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Sonhos e Desencontros

Capitulo 1

– Meu amor eu consegui! – disse Alessandra toda animada ao telefone.
– Sério meu bem! Que coisa maravilhosa! O que eu te disse? Nunca desista dos seus sonhos! – respondeu Leandro com uma imensa alegria.
– Você sempre tem razão! Se não fosse você eu já teria desistido de ser atriz faz tempo! Você sabe que eu te amo não é? Eu estou indo para casa agora quando eu chegar aí eu passo na sua casa pra gente comemorar e eu te explicar tudo.
– Estarei esperando. Beijo.
– Tchau.
Alessandra sempre sonhou em ser atriz, por anos e anos tentou sem sucesso algum, até que começou a desistir, Leandro como sempre incentivando-a, não deixou que ela colocasse seu sonho de lado. Eles moram no interior de São Paulo e desde seus dezesseis anos os dois procuram por algo que possa realizar seu sonho e desta vez conseguiram, Alessandra viajaria para capital fazer um teste de elenco em uma novela dentro de uma semana.
Saindo da agência Alessandra foi para casa dar pessoalmente a noticia para a mãe e algumas horas depois saia para a casa de Leandro.
– Como vai minha atriz preferida? – perguntou Leandro ao recebê-la.
– Super ansiosa! Como foi seu dia? – perguntou Alessandra beijando-o.
– Me conte primeiro como foi lá na agência?
– Foi ótimo, – começou ela toda empolgada – pensei que ficaria super nervosa na hora da entrevista, mas me senti confiante, eu nem esperava que dessem o resultado ainda hoje, mas quando a moça disse que aguardássemos aí sim fiquei super nervosa, eu não conseguia ficar sentada, poucas meninas conseguiram, andávamos de um lado para o outro, uma delas começou a rezar e quando dei por mim estava lá com ela também e não só eu, logo depois estávamos todas lá rezando, essa parte foi linda pra mim!
– Eu imagino meu bem, venha sente-se aqui enquanto preparo um lanche pra gente – chamou Leandro levando-a para cozinha – agora termine de contar.
– Bem, depois disso ficamos esperando um tempo ainda e depois a moça chegou, todo mundo se calou Leh você tinha que ver estava a maior algazarra, todo mundo conversando aí de repente todo mundo fica mudo! Nossa eu me arrepiei toda na hora!
– Sim, mas o que ela disse? – perguntou Leandro ansioso pelo desfecho da história, Alessandra era muito detalhista, se ele deixasse ela contaria a expressão de cada menina que havia no lugar até dizer o que realmente devia.
– Estou falando de mais outra vez não é? – perguntou ela, Leandro apenas balançou a cabeça afirmativamente e sorrindo para Alessandra – desculpe, mas deixa eu concluir, Ela disse que já tinha o resultado e foi chamando uma a uma as meninas, e as que iam sendo chamadas voltavam para sala onde fizemos as encenações, eu fui quase a ultima a ser chamada, já estava pensando que não iria conseguir, já estava pensando em como iria ligar para você e dizer que não tinha dado certo outra vez! Mas aí ela me chamou! Nossa! Foi um alivio enorme! Entrei na sala e ficamos esperando ela terminar de chamar, quando ela terminou, entrou, fechou a porta se sentou e disse "Vocês vinte vão passar por outra seleção, mas não aqui, vocês irão para São Paulo daqui a uma semana, quem puder ir terá até a quinta feira para dar o nome e partiremos na Segunda Feira pela manhã, levaremos umas cinco horas no máximo para chegar, então meninas, preparem-se!"
– Vocês vão na segunda?! – perguntou Leandro
– É e você vai comigo, ela disse que pode levar um acompanhante, mas que para esse acompanhante só vai poder pag...
– Eu não vou poder ir Alê – Interrompeu Leandro.
– Por que? – Perguntou Alessandra sem entender nada.
– Por que eu consegui um emprego e eu vou começar nesta segunda feira!
– Meu amor que maravilha! – Gritou Alessandra pulando nos braços do namorado. – Me conte onde é, me fale como foi, eu aqui contando meu dia e você tendo algo tão bom assim para falar.
– É imensamente melhor ver você toda feliz contando sobre o seu dia do que falar sobre o meu.
A semana passou rapidamente, Alessandra mal conseguia dormir e por causa disso ela e Leandro passavam praticamente a noite inteira conversando, somente quando estava com ele, nas vezes que podia ir para casa dele que Alessandra conseguia descansar o que não descansava. Estava muito ansiosa. Na quinta feira foram juntos à agencia para confirmar seu nome na lista, das vinte apenas onze iriam viajar na segunda feira e apenas duas iriam levar acompanhantes.
O domingo que antecedia a viagem passou rapidamente, combinaram de passar o dia na casa de Alessandra, sua mãe prepararia um almoço de boa sorte, durante a tarde saíram para passear e passaram a noite juntos se amando como se fosse a última vez que eles poderiam fazer isso, quando ela finalmente dormiu Leandro ficou a observá-la. Alessandra era uma garota hiperativa, mas era o que ele mais amava nela, por ele ser exatamente o contrario, desde sempre a amava, podia-se dizer que tinha sido amor a primeira vista, muitas pessoas não acreditavam, mas eles dois sabiam que era possível sim, estavam juntos a seis anos, e só conseguia imaginar futuro com ela ao seu lado.
******
– Leandro! Ei cara tá viajando?
– Hã? Não! O que foi Marcus?
– O que você tem hoje cara? Tá muito distraído já ligaram duas vezes pra você ir lá em cima.
– Para quê? – perguntou Leandro ao amigo.
– E eu vou lá saber cara? Vai logo aproveita e me diz.
Leandro subiu até a sala da chefia, em poucos minutos voltou com uma expressão que não revelava nada, pegou suas coisas e saiu com Marcus, que estava encerrando o seu expediente, em seu encalço.
– Ei cara o que aconteceu? Que cara é essa? – perguntou.
– Fui despedido! – respondeu Leandro
– O QUE? Como assim despedido? Você? Logo você? O cara que praticamente dorme dentro dessa empresa? – Perguntou Marcus indignado.
– Disseram apenas que a empresa estava cortando gastos – disse Leandro como quem não estava se importando, na verdade ele estava anestesiado, hoje era um dia triste para ele, nesse dia fazia seis anos que Alessandra havia desaparecido e nessa data ele lembrava dela mais do que já lembrava em outro dia qualquer.
******
– Promete que vai me ligar quando chegar? – pediu Leandro despedindo-se de Alessandra
– Claro meu amor! Não precisava nem você pedir uma coisa dessas – respondeu Alessandra.
O ônibus partia enquanto ele a olhava ficar cada vez mais distante, sentia um aperto no peito ao vê-la partindo, sabia que era o melhor para ela ir atrás de seu sonho, mas não conseguia fazer passar aquela sensação estranha que sentia desde o momento que ela dissera que teria que viajar.
******
– Vamos beber cara – Chamou Marcus.
– O que? – perguntou Leandro voltando a realidade – Não estou afim, não hoje cara, se eu fizer isso hoje não vai sair nada de bom disso.
– Ah que isso Leandro quando você sai pra beber? Você fala isso como se saísse sempre que eu chamo, mas tenho que te lembrar de que você sempre diz que não, eu sempre aceito, mas hoje não vou aceitar, trate de criar coragem!
– É sério Marcus eu não estou afim.
– Você esta mal por terem te despedido é isso?
– Não! Eu não estou nem aí pra isso!
– Tem certeza? Cara você esta parecendo um boneco sem vida aí sem reação alguma! Esquece aquele povinho lá, eles só sabem se aproveitar do cara.
Depois de praticamente meia hora de insistência Alessandro aceitou o convite de Marcus, talvez ele tivesse razão, talvez ele precisasse mesmo disso. Foi para casa trocar de roupa o que fez em dez minutos, o restante do tempo passou esperando por Marcus e lembrando o passado que insistia em querer voltar naquele dia.
******
– Alô? – atendeu Alessandra.
– Oi meu amor te acordei não foi? Desculpa eu não sabia que você estaria dormindo ainda – desculpou-se Leandro após ouvir a voz sonolenta com que ela havia atendido o celular.
– Que horas são? Nossa Seis horas já?! Era pra eu estar acordada a tempos já tenho que estar de oito horas lá! Obrigada por me acordar, tenho que ir, beijo tchau, eu te amo!
– Alessan... – tentou chamar, mas ela já havia desligado deixando-o a olhar para o telefone com cara de desconsolo, estava doido para falar com ela.
Já fazia quatro dias que Alessandra viajara, não aguentavam mais de saudades, falavam-se todos os dias antes de irem dormir, ao acordar no dia seguinte, durante as refeições, e até dar a hora de dormir novamente. Alessandra como sempre passava horas e horas contando cada detalhe do dia e ele de tanta saudade que tinha dela nem a apressava, só depois de muito falar que ela perguntava como havia sido o seu dia, e ele em poucas palavras contava brevemente como tinha sido.
******
A campainha tocou, tirando-o de suas lembranças, Marcus estava se tornando especialista nisso. Conheciam-se desde os vinte anos e cinco anos de amizade os aproximara completamente, Leandro sabia de toda a vida de Marcus, já este muito pouco sabia sobre a sua.
Chegaram no barzinho, escolheram seus lugares e fizeram seus pedidos, Marcus pediu cerveja e Leandro apenas um refrigerante.
– O que é isso cara? Não te trouxe aqui para beber como uma garotinha traga tequila para o rapaz – pediu ao garçom.
– Por que eu tenho que tomar tequila enquanto você bebe cerveja? Esta querendo me embebedar a troco de que? – perguntou Leandro quando o garçom virou-se para pegar as bebidas, o lugar estava praticamente vazio aquela hora e logo foram atendidos.
– Eu não estou querendo embebedar ninguém! Que conversa mais feia é essa cara? Eu só pedi tequila pra você porque pra mim tequila combina com comemorações!
– E por uma acaso eu tenho algo a comemorar? – perguntou já se arrependendo de ter aceitado sair com ele naquele dia, estava totalmente sem vontade de estar ali.
As bebidas chegaram e ele resolveu se deixar levar, estava cansado de ser sempre o certinho controlado, já que estava ali iria aproveitar! Virou a bebida rapidamente fazendo uma careta enorme enquanto ela descia pela sua garganta, Marcus sorria, era o que ele queria ver? Era o que ele teria. – pensou enquanto sentia a queimação provocada pela tequila.
A noite seguiu agitada, uma banda começou um show ao vivo no lugar, as músicas até eram agradáveis, do pop ao rock nacional, passando pelo MPB tudo ia bem Leandro já estava se sentindo muito mais a vontade, duas garotas estavam sentadas a mesa conversando com eles. Ima hora depois a banda anunciou o fim do show, mas que iria ficar por mais um tempo atendendo o pedido do pessoal num show improvisado, daí em diante de tudo tocou, pagode, reggae, rock e o lugar virou uma mistura cultural enorme.
Leandro estava alheio às músicas, prestava mais atenção na moça que estava toda sorridente a seu lado quando um casal que estava sentado em uma mesa próxima ao palco pediu que a banda tocasse uma musica especial para comemorarem alguma coisa que Leandro não entendera bem, estavam os quatro rindo da palhaçada que o casal fazia quando a música começou a tocar, imediatamente Leandro fechou a cara, era uma das musicas preferidas do momento de Alessandra, Save Me, da banda norte-americana, Hanson, ela passara uma tarde inteira escutando essa musica certa vez e enquanto a música tocava Leandro não pode evitar as fortes lembranças que ela lhe trazia.
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– Amor pelo amor de Deus troque essa música você já repetiu ela mais de dez vezes já não aguento mais! – disse Leandro abaixando o livro que tentava ler enquanto a música recomeçava outra vez.
– Ah! Deixa de ser chato! Essa é a musica do momento Leh! Você sabe o que isso significa não é? Que eu vou escutar tanto ainda! – disse Alessandra rindo. Eles estavam no quarto dela, ela com a cabeça em seu colo, cada um com um livro na mão e o rádio ligado baixinho repetindo diversas vezes a mesma canção, quando o dia estava chuvoso esse era o programa preferido deles, era um dos poucos momentos que ele via Alessandra acordada e quieta – e outra – continuou Alessandra – se um dia eu for embora ou se você me deixar quando você ouvir essa musica você vai lembrar-se de mim! Olha só vou começar outra vez – disse levantando-se e indo em direção ao rádio – canta comigo assim: LOVING YOU LIKE I NEVER HAVE BEFORE...!
– Oh meu Deus! Você canta muito mal! – disse ele tapando os ouvidos.
– Mentiroso! Eu canto bem! – gritou Alessandra subindo na cama e lhe atirando todos os travesseiros e ursos de pelúcia que via pela frente. – Você nunca mais vai esquecer minhas musicas do momento Leandro Albuquerque! Talvez até você faça um álbum com todas elas pra ficar lembrando de mim quando a saudade bater!
– Espero que não por que se for assim passarei uma semana ou mais para poder ouvir todas as musicas! – disse ele fechando o livro que tinha em mãos.
– Ah! Seu bobo! É só por isso que você não quer?! – exclamou enquanto pegava os ursos que estavam jogados pelo chão para jogar nele novamente.
– Claro que não sua boba! Venha cá – disse pegando-a enquanto ela tentava fugir correndo pela porta – Eu não vou precisar – disse colocando-a em seu colo – porque eu jamais vou deixar você e muito menos vou deixar que você faça isso. E olhando em seus olhos a beijou com paixão.
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– Leandro? Esta tudo bem? – perguntou a garota que agora lhe parecia uma estranha, na verdade era, ele nem se quer lembrava seu nome.
– Eu preciso ir embora, me desculpe – disse tentando se levantar, estava tonto e tornou a sentar-se – assim que essa tontura passar – completou. Esperou que a tontura passasse, se levantou e seguiu até a porta.
– Desculpem princesas ele não esta muito bem hoje, acabou de ser demitido sabe. – tentou explicar Marcus – agora com licença, eu vou trazê-lo de volta esta bem? Fiquei aqui qualquer coisa podem pedir ao Sr. Garçom aqui – disse batendo nos ombros de um garçom que passava no momento – cuide delas meu camarada falou ao rapaz e saiu para alcançar Leandro – Ei Leandro! Vai embora porque cara? – perguntou Marcus alcançando-o – estávamos tão bem aqui, o lugar é legal, tem uma música agradável, as gatinhas ficam mais sensíveis com essas musiquinhas românticas que estão cantando aí, é agora que a gente tem que partir para o ataque!
– Me deixa em paz Marcus você não sabe de nada volta lá e fica com as duas pra você se é assim que você vê, eu tenho mais o que fazer do que ficar aqui fingindo que eu consigo fazer essas coisas!
– O que esta acontecendo cara? Você sempre tem essas crises doidas quando chega essa época? O que é cara? Você não acha que esta na hora de falar com alguém não? Eu sei que isso não é o normal entre os caras, mas sempre escuto as mulheres falando essas coisas e sabe? Funciona mesmo! Vai lá tenta pra ver se dá certo!
– Alessandra! Alessandra aconteceu Marcus! É esse o meu problema eu não consigo esquecê-la, eu nunca consegui! Em seis anos eu nunca pude esquecê-la um dia sequer!
– Cara quem é Alessandra? Você nunca me falou dela por que você nunca falou dela? O que essa Alessandra fez pra você que você não esqueceu ela até hoje?
– Ela nasceu! Foi isso que ela fez! Ela nasceu e ela entrou na minha vida e ela era a mulher mais linda e perfeita que podia existir por sobre a terra, pelo menos pra mim, aquela diabinha hiperativa nunca vai sair da minha cabeça!
– Cara onde está essa mulher agora? Por que você deixou ela ir embora se ela era tão perfeita assim?
– Por que eu comecei a trabalhar na droga daquela empresa! Era pra eu estar lá com ela! Era pra ter sido eu no lugar dela era pra ela estar aqui agora vivendo e eu lá! Eu sei que ela iria conseguir viver sem mim, mas eu não consigo viver sem ela cara isso que eu tenho não é vida! – disse Leandro com o rosto completamente molhado pelas lágrimas que o álcool não deixava ele conter.
– Cara! Ela morreu?! – Perguntou Marcus espantado com essa revelação.
– Sim. – disse Leandro tristemente.
Marcus o levou para casa, no caminho, dentro do táxi ele foi contando toda a sua historia com Alessandra ao amigo, ele jamais falara dela pra ninguém depois que fugira de sua cidade natal, toda aquele lugar estava infestada de lembranças dolorosas demais, ele pedira transferência no trabalho e seis meses depois do desaparecimento de Alessandra ele fugira de tudo e de todos que pudessem lembrá-la, mas esquecera-se de tira-la de sua mente, e ao longo desses seis anos cada lembrança era vívida dentro de sua mente. Principalmente a do dia que lhe disseram do acidente.
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– Dona Margarida! – gritou Leandro chamando pela mãe de Alessandra enquanto corria casa adentro! Encontrou-a num canto da cozinha sentada no chão, abraçada aos joelhos e chorando copiosamente. Quando ela o viu abraçou-se com ele com uma força tão grande que Leandro se surpreendeu. Ele precisava ser forte apesar da imensa dor que sentia rasgar-lhe o peito naquele momento.
– Minha menina! – Gritou dona Margarida em seu desespero – Não pode ser! Diga que é mentira Leandro! Não, não, não, não, não! Traga minha filha de volta Leandro! Por que você não estava lá com ela? Minha menina! Minha menina...
Leandro fez de tudo para acalmá-la, mas era praticamente impossível, nem seu marido fora capaz disso, foi preciso dar-lhe dois calmantes para que ela pudesse dormir, e assim foi por muito tempo.
Ele já não sabia qual dor era pior, se era a que sentiu ao receber a ligação da agência dizendo que um acidente havia acontecido, ele nem esperou a moça terminar de falar já pressentira algo ruim apenas no toque do telefone, ou se foi o momento que se encontrara com a mãe de Alessandra naquela cozinha, se a dor que todos sentiram nos dias que se seguiram, a busca sem fim pelo ônibus que simplesmente sumira da estrada! Ninguém conseguia dar a resposta, como isso havia acontecido? Ou se o pior disso tudo fora terem encontrado o ônibus semanas depois no mar completamente destroçado e sem sinal algum dos corpos de nenhuma das treze pessoas que viajavam de volta para casa naquela noite!
A tragédia abalara toda a cidade! As famílias estavam desconsoladas, parecia que nada podia ser capaz de minimizar tamanha perda! Havia algo ainda pior a incerteza, os corpos não foram encontrados alguém poderia ter se salvado? Era essa a pergunta feita por todos.
As autoridades procuraram em vão pelas cidades aos arredores de onde possivelmente o ônibus havia caído do precipício, mas nunca as encontraram. Um mês depois foram dados como mortos, um monumento em lembrança das onze garotas que tiveram seus sonhos interrompidos fora construído na cidade. Foi quando Leandro recebeu a noticia de que esse monumento seria construído que ele pedira transferência para outro estado, três semanas depois, com sua transferida concedida, despediu-se de todos e foi embora no dia da inauguração, nunca mais voltou.
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Leandro já estava em casa quando terminou de contar toda a historia a Marcus, ele sempre brincalhão estava totalmente serio ao ouvir a historia que o amigo lhe contara, sabia que algo muito sério deveria de ter acontecido na vida dela, por causa do jeito calado que Leandro tinha, mas jamais imaginara que seria algo assim, até mesmo ele que nunca levava nada a serio sentira um nó na garganta ao ouvir Leandro contar sobre seu passado. Mas como para Marcus tudo era uma eterna brincadeira ele logo tratou de se animar para pode ajudar o amigo!
– Cara! Eu vou entrar de férias daqui a quinze dias, por que não vamos visitar a vó lá em Treviso? Ela vive falando que sente saudade do neto postiço dela, ela até diz que se a cidade não fosse tão boa ela voltaria para cá por sua causa ela sempre pergunta de você quando eu ligo pra ela! E vai ser bom pra você espairecer sabe! Você nunca foi lá mas você tem que ver cara lá parece outro mundo! É tão parada e calma a cidade que só em respirar você já sente a diferença, aquela cidade parou no tempo! E sem falar que é um pedacinho da Itália em Santa Catarina você não gosta de comida italiana não é? Então lá é perfeito você vai adorar!
– Eu não sei Marcus eu preciso pensar. Agora volta lá para aquelas loiras lá que você merece! Você é um ótimo amigo cara! Mas eu só estou falando isso por que estou muito bêbado você sabe não é?
– E você acha que eu não estou também não é? Mas eu vou pra casa mesmo, amanha a coroa vai passar o dia por lá é até melhor eu ir agora!
Marcus trancou as portas jogou as chaves pela janela e saiu deixando Leandro sozinho. Leandro passou um tempo ainda sentado na poltrona todo jogado do jeito que Marcus o deixara. Depois se levantou, e tropegamente caminhou ate seu quarto foi até seu Ipod e o colocou para tocar sua seleção de músicas preferida. Lutava para tirar os sapatos enquanto cantava baixinho acompanhando a música... loving you...

Capitulo 2

- Anda cara, pare de olhar pra trás como se você estivesse se mudando. É só uma viagem! – Marcus disse esperando Leandro com a porta do carro aberta enquanto ele olhava pra sua casa como se estivesse amarrado ali. Fora seu refugio pra tentar, em vão, esquecer Alessandra. Sentia-se protegido no seu casulo, sem lembranças reais dela ali. Mas ele tinha dito “sim” a Marcus e não voltaria atrás agora. E também estava com saudades da vó Amapola.
- Já estou indo, estou indo! – Leandro disse entrando no carro.
Eles seguiram viagem até Treviso, fazendo algumas paradas rápidas. Levaram pouco mais de doze horas de Sorocaba até a cidade da vó Ama, como eles costumavam a chamar. Assim que Marcus estacionou o carro, a senhora corpulenta, de cabelos longos e cinza e um rosto rosado e amigável veio recebê-los.
- Mios queridos! Que saudades. - ela disse abraçando os dois ao mesmo tempo. Ela e toda família de Marcus haviam praticamente adotado Leandro como membro da família, visto que ele era um homem bom, porém sozinho. - Venham, vocês devem estar exaustos da viagem. Vou preparar um pequeno pranzo pra vocês.
- Não é necessário vó Ama! - Marcus disse - Nós comemos na estrada.
- Verdade! - Leandro completou - Não queremos dar trabalho.
- E quem disse que é lavoro? - Amapola disse - É o cuidado especial da nona. E essas merendas da estrada não são saudáveis. - ela sorriu bondosamente - Marcus mio neto mostre a Leandro a casa e depois me encontrem na cozinha.
Marcus mostrou a casa de três quartos, uma sala ampla, dois banheiros e finalmente a cozinha, que era grande até demais pra opinião de Leandro. Tinha uma enorme mesa de madeira rodeada de cadeiras, que comportavam doze pessoas. Dois fogões, um normal a gás e um a lenha, geladeira e ainda muitos utensílios na bancada da pia que ocupava uma parede inteira.
Em cima da mesa tinha um delicioso bolo de chocolate, leite quente, café, suco de graviola e pão de batata. Eles mal sabiam por onde começar a comer. Conversaram um pouco e mataram a saudades da vó Ama. Leandro sorria encantado, pois ele adorava o jeito como a vó colocava palavras em italiano no meio da frase, fora o leve sotaque que ela ainda tinha, mesmo morando no Brasil há muitos anos.
- Você sabe Leandro, não sei se Marcus lhe disse, mas Treviso é uma cidade calma, pacata, mas vocês vieram numa época boa. No próximo fim de semana teremos a festa do patrono. É uma festa animada, com comidas e bebidas típicas. Muitas barraquinhas e muitas ragazze bonitas. Acho que você irá gostar.
- Com certeza nona! - Leandro respondeu, mas a verdade é que ele não estava nem um pouco animado. Ele não fora para lá pra conhecer meninas bonitas, ele foi para relaxar. Mas ele não diria aquilo a vó Ama, ele adora aquela boa velinha, se sentia com o coração aquecido perto dela. Ele jamais levaria sua tristeza até o coração da vó Ama.
Depois de muita conversa, se despediram e foram dormir. No dia seguinte quando Leandro e Marcus se levantaram a vó Ama, ja havia preparado o café da manhã, que mais parecia de um hotel de luxo. Tinha de tudo que se podia imaginar.
Enquanto eles tomavam café uma moça entrou e os dois rapazes a encararam. Ela tinha longos cabelos castanhos encaracolados, corpo esbelto e olhos verdes profundos. Assim que ela chegou na cozinha seus olhos se fixaram em Marcus e Leandro. Ela sorriu educadamente e foi até a vó Amapola e a beijou no rosto.
- Bom dia! - ela disse olhando para eles, que responderam juntos - Bom dia nona! Vou até a venda do sr Nunes. Precisa de alguma coisa?
- Hoje não Gio! - Amapola apontou para o neto e Leandro - Esses são meus netos Marcus e Leandro, vieram passar uns dias comigo. Seria legal se você pudesse mostrar a cidade a eles, Gio.
- Claro nona, sem problemas.
- Meninos essa é a Giovanna. Ela é minha vizinha e minha fidanzata, amiga – ela explicou a Leandro -, companheira nas horas solitárias. Seus pais viajam muito à lavoro e nós acabamos fazendo companhia uma para outra.

Nos dias que se passaram Gio, Marcus e Leandro visitaram os lugares da cidade. Eles ficaram encantados como as coisas ali funcionavam diferentes. As pessoas conheciam umas as outras. Eles usavam a troca de serviços e produtos como moeda. Leandro realmente estava se sentindo no paraíso. Por alguns momentos ele até conseguia esquecer aquela dor no peito que cismava em arder.
Com a chegada do fim de semana, barraquinhas foram sendo montadas na praça da cidade para festa do patrono. Era uma comoção total, todos se ajudavam. Naquele ano a vó Amapola não colocaria barraca, pois ela cedeu a vaga dela para uma amiga que estava precisando levantar um dinheiro.
No sábado a noite Leandro e Marcus se arrumaram e ficaram esperando Giovanna para irem a festa.
- Ei cara, acho que estou apaixonado!
- Me diz uma novidade agora. – Leandro respondeu debochadamente.
- É sério cara, essa Gio mexeu comigo, como nenhuma outra mulher fez. Ela é doce, linda, inteligente, bem humorada. Nunca conheci uma mulher como ela.
- Então vai fundo! – Leandro disse, dando uns tapinhas no ombro de Marcus, que retribuiu com um sorriso.
Quando Giovanna entrou a boca de Marcus se formou num circulo e Leandro olhou para ele e sorriu. Ela usava um vestido de manga comprida, que ia até a altura das coxas, meia calça preta, bota e tinha se maquiado, deixando-a mais linda ainda, destacando seus lindos olhos verdes. Leandro fechou a boca de Marcus e eles sorriram feito duas crianças.
- Estão prontos? – Giovanna perguntou. Marcus levantou e olhou sua própria roupa.
- Bom, comparado a você, eu acho que não estou bem! – ele disse sorrindo. Usava jeans, all star, uma blusa de manga comprida e jaqueta preta.
- Você está lindo Marcus, não seja bobo! – Giovanna disse e olhou para Leandro – Vocês dois estão. Vamos?
- Sim. – Marcus disse estendendo o braço para Gio e ela aceitou. Saíram de braços dados e Leandro logo atrás deles. A vó Amapola tinha ido mais cedo para ajudar seus vizinhos no que fosse preciso.
Quando chegaram à festa, Leandro ficou admirado. Havia tanta coisa para comer, para experimentar, tanta coisa que ele nunca nem ouvira falar, como caprese que era uma mussarela de búfala com manjericão, tomate. Os típicos vinhos, sorvete que Leandro teve a certeza ser o melhor do mundo, fredo que era um chá verde com limão que se bebia frio, bruschetta que era uma torrada coberta com pimenta, alho, azeite e sal. Fora outras coisas que já conhecia bem, como pizza, carpaccio e as massas, umas mais maravilhosas que a outra.
Quando Leandro provava um vinho tinto delicioso, olhou para o lado e viu Marcus beijando Gio, ela parecia gostar uma vez que envolveu os braços em torno do pescoço de dele e deixou os dedos entre os cabelos. Ele apenas sorriu.
Leandro saiu de perto e foi caminhar, conhecer mais coisas, beber mais vinhos. Parou em uma barraca que estava vendendo mostaciolli, um doce à base de mel, farinha, amêndoa e licor. A vó Ama estava ali com sua amiga ajudando a preparar a massa do doce.
- Ciao Leandro! – ela disse com sorriso amigável – Onde está Marcus?
- Por aí nona. Está com a Gio.
Amapola lançou um olhar desconfiado para Leandro, mas ele apenas sorriu.
- Tome, prove isso. – ela deu um doce a ele.
- Caramba vó, que delicia.
- Não é mesmo? De comer e depois lamber os dedos. – Leandro concordou come ela.
- Eu vou dar mais uma volta por aí.
- Tudo bem, divirta-se. Fique de olho nas ragazze.
- Pode deixar! – ele disse se virando e saindo para caminhar.
Leandro já havia praticamente visitado todas as barracas, algumas coisas ele provara, outras não. Ele se sentou em um dos bancos da praça com mais um pote de sorvete na mão, quando a viu. Os cabelos compridos, lisos e pretos que iam até a cintura, um rosto angelical e um sorriso largo, olhos azuis e algumas sardas leves no rosto. O coração de Leandro parou. Tudo começou a acontecer lentamente, como se ele estivesse vendo um filme em câmera lenta. Ele não conseguia engolir o sorvete, suas pernas ficaram bambas e seu ar faltou, mas ele se forçou a levantar. Foi caminhando na direção da moça quando a viu subir em uma bicicleta que estava encostada no meio fio. Ela falava com alguém em uma barraca, mas Leandro não prestou atenção com quem. Apertou os passos forçando seu sangue a circular, mas a moça subiu na bicicleta e pegou a direção oposta a que ele estava.
- Alessandra! Alessandra! – gritou ele, mas a moça não se virou. Ele começou a correr na direção dela, mas ela já estava bastante distante dele. – Alessandra! Por favor, espere Alessandra! – mas ela não esperou. Ele parou arfando, apoiou as mãos no joelho e ficou observando Alessandra se afastar.
Ele caiu de joelhos no chão e cobriu os olhos com as mãos, quando olhou novamente a viu acenar para umas crianças que brincavam de corda, e virar a esquina. Ele fixou o olhar nas crianças, mas eram muitas. Ele não sabia se elas conheciam aquela moça, e não sabia pra qual delas Alessandra tinha acenado, mas ele iria descobrir.
Recuperou o fôlego, caminhou até as crianças e se aproximou.
- Olá criançada. Tudo bem? – ele disse, mas apesar da tentativa de parecer amigável, ele estava tenso e nervoso. – Quem aqui de vocês conhece Alessandra? – As crianças olharam umas pras outras sem entender nada e balançaram a cabeça negativamente – Aquela moça que passou de bicicleta agorinha aqui!
- A tia Paola? – respondeu uma menina morena de olhos azuis que só agora Leandro prestara atenção em como ela era linda.
- Paola? O nome dela é Paola?
- Você conhece a tia Paola, Filha da tia Judite?
- Achei que conhecia. Obrigado menina bonita. – Leandro deu a volta e sentou-se novamente, começara achar que seus olhos haviam lhe pregado uma peça. Talvez tivesse bebido mais vinho que devia. Seus olhos se encheram de lágrimas e ele não conseguiu contê-las.
Nesta hora Marcus sentou-se ao lado dele com um sorriso de orelha a orelha e tinha na mão um copo de licor de menta.
- Cara eu realmente estou apaixonado. – ele disse e quando encarou Leandro percebeu que tinha algo errado. – O que houve cara?
- Nada, eu vou pra casa. Não estou me sentindo bem.
- Qual é Leandro? Voltamos à estaca zero novamente? É visível que tem algo errado!
- Tudo bem, tudo bem... – Leandro contou o que acabara de acontecer e Marcus ouviu atentamente – Então agora eu vou embora, não tenho mais clima pra ficar aqui na festa.
- Calma cara, às vezes era só alguém parecido!
- Pode ser, mas eu realmente prefiro ir embora. – Leandro forçou um sorriso – Vá ficar com a Gio.
Ele se levantou e deixou Marcus sentado lá no banco, caminhou lentamente com as mãos no bolso e quando olhou pra trás viu que Gio se aproximava do amigo e sorriu. Leandro gostava de ver o amigo feliz, mesmo que ele nunca mais pudesse ser feliz, as pessoas que ele gostava deviam ser. O fardo da perda do seu grande amor ia pesar nele enquanto ele vivesse, ele tinha certeza disso.
Leandro demorou muito pra conseguir dormir, a tal Paola não saia da sua cabeça. Seria possível duas pessoas serem tão parecidas? Ou será que realmente sua mente lhe pregara uma peça e elas nem de longe seriam parecidas, mas seus olhos e sua mente resolveram brincar com ele? Adormeceu pensando na moça da bicicleta. Teve um sonho lindo com Alessandra naquela noite.
Na manhã seguinte Leandro foi o primeiro a se levantar, ainda estava escuro quando seus olhos se abriram e se negaram a fechar novamente. Ele se levantou e foi caminhar, com o pensamento longe, lá no passado, mais precisamente em Alessandra. Ele foi andando sem rumo e quando se viu estava na praça onde na noite anterior tinha sido a festa. Tudo estava estranhamente limpo e arrumado. Parece que as pessoas só deixaram suas barraquinhas depois de tudo organizado.
Ele se sentou no banco da praça e ficou horas parado, na esperança e rever a moça novamente, mas ninguém sequer parecido passou por ali. Quando Leandro se deu conta, já havia passado das onze horas. Estranhamente seu celular não tocou, nem havia nenhum sms. Leandro sabia que Marcos estava lhe dando espaço e era isso que o fazia admirar cada vez mais seu amigo.
Levantou-se e resolveu voltar pra casa da vó Amapola, tinha certeza que seu cérebro havia lhe pregado uma peça. Ele poderia ficar ali o dia e a noite inteira que Alessandra não passaria por ali.
Quando ele entrou em casa, Marcus e Giovanna estavam sentados no sofra e pararam de falar abruptamente quando o viram. Os dois estavam de mãos dadas e o encararam. Leandro franziu a testa quando viu os dois sérios. A vó Amapola trouxe chá para eles, sorriu piedosamente para Leandro, depois voltou para seus afazeres na cozinha.
- O que está acontecendo aqui? – Leandro perguntou.
- Marcus quer te contar uma coisa. – Gio disse, ainda séria.
- Calma Gio, deixa que eu falo. – Marcus disse com uma voz carinhosa, mas decidida para Giovanna. - Sente-se Leandro, pegue um chá.
- Eu não quero chá! – ele agora parecia aborrecido – Apenas diga o que está acontecendo.
- Depois de ontem, eu contei pra Gio a historia da Alessandra...
- Você o que? – Marcus se levantou – Por isso eu nunca tinha te contado. Sem ofensas Gio – ele disse olhando pra ela tentando colocar calma na voz – Mas eu não quero ver o olhar que a vó Ama me deu eu entrei aqui, por isso eu não saio contando minha historia por aí Marcus...
- Cara você quer se acalmar e se sentar, – Marcus encarou Leandro – por favor?
Leandro se sentou novamente com o corpo inclinado pra frente e apoiou a cabeça nas mãos.
- Continuando – Marcus disse – Eu contei pra Gio ontem e... – ele parou de falar e Leandro o encarou – você realmente viu aquela moça.
- Paola – Giovanna disse – Eu a conheço de vista.
- E daí? Já sei que provavelmente minha mente me pregou uma peça. Talvez ela nem tenha nada a ver com Alessandra!
- E talvez tenha! – Marcus disse e Leandro franziu a testa novamente, mas agora todo seu corpo estava tenso.
- O que você quer dizer com isso?
- Como eu estava dizendo conversei com a Gio. Esta Judite é médica, aposentada hoje em dia, e ela se mudou pra cá quando se aposentou... – Ele suspirou – Bom, pode ser só coincidência Leandro, não quero que você se encha de esperanças, mas...
- Diga logo Marcus, você está me matando aqui! – Marcus continuou calado encarando ele interrogativamente – Por favor? – Leandro usou o mesmo tom que Marcus, quando pediu para que ele se sentasse.
- Então, elas se mudaram pra cá, tem uns cinco anos.
- E daí?
- E daí que ela não esconde de ninguém que Paola é sua filha adotiva. – Marcus levantou a sobrancelha esperando que o amigo juntasse as pontas – Adotiva? Cinco anos... Faça as contas.
- Meu Deus! – Leandro ficou pálido – Onde esta doutora mora? Eu preciso ver essa Paola de perto. Preciso falar com ela!
- Calma, eu vou até lá e converso com a dona Judite, e aí depois eu te levo lá...
- Nada disso! – Leandro interrompeu Giovanna – Eu vou lá agora, com ou sem a sua ajuda. - ele forçou um sorriso – Mas com a sua ajuda, vai ser muito mais rápido.
- Então vamos todos juntos! - Marcos disse.
- Certo, me dê apenas alguns minutos. – Leandro subiu as escadas correndo e foi até o quarto onde estavam suas coisas e não levou nem cinco minutos para retornar. – Vamos, estou pronto!
Eles entraram no carro de Marcus, levaram apenas quinze minutos para chegarem em uma casa amarela, com portões de madeira branco e uma varanda que contornava toda a casa. Eles saíram do carro e Leandro suava nas mãos. Todos seus músculos estavam tensos e ele tinha que fazer força pra respirar e tentar manter a calma.
Giovanna foi até o portão e chamou a dona Judite. Uma velinha magra, com cabelos curtos pintados de marrom e com um avental de frutas veio atender o portão.
- Menina Giovanna, o que te trás à minha casa?
- Olá doutora...
- Ah querida, apenas Judite! – ela disse sorrindo – Não exerço mais minha profissão.
- Tudo bem! – Giovanna retribuiu o sorriso – Eu, quer dizer nós, precisamos conversar com a senhora.
- E quem são esses rapazes bonitos?
- Meus amigos de Sorocaba. – ela disse apontando pra cada um deles – Este é Marcus e este, bom, este é o Leandro. Nós podemos entrar?
- Claro, venham. – Judite os encaminhou até a varanda e os acomodou em um conjunto de mesa e cadeiras de palha – Aceitam um suco de goiaba? Acabei de fazer.
- Obrigada, não queremos dar trabalho.
- Na verdade – Leandro a interrompeu afobadamente – eu tenho algo importante para perguntar a senhora. - Judite levantou as sobrancelhas desconfiada, mas ainda manteve um sorriso no rosto.
- Pois não meu filho, pergunte.
- Você conhece essa moça? – ele tirou a foto do bolso e entregou à senhora.
Ela observou a foto séria e logo em seguida sorriu, um sorriso triste e genuíno ao mesmo tempo.
- É minha filha, Paola! – Os olhos de Leandro se encheram de lágrimas e ele sorriu.
- Esta é minha noiva, o grande amor da minha vida, Alessandra. – Leandro suspirou e contou a historia para ela, que ouviu atentamente. Conforme Leandro ia falando os olhos da senhora também se enchiam de lágrimas. Quando ele terminou ela sorriu e disse:
- Eu sabia que esse dia chegaria. Paola não acreditava mais. – ela olhou para foto de Alessandra - Procuramos tanto, tanto, sem sucesso pela família dela, que por fim ela desistiu. – a doutora contou pra eles como conheceu Paola e conforme ela ia falando o sorriso de Leandro ia aumentando. Seu coração parecia que ia explodir, mal cabia dentro do peito. – Ela não está aqui agora, foi comprar algumas coisas. Eu acho que vai se muito bom para ela reencontrar você, mas como médica eu tenho que lhe dizer, não podemos ir com muita pressa. Jogar essas informações nela de uma vez podem a assustar, teremos que ser pacientes.
- Eu já esperei tanto, não me importo de esperar mais um pouco. – ele sorria e chorava ao mesmo tempo.
Mal Leandro acabara de falar Paola entrou pelo portão com duas sacolas de compra.
- Vó eu trouxe o que pediu, mas não tinha manjericão. – Ela disse alto o suficiente para que Judite pudesse ouvi-la, mas quando ela se virou e viu que ela estava na varanda e tinham visita. Paola sorriu desconsertada. Leandro ficou pálido, era o mesmo sorriso e o mesmo jeitinho afobado que ele conhecia bem. – Hã, olá! - ela disse sem graça.
- Ola minha pequena. – Judite disse sorrindo - Esta você já conhece é a Giovanna e estes são os amigos dela, Leandro e Marcus.
Os olhos de Paola se prenderam por um tempo nos de Leandro e algo dentro dela se aqueceu. Ela rapidamente deu um sorriso doce e amável.
- Olá, eu sou a Paola. Muito prazer!

Capitulo 3

O ambiente ficou estranhamente silencioso, todos os olhares estavam fixos em Paola e Leandro.
Leandro esperara anos pelo momento em que a encontraria... Não importando quantas vezes tentara se convencer de que ela estava morta e de que devia seguir em frente... Ele nunca conseguira colocar seus próprios conselhos em prática, algo dentro dele sempre lhe dizia ela estava em algum lugar, lá fora, esperando que ele a encontrasse.
E esse dia chegara. Ela estava a sua frente, tão linda que ele podia fechar os olhos e continuaria vendo seu rosto, tão perfeito e amado.
Passaram-se seis anos desde que a vira pela ultima vez... Poderia ter-se passado sessenta, que ele poderia reconhecê-la, qualquer que fosse o momento em que a visse. Suas feições muito queridas estavam gravadas em seu coração, e o sentimento que ela despertava em Leandro era inigualável, e nenhuma outra mulher jamais poderia se comparar a ela.
Ele a amara no passado, e agora era como se estivessem se vendo pela primeira vez, todo o poderoso sentimento corria livre pelo seu corpo, uma mistura de sensações, e ele tentou controlar-se para não assusta-la.
Paola continuou sorrindo para ele timidamente, enquanto estendia a mão para cumprimenta-lo. Leandro a segurou suavemente, e a manteve entre as suas, aproveitando o contato. Seu corpo se aqueceu, um arrepio agradável nascendo do ponto onde eles se tocavam. Durante todos aqueles anos, desde que acordara no hospital sem saber seu próprio nome, ela nunca se sentiu totalmente á vontade com alguém no primeiro contato. Era algo que ela não conseguia explicar, um sentimento desconfortável de não conhecer seu passado.
Mas naquele momento a única coisa que sentia... Não conseguia nomear o frenesi que percorria seu corpo e a deixava em estado de alegria, como se tivesse encontrado algo precioso, se tivesse recebido um presente valioso.
Leandro continuava encarando-a, encantado com ela, feliz além do que poderia descrever, grato pela segunda chance que a vida lhe dava.
Parecia que uma eternidade havia se passado desde que eles estavam ali, na varanda, as mãos presas. Leandro ouviu alguém pigarrear, mas não soube dizer quem, e não se importava.
Paola sentiu as faces corarem e deu um passo atrás, interrompendo o contato com aquele homem. Olhou para os outros, que estavam silenciosos, observando-os. Corou mais ainda, procurando em sua mente repentinamente vazia alguma coisa que pudesse dizer para desviar a atenção de si mesma.
Inesperadamente, todos começaram a conversar, desviando os olhares deles, enquanto entravam na casa e iam direto para cozinha, enquanto Judite lhes oferecia o suco de goiaba. Paola franziu o cenho, mas há muito tempo deixara de estranhar o comportamento acolhedor do povo daquela cidade.
Leandro a acompanhou ate a sala, e obrigou-se a agir normalmente, mas continuava olhando-a como se não pudesse fazer outra coisa. Ela sorriu para ele, envergonhada.
- Bem... – Ela começa.
- Então... – Ele diz, junto com ela, e ambos sorriem.
Eles iniciam uma conversa animada, e meia hora depois, quando os outros voltam da cozinha, os dois estão sentados no sofá, rindo alegremente.
- Nós estamos indo, Leandro. Você vem? – Marcus disse, e parecia envergonhado de interrompê-los.
Leandro não queria deixa-la... Não agora que a tinha reencontrado, não agora que ele sentia-se vivo novamente...
Mas ele sabia que teria que ir com calma... Ele a amava desde sempre, mas para todos os efeitos Alessandra... Paola não o conhecia. E Leandro sabia que precisava tê-la próxima de si, precisava reconquista-la.
Levantou-se do sofá, e ela o acompanhou. Quando estavam próximos da porta, e Leandro procurava uma forma de retardar o momento, quando Gio veio em seu auxilio.
- Err... Paola, nós estamos programando um passeio no final da semana. Vamos acampar no Balneário Rio Manin. Você já foi? – Gio empregou toda a animação em seu tom de voz, e Leandro sentiu seu estomago se contorcer de ansiedade.
- Não, ainda não fui...
- Então, está convidada... Não, convidada não, intimada a nos acompanhar! Vai ser super divertido!
- Eu não sei... – Ela olhou para Judite, em busca de auxilio. Não sabia se podia ir, se podia confiar neles. Afinal, havia acabado de conhecê-los.
- Você deveria ir, querida. Deveria se divertir. – Judite sorriu para ela bondosamente.
Paola virou-se para eles, disposta a recusar o convite, mas seus olhos foram capturados pelos de Leandro, e a negativa morreu em seus lábios.
- Esta bem, eu vou com vocês. – Viu-se concordando, e os olhos de Leandro brilharam, enquanto um sorriso encantador nascia em seus lábios
Ele acompanhou Marcus e Giovanna de volta a casa de Ama, e subiu para o quarto.
Suspirando, ele pegou o celular e discou o numero da mãe de Alessandra. Chamou até a secretária eletrônica atender. Tentou mais algumas vezes, até que por fim deixou uma mensagem, pedindo que ela retornasse a chamada.
Deitou-se na cama, fitando o teto, e um sorriso começou a surgir em seus lábios.
Não acreditava que tinha novamente Alessandra em sua vida.
Sim, ele sabia que tinha um longo caminho, e que nem tudo seriam rosas... Mas ele a teria ao seu lado, e isso já era o suficiente.
A possibilidade de não conseguir faze-la se apaixonar por ele não lhe ocorria. Leandro tinha certeza do sentimento que os unia, independente do que acontecesse ou de quanto tempo passasse.
- Eu não vou falhar! – Ele disse decidido para o quarto vazio.
O final de semana chegou, e eles rumaram para Balneário Rio Manin. Leandro sentia-se como um adolescente, apaixonado pela primeira namorada. E embora ele não fosse mais um adolescente, ele estava sim, apaixonado pela sua primeira namorada. Alessandra era a primeira, e era a ultima também. Nunca haveria ninguém como ela, ou depois dela.
Ela era única e insubstituível.
Chegando ao seu destino, eles armaram acampamento, e vestiram roupa de banho.
Os quatro se divertiram e tomaram banho de rio. Paola sorria, animada, e Leandro não podia fazer outra coisa que não acompanha-la. Em determinado momento Marcus infantilmente bateu com força na superfície da agua, espirrando para todos. Gio reclamou e nadou em direção dele, segurando sua cabeça com as duas mãos, e empurrando-o para baixo. Rindo, Paola se afastou um pouco do ringue que eles haviam formado, e Leandro a acompanhou. Eles ficaram observando enquanto a luta entre o casal perdia força, e então Marcus agarrava Giovanna pela cintura e beijava apaixonadamente.
Ele observou Paola, que estava corada, um leve sorriso envergonhado agora marcando seus bonitos lábios.
Quando ele deu por si, sua mão estava no ombro dela, iniciando uma lenta caricia. Leandro não planejou, mas não também não parou. Ela se virou para encara-lo, os olhos arregalados, e seus olhos ficaram presos, enquanto a mão dele descia pelo seu braço, e ele observava como a pele dela se arrepiava ao seu toque. Charmoso, ele sorriu para ela, enquanto alcançava sua mão e a levava aos lábios, beijando seus dedos delicadamente.
Ela levantou a cabeça para ele, e Leandro deu um passo em sua direção, a mão livre subindo ara sua face, tocando sua orelha, uma caricia que no passado, não falhava em envolvê-la.
Paola piscou duas vezes, rapidamente, ficando ainda mais corada, os lábios separados, mas não se afastou.
Uma alta risada os trouxe de volta a realidade, e Leandro virou a cabeça para ver Marcus e Gio envolvidos em sua brincadeira. Sorriu, e voltou sua atenção para Paola.
Ela esboçou um sorriso tímido, e seu lábio inferior tremeu delicadamente, enquanto passava dois dedos pelo espaço entre os olhos, descendo sobre o nariz.
O coração de Leandro quase parou. Aquele gesto... Deus! Era a sua Alessandra, e estava voltando para ele!
Ele iria conseguir... Iria tê-la de volta, Iria fazer com que ela se lembrasse dele.
Era noite e os quatro estavam em volta de uma fogueira. Marcus levara um violão, e eles tocavam e cantavam, divertindo-se. Paola mantinha-se em silencio, apenas sorrindo e balançando o corpo ao ritmo das canções, e Leandro não conseguia tirar os olhos de cima dela.
Algumas horas depois, quando todos estavam em suas respectivas barracas, Leandro pegou o violão e começou a dedilhar algumas notas, os pensamentos voltando ao passado, lentamente caminhando de volta para uma época simples, quando os dois estavam juntos e felizes.
Ouviu passos as suas costas, e se voltou para encontrar Paola vindo em sua direção, os cabelos soltos, caindo suavemente sobre os ombros. Parecia a visão de um anjo, e seu coração transbordou de amor quando ela se sentou ao seu lado.
- Olá. – Ela cumprimentou simplesmente.
- Oi... Pensei que estivesse dormindo.
- Ouvi a musica, e vi que era você, então... – Ela deu de ombros, passando os dedos pelo espaço entre os olhos, fitando o fogo.
Um sorriso lento surgiu em seus lábios. Ela o havia visto e tinha vindo até ele.
Sim, a cada momento ele se sentia mais confiante.
Recomeçou a tocar, uma musica que há anos não ouvia, e então a voz suave e melodiosa de Alessandra acompanhou as notas, cantando baixinho: I never thought I'd be speaking these words, I never thought I'd need to say, Another day alone is more than I can take / Won't you save me? Saving is what I need, I just wanna be by your side, Won't you save me? I don't wanna to be, Just drifting through the sea of life, Won't you... Listen please baby don't walk out that door, I'm on my knees you're all I'm living for...
Os olhos dele se encheram de lagrimas, lembrando-se de um dia distante, quando ele havia implicado com ela por causa daquela musica, e eles estavam em um momento intimo do seu dia a dia. Fez uma oração silenciosa aos céus, pedindo que pudesse recuperar aquilo que havia ficado tão para trás.
Paola o encarou agora, um lindo sorriso marcando seus lábios, e franziu o cenho ao perceber suas lágrimas. Ele a observou levantar a mão, e tocar o canto do seu olho, colhendo uma lagrima em seu dedo.
- O que aconteceu? – Ela sussurrou, olhando para ele atentamente.
- Nada... É só que essa musica... – Ele engoliu em seco, sem saber como se expressar. O que poderia dizer? Essa musica me lembra uma época em que nós dois estávamos juntos, e você se lembrava de mim?
- É, eu sei. – Ela comentou, quando ele não completou a frase. – Ela é bonita... tocante.
- Sim. Ele murmurou, e segurou a mão dela, beijando-a, enquanto os olhos de ambos se prendiam. Ele viu os olhos de Paola se escurecerem, e Leandro colocou o violão de lado, e se aproximou dela. Segurou seu rosto, e acariciou sua face com o polegar, e Paola fechou os olhos, sentindo o toque.
Ele a fitava fixamente, saboreando o momento, as mãos tremendo, o coração falhando uma batida.
Como ele amava aquela mulher!
Ela abriu os olhos para encontrar os dele, e Leandro lentamente abaixou a cabeça, seus lábios suavemente se tocando, em um primeiro beijo.
Ele reconhecia os lábios dela como se os tivesse beijado ontem, mas de muitas formas era o primeiro beijo deles. Um beijo suave e delicado, que se conectou diretamente ás batidas do seu coração.
Paola se afastou um pouco dele, e Leandro podia sentir sua respiração quente em seu rosto.
Ela sorriu lentamente para ele, e o beijou novamente. Ele provou seus lábios, bebendo sua essência. Ele nunca fora mais apaixonado por ela do que neste instante. Ele deslizou a mão pelas costas dela, abraçando-a pela cintura. Distribuiu pequenos beijos deliciosos por todo o rosto amado, e a ouviu gemer suavemente.
- Ahh, Alessandra...
Ela abruptamente se afastou, empurrando-o pelos ombros.
- Alessandra?

Capitulo 4

Alessandra? – Ela perguntou novamente.
Leandro ficou parado olhando apavorado para ela, seu inconsciente o traiu, ele estava beijando-a e por um momento se esqueceu de toda historia que a acompanhava durante esses anos todos. Aquele beijo só confirmou que ele ainda a amava com todo o seu coração, e pelo modo de como Alessandra o beijara, ele podia sentir que ela, de alguma maneira que ele não sabia explicar, também correspondia aos seus sentimentos. Leandro não queria contar a verdade assim daquele jeito, ele precisava conquistá-la primeiro, precisava ir com calma. Pensou rapidamente em uma forma de sair desta situação.
– Me desculpe. – ele disse arrependido.
– Quem é Alessandra? – ela perguntou desconfiada.
– Alessandra é mulher que mais amei na vida. – ele disse suspirando, e era verdade, Alessandra era a única mulher que ele já amou.
Paola o olhou mortificada, todo o sangue drenado de seu rosto;
– Você é casado? – ela perguntou com choque na voz.
– Não, não. – respondeu Leandro rapidamente – Eu amei a Alessandra minha vida inteira, até que um dia ela se foi.
Leandro sabia que estava omitindo os fatos, mas planejava ir contando aos poucos sua historia, para quem sabe, Paola ir lembrando ao longo do tempo.

– Eu sinto muito. – ela disse chegando mais perto dele - você se importa de me contar como isso aconteceu?
Leandro respirou fundo, sabia que teria que ser cuidadoso ao contar essa historia;
– Eu e a Alessandra nos conhecíamos desde os treze anos, nós namoramos durante seis lindos anos. Alessandra sempre foi doce, gostava de ajudar as pessoas, tinha um coração bom, mas também era muito ativa e falante. – Leandro riu ao recordar das inúmeras historias que compartilhou com Alessandra.

Paola o olhou por um momento, mas desviou o olhar em seguida, Leandro resolveu continuar:
– O sonho dela era ser atriz, e ela tinha talento sabia? Muito talento. Mas lá na cidade onde morávamos era praticamente impossível ela conseguir algum tipo de trabalho. Então, sempre que ela conseguia um teste, ela tinha que sair da cidade ou ir para a capital. E quando iam eram horas de viagem em um ônibus não muito seguro.

Paola pegou em sua mão e deu um pequeno aperto, ela estava reconfortando-o, e ele se lembrou que era isso que Alessandra sempre fazia, ela reconfortava as pessoas com pequenos gestos. Leandro continuou:
– Um dia, depois de um teste com varias outras meninas, Alessandra chegou em casa toda feliz, ela me contou que tinha passado no teste e que estava confiante de que iria dar certo. Mas ela teria que viajar novamente e fazer outro teste só que agora na capital, ela poderia levar um acompanhante, mas eu não pude ir por que iria começar a trabalhar no mesmo dia que ela viajaria. – A voz de Leandro falhou, era muito doloroso lembrar-se daqueles dias – Nós nos falávamos todos os dias durante a viagem, eu já estava sentindo uma saudade enorme dela. Eu havia comprado flores e encomendado um jantar para recebê-la, mas ela nunca mais voltou.

– O que aconteceu? – Perguntou Paola.
– O ônibus que ela e as outras garotas do teste, sofreram um acidente no caminho, disseram que as onze meninas morreram.
– Meu Deus. – Disse Paola chocada. – Eu sinto muito por você Leandro.
– Eu sofri demais, me isolei do mundo, mudei de cidade e vivi a minha vida pacata por todos esses anos. Fui demitido há uns dias atrás e o Marcus me chamou para vir pra cá, e daí eu encontrei você.

Paola fez um carinho em seu rosto;
– Pelo visto você a amou muito não é?
– Sim, eu a amei.
– Eu não posso competir com isso Leandro.
– Isso não é uma competição Paola, eu quero você, eu quero ficar com você, eu não me sentia tão bem assim há muito tempo.
Ela o beijou apaixonadamente e eles ficaram deitados olhando as estrelas até que Leandro percebeu que Paola havia dormido. Ele ficou observando Alessandra por um longo tempo, agradecendo a Deus pela oportunidade de poder tê-la em seus braços novamente. Rezou pedindo aos céus que fizessem com que ela o amasse como antes.
Acordaram com Marcus e Gio rindo alto;
– Bom dia dorminhocos. – Disse Gio com um sorriso.
– Bom dia. – Respondeu Paola se espreguiçando.
Marcus deu um olhar interrogativo para Leandro, Leandro sabia o que o amigo queria dizer com aquele olhar, se ele tinha contado a verdade. Ele fez que não com a cabeça e Marcus pareceu decepcionado com o amigo.
Curtiram o resto do dia na cachoeira, Leandro e Paola não se desgrudaram, fizeram trilha e piquenique no alto de um morro que dava pra ver a cidade inteira. Na hora de ir embora, Paola estava triste;
– Ei o que aconteceu? Você não se divertiu? – Perguntou Leandro preocupado.
– Sim, me diverti muito. – Ela respondeu.
– E por que essa carinha triste?
– Há muito tempo eu não me divertia assim, alias eu não me lembro de ter me divertido tanto na vida. E acabou...
– Não acabou Paola, está só começando. Posso ir te ver na sua casa amanha?
O rosto de Paola se iluminou e ela deu um sorriso.
– Claro.
– Então amanha estarei lá.
Os três deixaram Paola em casa e foram para a casa da vó Ama, Marcus estava calado o caminho todo e Leandro sabia o motivo, o amigo queria que ele contasse a verdade para Alessandra. Quando Gio se despediu deles, Marcus foi até a cozinha, pegou o Licor de jabuticaba que a vó Ama fizera e serviu em dois copos para eles.

– Cara, você sabe que isso vai confusão né? – Disse Marcus.
– Eu reencontrei ela essa semana Marcus, o que você queria que eu fizesse? Que eu despejasse tudo isso nela? Oi eu sou o Leandro, seu antigo namorado, você sofreu um acidente e perdeu a memória, agora depois de seis anos eu te reencontrei. – disse Leandro exasperado.
– Não cara, claro que eu não queria que você fizesse isso, mas ela vai ficar furiosa quando descobrir que você estava escondendo isso dela.
– Ontem à noite, depois que nos beijamos eu a chamei de Alessandra.
– Você fez o que? – Marcus gritou se levantando.
– Sim, eu sei, foi péssimo. – Leandro disse tomando um longo gole do licor.
– E como ela reagiu? –
– Eu contei que Alessandra era a mulher que eu sempre amei, eu contei a historia Marcus, contei tudo, mas não disse que era ela. Eu não tive coragem.
– Você precisa contar Leandro.
– Eu vou fazer ela se apaixonar por mim novamente Marcus. Vou fazer ela me amar como antes, e então vou contar a verdade pra ela, ela vai entender e nós vamos seguir em frente.
– É um plano arriscado, você sabe.
– Sim, mais eu tenho fé que vai dar certo.
No dia seguinte Leandro foi à casa de Paola, Judite atendeu a porta com uma cara de desagrado.
– Boa noite Dra Judith.
– Boa noite Leandro, e, por favor, me chame somente de Judite.
Ele entrou na casa e pode ver alguns retratos de Alessandra com Judite, e ficou claro o amor que a doutora tinha por ela. Havia fotos das duas em festas da cidade e em um sitio bem bonito. Judite percebeu que ele olhava atentamente para esta foto;
– Essa foi em meu sitio que fica a uns 40 km daqui. – disse ela prevendo sua pergunta.
– Muito linda essa foto. – disse – Onde esta Alessandra?
– Ela esta no banho, sente-se Leandro, preciso conversar com você.
– Eu sei, eu preciso conversar com você também. – Ele disse sabendo que precisava ser sincero com ela.
– Paola me contou o que aconteceu na cachoeira ontem, ela me disse que vocês se beijaram.
– Sim, eu sei que eu teria que ir devagar, mas eu não pude me conter, eu estava esperando a seis anos por esse momento.
– Mas você não contou a verdade pra ela, e eu me sinto cúmplice dessa historia agora, Paola nunca vai me perdoar por esconder a verdade dela.
– Eu a amo Judite, e eu sei que no fundo ela me ama também, ela só precisa se lembrar disso, e eu vou fazer de tudo pra reconquistá-la. No momento certo, eu contarei a verdade.
– Tenha cuidado por favor, eu tenho Paola como uma filha. Me partiria o coração vê-la sofrer ainda mais.
– Eu terei cuidado pode deixar.
Nesse momento Paola entrou na sala, linda com um vestido florido na altura dos joelhos.
– Cuidado com o que? – Ela perguntou curiosa.
Ele e Judith partilharam um olhar culpado, mas ele foi o primeiro a falar;
– Com você. – Ele disse rapidamente – Ela pediu para eu cuidar de você, essas coisas que as mães dizem não é Judith?
– Sim, isso mesmo. – Judith disse.
– Vamos dar um passeio na pracinha Paola?
– Vamos claro, não demoro vó. – Paola disse dando um beijo em seu rosto.
– Cuidem se mocinhos.
Eles partiram para a pracinha e Leandro pegou na mão de Paola como se fossem namorados, Paola estremeceu com o toque, mas permitiu o contato. Conversaram durante horas, Leandro contou sobre o trabalho e Paola contou como conheceu a doutora Judite;
– Ela disse que eu fiquei em coma durante muito tempo. Ela cuidava de mim, sempre penteava meus cabelos, escovava meus dentes, essas coisas. – Paola disse visivelmente emocionada.
– Ela foi um anjo na sua vida não é mesmo? – Leandro perguntou enquanto alisava-lhe os cabelos, ele sempre gostara de fazer isso nela, ficava impressionado como um gesto tão simples podia fazer seu peito quase explodir de tanto amor.
– Sim, ela salvou a minha vida Leandro, os outros médicos diziam que eu não ia sobreviver que o acidente que eu tive fora muito grave, eu não sei na verdade o que aconteceu, o plantonista que me atendeu somente disse que eu havia sofrido um acidente de carro, eu não me lembro para onde eu estava indo ou com quem. Eu até tentei ir atrás do plantonista, mas ele foi transferido de cidade um dia depois do acidente. Que ironia do destino não? – Ela disse com um sorriso de lamento no rosto – Eu procurei saber o que aconteceu comigo por muito tempo até que desisti. Mas eu não perdi a esperança de saber a verdade. Você não imagina o quanto é ruim você não saber a sua origem, ou qualquer outra coisa da sua vida, eu nem sei quantos anos eu tenho.
– Vinte e Cinco – disse Leandro, se arrependendo imediatamente.
Ela o olhou confusa;
– Digo, você aparenta ter uns 24, 25. – respondeu justificando-se.
Ela deu uma risadinha;
- Sim, a vó Judith também me diz isso.
Os dois seguiram conversando, tomaram sorvete e se beijaram, e assim seguiram nessa rotina. Quase todas as noites, Leandro ia até a casa de Judite, ele levava Paola para o cinema, teatro, ou para passear pela praça, eles já eram vistos como namorados na cidade.
As férias de Marcus estavam acabando e Leandro sabia que teria de voltar para sua casa, para sua vida chata e solitária. Mas Leandro não conseguia imaginar deixar Alessandra para trás, ele precisava ficar na cidade para ajudá-la a recuperar a memória. O dinheiro que recebera de rescisão da empresa era bom, mas não suficiente para comprar uma casa, então Leandro decidiu, iria arrumar um emprego, alugaria uma casa e viveria em Treviso.
Chegando na casa da vó Ama, certa noite após voltar de um passeio com Alessandra, Leandro ouviu o toque do seu celular, desde que chegara na cidade, quase não havia ligado o aparelho, porem nessa manhã o ligou para ver as mensagens. Olhando o visor, viu o nome da mãe de Alessandra aparecer. Com toda a empolgação de reencontrá-la, esqueceu de tentar ligar novamente para os pais dela.
– Alô.
– Leandro meu filho, como vai?
– Olá Dona Margarida, eu estou bem, e a Sra.? – Leandro sabia que ela iria ficar emocionada com a notícia, por isso temia contar por telefone.
– Eu vou bem, eu e meu velho estávamos viajando em um cruzeiro, só cheguei ontem em casa e vi seu numero no identificador de chamadas, você sumiu meu filho, como vão as coisas?
– Estão ótimas, eu fui demitido e estou em Treviso com meu amigo Marcus.
– Você foi demitido? Que tristeza meu filho. Como você pode dizer que as coisas estão ótimas?
– Eu não gostava daquele emprego mesmo Dona Margarida. Mas escuta, eu sei que vai parecer loucura, mas eu preciso que a Sra. e o Sr Rogério, venham aqui para Treviso.
– Ir para Treviso? Você esta louco? É muito longe Leandro. Por que você quer que a gente vá para Treviso?
– Confie em mim Dona Margarida, por favor confie em mim.
– Não sei Leandro, é uma viagem muito longa, eu e Rogério não estamos mais com idade para fazer uma viagem tão longa de carro, e você sabe como eu peguei pavor a ônibus depois de.... Você sabe.
– Sim, eu sei, mais vai valer a pena eu garanto.
– Ok, eu vou falar com Rogério e depois decidimos. De qualquer forma, me passe o endereço de onde você esta.
Leandro passou o endereço e desligou o telefone, rezava a Deus para que a Dona Margarida decidisse confiar nele e ir para Treviso para ele pessoalmente contar a novidade para eles.
Marcus nesse momento tinha acabado de entrar em casa. Ele estava com uma cara péssima;
– Nossa, o que foi? – Leandro perguntou.
– Hoje já é sexta feira, domingo eu tenho que ir embora. Na segundo acabam as minhas férias. – Marcos parecia desolado.
– É eu sei.
– E você? O que você decidiu fazer? – Marcus perguntou.
– Eu resolvi ficar, a Alessandra é a minha vida, eu preciso ficar aqui e cuidar dela. Minha rescisão e meu seguro desemprego vão me manter por alguns meses, eu vou procurar emprego e alugar uma casinha.
– Cara, você vai largar tudo?
– Largar o que Marcus? Eu não tenho nada La, eu tenho aquela casa pequena, que eu pretendo vender, mas só isso, não tenho emprego, nem ninguém me esperando lá. Minha vida é aqui agora.
– Você esta certo Leandro, eu queria ter essa coragem, eu estou apaixonado pela Gio, mas não tenho coragem de largar tudo.
– É uma pena Marcus, eu realmente acho que ela também é apaixonada por você. Marcus, não deixe o medo vencer isso, aproveite o que você tem hoje. Viva Marcus, viva.

Gio entrou na sala nesse momento, parecia tão triste quanto Marcus;
– Posso interromper o clube do Bolinha?
Marcus se levantou e deu um beijo demorado em Gio.
– Você pode interromper sempre linda. E por que você esta com essa carinha tão triste? – Marcus perguntou.
– Você sabe o motivo. – ela respondeu.
– Eu sei linda, mas eu tenho que voltar. – ele deu um olhar para Leandro.
– Vamos logo sair pra animar pessoal, a Alessandra esta me esperando. – Leandro disse tentando animar os dois.
Foram buscar Paola e resolveram ir a uma pizzaria, e Paola logo percebeu o clima tenso na mesa.
– O que esta acontecendo? Algum problema? – Ela perguntou

Gio e Marcus se olharam tristemente, mas ficaram calados.
– Marcus vai ter que ir embora no domingo. – Leandro respondeu.
O rosto de Paola se entristeceu, Leandro sabia que ela pensava que ele iria embora junto. Deixaria para contar que ficaria mais tarde, faria uma surpresa pra ela. Paola tentou disfarçar dando um sorriso e dizendo:
– Então vocês tem que aproveitar ao máximo vocês não acham?
– Sim, eu acho. – Gio sorriu para Marcus.
– Por que não vamos para o sitio da Judite? Lá é tão lindo e tranqüilo. Podemos ir agora mesmo, são só 40 km. – Paola sugeriu.
Todos se animaram com a ideia e foram para casa arrumar as malas tão logo acabaram de comer, em um hora eles já estavam no carro rumo ao sitio.
– A Judite não brigou? – Perguntou Gio já dentro do automóvel.
– Não, ela só me disse para ter cuidado. – Paola respondeu rindo.
Chegaram ao sitio 50 minutos depois. Mesmo a noite o lugar era incrível, uma casa colonial enorme com vários quartos. Marcus soltou um assobio.
– Essa doutora esta bem de vida heim.
– Não seja indelicado Marcus. – Gio o repreendeu rindo.

Os quatro subiram as escadas para escolher os quartos. Leandro não sabia se Alessandra dormiria com ele, mas estava rezando a Deus para ela optar por sim. Ele já não aguentava mais de saudades do corpo dela, ele estava indo com calma até agora, não a forçando a nada, mas ele podia sentir que ela o desejava.
– Para onde eu levo sua mala Paola? – Ele perguntou.
– Leve as nossas malas para o segundo quarto, por favor. – Ela respondeu sorrindo.

O coração de Leandro começou a acelerar, mas ele temia não ter entendido direito.
– As nossas malas? – Ele perguntou indeciso.
– Sim, a minha e a sua. Nós vamos dormir no mesmo quarto não é?
– Claro. – Ele respondeu sorrindo.

Final

Leandro mal conseguia aguentar a ansiedade que sentia naquele momento, desde que Alessandra sumira de sua vida ele desejava esse dia, mas em nenhum de seus inúmeros sonhos tal acontecimento se desenrolaria desta forma.
Passaram mais algum tempo bebendo um vinho em frente à lareira. Marcus e Giovanna estavam enroscados um no outro em uma das poltronas enquanto Leandro estava deitado sobre uma grande almofada com Paola entre suas pernas. Por algum tempo os quatro conversaram trivialidades, mas conforme a noite prosseguia o clima proporcionado pelo calor do fogo que ardia fazia surgir um clima muito mais denso e logo cada um estava dando exclusiva atenção a seu acompanhante.
Leandro e Paola nada falavam, ele apenas fazia-lhe carinho, enquanto ela estava deitada em seus braços.
– Acho que seu eu fosse um gato já estaria ronronando há muito tempo Leandro. – disse Paola levantando o olhar.
– E quem disse que você não é? – retribuiu Leandro beijando-lhe de forma suave os lábios.
Paola soltou um suspiro e voltou a deitar a cabeça em seu ombro, tinha um sorriso de orelha a orelha neste momento, sentia algo estranho como se estar ali daquela forma com Leandro, fosse a coisa mais correta do mundo, quase como se não fosse a primeira vez que isso acontecesse.
Leandro estava perdido em pensamentos quando se deu conta do quanto ela continuava importante para ele. Aquela Alessandra que ele amou a vida toda, ainda estava ali. Agora mais madura, uma moça tão doce e ao mesmo tempo, dona de si. Sua essência era a mesma. Chegou à conclusão que era o cara mais sortudo do mundo, pois conseguira conquistar o amor da sua vida, duas vezes.
Alguns minutos depois dando uma desculpa qualquer Marcus e Giovanna subiram para seus quartos deixando Leandro e Paola a sós com meia garrafa de vinho e uma lareira a aquecê-los.
– Você acha que o Marcus vai ficar com a Gio? – perguntou Alessandra.
– Não sei, Marcus é um cara excelente, mas tem muito medo de jogar tudo para o alto e se arrepender, mas eu torço que sim. Gio fez muito bem pra ele, você não tem faz ideia de como ele mudou, nesse pouco tempo que eles se conheceram.
– E você?
– O que tem eu? – perguntou Leandro sem saber realmente onde ela queria chegar.
– O que você vai fazer quando o domingo chegar?
– Eu ainda não sei. – respondeu omitindo de Paola que já tinha decidido ficar em Treviso. Ele não queria assustá-la dizendo que se mudaria para ficar com ela.
Paola calou-se, sabia que não era correto, mas desejava no fundo de seu coração que ele ficasse em Treviso.
Passando-se algum tempo a mais Leandro, entregue ao clima de romance, beijou-a. Um beijo ao mesmo tempo calmo e devorador. Paola sentiu-se arrebatada neste momento, sentia algo quase palpável por Leandro, não tinha explicação alguma, mas era o que sentia e ela não queria procurar uma lógica para isso tudo. Descobriu-se retribuindo o beijo com paixão. Beijo este que lhe causava aquela estranha sensação novamente. Sentira isso quando ele cantou aquela música no outro dia a luz das estrelas, sentira isso no dia que o vira pela primeira vez em sua casa.
Os beijos estavam ficando cada vez mais intensos, Paola sentia uma leve e deliciosa tontura com toda aquela situação e o coração de Leandro parecia que iria sair pela boca.
Poder outra vez sentir o calor do corpo dela sobre o seu era algo indescritível, sua pele ardia onde tocava a dela, suas mãos pareciam vivas, lembravam perfeitamente bem os caminhos do corpo da mulher que sempre amou, tinha certeza que se fosse um sonho não iria querer acordar nunca mais. Levantando-a nos braços subiu com ela as escadas para levá-la ao quarto. Chegando lá a deitou cuidadosamente na cama, cobrindo-lhe de beijos. Lenta e carinhosamente ele tirou sua blusa e o coração dele acelerou com aquela visão. Era como se naquele momento não existisse mais ninguém no mundo. Leandro a encarou, apenas esperando um sinal, ou ela dizer algo que o fizesse parar, mas Paola não fez. Ela simplesmente sorriu e puxou ele para outro beijo intenso.
Leandro saboreou cada parte do corpo de Paola matando toda a saudade acumulada por tantos anos. Fizeram amor lento e carinhoso. E quando terminaram, ele sentia-se no paraíso, esquecera-se toda a dor que sentira e agora se sentia completo outra vez.
Na manhã seguinte Paola despertou com um cheiro de torradas que estava em todo o quarto, virou-se para o outro lado e viu Leandro chegando com uma bandeja de café da manhã. Não sabia como, mas ele acertara completamente tudo o que ela mais gostava. Ficou ainda mais encantada ainda com esse gesto.
Ficaram uma boa parte da manhã no quarto curtindo um ao outro, desceram para prepararem um almoço com Marcus e Giovanna, à tarde saíram para passear próximo ao sitio onde havia uma cachoeira. Passaram praticamente a tarde inteira por lá.
Embora estivessem se divertindo bastante, era possível perceber uma pontada de tristeza nos olhos de Giovanna e de Marcus, ele ainda não havia se decidido.
No fim da tarde, voltaram para o sítio e começaram a arrumar as coisas para irem embora. Todos estavam tensos, a tristeza de Giovanna era quase palpável e Marcus também não estava com uma expressão muito boa.
Enquanto Marcus e Leandro preparavam o jantar, pois decidiram que queriam fazer uma surpresa para as duas que não tinham nem noção do estava sendo preparado, Paola e Giovanna ficaram na varanda conversando, apesar do frio a noite estava bem agradável.
– Então Gio, vocês conversaram alguma coisa sobre o Marcus ter que voltar para casa amanhã? – perguntou Paola depois que percebeu que Giovanna estava muito quieta e pensativa.
– Não, eu não acho que eu deva falar alguma coisa, nos conhecemos a tão pouco tempo! Não acho que a gente já se conheça o suficiente a ponto de eu pedir qualquer coisa a ele. – respondeu Giovanna.
– Mas vocês dois não estão se gostando? Não vejo problema em você expressar seu sentimento para ele, quem sabe ele só não esta esperando por isso para tomar uma decisão Gio? Você já parou para pensar que ele possa estar tendo esse mesmo tipo de reação? Mas é a coisa mais fácil do mundo ver como vocês dois estão apaixonados um pelo outro Gio, deixe a razão de lado só um pouquinho.
– Acho que você tem razão o máximo que pode acontecer é ele me dar um não. Vou pensar no que você falou – disse Giovanna dando um abraço em Paola. – agora você! Me conta, como foi ontem a noite?
– Ontem a noite? – perguntou Paola sentindo-se enrubescer. – ah! O que eu posso dizer? Que Leandro é o homem mais maravilhoso que já conheci na vida eu tenho certeza que nem mesmo antes de perder a memória eu não conheci alguém assim como ele. Parecia que nós nos conhecíamos a vida inteira!
– Tem certeza que só parecia? – perguntou Giovanna sondando a amiga.
– Como assim? – perguntou Paola sem ter certeza se entendera bem o que acabara de ouvir.
– Não sei Paola! Esqueça o que eu disse! E você já sabe como vai ser amanhã? Ele também vai ter que voltar não é?
– Não sei, também não conversamos sobre isso ainda sabe.
– Eu não acredito! Ótima conselheira você é mocinha, não faz nada do que diz!
Paola começou a rir, Leandro chegou de surpresa e a abraçou por trás fazendo com que ela se assustasse.
– Ai Leh que susto! – disse Paola atirando-lhe a almofada que tinha em seu colo quando ele passou para sentar-se na cadeira a frente da sua. De repente sentiu seu coração disparar e um estremecimento por dentro toda aquela situação lhe era familiar. Leandro chegou a assustar-se com a repentina mudança na expressão do rosto dela.
– Algum problema? – perguntou ele preocupado.
Marcus que estava chegando à varanda vendo aquela cena perguntou a Giovanna o que havia acontecido, Paola estava tensa, visivelmente tensa.
– Paola o que houve? – Leandro tornou a perguntar, ajoelhando-se na frente dela para olhar em seus olhos, pois ela mantinha a cabeça abaixada constantemente.
– Minha cabeça está doendo um pouco! De repente senti uma coisa estranha, mas eu não sei explicar o que. Estou com medo Leandro. – respondeu ela jogando-se em seus braços como uma criança assustada.
– Ah meu amor não fique assim foi só um mal estar logo vai passar, se acalme, pense em algo bom, esqueça o medo e a dor – disso Leandro confortando-a.
Paola estava tentando a todo custo segurar o choro, sentia uma imensa vontade de chorar, não fazia ideia do porquê, mas fez de tudo para conter-se, principalmente quando viu as expressões preocupadas nos rostos de Marcus e Giovanna.
– Me desculpem, – disse ela levantando-se – eu, eu preciso de alguns minutos sozinha, vou ligar para vó, vocês me esperam?
– Claro pode ir estávamos vindo pra dizer que o jantar demoraria mais alguns minutinhos – respondeu Leandro.
– Tudo bem, eu volto daqui a pouco.
Dito isso Paola saiu, e tão logo tiveram certeza de que ela não podia ouvir Marcus perguntou.
– Cara o que foi isso?
– Será que são as memórias voltando Leandro?
– Eu não sei, mas me assustou bastante! Ah meu Deus – disse Leandro lembrando-se de algo de repente.
– O que foi?! – perguntaram ao mesmo tempo Marcus e Giovanna.
– Liguei para os pais de Alessandra e pedi para que eles viessem para Treviso!
– Você ficou maluco cara?! – disse Marcus falando um pouco mais alto do que devia. – a onde eles vão ficar?
– Na casa da vó Ama!
– Leandro – disse Giovanna – se isso foi ela relembrando de alguma coisa imagina como não será se ela ver os pais dela! Já imaginou se ela os reconhecer assim que os verem? Ou se eles não entenderem o que a Judite falou e saírem logo correndo ate ela e abraçando a Paola? Qualquer mãe faria isso! E sem falar que você não preparou os pais dela para essa surpresa eu imagino.
– Você tem razão Gio, mas eles não confirmaram se vinham ou não então...
Nesse momento Paola voltava com o celular na mão.
– Leandro vó quer falar com você – disse ela entregando-lhe o aparelho.
– Comigo? – estranhou Leandro. – Oi Dona Judite ...
Pouco depois Leandro afastou-se dos demais, Paola sentou-se novamente na sua cadeira, parecia que nada havia acontecido.
– Está tudo bem agora amiga? – perguntou Giovanna.
– Sim está. Desculpe, eu não sei o que houve. Mas vamos esquecer esse assunto. Estou morrendo de fome Marcus o que vocês prepararam?
– Ah! Segredos do Chef não posso revelar, na verdade eu não fiz praticamente nada só estava sendo o auxiliar do Leandro ele que manja das coisas lá na cozinha aposto que vocês vão adorar. – respondeu.
– O que a dona Judite queria com o Leandro Paola? – perguntou Giovanna.
– Eu não sei, ela não me disse.
Pouco depois Leandro voltava:
– Então, não tem ninguém com fome aqui? Vamos que já está tudo pronto!
Os dois puxaram as cadeiras para Paola e Giovanna e começaram a arrumar a mesa. Tudo voltara ao normal, parecia que nada havia acontecido.
– As senhoritas queiram aguardar por favor, iremos trazer os pratos para cá, fiquem a vontade. – disse Leandro fazendo pose de garçom com direito a toalha dobrada no braço.
Chegando à cozinha Leandro desfez a máscara.
– Os pais delas chegaram hoje a tarde na casa da vó Ama e ela contou tudo pra eles, estão na casa da Dona Judite agora.
– Caramba! E agora?
– Dona Judite disse que Alessandra está começando a ter flahs de memória, temos que ter cuidado agora, mas ela teme que o choque será muito grande se ela rever os pais novamente, ela está tentando explicar a situação a eles, mas a mãe de Alessandra esta louca para ver a filha, não sei se ela vai conseguir disfarçar.
– Que ideia mais furada essa sua cara!
– Ei eu vou reclamar com o gerente esses garçons estão demorando muito a atender! – gritou Giovanna da sala de jantar.
– Já estamos indo senhoritas, houve um pequeno imprevisto. – disse Marcus pondo a cabeça para fora da cozinha.
– Estou faminta Marcus! Se apressem aí vocês dois. – respondeu Giovanna.
Marcus apenas mandou-lhe um beijo e voltou. Leandro já estava preparando o Atum na travessa toda arrumadinha que ele preparava conforme as ordens de Leandro.
– Essa era uma receita que a mãe de Alessandra sempre preparava – explicou Leandro enquanto enfeitava o prato.
– Cara você podia fazer gastronomia você leva jeito pra esse negocio viu! Esta com uma cara ótima.
– Quem sabe? – disse Leandro rindo da ideia. – agora leve logo que daqui a pouco elas vão desmaiar de fome sobre a mesa.
– Sim senhor! – disse Marcus pegando a travessa que Leandro lhe entregava enquanto ele virava-se para pegar outra coisa no fogão.
– Pronto senhoritas! – disse Marcus entrando com a travessa nas mão. – receita especial da casa hoje Atum Mediterrâneo.
– Nossa! Que delicia nem provei, mas já sei que esta ótimo! – disse Paola – e onde está Leandro?
– Estou aqui senhorita! – disse entrando com outro prato nas mãos – estava terminando de preparar este aqui – explicou pondo o colorido e fumegante prato na mesa.
– Uau! Que lindo! – disse Giovanna.
– Mas que prato é esse Leandro? – perguntou Paola.
– Arroz com camarão capixaba. Aprendi durante um tempo em que fui transferido para o Espírito Santo há alguns anos.
– Apresente-nos o vinho caro amigo. – pediu Marcus já sentado a mesa.
– Pois não senhor. Como infelizmente não temos uma adega suficientemente abastecida por aqui consegui um bom e jovem Merlot para esta noite. É um vinho feito para ser consumido ainda jovem e acredito que as senhoritas irão adorar seu sabor de fruta e é doce, como a senhorita – disse Leandro referindo-se a Paola.
– Como você sabe? – estranhou.
– Intuição de Chef querida só pode ser – respondeu Giovanna. – agora pare de teatrinho e sente-se para jantarmos.
A noite seguiu agradavelmente após a refeição ficaram até tarde na varanda conversando, já era madrugada quando foram se deitar.
Acordaram às dez da manhã seguinte e pegaram a estrada. O caminho foi feito praticamente todo em silencio, por sorte era uma curta distancia e logo chegaram. Seguiram todos para a casa de Paola, ela estranhou, mas não disse nada, poderia assim aproveitar mais ainda a presença de Leandro e de Marcus também tinha se apegado bastante a ele durante todo esse mês.
Ao chegar em casa Paola assustou-se com a quantidade de malas que havia na sala.
– Acho que vó deve estar com visitas, – falou para os três que estavam logo atrás dela – ela deve estar na cozinha vocês vêm ou vão ficar aí parados olhando para minha cara? – perguntou Paola aos três que pareciam empacados na porta.
Estavam esperando para ver o que aconteceria, pois enquanto Paola estava falando com eles uma senhora entrou na sala.
– Paola? – perguntou a senhora timidamente. Paola virou-se e viu a sua frente uma senhora muito magrinha e pequena que olhava para ela como se esperando alguma reação, vasculhou em todos os cantos de sua pouca memória para tentar lembrar-se dela, mas apenas tinha a sensação de que a conhecia, só não sabia de onde.
Os acontecimentos seguintes passaram como um borrão para Paola logo após chamar seu nome a senhora veio em sua direção abraçando-se fortemente a ela, chorando como se tivesse reencontrado alguém muito querido.
E de repente ela sentiu. Sabia instintivamente pela cena que via que aquela mulher só poderia fazer parte do seu passado. Ainda assustada Paola buscou o olhar de Judite que apenas observava a sua reação.
- Oi! – Paola disse tentando afastar a senhora. Estava ficando constrangida – Desculpe, mas... Quem é a senhora?
Margarida se afastou e encarou a filha. Sua expressão era um misto de alegria e dor. Ela estava feliz por reencontrar a filha, mas apesar de estar ciente da sua amnésia tinha esperança de que quando ela a visse, Alessandra se lembraria dela.
- Você realmente não se lembra, não é?
- Desculpe, mas não.
- Venha aqui Paola, - Judite a chamou e ela se afastou de Margarida e foi até Judite, a única mãe que ela reconhecia. - sente-se menina. Acho que agora não tem mais espaço pra sutilezas, precisamos conversar e você – ela acariciou o cabelo de Paola - tem o direito de saber.
- Saber o que vó? Está me assustando. – Todos estavam estranhamente silenciosos e cada um escolheu um canto para se acomodar.
- Querida, lembra todas as vezes que conversamos sobre reencontrar sua família, todas as vezes que nos decepcionamos por achar que estávamos chegando perto e depois ver que estava cada vez mais longe?
- Lembro, - Paola encarou margarida – por isso eu desisti, não aguentava mais tanta decepção. Mas o que isso tem a ver?
- Paola, seu verdadeiro nome é Alessandra e esta senhora, Margarida é sua mãe.
- Alessandra? – Paola pronunciou o nome como se o provasse saindo dos seus lábios, como se ouvir ela mesma pronunciar seu nome algo vinha a tona, mas nada aconteceu. Sua cabeça era um completo vazio – Desculpe, mas não faz sentido pra mim. Como a senhora me achou?
- Leandro me ligou dizendo que eu deveria vir pra cá...
- Leandro? – Paola agora se levantou o encarando seriamente e sua mente a levou para o dia do acampamento quando ele, sem querer, a chamou de Alessandra. – Você sabia, esse tempo todo, você sabia e escondeu de mim!
- Calma Alessandra, meu amor, eu posso explicar...
- Não me chame assim! – ela explodiu – Meu nome é Paola. Entendeu? Paola!
- Certo Paola, me desculpe, eu...
- Eu não quero ouvir Leandro, você me enganou. Você não se aproximou de mim por quem eu sou, e sim por quem eu fui. - lágrimas corriam pelo seu rosto. Ela estava confusa e assustada – Você por algum momento parou pra pensar que eu posso simplesmente nunca mais recobrar a memória? E aí? Vai fazer o que? Ficar tentando me transformar em quem eu fui?
- Não é nada disso, eu queria...
- Vá embora. – ela gritou e os olhos de Leandro se encheram de lágrimas.
- Calma minha filha! - Judite tentou acalmá-la – Sente-se e vamos conversar.
- E a senhora, sabia sobre ele... – Paola se afastou - Eu não quero me sentar, não quero me acalmar. – ela encarou cada pessoa daquela sala e todos os olhos recaiam sobre ela, pesados e tristes. Como se ela fosse uma pessoa digna de pena. Ela odiou aquilo. Ela encarou um por um e saiu correndo.
Pegou sua bicicleta e saiu. Pedalou até suas coxas e joelhos queimarem e chegou em um lugar que ela conhecia bem. Era uma rocha onde no centro havia água límpida. Cercado de arvores e muita natureza. Ali ela fora muitas vezes pra tentar recobrar a memória. A calmaria do lugar e o barulho dos pássaros a tranquilizavam, mas naquele dia ela apenas chorava. Seu coração nunca esteve tão apertado e ela nunca estivera tão dividida. Lembrou-se da conversa que tivera com Leandro no acampamento e de repente tudo começava a fazer sentido. O porque ninguém nunca a procurou. Achavam que ela tinha morrido no acidente do ônibus.
Em poucos minutos tinha descoberto que tinha uma mãe, Margarida, que sofrera com a sua morte e agora a reencontrava. Um homem que fora tão apaixonado por ela a vida toda a ponto de nunca mais refazer sua vida, até reencontrá-la. Mas será que ela poderia ser aquela antiga Alessandra? Será que ela queria? Será que eles a aceitariam como agora ela era? E Judite? Ela fora a única mãe que ela se lembrava, era sozinha. Ela nunca a abandonaria. Paola sentiu sua cabeça começar a doer. Ela não queria magoar ninguém, mas não sabia como se dividir, não sabia se amaria sua mãe verdadeira como amava Judite.
As lágrimas não paravam de cair dos seus olhos. Seu mundo havia ruído e não havia nada que ela pudesse fazer pra voltar atrás. Ela teria que tomar sua decisão e talvez pessoas se magoassem, mas o que ela poderia fazer?
- Paola? – uma voz a chamou e ela se virou e encarou Leandro, se aproximando cauteloso e parou mantendo certa distancia.
- Você me seguiu? – ela perguntou secando inutilmente as lágrimas, já que outras tornavam a cair.
- Não! Judite me disse que talvez você estaria aqui, ela me deu um mapa. - ele levantou a mão mostrando o papel enrolado - Peguei o carro de marcos e vim.
- E o que você quer?
- Conversar, me explicar... Pra falar a verdade eu não pensei muito, eu só queria estar perto de você.
- Eu não sou a Alessandra, Leandro!
- Eu sei. – ele suspirou e se aproximou mais, sentando ao lado dela – Mas eu gosto de você, Paola.
- Não acho que isso seja verdade! – mas antes que ele pudesse dizer algo ela o encarou – Como você me encontrou?
- Coincidência. Te disse no acampamento. Eu fui demitido e Marcos me convidou a vir para Treviso e no dia da festa do patrono eu te vi. Chamei várias vezes Alessandra mas você não ouviu. Comecei achar que havia bebido demais, então Marcos contou para Gio sobre minha história e ela disse que conhecia a dona Judite. Na mesma hora eu quis ir lá e foi no dia que você me viu pela primeira vez. Eu nunca me senti tão feliz em toda minha vida.
- Porque você encontrou a Alessandra? Mas eu não sou ela.
- Sim, inicialmente sim. Eu tinha reencontrado Alessandra, a única mulher que amei a vida inteira, mas conforme fomos passando o tempo junto eu fui vendo que você realmente havia mudado. Tinha sim algumas coisas dela, mas estava mais madura, mais mulher, mais Paola.
- Então você gosta de mim desse jeito? – ela perguntou surpresa e desconfiada.
- Claro! E como eu poderia não gostar? Alessandra ou Paola, não importa o nome que você atenda, eu amo você... O que você tem aqui – ele tocou a cabeça dela - e aqui. – ele desceu a mão e tocou o coração dela. Eu tive a sorte de me apaixonar duas vezes pela mesma mulher. Eu amo você e se amanhã você quiser se chamar Joana, eu vou continuar te amando.
- Não gosto do nome Joana. – Paola sorriu em meio às muitas lágrimas – Você sabe que eu posso nunca mais recobrar a memória, não sabe?
- Você gosta de mim? – Leandro perguntou.
- Que?
- Você, Paola gosta de mim?
- Sim. Quer dizer, eu não sei se é amor. Mas com certeza é algo forte, que eu nunca senti por ninguém.
- Então pra mim isso basta. – eles se abraçaram e permaneceram um tempo assim, perdidos nos braços um do outro.
- E a dona Margarida?... Quer dizer, eu não quero abandonar a vó Judite.
- E ninguém vai te fazer escolher querida. – ele deu um beijo nela – Nós daremos um jeito, um que for melhor pra você.
- Tudo bem. – ela sorriu e eles se beijaram.
- Agora podemos voltar? Devem estar todos preocupados.
- Claro. E Paola soube que, independente do que aconteceria no futuro, sua vida nunca mais seria a mesma. Ela tinha Vó Judite, agora uma nova mãe, novos amigos. E Leandro... Paola sabia que ele sempre estaria com ela.
EPILOGO
Paola continuou morando em Treviso com a vó Judite. Sr Rogério e Dona Margarida, já aposentados, se mudaram para a pacata cidade para ficar perto da filha e eles conviveram como uma grande família.
Marcos não se mudou, mas ele vinha todo fim de semana ver Gio e alguns meses depois eles tinham noivado. Depois do casamento ela se mudaria para Sorocaba.
Leandro estava cada vez mais apaixonado por Paola. Ele morava com a vó Ama e arrumou um bom emprego na cidade. Ele e Paola estavam com casamento marcado pra um mês. E até aquela data, ela não havia recobrado a memória, além dos poucos flashes que tinha, mas tinha reaprendido a amar todo mundo.

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