! – elas riram – Agora eu realmente tenho que terminar esse mundo de trabalhos da faculdade. Na segunda almoçamos juntas e eu te conto os detalhes.

— Tudo bem Gabi, até lá então.

                No domingo, apesar da insistência de Camille, Gabriela não saiu com ela. Ela já tinha programa com a sua mãe. Uma vez por mês elas tiravam um dia para elas. Era como um dia de mãe e filha e elas saíam, almoçavam fora, iam ao cinema. Era divertido e elas aproveitavam pra por a conversa em dia que muitas vezes, com a correria do trabalho e faculdade de Gabriela elas não tinham tempo.

                Na segunda feira Gabriela chegou ao trabalho cedo. Assim que Flavia chegou, ela foi até a sala de Gabriela cobrar o almoço e ela confirmou que iriam juntas. Quando faltavam dez minutos para meio dia, Flavia ligou para ela.

— Caramba, deixe de ser ansiosa! – Gabriela respondeu quando viu no identificador de chamadas que o ramal vinha da mesa de Flavia – Eu já disse que vamos almoçar juntas!

— Não é isso! – ela falou baixo – Ele está aqui! Acabou de passar pela porta... – quando Flavia disse essas poucas palavras o coração de Gabriela deu um salto.

— Não seja boba, ele deve ter vindo acertar algo da viagem com a Clara.

— Não acho... – Gabriela ouviu quando Flavia deu seu profissional “Bom Dia, em que posso ajudá-lo”, mas não conseguiu ouvir o que ele respondeu. – Certo, só um momento, por favor. – Gabriela a ouviu dizer e já estava quase desligando quando Flavia voltou sua atenção pra ela. – Gabriela tem um senhor... Qual seu nome?... Tem um senhor chamado Marcio a sua procura...

— Ele veio pra falar comigo?! – Gabriela suspirou – Diga que eu já estou indo.

— Tudo bem. – Flavia desligou e virou-se para Marcio – Ela já vem. Se o senhor puder aguardar. – ela apontou com o queixo uma das poltronas disponíveis para os clientes. – Posso lhe oferecer alguma coisa? Água, café?

— Não, obrigado, eu estou bem. – Marcio disse e se dirigiu ate a poltrona e pegou uma revista de roteiros de viagem que estavam disponíveis lá. Não demorou muito para que Gabriela aparecesse.

                Quando seus olhares se cruzaram todo aquele desejo se tornou quase palpável. Ela se aproximou e rapidamente ele se levantou pegando a mão dela e beijando delicadamente.

— Não sei se você já tem planos, mas eu gostaria de te levar pra almoçar. – ele disse a encarando. Gabriela olhou para Flavia discretamente que fez sinal de positivo pra ela.

— Tudo bem, podemos ir.

                Assim que ela confirmou, Marcio se virou em direção à porta, segurando firmemente a mão de Gabriela.

                Chegaram a um restaurante não muito longe dali e depois que haviam pedido o que queriam comer e o garçom se afastou Marcio disparou:

— Não parei de pensar em você o fim de semana inteiro. – ele estava serio e a encarava fixamente – Fiquei parecendo uma porra de um adolescente! – Gabriela levantou as sobrancelhas e pode ver um leve sorriso se formar nos lábios dele.

— Eu também pensei em você. – ela respondeu sem muita convicção que deveria ter dito.

— E isso é tão ruim quanto soou? – ele agora deu um leve sorriso e tocou na mão dela por cima da mesa.

— Na verdade não... É só que...  – ela suspirou e procurou as palavras certas – Eu não sei bem o que dizer. Não esperava te ver novamente... Sequer trocamos telefone...

— E eu me xinguei o fim de semana inteiro por isso. – O garçom voltou trazendo os pedidos e eles começaram a comer, um silencio estranho pairando sobre eles.

                Quando eles estavam quase terminando Marcio quebrou o silencio.

— Eu quero te ver novamente. – ele tinha uma firmeza na voz, uma certeza no que estava dizendo que Gabriela quase engasgou com o suco.

— Podemos marcar...

— Eu quero hoje, mais tarde, depois do trabalho.

— Hoje eu não posso, tenho que entregar uns trabalhos na faculdade.

— Depois da faculdade. – ele a encarou.

— Amanhã eu tenho que acordar cedo. – ela disse se lamentando do fato.

                A expressão de Marcio se tornou dura e ele suspirou.

— Quando podemos nos ver novamente então?

— Quarta feira eu não tenho aula na faculdade...

— Ótimo, te pego na quarta então depois do trabalho. – ele suspirou aliviado, mas sua expressão ainda era séria.

                Marcio a levou de volta e quando ele abriu a porta do carro para ela, puxou-a contra seu peito, beijando seus lábios de forma possessiva. Quando se afastaram Gabriela sentiu seus lábios quentes e um pouco inchados.

— Até quarta querida! – ele disse com o olhar cheio de promessa enquanto passava o polegar nos lábios de Gabriela e se foi.

                Antes de ir pra sua sala Gabriela parou na mesa de Flavia e desabafou com a amiga.

 

                Ela nunca torceu tanto pra que um dia chegasse. Na quarta feira, diferente da sexta, ele não a levou a um motel. Levou-a para o apartamento dele e cozinhou pra ela, depois eles fizeram sexo durante a noite toda. No dia seguinte ele a deixou um pouco mais cedo na casa dela. Deu tempo apenas de ela tomar um banho, trocar de roupa e ir trabalhar.

                Eles começaram a se falar todos os dias por telefone e se viam sempre que Gabriela tinha uma folga na faculdade. O roteiro era certo, ele a levava para o apartamento dele e eles faziam sexo quase que a noite toda.

                A mãe de Gabriela até questionou quanto a esse relacionamento, que já durava duas semanas, com medo que pudesse atrapalhar seus estudos, mas depois que ela garantiu a mãe que isso não tinha chance de acontecer, ela não implicou mais.

                Naquela sexta- feira Camille chegou animada na faculdade.

— Ai amiga estou tão animada.

— O que houve? – Gabriela perguntou.

— Eu conheci um carinha. – ela suspirou e Gabriela sorriu. Ela nunca tinha visto Camille daquele jeito. – Ai Gabi, ele é um gato e se não bastasse a beleza, ele é um deus na cama. Nossa! Nunca tive tanto prazer com um cara antes.

— Fico tão feliz por você Mille – Gabriela a abraçou – E eu acho que estou me apaixonando por aquele carinha que eu te disse. – ela sorriu – Ele é tão perfeito amiga.

                As duas caíram na gargalhada e Camille contou como conheceu o cara e o quanto ele era maravilhoso.

— E vocês vão se ver hoje? – Gabriela perguntou.

— Não! – Camille fez uma cara triste – Ele disse que tem outro compromisso, que não pode adiar, mas prometeu que nos veríamos amanhã. – Ela deu uma risada e Gabriela olhou para ela interrogativamente – Sabe o que eu estou pensando?

— Não, o que?

— Que nós tivemos sorte de achar dois caras bons de cama.

— Verdade. – Gabriela concordou – Duas sortudas!

                Mal acabou de falar e o celular dela tocou. Pelo sorriso que ela deu, Camille soube na hora que se tratava do tal carinha.

— Estou... Posso... Tudo bem... Eu saio hoje às dez e meia... Até daqui a pouco então.

— Era ele? – Camille perguntou e quando Gabriela respondeu afirmativamente com a cabeça e um sorriso bobo no rosto a amiga sorriu – Finalmente então vou conhecer seu gato. – Mas mal ela terminara de falar e foi a vez do celular dela tocar.

— Oi mãe... Mas mãe eu ainda tenho mais duas aulas... Sim, são importantes...  – Camille revirou os olhos – Ele espera então... Tá bem, tá bem, eu estou indo. – Camille desligou e bufou, virou-se para Gabriela e forçou um sorriso – Eu tenho que ir amiga. Não vai ser hoje que vou conhecer seu gato.

— O que houve?

— Meu pai está lá em casa e não pode esperar até eu sair da faculdade. Quer falar comigo e minha mãe como sempre, está histérica. Toda vez que ela está perto do meu pai ela fica assim.

— Boa sorte então com sua família.

— Não vejo a hora de ver meu gato amanhã e assim poder esquecer todo esse problema familiar.

                Elas se despediram e Gabriela esperou ansiosa a hora da saída da faculdade. Quando as aulas terminaram ela foi diretamente até o portão e se alegrou ao ver o carro de Marcio já estacionado. Ele estava encostado no carro com os braços cruzados em frente ao corpo.

 

                Quando ela se aproximou ele a beijou apaixonadamente.

Capitulo 3

 

— Boa Noite pra você também – disse Gabriela ostentando um enorme sorriso.

— Melhor impossível – respondeu Marcio abrindo a porta do carro para que ela entrasse.

         Outra vez eles foram para o apartamento dele. Agora Gabriela se sentia a vontade naquele lugar, que era grande, masculino e elegante como o proprietário.

 

Marcio serviu um delicioso vinho, em uma linda taça de cristal, e eles brindaram silenciosamente, os olhos fixos, o suave tilintar das taças soando sensualmente no espaço entre eles.

 

— Tire suas roupas, Gabriela. – Ele ordenou determinado.

 

A ordem sensual enviou arrepios de prazer por todo seu corpo. Gabriela colocou a taça no balcão, as mãos trêmulas. Devagar, ela abriu os diversos botões da blusa cinza que usava e a tirou. Abrindo o zíper da saia preta Gabriela a soltou, e o tecido suave deslizou por sua pele em chamas, descansando no chão.

 

E Gabriela ficou ali, excitada e trêmula, vestindo somente calcinha, sutiã pretos, e sapatos de salto alto também pretos.

 

Os olhos de Marcio traziam uma mensagem quente e sensual, prometiam prazeres insondáveis... Prazeres que Gabriela conhecia e ansiava.

 

Quando ele venceu a distancia entre eles e a beijou possessivamente ela gemeu, a mão subindo para os cabelos dele, se entregando as sensações que a língua experiente despertava enquanto passeava por sua boca úmida e desejosa.

 

Ele a encostou na parede da cozinha e a levantou. Gabriela o enlaçou pelos quadris com as pernas, e Marcio rapidamente a livrou do sutiã. Erguendo a taça de vinho q ainda segurava, ele despejou um pouco na base de seu pescoço.

 

A bebida escorreu pelos seios perfeitos, e ele sugou avidamente. Gabriela gritou, o prazer toldando seus pensamentos. Marcio a acariciou avidamente, a mão passeando por suas costas, descendo pelas nádegas arredondadas e macias.

 

Ele a abaixou, e Gabriela puxou sua camisa de dentro da calça, puxando as laterais com força, fazendo os botões pularem. Ela o puxou contra seu corpo, beijando-o com sofreguidão. Enquanto a beijava ele terminou de se despir, e a afastou de si, virando-a de costas.

 

Marcio tirou a pequena calcinha que ela ainda vestia, e deslizou dois dedos dentro dela.

 

Gabriela gemeu alto em resposta, e Marcio mordiscou seu ombro e depois o lóbulo da orelha, enquanto suavemente a torturava, acariciando seu clitóris, os dedos entrando e saindo de dentro dela.

 

— Marcio... – Sua voz foi um rouco lamento, um necessitado pedido.

 

— Sim, minha linda? – Devagar, ele tirou os dedos de dentro dela, fazendo sentir cada centímetro deles, para em seguida penetrá-la novamente, duro e rápido, fazendo gritar e arquear o corpo de encontro ao seu, as nádegas pressionando a volumosa ereção. — O que você quer Gabriela? Diga-me do que você gosta...

 

— Eu gosto de tudo o que você faz... Quero você agora...

 

— Agora? Tão rápido... – Ele sussurrou, e passou a língua pelo pescoço dela, enquanto acariciava seus seios vagarosamente. — Você quer isso rápido?

 

— Sim... Quero agora...

 

Rapidamente ele a penetrou por trás, enquanto uma mão segurava seu quadril e a outra brincava com o clitóris sensível.

 

Arqueando a cabeça para trás, Gabriela gritou perdida em todas as sensações que Marcio despertava...

 

Assim como nos outros dias Marcio levou Gabriela para casa pela manhã. Neste dia ao despedirem-se Marcio falou que talvez não pudesse vê-la por causa de uns imprevistos que surgiram, mas ainda assim durante toda a manhã Gabriela alimentava esperanças de revê-lo na hora do almoço. E por volta das onze da manhã Marcio ligou.

— Bom dia minha querida – disse ele assim que ela atendeu ao telefone.

— Bom dia! – respondeu Gabriela, ela sempre ficava meio sem palavras quando ele ligava.

— Estava esperando poder almoçar com você outra vez hoje, mas infelizmente não poderei.

— Ainda não conseguiu resolver os problemas? – perguntou Gabriela disfarçando seu tom de voz afim de não demonstrar seu desapontamento.

— Mais ou menos, mas não é nada grave. Não se preocupe que mais tarde ligarei para você. Não sei o que você fez, mas parece que a cada dia que se passa mais eu quero seu corpo perto do meu. – declarou ele com aquela voz rouca que sempre fazia seu corpo se arrepiar.

— Tudo bem, espero que dê tudo certo então.

— Então bom trabalho pra você.

— Pra você também. – disse ao desligar.

         O restante do dia passou normalmente e com o ritmo intenso do trabalho mal teve como parar pra pensar em Marcio.

Durante o almoço daquele dia Flávia e Clara exigiam mais detalhes sobre Marcio, e Gabriela sorriu, enquanto lembrava-se da noite anterior.— Ah, esse sorriso! Por que você faz isso com a gente? - Flávia perguntou, fazendo expressão de tristeza.— A pergunta é, porque não encontramos alguém que faça isso com a gente? – Clara disse, e as três riram.

 

         A tarde passou voando, no final do expediente Gabriela se deu conta de que Marcio ainda não havia ligado. Recriminou-se por importar-se com isso, afinal eles não tinham nenhum compromisso sério, só saiam quando tinham vontade. Decidiu então que também não iria ligar e seguiu para a faculdade.

         Chegando lá logo encontrou Camille que vinha toda feliz falando ao telefone e indo em direção a sua sala. Ao avistar a amiga fez sinal que deixaria o material na sala e voltaria logo.

         Gabriela ficou esperando por Camille na lanchonete ao lado da faculdade e ela não demorou a chegar.

— Gabi eu tive uma tarde mais que maravilhosa ao lado daquele homem! Você não tem noção! Ate a pouco eu estava com ele foi uma pena você não estar na entrada quando eu cheguei assim você poderia conhecê-lo. Mas e você? Como foi ontem?

— Ontem foi perfeito quando acabaram as aulas elas já estava me esperando na saída. Depois fomos para o apartamento dele e você já deve imaginar o resto não é? Passei o dia morrendo de sono! E como foi lá com seu pai?

— Ai nem me fale, foi uma perda de tempo! Eu poderia ter aproveitado bem melhor a noite – disse Camille.

— Poxa Camille seu pai, não fala assim, bom ou ruim pelo menos ele esta ai pra você. – repreendeu Gabriela.

— Grande coisa! De que adianta ter um pai se ele passa trezentos e sessenta dias fora de casa e na semana que vem quer dar uma de pai do ano?

— Mesmo assim eu acho que você deveria aproveitar quando ele está por perto.

— É talvez você tenha razão. Mas vamos parar de falar de gente chata e vamos falar do seu homem. Viu ele hoje? – perguntou Camille mudando de assunto.

— Não, hoje não, talvez não pelos próximos dias, ele precisara resolver uns problemas.  E o seu? Por que não pede pra ele vir te buscar? Só assim posso conhecer ele. – Gabriela sugeriu.

— Pode ser, mas hoje não porque ele saiu daqui dizendo que precisaria resolver alguns assuntos, talvez amanhã. – respondeu Camille.

O sinal indicando o inicio das aulas tocou.

— Tenho que ir Mille, aula importante agora. Você não vai? – perguntou Gabriela ao ver que a amiga não tinha intenção alguma de sair dali.

— Vou daqui a pouco Gabi, estou falando com ele. – respondeu Camille toda sorridente digitando freneticamente em seu celular.

— Tudo bem então, até mais tarde, apareça na minha sala durante o intervalo pra gente conversar um pouquinho mais.

— Eu passo. – foi sua resposta automática.

         Durante as primeiras aulas Gabriela estava totalmente dispersa, mas obrigou-se a prestar atenção nas aulas. No intervalo Camille não apareceu e Gabriela aproveitou para dar uma lida em seu material.

         No fim da noite quando tinha acabado de chegar em casa seu telefone toca, era ele.

— Boa Noite querida...

         Seguiram conversando até tarde da noite.

 

         No dia seguinte Gabriela acordou bem disposta e logo cedo saiu para o trabalho. Ao chegar tomou seu café da manhã em uma cafeteria ali por perto, estava distraída pensando na vida quando Flávia chegou. Ficaram conversando e em pouco tempo Clara apareceu para juntar-se a elas. Após o café, enquanto seguiam para a empresa combinaram de almoçar no shopping  perto dali naquele dia.

         A manhã passou agitada por volta das dez horas Marcio ligou para o celular de Gabriela sem sucesso, menos de dois minutos depois Flávia passava a ligação.

— Gabi o bonitão na linha vai atender agora?

— Sim, pode passar. – respondeu Gabriela. – Só um minutinho Marcio, por favor. – disse ela pondo o telefone de lado enquanto terminava de responder um e-mail. – Oi pode falar agora. – disse ela assim que acabou.

— Por que você não me atendeu quando eu liguei? – perguntou ele.

— Eu estou um pouco cheia de serviço por aqui hoje. Mas o que era de tão urgente? – respondeu Gabriela.

— Nada apenas queria falar com você. Vai almoçar por aí hoje? – perguntou. 

— Não, combinei de almoçar com as meninas em um lugar diferente. E você?  – perguntou.

— Bom, surgiram mais imprevistos do que eu esperava, vou resolver durante o almoço. – respondeu Marcio.

— Ah, espero que dê tudo certo.

— Vai dar. Então te desejo um bom apetite. Eu te ligo mais tarde quando você estiver saindo para faculdade. Tenha um ótimo almoço com suas amigas, bom trabalho e divirta-se. – disse ele.

— Muito obrigada e boa sorte aí com esses seus imprevistos. – disse Gabriela.

         A hora passou rapidamente quando deu por si Flávia aparecia em sua porta chamando-a.

— Ei, vamos ou você marcou de encontrar com o bonitão?

— Vamos sim, só um minuto me deixa terminar de separar esta documentação. – disse ela distraidamente. – pronto terminei! Vamos onde está a Clara? – perguntou ela olhando em direção à sala da amiga que já estava escura.

— Já está no carro esperando.

 

         O almoço fora bastante agradável, a conversa correu livremente e por mais que Gabriela tentasse desviar as duas sempre perguntavam por Marcio. 

         Depois do almoço elas saíram em direção a uma confeitaria do outro lado da praça de alimentação a fim de comprar uma sobremesa.

Foi quando voltavam para o estacionamento que Gabriela viu o carro de Marcio chegando e parando não muito longe de onde o de Clara estava estacionado. As meninas logo perceberam a mudança em seu semblante. Ela iria esperar ele sair para ir falar com ele, mas quando o carro parou e ele demorou lá dentro mais do que o normal ela começou a estranhar, já estava prestes a pegar seu celular quando ele saiu. Apreensiva ela viu Marcio dar a volta no carro e abrir a porta para alguém, tamanha foi sua surpresa quando ela viu que era Camille. 

Gabriela não sabia o que pensar ela e a melhor amiga estavam saindo com a mesma pessoa?! De repente toda a descrição que Camille deu batia com Marcio, principalmente o fato delas nunca encontrarem ele com a outra.

— Vamos sair daqui meninas. – disse Gabriela entrando no carro.

— O que houve? Não vai falar com o bonitão? – perguntou Clara.

— Não! Entra Flávia, vamos embora. – chamou.

— Amiga quem é aquela com ele? – perguntou Flávia ao entrar no carro.

— Não sei e não quero saber dele. Por favor, vamos mudar de assunto. – respondeu Gabriela tentando conter a raiva que tinha por dentro. Não conseguia controlar o ciúme que estava sentindo em vê-lo com Camille.

         Seguiram então para empresa em silencio.

         Gabriela passou a tarde inteira calada, concentrada ainda mais em seu trabalho. Todos perceberam que ela não estava bem, pra uma pessoa que é sempre alegre e comunicativa ficar quieta e calada é sinônimo de todo mundo perguntando se você esta  bem!

         Por volta das cinco e trinta da tarde Marcio ligou como prometeu, mas Gabriela fez questão de não atender e mandar Flávia avisar que se ele ligasse inventasse qualquer desculpa, mas não dissesse que ela estava no trabalho à tarde, sentiu o celular vibrar por quase uma hora, até que parou.

         Gabriela saiu para a faculdade decidida a conseguir falar com Camille sobre Marcio.

        

         Na faculdade Gabriela esperou por Camille na lanchonete ao lado que era o lugar marcado pelas duas para se encontrarem todos os dias. Hoje especialmente Camille resolvera não aparecer. Sem cabeça para assistir aula naquela noite, resolveu ligar para a amiga enquanto ia para casa.

— Camille o que houve? Você não apareceu na lanchonete hoje, se atrasou? – perguntou Gabriela assim que Camille atendera ao telefone.

— Oi Gabi. – disse ela com uma voz sonolenta. Seu coração falhou uma batida, será que eles estavam juntos nesse momento?

— Estava dormindo? Estou atrapalhando alguma coisa? – perguntou Gabriela receosa.

— Bom agora, nesse exato momento não. – respondeu Camille rindo. – mas se tivesse ligado meia hora... – disse ela deixando subtendido que ela estava com alguém.

— Ah! Desculpa! Fiquei preocupada com você só isso. – disfarçou Gabriela.

— Não, mas está tudo bem, não se preocupe depois eu te ligo esta bem?

— Camille, você foi ao shopping hoje não foi? Eu estava com o pessoal do trabalho almoçando e quando estava indo embora tive a impressão de te ver saindo de uma Hilux, era o seu homem amiga? Tenho que dizer esta bem viu você, melhor do que eu! – perguntou ela fingindo interesse tentando colher alguma informação da amiga.

         Camille caiu na gargalhada do outro lado da linha, Gabriela não conseguia entender o que havia sido tão engraçado, ao fundo podia ouvir a voz de um homem rindo também e perguntando do que ela estava rindo tanto.

— Ai Gabi, eu me esqueço de que você não sabe não é mesmo?

— Como assim? Do que eu não sei?

— Aquele é meu pai amiga! Ele me fez passar  dia com ele e me levou para almoçar ali, mas graças a Deus que eu consegui sair de perto dele pra poder ficar com o John aqui. Mais tarde eu ligo pra você amiga, tem alguém exigindo minha atenção aqui. Beijo!

— Tudo bem, desculpe atrapalhar vocês até mais tarde.

 

         Gabriela viu seu ciúme ser substituído por culpa e apreensão. Estava apaixonado pelo pai da sua melhor amiga! O que será que Camille iria dizer ao descobrir isso? E o que Marcio acharia dela ser a melhor amiga da filha dele?

 

Capitulo 4

 

Seu celular tocou novamente, mas Gabriela não o atendeu. Como ela poderia falar com Marcio agora? Sua mente estava inundada de emoções conflitantes. Nem de longe ela poderia imaginar que Marcio e Camille eram pai e filha.  Eles não tinham qualquer semelhança e todos esses anos que ela conviveu com a amiga, ela nunca mostrara uma foto sequer do pai. O divorcio de sua mãe não foi uma coisa amigável, e como ela bem sabia, a relação deles ainda não era boa.
Gabriela tomou um banho demorado e foi se deitar. Laura, sua mãe, estranhou que a filha não fizesse seu habitual lanche, mas Gabriela desculpou-se dizendo estar sem fome.
                Na manhã seguinte ela foi trabalhar e estava ainda mais dispersa que no dia anterior. Ela passara a noite inteira acordada tentando achar uma solução para seu problema, sem sucesso.
                Foi até a copa da empresa tomar um café e encontrou Flavia fazendo o mesmo. Assim que ela olhou o semblante de Gabriela, soube que tinha algo errado.
— Você está péssima Gabi! – ela se aproximou e colocou o braço no ombro da amiga – Foi por causa de ontem? Quer coversar?
— Sim e não. Você não vai acreditar... – Gabriela contou para Flavia o que tinha descoberto e ela ouviu atentamente.
— Olha Gabi, não sei por que você está preocupada. Márcio é adulto, dono do próprio nariz, envolveu-se com você porque quis. E Camille é jovem, e pelo que você diz, ela sempre elogiou relação com homens mais velhos. E como eles não têm uma relação muito boa, como você mesma acabou de dizer, não acho que ela vá se importar. Agora já a mãe dela...
— Mas eu não me importo com a Marina, eu só não queria que a Camille interpretasse mal. Eu sequer sabia que ele era pai dela.
— Ela vai entender! E se não entender ela é uma vaca mimada. – Flavia fez uma careta divertida.
— Mimada ela é, mas vaca não!
— Então você não tem com o que se preocupar.
                Elas se despediram e voltaram ao trabalho.
                Quando a hora do almoço se aproximou o ramal de Gabriela tocou. Flavia informava que Marcio a aguardava na recepção. Gabi suspirou e foi até lá falar com ele. Quando se aproximou ele se levantou. Usava óculos escuros e quando os suspendeu até o topo da cabeça exibiu olheiras leves. Ele tinha uma carranca e seus lábios estavam fechados em uma linha fina.
— Oi. – Gabriela disse timidamente quando se aproximou.
— Sabe você não é a primeira garota mais nova com quem me envolvo, mas é a primeira que tenta me dar o fora, sem ao menos ter uma conversa. – ele disse rispidamente.
— Eu não estou tentando lhe dar o fora, e se estivesse, com certeza não faria isso sem uma conversa. – Gabriela respondeu com a voz triste e Marcio percebeu.
— Então o que está acontecendo? – ele ainda estava sério, mas não soou mais tão áspero.
— Nós precisamos conversar, mas não aqui e não agora. – ela o encarou – Podemos conversar a noite?
— Minha casa às oito. – ele beijou a face de Gabriela demoradamente e ela fechou os olhos enquanto ele o fazia – Não se atrase.
— Não vou.
                Marcio tornou a colocar os óculos e se afastou. Gabriela caminhou até a mesa de Flavia que lhe deu palavras encorajadoras novamente. Ela sentiu-se aliviada depois das palavras da amiga e voltou ao trabalho.
                Mesmo que se sentisse melhor, estava nervosa. Não quis nem ir almoçar, pois estava sem fome. Marcio podia até ter tido relacionamento com outras mulheres mais novas, mas com certeza, nenhuma delas era amiga da sua filha.
                Quando o final de expediente se aproximou Gabriela sentiu um frio na barriga. Foi até a faculdade apenas para fazer uma prova no primeiro horário. Estranhou quando Camille não apareceu e seu celular deu fora de área de cobertura. Talvez ela ainda estivesse com o namorado.
                Quando a primeira aula terminou Gabriela pegou um táxi até o prédio de Marcio e chegou pontualmente às vinte horas. Assim que abriu a porta do apartamento e os olhos de Gabriela pousaram sobre ele, sua boca ficou seca e aquele fogo queimou no meio das suas coxas. Marcio usava apenas calça jeans, estava descalço e tinha em uma das mãos uma taça de vinho branco. Ela sabia que ele estava cozinhando, pois ele sempre bebia vinho quando cozinhava.
— Você vai entrar, ou vai ficar aí admirando a vista? – ele disse bem humorado quando percebeu o olhar dela em seu corpo.
Gabriela não respondeu, apenas sorriu e entrou. Fechando a porta, Marcio a puxou contra si, pressionando o corpo dela contra a porta, beijando-a de forma apaixonada e bruta, demonstrando toda sua sede e necessidade. Ele pousou a taça ao lado, no aparador e percorreu as duas mãos pelo corpo de Gabriela, como se precisasse do toque para saciar sua fome dela.
— Venha, temos vinte minutos. – ele a puxou em direção ao quarto.
— Nos precisamos...
— Conversar... – ele disse pousando o dedo indicador nos lábios de Gabriela – teremos  tempo pra isso mais tarde. Agora eu estou morrendo de saudades.
                Marcio deitou Gabriela na cama e a beijou novamente, depois desceu seus beijos pelo pescoço, mordiscando e lambendo. Lentamente ele foi desabotoando sua blusa e cada botão que soltava ele beijava a pele que ficava exposta. Depois que ele abriu todos os botões ele abriu também seu sutiã que tinha o fecho frontal, expondo seus seios.  Com uma necessidade incontrolável ele abocanhou um de seus seios enquanto brincava com o outro mamilo entre os dedos. Lentamente ele foi descendo o beijo passeando pelo ventre de Gabriela enquanto ele desabotoava sua calça, rapidamente ele a tirou deixando-a só de calcinha. Marcio afastou para o lado e enfiou um dos dedos na abertura de Gabriela e arfou ao perceber o quão molhada ela estava. 
                Marcio ficou colocando e tirando os dedos dela e massageando seu clitóris até que ela chegou ao orgasmo, gemendo seu nome. Ele se levantou e tirou sua calça. Seu membro já estava ereto pronto para ela. Marcio se deitou na beirada da cama ficando com as pernas para fora, e Gabriela, sentou-se por cima dele, cavalgando em seu membro. Cada vez que ela descia, Marcio gemia.
— Você é tão apertada querida, tão deliciosa.
                Ao ouvir aquilo a excitação de Gabriela tornou-se maior, e com isso, ela aumentou seu ritmo fazendo com que Marcio gozasse violentamente. Mas Gabriela não parou de se movimentar até que ela mesma tivesse gozado.
 
                Estavam sentados na mesa de centro da sala, comendo a lasanha que quase queimara enquanto eles se amavam, quando Gabriela encarou Marcio e ele sorriu, suas preocupações momentaneamente esquecidas vieram à tona, trazendo-a para sua realidade. Uma tristeza invadiu seu peito. Talvez aquela tenha sido a ultima vez que fizeram amor. Seu semblante mudou perceptivelmente, a ponto dele perceber.
— O que há de errado querida? – Marcio puxou a mão dela e beijou – Sobre o que você queria conversar?
— Sobre nós.
— Esse é um assunto delicioso. “Nós”. – ele exibiu seu melhor sorriso safado para ela.
— É sério Marcio!
— Tudo bem, eu vou tentar me concentrar enquanto você está usando apenas minha camisa...
— Eu não sei nem por onde começar... Tem uma coisa que eu preciso te contar...
— Eu estava certo não é? – ele agora estava sério e sua voz saiu mais ríspida do que ele realmente pretendia – Você não quer mais me ver.
— Não! – ela se levantou e se aproximou, sentando entre as pernas dele e beijando seus lábios carinhosamente, depois ela recostou em seu peito e o abraçou – Eu adoro isso que temos. E tudo que eu menos quero é perdê-lo.
— Então não vamos nos perder. – ele disse acariciando seu cabelo – Não vejo nada que possa nos separar.
                Assim que ele disse a campainha do apartamento tocou.
— Eu preciso ver quem é. – Marcio puxou o rosto de Gabriela para cima e deu um beijo demorado nela, enquanto a campainha soou outra vez. – Já estou indo. – ele disse pra quem quer que estivesse tocando.
                Gabriela voltou para seu lado da mesa e deu uma garfada em sua comida, quando ouviu a voz de Marcio se animar. Ela franziu o cenho tentando prestar atenção na conversa, pois do chão onde estava sentada não conseguia ver quem era, pois o sofá estava na frente.
— Que surpresa agradável querida. – ele disse animado – chegou em uma ótima hora. Fiz minha famosa lasanha. Venha, quero te apresentar a alguém.
                Quando Gabriela ouviu aquelas palavras sentiu todo seu sangue gelar. Suas mãos soavam frias apesar de estarem tremulas. Mesmo sem ver, seu coração tinha certeza quem era aquela visita inesperada. Lentamente ela se levantou e quando os olhos dela e de Camille se cruzaram, Gabriela não soube dizer o que viu no olhar da amiga, mas com certeza não gostou.
— Gabi?! – Camille olhou para o pai e depois olhou para Gabriela e fez uma cara de nojo quando percebeu que ela estava apenas com a camisa de Marcio. – Que porra está acontecendo aqui?
— Vocês se conhecem? – Marcio perguntou.
— Nós somos amigas. – Gabriela respondeu quase num sussurro.
— Nós somos o que? – Camille gritou – Nós não somos! Eu achei... Achei que éramos, mas você está trepando com meu pai... – ela fez uma careta – Ah que nojo! Tudo que você me contou era a respeito dele. Sua vagabunda, ainda teve coragem...
— Não fale assim comigo Mille, eu não sabia, até o dia do shopping.
— Olha que interesseira cara de pau.
— Se acalme Camille. – Marcio disse ainda espantado com a reação da filha.
— Não vou me acalmar, essa vadia...
— Olha como você fala com minha convidada, menina. Você está na minha casa!
— Eu juro Camille, eu não sabia até ontem que te vi no shopping e aí você disse, lembra, você que me disse que ele era seu pai, ontem. Foi ontem! – Gabriela estava nervosa e repetia as palavras insistentemente tentando se desculpar.
— Ah claro! Mas isso não te impediu de vir aqui e trepar com ele hoje, não é mesmo. Ainda que ontem eu tenha lhe dito que ele é meu pai. Porra! Meu pai Gabriela!
— Não é nada disso... – Gabriela sentiu um bolo na garganta.  Marcio já estava ao seu lado e apoiava uma das mãos no ombro dela, tentando confortá-la.
— Claro que é! – Camille gritava ainda mais – Você é uma interesseira que está saindo com o coroa para tirar um dinheiro dele, só porque é uma pobre e não tem onde cair morta.
                Gabriela a olhou estupefata para Camille. Ela não podia acreditar que ela estivesse falando aquilo, por mais triste e magoada, até surpresa, que ela estivesse, não lhe dava o direito de ser uma vaca com ela.
— Camille você está muito nervosa. – Marcio interveio novamente – Vá pra casa e depois nós conversamos.
— Você vai preferir ela a mim? – Camille disse espantada.
— Não seja infantil Camille! – Marcio disse rispidamente – Não se trata de preferir, apenas ela chegou aqui primeiro e é minha convidada. Depois nós conversamos.
                Ele praticamente empurrou Camille até a porta e deu dois beijos no rosto da filha deixando-a na porta enquanto ele fechava lentamente sorrindo para ela. Quando ele se virou Gabriela estava pálida e lágrimas, até então contidas, escorriam por sua face.
                Marcio caminhou até ela e a abraçou em silencio. Aquele gesto fez com que Gabriela chorasse ainda mais. Depois de um tempo perdida nos braços dele, Gabriela se afastou, secou suas lágrimas, sentou-se no sofá e o encarou.
— Eu juro que não sabia Marcio. – ela engoliu aquele bolo que se formava em sua garganta novamente e continuou – Eu vi vocês chegando ao shopping ontem. Achei que estavam juntos como nós dois estamos. – ela se desculpou com o olhar – Por isso eu não te atendi o dia inteiro. A noite quando ela não apareceu na faculdade eu liguei e disfarçadamente perguntei. Camille disse que você era pai dela e aí eu só consegui ficar mais confusa e apreensiva. – Marcio se sentou ao lado dela e segurou sua mão – Por isso eu queria conversar com você. Eu não sou interesseira! Eu não sabia da ligação de vocês até ontem. Fiquei com medo do que você pensaria, quando descobrisse que eu sou amiga da Camille... Era amiga da Camille.
— Não tem nada para pensar Gabriela. – ele puxou e beijou a mão dela – Eu gosto de você, gosto da sua companhia. – ela olhava para baixo e Marcio puxou o queixo dela para cima, para que Gabriela o encarasse – Pra falar a verdade, eu estou apaixonado por você, como há muito tempo não ficava por ninguém. O fato de você ser amiga da Camille não interfere em nada e a única coisa que eu posso te afirmar agora, é que esse fato não muda em nada o que temos. – ele a abraçou e suspirou ao sentir o cheiro dela. Aquele odor tão familiar e inebriante que ele simplesmente amava.
                Ouvir aquela declaração aqueceu o coração de Gabriela. E a única coisa que ela pode responder foi:
— Também estou apaixonada por você.
Eles ainda ficaram um tempo abraçados. Depois ela ajudou Marcio com a louça, fizeram amor mais uma vez e depois ele a deixou em casa. Gabriela tinha decidido que conversaria com Camille quando ela estivesse mais calma, e com certeza, a amiga entenderia. Elas fariam as pazes e todos seriam felizes.
 
Surpresa para Gabriela mesmo, foi no dia seguinte quando Flavia interfonou para ela informando que uma mulher a aguardava na recepção. A principio ela achou que fosse Camille, mas quando ela se deparou com Marina ela se espantou.
— Tem algum lugar onde possamos conversar em particular menina? – Marina disse num tom autoritário e olhando com o nariz empinado para Gabriela.
— Claro dona Marina, venha.
                Gabriela a levou até uma pequena sala de reuniões, onde o gerente da agencia dava curso aos novos vendedores, que estava vazia naquela tarde.
— Em que posso ajuda-la? – Gabriela disse assim que fechou a porta.
— Ora não se faça de sonsa menina. – Marina encarou Gabriela com o olhar fulminante – Camille me contou que você está trepando com meu ex-marido. Homem quando fica velho, fica idiota mesmo. Será que ele acha que uma menina como você se apaixonaria por ele...
— Eu estou apaixonada...
— Pra cima de mim menina? – Marina a olhou com cara de nojo – Pensa que eu sou estúpida. Sei bem que você está de olho no dinheiro dele. – ela deu de ombros – Quem não estaria. Sexo não pode ser, pois Marcio é muito ruim de cama, eu sei, convivi com ele por anos e anos. – ela deu uma risada debochada – Você sabe que até vibrador eu comprei?
— Pois eu sinto lhe dizer que o Marcio é um dos melhores homens que tive na cama. Se ele era ruim com você, talvez fosse a parceira que não interessava muito.
                Assim que ela disse isso Marina deu um tapa na cara dela. O rosto de Gabriela ardeu e ela sentiu o local onde a mão de Marina pousou violentamente esquentar.
— Preste atenção menina. Desista! Por mais que isso possa parecer um conto de fadas, eu não darei paz a vocês. Vocês nunca ficarão juntos!
                Marina virou as costas e saiu. Gabriela ficou lá, parada sem reação. Queria voar no pescoço daquela perua egocentrica, mas ela estava em seu ambiente de trabalho, e se ela se engalfinhasse com ela ali, seria a única prejudicada.
                Quando ela chegou à recepção Flavia viu o rosto da amiga avermelhado e perguntou se tinha acontecido algo. Gabriela contou e ela disse que agiu certo em não revidar no ambiente de trabalho.
                Mal ela voltara para sua sala e Marcio ligou. Ele disse que iria conversar com Camille hoje a noite e por isso eles não poderiam se ver. Que ele ligava antes de dormir, mas ele não ligou.
                No dia seguinte Gabriela também não teve noticias de Marcio e  ele também não atendeu nas inúmeras vezes que ela ligou.
                Os dias seguintes essa situação se repetiu. Ele não ligou para ela e ela não atendia quando a iniciativa partia dela. Gabriela não sabia se estava mais triste ou irritada. Depois de ele garantir a ela que a situação deles não mudaria, ele simplesmente a ignorava.
                No quinto dia, depois da visita de Marina, Gabriela faltou às aulas da faculdade e foi até o apartamento de Marcio. Ela se lembrou de quando ele a afrontou pelo simples fato de ela não atender a ligação por um único dia. Era a vez de ela retribuir a cobrança.
                Quando ela tocou a campainha uma musica triste vinha de dentro do apartamento. A letra dizia que sentia falta de alguém e Gabriela sentiu seu peito apertar. Algo havia acontecido!
                Marcio abriu a porta e quando Gabriela olhou ele estava péssimo. Seu cabelo estava bagunçado, ele tinha olheiras fundas embaixo dos olhos. A barba sempre aparada estava visivelmente maior e ele tinha um copo de uísque na mão.
                Ele a encarou e se afastou para que ela entrasse, caminhou até a janela e olhou para fora. Tomou um gole da sua bebida e suspirou.
— Você está bem? – ela perguntou apreensiva, depois de entrar e fechar a porta.
— Bem?! – ele perguntou e forçou um sorriso debochado – Depende do que você definiria como “bem”.
— O que aconteceu com você? – ele apenas a encarou e não respondeu, ao invés disso levou novamente o copo até a boca. – Você não me ligou mais... Eu... – Gabriela se arrependeu de ter ido até lá. Claramente ele a tinha dispensado silenciosamente. Ela suspirou – Eu acho que foi um erro vir até aqui.
                Ela se virou a caminhou até a porta, mas assim que ela pôs a mão na maçaneta, Marcio falou com um tom mais alto do que o som, que tocava a mesma musica repetidamente.
— Espere! Não vá. – Gabriela se virou para olha-lo e com passos rápidos e cambaleantes ele estava perto dela. Marcio a abraçou e afundou seu rosto nos cabelos dela respirando seu cheiro. – Senti sua falta! Muito!
— Então porque você não me procurou mais? – Gabriela disse tristemente – O que aconteceu?
                Marcio a suspendeu e levou-a até o sofá, sentando-se e colocando ela em seu colo, de frente para ele. Depois ele a abraçou apertado e voltou a afundar no meio dos cabelos dela.
— Camille! Porra ela é minha filha e eu a amo... – ele disse sem levantar a cabeça – Ela me disse que se eu não terminasse com você, ela nunca mais falaria comigo. – Gabriela se levantou bruscamente e afastou-se para encará-lo.
 
— E o que você respondeu pra ela?

Final

 

— Eu não tinha o que responder a ela. — o tom de voz dele era dolorosamente derrotado, e fez o coração de Gabriela sangrar. — Camille é egoísta, mas ainda é minha filha, e não posso fingir que não tenho uma parcela de culpa que ela seja dessa forma. Marina e eu brigávamos como cão e gato quando estávamos casados, ela era uma louca ciumenta. Sempre acreditava que eu a traía, o que nunca aconteceu. — Marcio a encarou nesse momento, a sinceridade brilhando nos profundos olhos escuros. Gabriela aproximou-se novamente dele, sentando-se em seu colo.— Não importa que inferno estivesse vivendo, nunca fui infiel a ela, ou a qualquer outra mulher com quem me relacionei, Gabriela.

Ela balançou afirmativamente a cabeça, acariciando gentilmente os cabelos dele. Marcio fechou os olhos e inclinou a cabeça em direção a caricia, e por um momento eles ficaram em silencio, apenas aproveitando, apenas sentindo a conexão existente entre eles.

— Quando nos separamos, percebi que Camille estava diferente, mas pensei que estava reagindo ao divórcio e com o tempo as coisas se normalizariam. Isso não aconteceu, e infelizmente, quando percebi o que estava acontecendo, era tarde. — Ele disse, o olhar perdido nas lembranças. — Marina estava envenenando Camille durante todo aquele tempo, e eu não conseguia mais alcançar minha filha. Tentei várias coisas, mas a cada dia Camille parecia me odiar. Com o tempo, nós conseguimos manter um tipo de relacionamento... Não exatamente de pai e filha, e certamente não o que eu queria, mas ao menos nos encontrávamos de vez em quando. Eu a deixei livre, e enquanto isso, tentava lhe mostrar que tipo de homem eu sou. Em alguns momentos eu acreditava estar conseguindo derrubar suas reservas, em outros parecia que estávamos de volta a estaca zero... Tenho lutado durante esses treze anos para conseguir ter minha filha de volta, e agora...

Gabriela levantou-se do colo dele, e seguiu ate o bar, servindo-se de uma dose de whisky, e a bebeu em um único gole, a queimação sendo mais fácil de suportar do que a dor que sentia.

— E agora eu estou no meio de vocês, atrapalhando...

— Não... Não! — em dois passou ele a alcançou, segurando o rosto pálido entre as mãos grandes. — Você não está no meio, não está atrapalhando! — ele a beijou rápido, duro. — Eu preciso descobrir uma forma de resolver isso. Não posso ignorar Camille, mas não posso ficar sem você! — Marcio distribuiu beijos por sua face e lábios, e Gabriela o abraçou pela cintura. — Não posso abrir mão disto, Gabriela! Não posso...

Ela o beijou, interrompendo-o. Eles se despiram rapidamente, enquanto deslizavam para o chão. Gabriela o colocou dentro de si, e o cavalgou selvagemente, enquanto Marcio acariciava os seios dela.

Ele ergueu-se para beija-la, e Gabriela colocou as pernas ao redor dele, sem tira-lo de dentro de si, movimentando-se rápido.

Ela estava desesperada para tê-lo pelo o que poderia ser a ultima vez. As mãos dele corriam livres e possessivas por seu corpo, despertando as sensações mais enlouquecedoras. Eles chegaram juntos ao orgasmo, gritando o nome do outro, em uma mistura de angustia e prazer.

 

Gabriela vestiu-se em silencio e sentou-se no sofá, colocando a cabeça entre as mãos. Ouviu o som de Marcio se vestindo, e o sentiu sentar-se ao seu lado.

— O que você está pensando? — ele perguntou, tocando seu joelho.

— Eu não estou pensando. — ela respondeu, ainda sem encara-lo. — Estou zangada. Furiosa, na verdade.  — levantando-se, Gabriela foi ate a janela, voltando-se para encara-lo. — Em que mundo um homem da sua idade, livre, uma mulher da minha idade, também sem compromisso, precisam da autorização de outras pessoas para ficarem juntas? É tão absurdo que... Que me faltam palavras!

— Querida... — Ele veio em sua direção, mas Gabriela estava cansada, e não queria que a tocasse. Deu um passo atrás, advertindo-o para que não se aproximasse.

Se Marcio a tocasse, ela não resistiria. Era louca por ele, e não importa qual a circunstancia, queria-o para si sempre.

Mas as coisas estavam muito complicadas, e as consequências estavam se avolumando a frente deles. Ela perdera uma amiga, ele estava perdendo a filha, e eles estavam se agarrando um ao outro no meio do furacão que se tornara aquela relação.

Gabriela passou por ele rapidamente, pegando a bolsa no caminho para a porta.

 

Quando saiu do apartamento, estava ferida e zangada. Pegou a condução para a faculdade, e quando chegou, foi direto para a sala de Camille.

— Quero falar com você. — ela disse, parando ao lado da cadeira onde Camille estava sentada. Os alunos ao redor olharam para elas, curiosos. Era final da aula, e estavam cansados e entediados.

— Não tenho nada com que falar com você. Vá embora. — Camille disse, sem virar-se para olha-la.

Gabriela pegou a bolsa de Camille e agarrou sua mão, puxando-a da cadeira. Pega de surpresa, ela gritou contrariada, e puxou a mão, mas Gabriela estava preparada e não a soltou, arrastando-a para fora da sala.

Elas estavam no meio do corredor quando Camille se libertou.

— Você está louca, vadia? — Camille gritou, encarando-a furiosa.

— Vou lhe dizer uma coisa, Camille. — o rosto de Gabriela estava próximo do de camille, e ela a encarou ameaçadoramente. — Me ofenda mais uma vez... Apenas mais uma, e eu vou lhe dar os tapas que lhe faltaram na infância.

Camille arregalou os olhos diante da tom furioso de Gabriela, mas não duvidou. Ela nunca a vira tão zangada.

— Quem você pensa que é para me ameaçar? Eu vou...

— Eu sou a mulher que você tem levado a loucura com suas exigências desproporcionais. Como você pode ser tão egoísta e brincar com a vida das pessoas como se fossem marionetes?

— Não me importo com o que você pensa a meu respeito, Gabriela. E você pode esbravejar e se fazer de boazinha, mas nós sabemos que uma garota da nossa idade só se envolve com um cara tão mais velho por uma razão. — antes que Gabriela pudesse retrucar, ela continuou. — Você tem ideia do quão ridículo seriam vocês dois juntos pela rua, andando de mãos dadas? As pessoas vão pensar que ele é seu pai! A sua mãe, Gabriela, é mais nova do que seu namorado! — ela riu, debochada.

— Acontece, Camille, que não nos importamos com a opinião dos outros... Mas nos importamos com a sua, e você falhou terrivelmente como amiga e como filha nesse ponto...

— Como você ousa me julgar? Qual o seu problema?

— Quer saber qual o meu problema? Você é o meu problema! Você, sua mãe, e essa perseguição sem sentido e infantil! — Gabriela estava exasperada, e não se importava que alguns alunos que passavam pelos corredores parassem para olha-las. — A pergunta correta, minha querida amiga, é qual o seu problema?

Elas se encararam, duas amigas de tantos anos, tantas risadas, segredos, conversas... Tudo perdido, tudo esquecido.

— Eu posso fazer isso a noite toda, Camille. Não me importo com escândalo, ou nada disso. Mas vou falar com você hoje, pode apostar.

Camille grunhiu irritada, e caminhou a passos largos pelo corredor, e Gabriela a seguiu. Elas foram para o estacionamento quase deserto.

— Estamos aqui, somente nós duas. Você pode falar o que quiser, e depois esquecer que eu existo.

— Por que precisa ser assim, Camille? Uma coisa ou outra, você ou eu? Você ignorou seu pai e os esforços dele por um relacionamento com você toda a sua vida, e agora esta fazendo exigências que...

— Ele lhe disse isso? Que eu o ignorei todos esses anos?

— Não, você me disse! — elas se encaravam como inimigas, e Gabriela se sentia desolada. — O que você não parece entender, Camille, é que eu nunca vou me meter entre vocês dois ou julgar a sua relação com seu pai. Não é da minha conta!

— Não, não é! — Camille concordou infantilmente.

— Por favor, Camille. — mesmo contra sua vontade, Gabriela estava implorando que a Camille que ela conhecia voltasse. Que ela reconsiderasse, que usasse a razão. — Por favor, você me conhece melhor do que isso. Eu amo o seu pai...

— Gabriela. — Camille a interrompeu, levantando a mão arrogantemente, e era como se Gabriela estivesse vendo Marina a sua frente. — Eu não quero ouvir mais sobre isso. Se realmente ama meu pai, não vai obriga-lo a escolher entre você e a filha. — virou-se, abrindo a porta do carro. — Mas vou lhe dar um conselho de amiga. Não sofra por deixa-lo. Ele não vai demorar nem um mês para colocar alguém no seu lugar... Se é que você chegou a ter um lugar na vida dele.

Camille entrou no carro e foi embora, e Gabriela ficou sozinha, observando seu carro sumir a distancia.

 

Era tarde quando Gabriela chegou em casa, e surpreendeu-se ao ver sua mãe acordada.

— Gabi, querida, o que está acontecendo, meu anjo?

E aquilo foi o suficiente para que ela desabasse. Descansou a cabeça no colo da mãe e chorou, enquanto lhe contava tudo. Laura ouvia atentamente, enquanto acariciava gentilmente os cabelos dela. Quando enfim parou de chorar, sentia-se aliviada.

— Não sei o que fazer mamãe. Eu o amo, mas não posso fazer um cabo de guerra com ele. Marcio tem uma relação complicada com Camille, e não precisa que eu esteja ali para cobrar o que quer que seja.

— Querida, não se trata de você e do que você espera, mas sim de Marcio e de onde ele está disposto a ir...

— Mas ele está sendo pressionado por todos os lados, mamãe... E eu não quero que ele escolha entre nós duas... Não quero que ele me odeie amanhã por que Camille lhe virou as costas... Mas não consigo imaginar como poderia deixa-lo... Como posso abrir mão do que encontrei com ele, e com mais ninguém? — as lágrimas voltaram, e enquanto Laura a abraçava forte, Gabriela chorou até que só restasse o vazio e a dor latente dentro de si.

 

No dia seguinte, assim que Gabriela chegou ao trabalho, desligou o celular e deixou na bolsa. Não queria falar com Marcio ainda, e silenciosamente esperava que ele não viesse ate a empresa. Eles precisavam de espaço para decidir o que fazer.

O dia passou rapidamente, e seu ramal se manteve silencioso de ligações perigosamente emocionais, e até mesmo as amigas lhe deram espaço, ela sentiu-se grata por isso.

 

Os dois dias que se seguiram ela conseguiu enfrentar bravamente. Envolveu-se no trabalho e na faculdade, conversando somente o necessário e quase sem se alimentar. O desejo de entrar em contato com Marcio era intenso, mas ela havia deixado seu celular desligado em casa para não cair na tentação. Decidira que daria um tempo a ele e a si própria para resolverem toda aquela confusão... Só não sabia quanto tempo seu pobre coração ainda aguentaria a falta dele.

Quando encerrou o expediente ela suspirou aliviada, e rapidamente recolheu suas coisas. Passando pela recepção, viu que as amigas estavam animadas para o final de semana, e Flávia a convidou para irem beber alguma coisa, mas ela não aceitou.

Quando saiu da empresa, viu uma Hilux estacionada próxima, e seu coração disparou, uma bem vinda onda de calor percorrendo seu corpo, que estivera frio por dias. Mas logo um homem desconhecido entrou nela e partiu, e ela sentiu-se realmente despedaçada.

Surpresa não era o suficiente para definir o que sentiu quando chegou em casa e viu quem a esperava na sala.

— Camille? — o que ela estava fazendo ali?

— Gabriela, eu... — ela se levantou, nervosamente torcendo as alças da bolsa, e não parecia em nada com a Camille que vira pela ultima vez, tão prepotente e arrogante. — Eu preciso falar com você.

— Estou indo para o meu quarto, Gabi. — Laura anunciou, enquanto se retirava.

Gabriela olhou para Camille, e não sabia o que esperar. Estava cansada de toda aquela montanha russa de emoções, machucada pela falta que sentia de Marcio e triste por ter perdido sua amiga...

Mas Camille parecia tão ela mesma agora, a sua frente... Era como antes, quando elas conheciam os pensamentos da outra com apenas um olhar... Mas Gabriela estava farta de ter esperanças, de acreditar que Camille poderia ser racional.

— Sente-se, Camille. — ela convidou, apontando para o sofá. Deixou a bolsa no aparador e sentou-se no sofá em frente ao dela.

— Gabriela, eu... — Camille começou depois de algum tempo. — Eu não sei como começar o que preciso lhe dizer... Então vou começar tentando me desculpar por ser uma vaca egoísta com você... Você, que esteve ao meu lado desde quando nos conhecemos, e me apoiou como ninguém nunca me apoiou. Eu sinto tanto que não tenha lhe dado a compreensão e apoio que você precisava, Gabi... Sinto tanto ter interferido em seu relacionamento com meu pai... — lágrimas começaram a rolar, e Gabriela observou enquanto ela enterrava a cabeça entre as mãos.

Sentou-se ao lado de Camille e tocou o ombro dela, e quando a amiga não a rejeitou, ela a abraçou.

Longos minutos se passaram antes que ela se acalmasse, e encarasse Gabriela.

— Está tudo bem, Camille... Tudo bem.

— Não esta tudo bem, Gabi. Eu fui injusta com vocês, e agora eu sei que... — ela chorou novamente, e Gabriela entendeu que aquilo não se tratava somente dela e de Marcio, havia algo a mais.

— O que está acontecendo, Camille? — perguntou suavemente.

— Eu estou precisando tanto de você... Tanta coisa aconteceu comigo desde o ultimo dia que nos falamos... — as palavras foram tristes. — Minha vida está um inferno! Minha mãe não me deixa em paz desde que lhe contei sobre você e meu pai, e John... Gabriela, estou totalmente apaixonada, mas ele é casado!

Gabriela a encarou em silencio, surpresa. Casado?

— O que você vai fazer? — perguntou gentilmente.

— O que eu posso fazer? Eu o amo, não posso abrir mão dele! Preciso tê-lo da forma que puder...

Gabriela a encarou, e mesmo que não pretendesse julga-la, a ironia da situação a atingiu. Camille também notou, e corou, envergonhada.

— Gabriela, eu não vou me meter entre vocês... Foi uma infantilidade, como você apontou. Mas eu ainda preciso lhe dizer... Você não sabe no que está se metendo. Meu pai pode ser muito encantador, mas as coisas não ficam assim por muito tempo. Minha mãe era louca quando eles eram casados, e ficou destruída quando ele a deixou. Eu o amava, ele era meu herói, e me senti abandonada. Mas minha mãe me mostrou exatamente quem ele é. — Camille encarou Gabriela, as faces marcadas pelas lagrimas. — Eu o amo, mas ainda me sinto magoada que ele tenha deixado de ser meu herói, Gabriela.

Gabriela sabia que as coisas não haviam acontecido daquela forma, mas não podia se meter. Ela própria sempre soubera que Marina não era das melhores pessoas, e depois do ultimo encontro das duas, ela tinha certeza. Mas não poderia fazer qualquer comentário, pois isso resultaria no total desastre da relação já balançada com Camille.

— Fiquei tão zangada aquele dia, Gabriela, no apartamento dele. Saber que vocês estavam envolvidos... Claro, eu não penso aquelas coisas de você, e me sinto envergonhada quando lembro como a ofendi. E então meu pai veio falar comigo sobre vocês... Dizer que a ama... Que vai ficar com você... E tudo voltou a minha mente... Como eu queria que ele tivesse tido a mesma determinação para ficar com minha mãe... Eu estava furiosa, e lhe disse que escolhesse, que ninguém poderia ter tudo o que quisesse, e ele também não. O vi sair tão arrasado, e a expressão dele me feriu, mas eu não voltei atrás... Mas estou tão cansada, Gabriela. Tudo está tão confuso...  John simplesmente não é o príncipe que eu pensava, minha mãe está louca em casa, meu pai esta desesperado porque eu o estou impedindo de ficar com minha melhor amiga, e  você... — olhou para ela, envergonhada. — Você ainda está aqui, me escutando, mesmo depois de tudo.

— Isso é por que eu te amo, querida. — Gabriela disse gentilmente, sorrindo para ela. — Isso é o que os amigos fazem, seguram as pontas quando a outra enlouquece.

Camille retribuiu ao sorriso, ficando séria em seguida.

— Realmente, Gabi, perdoe-me. Estou tão envergonhada do meu comportamento... Nem posso colocar em palavras o quanto. Eu lhe disse tantas coisas horríveis...

— Sim, foram horríveis, mas ficaram para trás. — Gabriela garantiu. Estava exultante que Camille enfim aceitasse seu envolvimento com Marcio. Poderia ser magnânima nessas circunstancias. — Estou feliz que você possa nos aceitar como um casal, Camille... Eu o amo de verdade.

— Agora eu sei o que é amar alguém assim, Gabi... Agora entendo. Só espero que ele não a machuque.

— Ele não vai, amiga. — ela tinha certeza disso. — Acho que você deveria dar uma nova chance ao seu pai, Camille. Nem tudo é tão claro quanto você pensa, e talvez gostasse de conhecê-lo melhor... Ele pode ter aprendido muito com o tempo, e você também.

Camille a encarou pensativamente, enquanto segurava a bolsa nos ombros.

— Sim, talvez você tenha razão. — levantou-se, um sorriso tímido pairando em seus lábios. — Agora eu vou embora... Tenho certeza que você está de saída.

 

E foi exatamente o que Gabriela fez assim que Camille saiu. Tomou banho rapidamente e se vestiu. Ansiosamente vestiu uma lingerie nova que havia comprado dias antes de todos os problemas surgirem. Tinha um corpete justo e de decote reto, preto e vermelho, calcinha fio dental e meias pretas. Colocou um vestido preto sem alças e sapatos de salto alto vermelhos.

Pegou o celular ainda desligado dentro de uma gaveta e a bolsa e saiu. Dentro do taxi, ligou o celular e viu diversas chamadas e mensagens de Marcio. Leu algumas onde ele perguntava onde estava, e pedia que atendesse ao telefone, que conversasse com ele, que não o deixasse. Em uma chamada de voz ele pedia que ela não desistisse, que ele daria um jeito, que só precisava de tempo... Que a amava e que ela não esquecesse disso.

Havia tanta dor em suas palavras que Gabriela sentiu as lágrimas inundarem seus olhos, mas empurrou-as de volta, decidida. Era uma noite feliz. Eles finalmente poderiam ficar juntos.

Desceu do taxi em frente ao prédio e rapidamente subiu, ansiosa para vê-lo. Tocou a campainha e no terceiro toque ele atendeu.

Pulou em seus braços como uma adolescente feliz, abraçando-o pelo pescoço, beijando-o nos lábios.

— Estava com tanta saudade, querido... — olhou para ele, e franziu o cenho diante de sua expressão nervosa.

— Você deveria ligar antes, queridinha... — uma rouca e debochada voz feminina disse.

Gabriela virou-se para ver Marina em pé no meio da sala, apenas de saia e sutiã, a blusa jogada no sofá, próxima da bolsa.

— Gabi... — Marcio murmurou, estendendo a mão para ela, em um mudo apelo.

Mas era como se ela estivesse sendo atraída para a sala, onde aquela mulher odiosa estava semi despida, mantendo um sorriso satisfeito no rosto.

— Querida, por favor, me ouça... — Marcio a segurou pelo braço, implorando. — Marina chegou aqui agora a pouco e...

— Você não precisa explicar nada, Marcio... Ela pode tirar suas próprias conclusões. — Marina interrompeu, sorrindo sedutora.

— Cale a boca, Marina! — Gabriela nunca ouvira Marcio gritar com alguém. E ele estava transtornado, encarando Marina como se fosse mata-la a qualquer momento. — Vá embora! Eu já a mandei sair antes, e se você não sair agora eu vou joga-la na rua!

— Tão nervoso... — ela deu de ombros, vestindo a blusa. — Mas tudo bem! Essa não é a primeira vez que temos recaídas depois que nos separamos... — olhou com desdém para Gabriela enquanto pegava a bolsa. — Não existe nenhuma garotinha capaz de sacia-lo como eu.

Decidida, Gabriela caminhou ate Marina, esbofeteando-a com força. A outra mulher arfou, o rosto um emaranhado de cabelo quando ela se virou para encara-la furiosamente.

— Isto foi por ter ido até meu trabalho me ofender e me agredir. — Gabriela anunciou, e a estapeou novamente, sentindo o agradável formigar na palma da mão. — E isto é por vir até a casa do meu homem se oferecer para ele.

— Maldita! — Marina avançou contra Gabriela, mas Marcio a segurou, empurrando-a para fora do apartamento. Ela gritava e ameaçava, e batia de punhos fechados em Marcio, mas ele enfim conseguiu fechar a porta, deixando-a do lado de fora.

Márcio passou as mãos pelos cabelos, enquanto se voltava para encara-la, o rosto pálido e tenso.

— Você está sorrindo? — ele perguntou surpreso, caminhando rapidamente para perto dela.

— Por que não estaria?

— Eu não sei... Você não acreditou no que ela disse? — ele parecia confuso.

— Não, não acreditei. — Gabriela passou um dedo pelo peito dele, sobre a camisa. — Marina é uma louca descontrolada que ainda não se conforma de tê-lo perdido. Ela foi até o meu trabalho me ofender, me esbofetear e dizer que você é ruim de cama. — sorriu brevemente, descartando essa afirmação. — Eu sabia que ela estava mentindo no minuto em que entrei. – beijou suavemente os lábios másculos. — Você me disse uma vez que nunca traía e nem trairia uma mulher... E eu acredito em você.

— Verdade? — ele perguntou, ainda sem acreditar. Nunca conhecera uma mulher que diante de uma cena como a que ela vira, não titubeasse em acreditar na inocência do homem.

— Verdade. — Gabriela deu de ombros, sorrindo para ele.

— Simples assim?

— Sim, simples assim. Nós já tivemos uma boa parcela de complicação... Podemos conviver com o simples por algum tempo.

Ele sorriu, e a levantou nos braços, rodopiando com ela. Os dois riram, felizes e jovens, o sofrimento dos últimos dias esquecido.

Márcio a beijou profundamente enquanto a levava para o quarto.

— Eu estava com tanta saudade, amor... Amo tanto você! Nem eu mesmo tinha ideia do quanto, até que... — colocou o rosto no pescoço dela, sentindo o cheiro de sua pele. — Querida, eu prometo que vou resolver essa confusão, mas não posso mais ficar sem você...

Gabriela o interrompeu, colocando o dedo sobre seus lábios.

— Não se preocupe com isso... Está tudo resolvido.

— Tudo? — ele levantou a cabeça interessado. — O que aconteceu?

— Depois eu explico. — Ela disse, empurrando-o para a cama. Ele caiu deitado,  sorrindo sensualmente. — Agora eu tenho muita saudade acumulada para matar.

Gabriela deitou sobre ele, beijando-o sensualmente enquanto o despia. Quando ele estava nu ela deslizou molhados beijos provocantes pelo corpo dele, ate chegar a sua ereção, que sugou com força. Como sentira falta daquele homem! Abaixada nos pés da cama ela passou a língua ao redor do pênis, e quando o colocou na boca rapidamente Marcio gritou seu nome.

Gabriela se afastou e desceu lentamente o zíper do vestido, revelando a lingerie sexy. Ele rapidamente se levantou e veio ao seu encontro, beijando-a duramente, enquanto a levava para a cama...

bottom of page