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Entre o Amor e a Razão

Capitulo 1

- Parabéns Vinicius, você é o nosso novo gerente de contas – Dr Sampaio disse se levantando e estendendo o braço para um aperto de mão.
-Muito obrigada Dr Sampaio, garanto que farei de tudo para honrar a confiança que o senhor esta tendo em mim –Vinicius disse tentando não transparecer a emoção que sentia.
- O que é isso meu rapaz, já trabalhamos juntos a 7 anos, esta mais do que na hora de você me chamar de Nestor – Disse Dr Sampaio abotoando o seu caríssimo terno.
- Esta bem Dr.. quer dizer Nestor, muito obrigada mais uma vez pela oportunidade – Vinicius disse.
- Você fez por merecer rapaz, se esforçou muito e aprendeu rápido sobre o mundo dos investimentos. E quem sabe se você se esforçar mais ainda, futuramente você não assume um cargo de diretoria heim? Você tem potencial para isso.
- Vou fazer de tudo e dar o meu melhor Nestor.
- Então vamos La conhecer a sua nova sala, essa aqui não é apropriada para um gerente de contas – Nestor disse com um sorriso de orgulho no rosto
- Essa sala me foi muito útil nos últimos três anos, sou muito grata por ele – Vinicius a examinou mais uma vez e por um instante se lembrou de todas as alegrias e dificuldades que passou naquela pequena salinha do 11ª do edifício Lobato.
Nestor o acompanhou até o 18ª andar, o andar dos gerentes e coordenadores. Respirou fundo e seguiu ao lado do chefe para a sua nova sala, no caminho recebeu os parabéns dos outros gerentes e se sentiu muito orgulhoso. Nestor parou em frente a uma sala que era certamente duas vezes maior que a antiga salinha dele, as paredes eram de vidros e a mesa de uma madeira polida linda. Vinicius teve que se conter para não dar um soco no ar de felicidade, daqueles que os jogadores de basquete faziam.
- O que você acha Vinicius? Gostou da sua nova sala? – Nestor perguntou.
- Esta perfeito Nestor, não vejo a hora de começar a trabalhar com os novos clientes. Será um desafio motivador. – Vinicius disse.
- Então o que estamos esperando? Vamos trabalhar, mas antes quero que conheça Sofia, sua nova secretária – Nestor foi até a porta e a chamou.
- Eu vou ter uma secretária? – Vinicius perguntou incrédulo.
- Claro que vai. Todos os gerentes de contas tem uma secretaria, ela vai te ajudar em tudo o que você precisar. Sofia é muito eficiente e esta conosco a 3 anos.
Nesse momento, uma ruiva com olhos incrivelmente verdes entrou na sala. Ela aparentava ter uns 30 anos e tinha um corpo muito bonito, não que Vinicius tenha reparado muito, a política de não confraternização da empresa, estava clara em diversos painéis espalhados pelos setores. Vinicius jamais se envolvera com alguém do trabalho, seu crescimento profissional estava acima de qualquer noite de sexo. Haviam muitas mulheres gostosas no mundo, não iria por em risco a sua carreira por causa de alguma do trabalho.
- Sofia, esse será seu novo chefe, Dr Avila. Auxilie ele em tudo o que ele precisar ok?- Nestor afirmou.
- Com certeza, qualquer coisa que precisar, é só pedir Dr Avila – Sofia disse prestativa.
- Agora vamos deixar - lo se adaptar Vinicius. Boa Sorte – Nestor disse e saiu da sal junto de Sofia.
Vinicius sentou em sua nova cadeira e respirou fundo, estava em êxtase, a muito tempo almejava esse cargo. Quem diria que um negro, pobre, que morava na periferia de São Paulo pudesse se tornar um gerente de contas? Isso era só o começo da realização de um sonho. Sentado em sua sala, Vinicius olhou para as janelas, a vista que ele tinha era espetacular, por ela, via toda a cidade e seus enormes prédios comerciais, ao fundo, podia ver o parque do Ibirapuera e suas arvores lindas. Vinicius sonhou, mas jamais pode acreditar que um estaria em um lugar assim, então se lembrou da infância pobre e difícil que teve.
Morava com sua mãe e suas três irmãs em um barraco de dois cômodos, seu pai havia os abandonado com Vinicius tinha apenas 4 anos, deixando sua mãe com mais duas filhas gêmeas de 2 anos e uma bebezinho recém nascida. Ele era um bêbado imprestável e apesar de tudo, Vinicius agradecia a Deus por ele ter ido embora, ele agredia sua mãe e o agredia quando estava bêbado, foi um alivio o dia que ele os abandonou. A mãe de Vinicius, Lourdes, foi uma verdadeira guerreira, trabalhava em dois empregos e nunca deixou faltar o que comer para os quatro filhos. Vinicius cresceu em um lugar pobre e escasso de educação, desviou dos caminhos obscuros das drogas e começou a trabalhar cedo para ajudar a mãe, mas dona Lourdes nunca o deixou faltar na escola, cobrava suas notas e o incentivava a ser um grande homem. E foi por ela que Vinicius se comprometeu a estudar. Na escola sofria preconceito por ser negro, ouvia piadinhas racistas todo dia, mas não se deixava abalar por isso, sempre andou de cabeça erguida e foi um dos melhores alunos da sala. Estudou e trabalhou muito até o dia que prestou vestibular concorrendo a uma bolsa de estudos da faculdade do governo, passou em 4º lugar e ganhou uma bolsa integral, entrou para o curso de Economia e teve que arrumar um emprego adicional aos fins de semana para pagar os livros e poder comer. Passou com louvor em todas as matérias e ao fim do curso ganhou outra bolsa para fazer o mestrado e doutorado, nesse meio tempo arrumou um estagio Nas Industrias Sampaio e ao longo desses 7 anos foi subindo de cargo rapidamente até alcançar esse cargo de gerente de contas. Juntou um dinheirinho e pode dar entrada em uma casinha para sua mãe e sua irmã caçula, as outras duas já haviam casado e saído de casa. Ele morava em um apartamento modesto no centro da cidade, mas sentia muito orgulhoso e motivado a crescer cada vez mais.
A sua vida pessoal tem sido conturbada nos últimos tempos, não tinha tempo para relacionamentos. As vezes se encontrava com Talita, sua amiga colorida, como ela mesmo dizia, eles saiam para jantar e depois transavam, só isso, sem envolvimento emocional. Vinicius estava focado no trabalho e não tinha tempo para as brigas conjugais. Sentia falta, é claro, de ter uma pessoa, mas logo que se focava no trabalho, a vontade passava. Um dia, ele sabia que teria de desacelerar, teria de encontrar alguém para casar e ter filhos, esse dia ainda não havia chegado. Era o que ele pensava....
Dois meses depois, Vinicius já estava mais do que adaptado ao seu novo cargo, Sofia se mostrou muito eficiente e sempre o ajudava, fazia as coisas muito antes dele pedir e era muito agradavel para conversar. Ele estava captando novos clientes e liderava uma equipe com 12 representantes, trabalhava até tarde todos os dias e na tinha tempo nem para visitar sua mãe. A semana tinha passado como um borrão, Vinicius estava exausto, já era sexta feira e ele nem havia se dado conta ainda, seu telefone tocou e ele atendeu sem ver o visor.
- Vinicius– Ele disse com sua voz seria.
- Fala amigão –
Vinicius logo reconheceu a voz do seu melhor amigo Diego.
- E ai brother, quanto tempo –Vinicius o saudou.
- Claro que tem muito tempo, você anda sumido cara, nunca mais nós saímos pra tomar umas cervejas – Diego reclamou.
- Pô Diego, você sabe que estou querendo subir aqui na empresa, preciso me focar no trabalho –Vinicius respondeu de imediato.
- Você já é focado Vini, você é a pessoa mais focada que eu já conheci na minha vida, desde a época da faculdade que você não pensa em outra coisa a não ser em trabalhar, vamos La, hoje é sexta feira, vamos sair pra beber umas vai... ver umas gatas e nos dar bem – Diego estava empolgado.
- Poxa amigo, estou com tanto serviço aqui, acho que não vai dar – Vinicius argumentou.
- Ah não, para de frescura, faz muito tempo que não saímos pra zuar, você agora deve ter uma secretaria gostosa pra resolver as coisas pra você, deixa o resto para resolver na segunda feira, passo na sua casa as nove e vamos em um barzinho que ta tem varias gatinhas – Diego nem esperou Vinicius responder e logo desligou o telefone.
As nove e meia Diego o pegou em seu apartamento, ele sempre se atrasava e Vinicius já sabia que teria que esperar. Eles se conheceram na época da faculdade e se tornaram melhores amigos. Diego nunca teve preconceito algum com Vinicius, sempre o tratou bem e algumas vezes até o defendeu de piadas de mau gosto. Eles eram totalmente diferentes, tanto na aparência quanto na personalidade, Diego era branco de estatura média, olhos azuis e cabelos loiros, vivia indo para a balada e era muito mulherengo, enquanto Vinicius era alto, negro, tinha os cabelos raspados e os olhos eram castanhos, e dificilmente ia para baladas. Os dois porem, malhavam muito e ambos tinham o corpo atlético e definido.
Chegaram no barzinho e perceberam que o local estava lotado;
- Acho que todo mundo teve a mesma idéia que a nossa – Reclamou Diego.
- Já que estamos aqui, vamos tentar entrar –Vinicius sugeriu.
Demoraram meia hora para arrumar uma mesa, mas nesse tempo aproveitaram para olhar o ambiente. O lugar era legal, o clima era praieiro e a decoração toda havaiana, na porta a hostess entregava um colar havaiano. No intervalo das musicas, dançarinas havaianas dançavam hula hula e enlouqueciam os rapazes. Pediram duas cervejas e começaram a conversar, Diego a toda hora levantando a cabeça e procurando sua “próxima vitima” , como ele mesmo dizia;
- E a Talita? – Diego perguntou curioso.
- Esta bem, nos vimos a duas semanas atrás –Vinicius respondeu dando os ombros.
- E você ainda pega ela? –
- De vez em quando eu “fico” com ela – Vinicius enfatizou a palavra “fico”, ele odiava esse termo “pegar”. Sua mãe, Lourdes sempre o educou a ser cavalheiro com as mulheres.
- Que seja, ela é bem gostosa, por que você não namora com ela? – Diego ia sempre direto ao assunto.
- Por que você sabe que no momento eu não estou afim de namo... –Vinicius não conseguiu terminar a frase, a visão que ele teve o deixou sem fala.
Ela havia acabado de chegar, estava com algumas amigas e era a criatura mais linda que Vinicius havia visto na vida. Ela era branca, alias tão branca que parecia uma bonequinha de porcelana, seus longos cabelos castanhos caiam em ondas pelas costas. Vinicius não conseguiu ver a cor dos olhos dela, mas poderia jurar que eram verdes. Ela estava sorrindo e parecia um anjo, usava um vestido rosa claro e uma sandália baixinha. Diego percebeu que ele estava distraído.
- Ei cara! Esta olhando o que? – Perguntou.
- Um anjo – Respondeu Vinicius rindo, ele sabia que isso era muito idiota de se dizer, mas era a verdade, aquela mulher era um verdadeiro anjo.
- Deixa de ser ridículo – Diego disse se virando para procurar o tal anjo de que Vinicius falava, quando ele a viu, deu um assobio.
- Não te disse? – Disse Vinicius rindo, mas por dentro seu coração estava acelerado, há tempos uma mulher não mexia com ele assim.
- Vamos La falar com elas, as amigas são lindas também, quem sabe uma delas não da mole pra mim?- Diego disse se levantando.
- Vixi cara, não sei não – Vinicius disse receoso – Essas branquinhas ai raramente curtem um negro, você sabe quantos foras eu já tomei não sabe? –
- Ah, vai se covarde agora? Se ele disser não, beleza, você parte pra outra, mas pelo o que eu pude perceber, ela esta afim também, já olhou pra Ca duas vezes – Diego afirmou.
- Serio? – Vinicius não estava acreditando muito, ate que olhou e pegou ela o observando.
- Vamos La cara, antes que outro babaca vá – Diego disse.
De repente a idéia de outro cara tocando aquela menina tão linda, fez Vinicius ficar com raiva, ele nunca se sentiu tão possessivo com alguém assim, e ele sequer havia conversado com ela. Se levantou rapidamente e foi em direção a ela. Chegando perto, percebeu que os olhos dela eram realmente verdes;
- Eu sabia – Ele disse para ela.
Ela riu, um sorriso lindo.
- Sabia o que? – Ela perguntou curiosa, sua voz era delicada demais.
- Que seus olhos eram verdes, quando você chegou eu quase tive a certeza, tive de vir aqui e confirmar – Ele disse no ouvido dela.
Ela soltou uma gargalhada;
- É essa a cantada que você vai usar? – Perguntou
Vinicius ficou sem graça, a tempos não abordava uma mulher; estava certo de que ia levar um fora, mas decidiu tentar;
- É a única que eu tenho – Ele respondeu sorrindo – Será que vai funcionar? –
- Talvez – Ela respondeu retribuindo o sorriso
- Meu nome é Vinicius – Ele se apresentou
- O meu é Rebeca, prazer Vinicius –
E assim eles começaram a conversar, Diego já estava dançando com uma das amigas dela e pelo jeito sensual que ela dançava pra ele, ele tinha se dado bem. Vinicius descobriu que Rebeca tinha 25 anos, era uma artista, pintava quadros e o expunha em uma galeria da cidade. Era filha única e morava também no centro. Ela não contou muitos detalhes da vida dela, e Vinicius ficou ligeiramente satisfeito com isso, ele gostava do fato de que ela não contava sua intimidade para um desconhecido. Ele também contou pouco sobre si, contou somente o básico. Eles dançaram e beberam por horas.
- Eu estou cansada - Ela disse bocejando - Preciso ir pra casa –
- Eu vim de carona, mas podemos chamar um taxi e eu te deixo em casa – Vinicius se ofereceu, não queria se despedir dela ainda, precisava saber mais de Rebeca.
- Eu vim com algumas amigas, meu pai me mataria se soubesse que eu fui embora com um desconhecido – Ela disse envergonhada.
- Seu pai é do tipo protetor? – Ele perguntou.
- Você nem imagina – Ela riu.
Ele disse para o Diego que a levaria até o carro e de La iria embora, Diego estava beijando a amiga, e é claro que a noite para ele estava apenas começando.
Chegaram no estacionamento e as amigas já estavam esperando no carro.
- Então – Disse Vinicius segurando a mão dela – Vamos nos ver de novo Rebeca?-
Ela então o surpreendeu e o beijou, um beijo que começou devagar. Vinicius não se lembrava de ter beijado lábios tão macios, então ela aprofundou o beijo, ela tinha gosto de gloss de morango. Vinicius se perdeu naquele beijo, ela era suave mas ao mesmo tempo era forte e atrevida. Ela interrompeu o beijo e encostou sua testa na dele;
- O que você acha? – Ela sorriu
- Acho que isso é um sim – Ele respondeu ofegante
Ela pediu o telefone dele e anotou o numero dela. Deu mais um longo beijo e foi embora. Vinicius ficou ali parado observando o carro se afastar, chamou um taxi e foi pra casa.
Tomou um banho e não conseguia tirar aquele anjo da sua memória, ficava lembrando dos seu beijo e do seu cabelo sedoso. Ficava se perguntando quando a veria de novo, resolveu então enviar uma mensagem:


Adorei te conhecer, espero te ver logo!
Não consigo tirar você da cabeça.
Bj Vinicius


Cinco minutos depois o sinal de mensagem soou no celular dele:


Estava pensando se você ligaria
Adorei conhecer você também, ainda sinto seu gosto em mim
Bjus Rebeca 


“ Uau” Vinicius pensou, essa garota tem atitude, ele imediatamente respondeu:


Nos vemos amanha então?
Em seguida outra mensagem dela:
Pode apostar que sim!
Boa noite lindo, durma bem... J
Ele sorriu com a mensagem e respondeu:
Boa noite anjo!


E com isso Vinicius foi dormir, tinha um sorriso bobo nos lábios, ele não estava procurando ninguém, mas parece que encontrou ....

Capitulo 2

No dia seguinte por volta das onze da manhã Rebeca mandou uma mensagem dizendo:


Bom dia meu lindo
não pense que é desculpa
esfarrapada viu, mas não posso
encontrar você esse fim de semana
meu pai inventou de viajar
e insiste que eu vá com ele, coisa de
família mesmo, ele é extremamente
conservador e temos que ir no aniversario
de uma pessoa que nem se quer falamos
mas, como é da família ele tem que ir.
Vinicius leu a mensagem decepcionado, e prontamente respondeu:
Sem problemas anjo
eu não pensaria que é desculpa
esfarrapada nem se preocupe.
uma pena não podemos nos ver
quem sabe durante a semana.


Desta vez Rebeca não respondeu, ficou se perguntando o que teria acontecido, resolveu dar um tempo, se ela tivesse que responder uma hora chegaria.
O final de semana seguiu normalmente, Vinicius passou o sábado com sua mãe, e no domingo saiu para correr. Durante todo o percurso ia pensando em Rebeca, mas não queria parecer um homem muito grudento mandando uma mensagem para ela ainda esse fim de semana, talvez durante a semana quem sabe. Diante dessa duvida percebeu que a muito tempo ou talvez nunca se sentira tão atraído por uma mulher quanto se sentia por ela, se soubesse onde ela morava, se ela já havia voltado do tal aniversário ou qualquer coisa a mais sobre ela tinha certeza que iria a seu encontro ainda esse domingo. Mas ela agira corretamente não revelando nada de tão pessoal a um estranho.
Na manhã seguinte Vinicius acordou cedo como sempre, só que desta vez sentia-se diferente, estava mais disposto, e até mais contente e enquanto tomava seu café da manhã ouvindo uma animada canção se descobriu rememorando a noite de sexta feira e de repente teve certeza que essa disposição todinha era efeito daquele anjo! Precisava vê-la novamente.
Chegou na empresa saudando a todos com um sonoro Bom dia, fazendo com que todos parassem o que faziam para olhar enquanto ele passava, não que todos os dias ele não chegasse distribuindo bons dias e simpatia, mas esta manha ele parecia cercado por uma luz nova e especial.
Quando estava para entrar em sua sala Nestor apareceu para sua conversa diária. Todo santo dia ele passava na sala de todos os diretores e gerentes para discutirem sobre o trabalho a ser realizado.
- Bom dia Dr Sampaio como vai o senhor?
- Bom dia caro Vinicius viu um passarinho verde hoje?
- Não, não... Mas eu sei parece que sim...
O dia seguiu normalmente, tranquilo na medida do possível, às dez da manhã quando ia parar para tomar um cafezinho pegou seu celular por acaso e viu que havia duas mensagens, imediatamente abriu um sorriso quando viu que eram de Rebeca.
A primeira era um convite, enviado às sete e trinta da manhã


Bom dia meu lindo
como você esta?
Será que poderíamos
marcar alguma coisa essa semana
um almoço talvez
beijos!

.
- Acordada tão cedo anjo? - disse para si mesmo ao terminar de ler a primeira mensagem e antes de ler a segunda que fora enviada às dez horas:


Ou você está muito ocupado
ou desistiu
Se me responder até as
onze ainda dará tempo
de almoçarmos hoje,
mas passado disso fica
impossível! Espero que
a alternativa correta para
você ter me ignorado
seja a primeira!


- Pode apostar que é - disse enquanto respondia


Ainda faltam dois minutos para
as onze horas se eu não estiver
atrasado ainda poderemos
almoçar juntos ou é
impressão minha?


Em menos de um minuto a resposta chegou:


Salvo pelo gongo!
Ainda podemos sim,
onde posso te encontrar?
E ele imediatamente respondeu:
Podemos nos encontrar
na praça de alimentação
do Pátio Paulista
se você não estiver muito longe
e claro se você não se incomodar
em almoçarmos lá
infelizmente terei que estar
de volta ao trabalho
as 13:30.


Desta vez a resposta demorou um pouco mais a chegar e ele se perguntou o que ela estaria fazendo, de repente queria saber o que acontecia em cada minuto do seu dia. Voltou ao trabalho cinco minutos depois que saíra para tomar o café, assim que chegou pegou o celular para ver se ela havia respondido, mas ainda não havia nada, tornou a se concentrar em seu trabalho tirando desta vez o celular do silencioso.
Faltavam quinze para o meio dia quando a resposta finalmente chegou:


Oi! Desculpe não ter
respondido antes
estamos quites pelo
que me parece em rsrsrsr
Então, por mim tudo bem,
já almocei muito nesse shopping.
Já estou a caminho!
Ainda bem que eu estava por perto
por que o transito esta horrível!


Vinicius simplesmente não conseguia mais trabalhar e pela primeira vez saiu mais cedo para o almoço, mesmo que poucos minutos, mas foi o suficiente para espantar Sofia.
- Algum problema Sr?
- Não, nenhum, estou indo almoçar tenha um bom apetite Sofia até mais tarde.
Desceu e seguiu a pé ao Pátio Paulista, pois era bem perto mesmo da empresa. O lugar estava apinhado de gente e tentou acha-la em meio a multidão enquanto enviava uma mensagem para ela, o que nem foi preciso, pois uma mensagem sua acabara de chegar:


Estou te vendo
Venha para frente
do Bob's
PS: Por um minuto duvidei
que fosse mesmo você
Esta tão diferente sem
aquele colar havaiano
praticamente irreconhecível


Não pôde deixar de conter um sorriso, seguiu então para o local por ela falado e sentiu uma sensação estranha ao vê-la, não era capaz de descrevê-la, mas era boa, tinha certeza disso.
Ao chegar na mesa ela prontamente se levantou, abraçaram-se e ele sentiu um perfume maravilhoso envolve-lo, sentiu vontade de beijar novamente aqueles lábios tão macios, mas conteve-se.
- Você acorda sempre tão cedo anjo?
- Anjo?
- Não gosta?
- Por mim tudo bem - disse ela dando o mais lindo sorriso que ele já havia visto - Então, acordo cedo sim, não sou essas menininhas que não fazem nada da vida, dou aulas a tarde mas sempre acordo cedo para correr
- Você da aulas?! Mas já!?
- Sim por que a surpresa?
- Ah sei lá você me parece ser tão jovem para ser professora, mas é legal isso, é sempre bom fazermos o que gostamos e pelo que entendi você é apaixonada pelo que faz.
- Verdade sou mesmo, você não é a primeira pessoa que me diz isso antes que eu comece monopolizar a conversa dizendo o quanto sou apaixonada pelas artes.
- Por mim você pode monopolizar o quanto quiser
- Ha não, teremos tempo para isso, quero saber sobre você. Onde você trabalha? Por que você chegou aqui ao meio dia em ponto então só pode ser perto.
- Trabalho em uma empresa não muito longe daqui, lá é bem legal, também gosto muito do que faço
Por um segundo sentiu que ela murchara, mas rapidamente ela voltou ao normal, o que teria ocasionado isso?
Vinicius era um perito em desviar o assunto para qualquer outra coisa quando se tratava de falar dele e sem que ela nem percebesse ele fez com que ela falasse sobre o assunto que ela havia dito que sempre a fazia monopolizar a conversa, por não querer falar sobre si e por querer ouvir um pouco mais sua voz doce, pediram o almoço e de fato ela monopolizou toda a conversa contando como era seu dia a dia como professora, não era formada, dava aulas a outros amantes das artes por um preço simbólico de inicio mas depois de perceber a condição da maioria dos seus alunos passou a dar aulas de graça mesmo pelo simples amor à arte e prazer de ensinar.
Ele sentia-se totalmente hipnotizado por aqueles lábios e estava realmente sentindo uma dificuldade muito grande de prestar atenção no que ela dizia. Pouco antes do pedido chegar ele não se aguentou mais e enquanto ela falava de um quadro lá que ele nunca ouvira falar beijou-a! Por uns três segundos ela não teve reação alguma, mas depois entregou-se aquele beijo com tanta paixão que a vontade que lhe deu foi de não ter que voltar para a empresa naquela tarde só para poder passar o resto do dia ao lado do seu anjo.
- Uau! - disse ela apos o beijo - por essa eu não esperava! Você sabe surpreender em!
- Sempre, anjo! Olha lá, esta chegando nosso almoço, está com fome?
- Depois desse beijo fiquei com fome mas não essa.
Vinicius abriu um largo sorriso, cada minuto que ficava ao lado de Rebeca mais tinha vontade de passar dias e semanas inteiras ao seu lado, ela era audaciosa, e uma imagem dela beijando todo seu corpo surgiu em sua mente. Ainda bem que ela não fazia nada relacionado a medicina, pensou, pois ela perceberia na hora os sinais da excitação que sentia nesse momento.
O almoço seguiu normalmente, Rebeca ainda tentou fazê-lo falar sobre ele, mas ele rapidamente desviava o assunto para ela.
A despedida não foi nada agradável já estava mais do que atrasado, mas não tinha, pela primeira vez na vida, vontade alguma de voltar à empresa, mas precisava, tinha um importante trabalho a concluir esta tarde.
- Você tem mesmo que voltar?
- Tenho, hoje é impossível eu poder sair mais cedo, sinto muito - disse passando um dedo pelo contorno do seu rosto e o fato dela não fechar os olhos como era natural das mulheres com quem ele já ficara e sim abaixar um pouco a cabeça e olhar-lhe nos olhos com uma cara de pidona fez com que ele se excitasse novamente "Minha nossa! Preciso desvendar cada pedacinho desse anjo" fechou os olhos para não ver e respirou fundo tentando se acalmar. ao abrir viu aquele lindo sorriso outra vez, ela sabia do efeito que causava nele, era esperta, muito esperta, já tinha certeza do poder que tinha nas mão!
- Não me olhe assim anjo.
- Por que? - perguntou ela inocentemente.
- Tenho certeza que você sabe o motivo.
- Tudo bem, não farei mais, por enquanto.
Despediram-se, ele chamou um táxi para ela e seguiu de volta para o trabalho, quando chegou haviam mil recados para ele, e ele havia se atrasado apenas meia hora, respondeu e ligou para todos que o procuraram, mas não estava conseguindo se concentrar cem por cento em seu trabalho.
Uma hora depois seu celular vibrou, sabia que era uma mensagem chegando e só isso já o fazia sorrir, mas estava em uma reunião, teria que aguentar a curiosidade de ver a mensagem até poder sair.
No fim da tarde, quando a reunião foi encerrada, a primeira coisa que fez foi ver a mensagem, pra sua sorte ela apenas havia mandado uma, ele estava torcendo para que ela não mandasse muitas, pois não sabia se conseguiria aguentar até o fim da reunião para ler.
A mensagem dizia:


Como vou conseguir
dar aula me lembrando
daquele beijo?
E de quem é a culpa?
TODA SUA MORENO!


Sua resposta foi:


Mal consegui me concentrar
na reunião em que estava
até agora a pouco
me lembrando daquele olhar!
E de quem é a culpa?
TODA SUA ANJO!


Depois desse dia, passaram a trocar mensagens a todo momento, nada que o atrapalhasse em seu trabalho, mas tal mudança de comportamento foi percebida por todos, absolutamente todos os funcionários da empresa. Passaram também a almoçarem juntos todos os dias, ela almoçava e ia para suas aulas e ele de volta para o trabalho.
Duas semanas depois começaram a namorar.
Vinicius se revelara um homem totalmente protetor, sempre conseguia que ela fizesse o que ele queria, ela não deixava de perceber sua atitude, mas quem disse que ela achava ruim? Rebeca se revelara uma mulher intensa, seus gostos o assombrava, chegava a ter pesadelos com ela se acidentando enquanto fazia rapel, pulava de bung junmp, ou saltava de paraquedas, intensidade essa que ela tentara passar para ele, de inicio ele fora completamente receoso, mas depois, se tornara tão fã dessas coisas quanto ela, o problema era realmente quando ela resolvia que queria ir só.
Ao completarem um mês de namoro, Vinicius a levou para um conceituado restaurante no centro de São Paulo e passaram ali a primeira situação constrangedora de muitas que ele tinha certeza que passaria ao lado dela. Ela seguira na frente enquanto ele entregava o carro para o manobrista, estava frio e ela queria entrar logo, haviam reservado uma mesa e ela esperava por ele para entrar, junto a recepcionista, quando ele juntou-se a ela, a recepcionista fez uma cara incrédula, mas nada falou, Vinicius não se incomodou, passara por isso diversas vezes e já nem se importava mais, mas ela não gostou, sentiu-se extremamente revoltada por isso, quis ir embora, mas ele a convenceu a simplesmente ignorar. Seguiram então para sua mesa, era um local reservado, mas no caminho, novamente, as pessoas olhavam, só faltavam caírem das suas cadeiras por virarem-se para olhar o casal que passava de braços dados. Chegaram a mesa, sentaram-se, olharam o menu e pediram, quando o garçom saiu, um dos poucos que agiu como deveria não vendo nada demais no casal, ela falou:
- É inacreditável uma coisa dessa! É um absurdo que ainda hoje as pessoas te julguem por ser negro, nos julguem por sermos um casal! O que eles pensam? Que você só poderia ser um empregado meu? Poucas coisas me tiram do sério Vinicius e isso é uma dessas coisas! Não sei como você consegue ignorar tudo isso não sei mesmo!
- Anjo, eu tenho passado por isso por toda a minha vida, e acredite, hoje em dia está bem menos intenso, apenas em lugares assim que percebo que nada mudou, mas no meu dia a dia, não recebo mais esses olhares com frequência.
- Esses hipócritas! Se dizem tão cultos, tão chiques, tão classe alta e ficam com esse pensamento ridículo!
- Anjo se acalme, não vamos estragar nossa noite por causa disso!
- Tudo bem, você tem razão, desculpe, é só por que fico indignada com uma coisa dessas!
- Eu entendo - disse ele pondo sua mão encima da dela - mas como eu falei, não vamos estragar nossa noite por causa disso.
- Tudo bem.
- Até por que, depois daqui, tenho uma surpresa para você!

Capitulo 3

Vinicius estava cada minuto mais encantado com Rebeca. Ela além de linda e sexy, era divertida, inteligente, bem humorada. Ele poderia passar horas assim, apenas conversando com aquela menina de rosto angelical.
Eles tomaram várias taças de vinho e conversaram noite adentro. Quando terminaram de jantar Vinicius conduziu Rebeca até o carro. Depois dirigiu até o Parque Burle Marx. Um lugar cheio de tranquilidade onde casais apaixonados visitavam frequentemente.
Caminharam durante um tempo e sentaram próximos a um lago, onde um cisne muito branco agiu como se viesse cumprimentá-los. Era noite de lua cheia e ela clareava o local como se tivesse iluminação própria.
Vinicius ficou olhando o rosto de Rebeca iluminado pela luz da lua e naquele momento teve a certeza que estava se apaixonando. Ele lutou contra esse tipo de emoção durante muito tempo. Mas foi mais forte que ele. Ele não tinha como lutar contra aquilo.
- Sabe Rebeca, isso tudo é tão novo pra mim. – ele suspirou tentando encontrar as palavras certas – Eu nunca me relacionei com ninguém assim. Tão intensamente!Tão rapidamente!
- Nem eu. – ela acariciou o rosto de Vinicius e depois se aproximou beijando-o quando ela se afastou continuou – Quer dizer eu já tive outros relacionamentos. Mas nunca senti nada tão intenso também.
- Você quer... – ele parou hesitante.
- Ir pra sua casa? – ela sorriu – Claro!
Eles não demoraram a chegar ao apartamento de Vinicius, mas depois que entraram ele não quis parecer afobado demais. Foi até sua pequena adega e pegou uma garrafa do seu melhor vinho. Serviu duas taças e levou para Rebeca que o esperava sentada no sofá.
O apartamento de Vinicius aconchegante. A sala era clara e com poucos móveis. Tanto aquele cômodo quanto o quarto tinham portas de correr, com vidro temperado no lugar de janelas. Essas portas davam acesso a uma pequena sacada.
Vinicius colocou uma música lenta deixou o abajur ligado, mas apagou a luz principal da sala deixando o clima mais romântico possível. Ele nunca levara uma mulher ao seu apartamento. Geralmente ele as levava a um motel próximo ao local do encontro. Nem Talita havia estado em seu apartamento ainda.
Eles brindaram a saúde deles e depois tomaram um gole de vinho e enquanto bebiam se encaravam. O olhar de Rebeca era tão sexy e desejoso que Vinicius sentiu até dificuldade de engolir. Eles repousaram a taça em cima do aparador praticamente juntos e se uniram em um beijo faminto e apaixonado.
Vinicius deitou por cima de Rebeca ainda a beijando e sua mão viajou pelo corpo dela. Rapidamente ela tirou sua blusa e a blusa de Vinicius fazendo suas peles contrastantes se tocarem e se aquecerem.
Vinicius levantou puxando rebeca pelo braço com uma certa força depois a encostou na parede beijando-a ardentemente. Quanto mais seus corpos se tocavam mais o desejo explodia entre eles.
Rebeca colocou as pernas em volta da cintura de Vinicius e ele suspendeu um dos seus braços acima da cabeça enquanto com a outra mão ele acariciava o seio de Rebeca. Ela soltou um gemido ainda com os lábios grudados em Vinicius e ele pressionou seu corpo musculoso contra o dela.
Ele afastou suas bocas e o olhar dela ardia de desejo tanto quanto o dele. A luz do luar que entrava pela porta de vidro da sala de Vinicius clareava ainda mais a pele alva de Rebeca. Ele levou rebeca até sua cama e deitou-a ficando por cima dela. Depois se afastou e começou tirar sua roupa, enquanto ela o observava. Depois ele tirou as roupas dela, ficando os dois completamente nus. Rebeca sorriu e mordeu o lábio inferior quando viu o tamanho do membro de Vinicius.
- Gosta do que vê anjo?
- Muito! - Rebeca respondeu dando um sorriso safado.
Vinicius sorriu e se arrastou por cima dela posicionando-se entre as pernas dela e abocanhando seu seio. Vinicius carinhosamente foi empurrando seu membro na entrada de Rebeca, aos poucos preenchendo-a lentamente para que ela se acostumasse com seu tamanho. Ele começou a se movimentar e Em resposta aos seus movimentos, Rebeca gemia, fazendo ainda mais excitado.
Chegaram juntos ao orgasmo e Vinicius deitou-se por cima dela ofegante. Ficaram assim por um tempo, apenas ouvindo suas respirações. Vinicius saiu de dentro de Rebeca, encostou-se sentado à cabeceira da cama e puxou-a contra ele, envolvendo-a em seus braços.
Ficaram ainda por um tempo, apenas se curtindo um os braços do outro. Rebeca se afastou e olhou Vinicius bem nos olhos. Eles se encararam e ele sorriu encantadoramente pra ela.
- Eu preciso ir. – ela disse. Vinicius pensou em retrucar, pedir que ela ficasse mais, mas aquele sentimento o estava assustando.
- Tudo bem, eu levo você.
- Não precisa, eu pego um taxi.
- De jeito nenhum.
- Vinicius é sério! – ela passou a mão no rosto dele – Não faz o menor sentido você sair da sua casa, me levar até a minha e depois voltar.
- O que não faz sentido anjo, é você pegar um taxi, sozinha essa hora.
- Eu tenho um taxista de confiança. – ela beijou carinhosamente vários cantos do rosto de Vinicius – Ele sempre me socorre quando está tarde. É pai de uma amiga.
- Eu não sei... Um taxista de confiança? - A imagem dela saindo da casa de outros homens, logo depois de ter feito sexo passou por sua mente, e deixou um sentimento estranho.
- Está decidido! – Ela se levantou, enrolando-se no lençol da cama e foi até a sala e voltou com o celular na mão – Viu, ele estará aqui em meia hora. – ela sorriu – Ainda temos um tempo pra mais uma taça de vinho.
Depois de vestidos Vinicius e Rebeca sentaram no sofá tomado a taça de vinho. Eles conversaram um pouco mais até que o celular de Rebeca tocou e ela sorriu.
- Minha carona chegou. – ela se inclinou e o beijou.
- Venha! – ele se levantou e estendeu a mão para ela – Vou levá-la até o taxi.
Vinicius chamou o taxista particularmente e falou poucas palavras com ele, depois voltou e se despediu de Rebeca colocando-a no carro. Ele a viu se afastar e quando o carro virou a esquina ele já começou a sentir falta dela. Sorriu e balançou a cabeça negativamente. Sempre focara no trabalho, nunca tivera tempo para relacionamentos, nem quisera. E agora estava sentindo falta de um anjo que mal conhecia.
Antes de dormir chegou um sms de Rebeca, que o fez ficar sorrindo com cara de bobo, deitado na cama.


Cheguei bem.
Não sei se te agradeço ou te bato da próxima vez que nos encontrarmos.
Você pagou minha corrida!!!
Não era necessário.
Sonhe comigo, pois vou sonhar com você.
Beijos, seu Anjo.

 

No dia seguinte, Vinicius foi trabalhar, mas não estava cansado. Apesar do que achou que estaria, parecia estar revigorado e pronto para o trabalho.
Nas duas semanas que se seguiram eles se viram praticamente todos os dias depois do trabalho. Vinicius esperava ansioso para hora que se veriam. E fim de semana eles passavam praticamente juntos o dia todo. Sempre com programas diferentes. Naquele domingo eles tinham resolvido ir jantar em um restaurante japonês.
- Eu pareço um adolescente. – ele disse a ela enquanto jantavam – Esperando ansiosamente a hora do fim do expediente para ver a namorada.
- Namorada? – ela disse sorrindo de orelha a orelha.
- Bom a menos que você não queira ser minha namorada.
- Impossível eu não querer. – ela o beijou – Estou apaixonada por você, desde a primeira vez que te vi.
- Então, saiba que o sentimento é recíproco. – eles se beijaram.
Vinicius tinha muita coisa pra fazer naquela segunda feira. Vários projetos e empresas para analisar. Não teria como ir almoçar. Pediu sua secretária que trouxesse um sanduiche com suco para ele da loja da esquina.
A empresa parecia um verdadeiro deserto na hora do almoço. Era uma paz, pois dava pra Vinicius trabalhar sem ser interrompido.
Vinte minutos depois Sofia voltou com o pedido. Ela entrou na sala sem bater e quando Vinicius levantou a cabeça ela tinha um largo sorriso. Ele franziu a testa e encostou na cadeira. Sofia havia retirado a o blazer e sua blusa tinha pelo menos três botões abertos.
- Já de volta senhorita Sofia? – Ele disse voltando sua atenção ao tabalho – Pode por aí na mesa que eu comerei depois.
Ela colocou na ponta da mesa o lanche que ele havia pedido e depois deu a volta. Quando ela se aproximou passou a unha na nuca dele por baixo da sua gola. Vinicius se assustou com aquele toque e encostou-se à cadeira. Na mesma hora Sofia suspendeu um pouco a saia e sentou no colo dele de frente pra ele.
- O que a senhorita esta fazendo? – ele perguntou irritando empurrando-a, mas ela se manteve firme.
- Bom já que o senhor não repara nas indiretas e olhadas que eu dou, resolvi ser menos discreta.
- Então eu sugiro que você volte a descrição e saia de cima de mim e se comporte. – ele segurou os braços dela que estavam em volta de seu pescoço e empurrou – Sabe muito bem a política da empresa para relacionamento entre funcionários e além do mais eu tenho namorada.
- Não acho que tenha, todo mundo sabe que o senhor não namora. – ela beijou o pescoço dele e ele se afastou. – Fora que não tem ninguém na empresa essa hora.
- Não interessa! – ele disse rispidamente e se levantou e quando fez isso soltou Sofia. Ela caiu de bunda no chão. Exclamando um sonoro “ai”. – Recomponha-se e deixe minha sala. Quando voltar não a quero aqui dentro. – ele caminhou para porta e ao colocar a mão na maçaneta da porta virou-se para Sofia – E senhorita Sofia, espero que isso não se repita, ou estará com sérios problemas.
Sofia ainda ficou estatelada no chão, admirada que Vinicius não a quisera. Aquilo nunca acontecera com ela. Levantou-se ajeitando sua roupa e se sentindo uma completa imbecil.
Vinicius foi até o banheiro e ficou parado em frente ao espelho, olhando seu reflexo. Ele estava surpreso consigo mesmo, por ter conseguido resistir. Claro que ele não arriscaria seu emprego por conta de uma mulher, mas se fosse em outra época...
Tudo que ele conseguia pensar era em Rebeca. E como ele não queria e nem precisava de outra mulher, a não ser ela.
Ele lavou o rosto algumas vezes e voltou para sua sala. Não havia nem sinal de Sofia. Um bilhete de desculpa com uma mancha de batom estava em cima da sua mesa. Ele simplesmente amassou e jogou fora.
A semana foi passando e Rebeca e Vinicius trocavam SMS todos os dias, mas eles não se encontraram. Ele estava atarefado de trabalho e ela tinha aulas extras pra dar. Marcaram de ir ao show da Ana Carolina na sexta depois do expediente.

Quando eles se encontraram em frente ao Credicard Hall, Vinicius sorriu animadamente e Rebeca retribuiu. Cumprimentaram-se com um beijo ardente e apaixonado.
O show estava ótimo, eles estavam animados. Sentaram em uma mesa próximo ao palco. Na pausa da cantora um casal um pouco mais velho se aproximou da mesa deles.
- Rebeca? – ela levantou os olhos para ver o homem que a chamava. Ele tinha uns quarenta e cinco anos e estava acompanhando da mulher. Ela sorriu animadamente quando o viu.
- Oi, quanto tempo!!! - ela exclamou se levantando e dando dois beijos no rosto de cada um. – Este é Vinicius meu namorado – Vinicius se levantou para cumprimentar o casal – Vinicius esses são Saulo e Betina. Eles são amigos da minha família há muitos anos.
- É um prazer conhecê-los. – Vinicius disse sorrindo simpaticamente.
- Eu já não te conheço de algum lugar? – Saulo perguntou.
- Acredito que não! - Vinicius respondeu – Eu me lembraria de um homem tão distinto.
Realmente Saulo era um homem que chamava atenção. Alto, cabelo grisalho, olhos verdes e um porte atlético. Fora que estava muito bem arrumado. Nem parecia estar em um show, mas parecia ter ido pra uma reunião de negócios.
- Obrigado! – Saulo agradeceu.
- Querem se sentar conosco? – Vinicius ofereceu.
- Ah não obrigada! – Betina respondeu – Estamos com uns amigos. Só viemos mesmo cumprimentar Rebeca, pois há algum tempo que não nos vemos.
- Rebeca diga seu pai que essa semana eu ligo para ele para marcarmos um almoço. – Saulo disse se despedindo.
- Pode deixar que eu digo.
Eles curtiram o resto do show e depois enquanto estavam no caminho para o apartamento de Vinicius, Rebeca começou a sorrir.
- O que foi anjo?
- Quer fazer uma loucura? – ela perguntou se virando para ele.
- Hum, tentador, mas não sou homem dado a loucuras.
- Ah vamos querido! Você nem sabe o que é ainda. – ele sorriu.
- Diga o que se passa nessa cabecinha linda.
- Vamos agora viajar? – ela olhou apreensiva – Meus pais tem uma casa na Praia do Mar Casado. Podemos ir pra lá agora.
- E eles não vão achar ruim?
- Claro que não. A casa praticamente é minha. Eu só não vou muito lá. – ela segurou na mão dele – A chave já esta aqui – ela tirou um molho de chaves da bolsa e sacudiu na frente dele.
- Mas não vamos fazer mala nem nada?
- Não! Vamos apenas aproveitar um ao outro. Não quero ir pra tomar banho de mar, quero ir pra ficar só com você.
- Tudo bem. – ele concordou e eles foram.
Passaram o fim de semana todo perdidos nos braços um do outro. Claro que Rebeca o fez parar numa loja de departamentos no caminho e comprou meia dúzia de muda de roupas pra cada um.
Eles fizeram muito amor, mal saiam pra comer. Riram conversaram e se apaixonaram mais um pouco.
Vinicius e Rebeca voltaram de viagem e foram para o apartamento dele, no dia seguinte foram direto de lá para o trabalho. Ele a deixou na porta da ONG e foi pra empresa.
Mal o expediente tinha começado e o Sr Sampaio solicitou a presença de Vinicius na sala dele. Estavam em reunião praticamente a manhã toda quando o telefone da mesa do seu chefe tocou. O Sr Sampaio levantou um dedo indicando um minuto para que Vinicius interrompesse o que falavam para que ele atendesse.
- Que foi? – ele respondeu rispidamente ao ramal uma vez que a secretaria sabia que eles estavam em reunião. – Diga a ele pra ligar depois. Estou ocupado... Certo... Sei... Então passe logo.
Ele olhou para Vinicius e disse:
- Desculpa, é um amigo de longa data.
- Tudo bem Nestor, não tem problema. – Vinicius disse, mas não era totalmente verdade. Se fosse ao contrario seu chefe jamais aceitaria que ele interrompesse a reunião.
Os pensamentos de Vinicius foram interrompidos quando o Sr Sampaio começou a falar no telefone novamente.
- Diga logo o que você quer velho amigo... Não posso almoçar hoje, já tenho um compromisso, mas podemos jantar... Jura? Minha filha?... Namorado!? – ele franziu a testa - Não sei de nenhum namorado. Tem certeza?... Aham, sei... Entendo... Educado... Gente boa... E você teve toda essa impressão conversando com o cara por cinco minutos?... Qual nome dele?... Como assim você não lembra?... Certo, olha eu não posso continuar, nos falamos mais tarde... Restaurante novo?... Certo... Vai ter que me contar direitinho essa historia da minha pequena estar namorando.
Quando Nestor desligou o telefone sua expressão não era mais a de tranquilidade como antes. Ele parecia apreensivo. “A filha dele deve ser daquelas patricinhas que dão trabalho” Pensou Vinicius.
- Desculpe, mas filhos é sempre preocupação, não importa que idade tenham, ainda mais a minha Rê, ela é linda, inteligente, boa moça. Sempre terão rapazes interesseiros pra ficar de olho. – Nestor falou com Vinicius como se aquele assunto o interessasse – Sabe nem todos os rapazes por aí são trabalhadores e honestos como você.
- Eu imagino. – Vinicius respondeu apenas para não dar mais ênfase ao assunto. – Então podemos continuar para que terminemos logo e o senhor possa ir pro seu almoço e saber mais quem é o cara.
- Certo, vamos terminar então...

 

Eles ficaram em reunião mais um tempo. Quando Vinicius voltou pra sala dele tinha um sms de Rebeca: 


Já estou morrendo de saudades.
Vamos jantar hoje?
Quero te levar num lugar novo.
Beijos te amo.


Imediatamente Vinicius respondeu.


Claro. Espero ansioso até a noite.
Te amo mais anjo.


Ele passou no trabalho de Rebeca e a levou até o restaurante. Era um lugar aconchegante e refinado ao mesmo tempo. A especialidade deles era frutos do mar.
Vinicius e Rebeca se sentaram em uma mesa ao lado da janela. Ele estava com a mão por cima da dela enquanto liam o cardápio. Quando Vinicius olhou por cima viu o seu chefe entrar acompanhando de mais alguns homens e vir andando na direção da mesa deles.
Ele se levantou sorrindo para cumprimenta-lo. Na mesma hora Rebeca abaixou o cardápio e virou-se para a direção que Vinicius olhava. Ela arregalou os olhos e sorriu sem graça.
Nestor que sorria mudou drasticamente sua feição quando viu Rebeca. Seus olhos se apertaram e foram de Vinicius para ela e logo depois ele franziu a testa. Saulo passou por eles com os outros homens e cumprimentou Vinicius.
A expressão de Nestor ficou irritada e ele colocou uma carranca no rosto.
- Posso saber o que está acontecendo aqui? – ele perguntou rispidamente, mas falando baixo o suficiente para que as outras pessoas ao redor não ouvissem.
- Algo errado Nestor? – Vinicius perguntou.
- Sim, muito errado.
- Papai, por favor! – Rebeca disse com uma expressão temerosa no rosto.
- Papai? – Vinicius perguntou.
- Sim, não finja que não sabia. – ele deu um passo ameaçador na direção de Vinicius - Eu quero saber que diabos você está fazendo aqui com ela?

Capitulo 4

Filha de Nestor? Entre todas as mulheres existentes no mundo, ele fora se apaixonar pela filha do seu chefe?
Ele olhou de um para outro. Nestor estava corado e de punhos cerrados, furioso. Rebeca estava pálida e cabisbaixa, e seu coração doeu ao ver a mudança que ocorrera naquela mulher, sempre tão alegre e cheia de vida.
- Eu não ouvi uma explicação para essa situação... Deplorável, para dizer o mínimo! – O tom de Nestor era autoritário e raivoso, e Vinicius sentiu seu temperamento próximo de explodir.
- A situação não precisa de uma explicação, Nestor... Eu estou em meu horário de descanso, jantando com minha namorada. Você vê algum problema com esse fato? – A voz de Vinicius estava calma, mas em consideração á Rebeca.
Nestor abriu a boca para retrucar, mas Saulo o interrompeu, aproximando-se deles.
- Ah, então agora você conhece o namorado de sua pequena, hein? – Ele comentou sorrindo, e estendeu a mão para Vinicius. – Como vai?
- Muito bem, Saulo. – Vinicius correspondeu ao aperto de mão firme do outro homem.
- Nós o estamos esperando, Nestor. – Saulo virou-se para o amigo, depois de cumprimentar Rebeca.
Nestor olhou para Vinicius e depois Rebeca, e estava visivelmente indeciso. Por fim, acenou brevemente a cabeça para os dois e seguiu para sua mesa, em companhia de Saulo.
Vinicius os acompanhou com o olhar, e então se sentou. O silencio reinou na mesa, e Rebeca mantinha os olhos baixos, presos nas mãos que se movimentavam, inquietas.
- Olhe para mim, Rebeca. – Ele pediu suavemente.
Rebeca lentamente levantou os olhos para encontrar os dele.
- Você sabia que eu trabalhava para o seu pai?
- Não! – Ela balançou a cabeça, enfatizando a negativa. – Não, não sabia!
Vinicius balançou a cabeça afirmativamente, em silencio. Olhando para algumas mesas adiante, notou o olhar irritado de Nestor sobre eles.
- Vamos embora? – Ele convidou, e Rebeca balançou a cabeça, concordando. Deixando algumas notas sobre a mesa, Vinicius levantou-se e puxou a cadeira de Rebeca, saindo do restaurante de mãos dadas com ela.
No carro, Rebeca mantinha-se em silencio, o rosto virado para a janela, enquanto Vinicius se perdia em seus pensamentos.
Namorando a filha do chefe? Tinha que ser a coincidência do ano! Mas a pergunta que deveria ser feita era: O que isso acarretaria para sua carreira?
Não deveria fazer diferença... Em um mundo justo não faria. Mas ele vivia no mundo real, onde as coisas quase sempre eram injustas, onde nem sempre o mais capacitado vencia, onde muitas vezes o conhecimento e comprometimento de suas funções não eram o suficiente...
Parando no sinal vermelho, olhou para Rebeca. Ele a amava. Não importava se aquilo seria problemático, ele estava louco por ela. Segurou sua mão, e quando ela virou- se para olha-lo, Vinicius sorriu, tranquilizador.
Chegaram ao apartamento, e ele serviu whisky para os dois. Sentou-se ao lado dela no sofá, passou os braços em seus ombros e beijou os cabelos de Rebeca, sentindo seu delicioso perfume.
- De todas as mulheres sobre a terra, eu tinha que me apaixonar pela filha do meu chefe. – Sorriu, incrédulo. – Isso não podia ser mais louco!
Ela riu, sem humor.
- Amor, não sei... Meu pai sempre foi muito protetor... – Rebeca apoiou a cabeça no ombro dele. – Nenhum cara nunca foi bom o suficiente, sabe?
- Sei... – “Não finja que não sabia!”, as palavras de Nestor pularam em sua mente. “Sempre terão rapazes interesseiros para ficar de olho.”, ele dissera aquela manhã. Vinicius previa complicações em seu relacionamento com o pai de Rebeca. – Bem, vamos esperar para ver, não é? – Deu de ombros despreocupadamente para tranquiliza-la.
Não queria estragar a noite deles se preocupando com o que aconteceria.
Rebeca balançou a cabeça afirmativamente, e se aconchegou mais a ele, cheirando seu pescoço.
Vinicius sorriu pela forma como ela se enrolava ao seu redor, e acariciou seus cabelos.
- Vamos pedir o jantar?
- Não podemos fazer algo nós mesmos? – Ela perguntou, levantando a cabeça para olha-lo.
- Você vai me ajudar, anjo?
- Claro! – Rebeca se levantou, e o puxou para a cozinha.
Mexendo no refrigerador e na despensa, decidiram fazer macarronada. Enquanto Rebeca cortava tomates e cebolas para o molho, Vinicius aproximou-se por trás, espalmando a mão em sua barriga e beijando seu pescoço. Rebeca parou o que estava fazendo, e dobrou a cabeça para o lado, dando livre acesso para os lábios dele. Vinicius continuou a beija-la, e então passar delicadamente a língua, enquanto sua mão alcançava um seio dela, por baixo da blusa. Rebeca gemeu, e ele mordiscou a pele alva do seu pescoço, a mão livre descendo até seu sexo, que ele massageou até ouvi-la gritar. A penetrou com dois dedos, movimentando-os dentro dela, sentindo sua carne quente e pulsante.
Virou Rebeca de frente para si, e a beijou duramente, enquanto a despia rapidamente. Ela tirou-lhe as roupas, e alcançou seu pênis, segurando-o e apertando. Vinicius inclinou a cabeça para trás e grunhiu, e Rebeca mordeu seu queixo, enquanto acariciava seu membro. Enlaçando-a pela cintura, ele a colocou sobre a mesa, abocanhando um seio, que sugou e lambeu, enquanto a outra mão voltava a tocar a parte mais sensível do corpo dela.
Rebeca gritou o nome dele, e o puxou para um beijo apaixonado, a língua imitando os movimentos que seus dedos faziam dentro dela.
- Querido... – Seus olhos estavam em chamas quando ela afastou seus lábios para pronunciar o nome dele, implorando em uma voz rouca e sensual. Eles mantiveram o contato visual, e Vinicius movimentou os dedos mais rapidamente dentro dela, e Rebeca gozou, a respiração rápida e difícil. Beijou-a novamente, enquanto substituía os dedos por seu membro pulsante e pronto. Antes que Rebeca se recuperasse do intenso prazer que experimentara, ele a penetrou, e outro violento orgasmo a tomou, fazendo-a gritar, em êxtase.
Ele rapidamente a acompanhou, as poderosas investidas levando-os ao mais absoluto prazer.
Algum tempo depois eles jantavam a massa um pouco mole demais, acompanhada de uma taça de vinho, sentados á mesa onde tinham acabado de fazer sexo.
Rebeca pousou a taça de vinho e o olhou, enquanto descansava a mão sobre a mesa, e sorria despudoradamente.
- Você é uma devassa, e quente como o inferno! – Vinicius acusou, retribuindo o sorriso.
Rebeca gargalhou, e abriu a boca para responder, quando seu telefone tocou. Ela levantou-se para atender, ficando séria quando olhou o visor.
- Sim, papai?
Vinicius a viu caminhar para a varanda, enquanto falava no telefone. Voltou instantes depois, corada.
- Eu... Preciso ir. – Ela declarou, pegando a bolsa que estava no sofá.
- Termine o jantar, anjo.
- Perdi o apetite. – Ela sorriu para ele, se desculpando.
- Está bem, então levo você.
Rebeca abriu a boca para discutir, mas bastou um olhar para Vinicius para desistir. Ele estava decidido, então ela só concordou com a cabeça e eles caminharam juntos para a saída.
Rebeca morava em um bairro elegante de São Paulo, em uma grande casa que transbordava riqueza e poder. Vinicius estacionou em frente á mansão e abriu a porta do carro para que ela saísse. Despediu-se, beijando-a rapidamente. Rebeca entrou, e ele a observou até que ela entrasse.
Era quase meia noite e Vinicius não conseguia dormir, a mente trabalhando e trabalhando sobre os acontecimentos daquela noite, tentando antecipar o que aconteceria.
Nestor era um homem conservador e controlador. Ele tinha algumas regras exigentes na empresa, uma das quais era a expressa proibição de qualquer relacionamento amoroso entre seus funcionários.
Qual seria sua posição sobre um funcionário seu namorar sua filha?
- Bem, logo saberemos! – Vinicius disse para si mesmo, enquanto digitava no celular.
“Não recebi minha mensagem de boa noite. Depois desse final de semana, está sendo difícil conseguir dormir sem você!”
Rebeca era sempre rápida em responder as mensagens, mas vários minutos se passaram antes que seu celular acusasse a chegada de um sms.
“Boa noite, querido. Também não consigo dormir. Sinto sua falta. Amo você!”
Franziu o cenho, e releu. Mesmo por mensagem conseguia perceber que ela não estava bem.
Discou o numero dela, e esperou impaciente até que Rebeca atendeu, no terceiro toque.
- Você está bem?
- Sim, estou. – Rebeca respondeu, mas sua voz estava aborrecida e chateada, e ele percebeu.
Mas não sabia como agir. Se a deixava resolver seus assuntos, ou se questionava o que estava acontecendo com ela.
- Você quer que eu vá até ai? – A necessidade de protegê-la o consumia. Ele faria qualquer coisa para ouvir o sorriso e a alegria na voz dela. – Nós podemos dar uma volta, beber um vinho... Apenas espairecer, o que você acha?
Silencio. Vinicius ouvia a respiração dela, e sabia que ela estava pensando em sua sugestão.
- Não, é melhor não! – Rebeca suspirou, pesarosa. – Amanhã você levanta cedo, e eu tenho uma manhã agitada. – Houve uma pausa, e Vinicius sabia que ela queria falar algo, mas suspirou novamente, desistindo. – Eu te amo, Vinicius. Amo muito, e isso é algo que me confunde e me surpreende, por que nunca ninguém me despertou algo tão poderoso. Você é tudo o que eu sempre quis, mesmo quando eu não sabia o que estava procurando. – Suas ultimas palavras estavam tremidas pelas lágrimas, e Vinicius sentiu sua garganta fechar em resposta ás palavras dela.
- Eu também te amo, anjo. Te amo mais que qualquer outra coisa, mais do que minha própria vida. – Rebeca chorava suavemente do outro lado da linha, e Vinicius daria tudo para poder tê-la a seu lado agora, e a abraçar.
Depois que ela parou de chorar e eles desligaram, Vinicius tentou dormir, mas a mente não descansava, e o dia amanheceu sem que ele tivesse conciliado o sono.
Chegou meia hora mais cedo na empresa. Teria o dia cheio de reuniões, uma delas com Nestor.
No horário marcado, a secretária de Nestor anunciou sua chegada, e abriu a porta para que ele entrasse. Cumprimentou-o, e Nestor resmungou uma resposta, apontando uma cadeira para que ele se sentasse.
Os próximos quarenta minutos foram produtivos, mas tensos. Havia uma irritabilidade e acidez em Nestor que não estivera lá no dia anterior, e Vinicius sabia a razão, mas não traria o assunto á tona. Era um assunto particular, não profissional.
Encerrada a reunião, Vinicius recolheu seus pertences e aproximou-se da porta, quando Nestor pediu que ele esperasse.
- Pois não? – Vinicius voltou-se para encarar Nestor, que estava de pé, atrás de sua mesa.
- Quero falar com você sobre o que está acontecendo entre você e minha filha, Vinicius. – O tom de Nestor era frio e duro.
- Sim? – Vinicius manteve sua expressão indiferente, esperando.
- Bem, há quanto tempo você tem isso planejado?
- Isso? Perdão, não entendi. – Vinicius entendia perfeitamente o que ele estava querendo dizer. Ele o estava colocando no mesmo patamar dos “interesseiros” que citara no dia anterior, e Vinicius tentou controlar a raiva que sentiu crescer dentro de si.
- Você trabalha para mim há sete anos, Vinicius, e eu o conheço. Você é ambicioso e almeja sucesso, e é por isso que está onde está. – Sorriu ironicamente. – Mas isso não foi suficiente, não é? Você quer subir mais, e então pensou que se envolvendo com Rebeca, os degraus seriam alcançados mais rapidamente.
- Admira-me que afirme que me conhece, quando na verdade não sabe mais do que meu nome, Nestor. – Vinicius disse, cortante. – Sou ambicioso e almejo sucesso, mas nunca faria nada para conseguir subir, além de trabalhar. E nunca lhe dei qualquer motivo para que me julgue de forma diferente. Eu não planejei me envolver com Rebeca. Na verdade, eu não sabia que vocês tinham qualquer ligação, até ontem à noite. E devo dizer, Nestor, que não tolero que me chamem de interesseiro e manipulador.
- Se fosse só isso... – Nestor desdenhou.
- O que mais você supostamente tem contra mim?
- Vamos ser honestos, Vinicius. – Nestor sentou-se, e encostou-se à cadeira, como se estivessem tratando de negócios. – Você viu em Rebeca um jeito fácil de conseguir subir. Isso é tão típico de pessoas como você...
- Pessoas como eu?
- Sim... – Nestor fez um gesto de desdém para Vinicius. – O único motivo de eu ter permitido que você trabalhe em minha empresa todos esses anos, Rapaz, apesar de tudo, é que você é realmente competente! Contudo, eu não quero minha filha com você. – Riu, sem humor. – Minha filha, tão linda, estudada e... – Ele calou-se, esperando que Vinicius entendesse o que ele queria dizer.
- E? – Vinicius entendera, mas queria que ele dissesse.
- Você certamente vê a diferença, não só social, mas físicas também, que há entre vocês. Como você acha que posso permitir que minha filha se envolva com... – Nestor olhou de cima abaixo, enquanto procurava uma palavra adequada.
Mas mesmo que ele não dissesse mais nada, Vinicius entendera tudo perfeitamente bem.
Sua cor era o verdadeiro problema ali.

Final

A raiva de Vinicius foi aumentando e ele tentava desesperadamente se segurar, Nestor era seu chefe e ele amava muito aquele emprego, não podia perder a cabeça. Respirou fundo então e disse:
- Sobre o que exatamente estamos falando aqui Nestor? É sobre a minha cor?
Nestor estava visivelmente tenso e Vinicius percebia que ele estava medindo as palavras que iria dizer, um processo de racismo não seria adequado para a empresa, e Nestor era inteligente o suficiente para saber que qualquer palavra preconceituosa poderia acarretar em um processo.
- Estou falando de diferenças raciais Vinicius. Rebeca vem de descendência italiana, tem outros tipos de costumes. – Ele disse.
- E eu sou negro. – Vinicius disse aumentando seu tom de voz.
- Sim, você é negro.– Ele disse com desdém.
- E por eu ser negro eu não sou capacitado para ficar com a sua filha? Por eu ser negro eu não tenho direito de amar uma mulher branca?.– Vinicius agora gritava.
- Se acalme rapaz! – Gritou Nestor – Eu como pai da Rebeca, tenho que decidir o que é melhor para ela, e eu realmente acho que você não é.–
- Você esta se ouvindo Nestor? Estamos no século vinte e um, pelo amor de Deus. A Rebeca já é bem grandinha e sabe escolher perfeitamente com quem quer namorar. Você é o pai dela, não o dono.
- A Rebeca é minha filha – Gritava Nestor – E eu não vou permitir que ela fique com você.
- Eu sinto muito que você pense assim Nestor, mas eu amo a sua filha e não pretendo deixa-la.– Vinicius disse confiante.
- Eu pensei que você gostasse do seu emprego Vinicius. – Nestor disse com a voz falsamente calma.
- Eu gosto muito do meu emprego Nestor, o que isso tem a ver com a Rebeca? – Ele perguntou receoso.
- Se você gosta do seu emprego, sugiro que termine com a minha filha.
- Voce me dizendo que se eu não terminar com a Rebeca eu vou ser despedido.– Vinicius perguntou incrédulo.
- Digamos que eu preciso de alguém que compreenda a política de não confraternização da empresa.
- E por um acaso a Rebeca trabalha aqui? – Vinicius estava em estado de choque – O que eu faço ou deixo de fazer fora da empresa é um problema somente meu, quem eu namoro ou não, não é da conta de ninguém.
- É da minha conta se essa pessoa é minha filha.– Gritou Nestor.
- Engraçado como são as coisas não é Nestor, enquanto eu estava aqui dando o meu suor para essa empresa e trazendo novos clientes, pouco importava se eu era negro ou amarelo. Mas agora, por uma terrível ironia do destino, eu namoro com a sua filha, e eu já não presto por causa da minha cor?
- Você tem até sexta feira para terminar com ela, caso contrario você esta despedido, seria uma pena, por que eu realmente tinha planos para você aqui, quem sabe o tornar um sócio.
- Você não pode fazer isso.
- Claro que eu posso, eu sou o dono disso tudo aqui.– Nestor disse apontando para a sala toda.
Vinicius não podia acreditar no que estava ouvido, aquilo só podia ser uma brincadeira de mau gosto, Nestor era um homem culto, estudado, ele não agiria dessa forma tão antiga e autoritária, não era possível. Foi quando ele viu o olhar ameaçador que Nestor tinha, que percebeu a gravidade da situação. Ele ficou encarando Nestor, ele não conseguiu dizer nada, tamanha sua revolta e raiva.
- Você tem ate sexta feira.– Nestor disse já saindo da sala.
O mundo de Vinicius caiu naquele momento, então era isso, ou ele terminava com a única mulher que amou na vida, ou seria despedido do emprego dos seus sonhos. Ele não podia continuar naquela sala fechada, precisa respirar, então pegou seu terno e saiu, Sofia ainda tentou falar com ele, mas ele estava furioso demais para ouvi-la, saiu do prédio e começou a andar sem rumo. As ruas de São Paulo estavam movimentadas como sempre, mas Vinicius estava alheio a tudo, ele so conseguia pensar no quão confusa estava a sua vida. Quando percebeu, estava próximo ao parque do Ibirapuera, resolveu entrar para encontrar um lugar calmo para pensar nas escolhas da sua vida. Escolheu uma arvore grande e sentou na grama encostado a arvore.
Seu telefone tocou e ele viu o nome de Rebeca no visor, sentiu um aperto no peito, não conseguiria falar com ela agora, precisava de um tempo para pensar nas coisas, precisava avaliar tudo. Quando o telefone parou de tocar, o colocou ele respirou fundo e fechou os olhos, imediatamente a imagem da conversa que teve com Nestor surgiu em sua mente, aquelas palavras o magoaram como a muito tempo não acontecia, tinha em Nestor, um exemplo a seguir, sempre se guiava na opinião do chefe para tomar decisões importantes, não que ele fosse de alguma maneira inseguro, pelo contrario, Vinicius era conhecido por sua opinião forte, mas Nestor, sendo um grande empresário e uma pessoa muito influente na sociedade, sempre o ajudou muito, e era por isso que ainda estava indeciso, Nestor foi o único que o ajudou quando ele era apenas um estagiário, ele acreditou em Vinicius e ensinou tudo o que ele sabia, mas Nestor não era a pessoa que Vinicius imaginava, nunca pensou que Nestor era um homem preconceituoso, mas Vinicius sabia que algumas pessoas mascaram bem o preconceito. Nestor era um lobo em pele de cordeiro. Um aviso de mensagem de texto surgiu na tela de seu cel;


Oi amor, te liguei mas você não atendeu
Liguei no seu trabalho e a secretaria disse que
Você saiu correndo do escritório.
O que aconteceu? Estou preocupada, me liga!
Bjus te amo


Seus olhos se encheram de lagrimas, como ele poderia perder isso? Como dar as costas para um amor assim?
Vinicius começou a ponderar as escolhas que tinha, por um lado havia o emprego da sua vida, com grandes chances de se tornar um socio e talvez um dia poder montar a própria empresa. Mas por outro lado, ele tinha Rebeca, o anjo que Deus colocou em sua vida, aquela pequena mulher com temperamento forte roubou seu coração e sua alma, ele já na conseguia se imaginar vivendo sem ela. Rebeca trouxe luz para sua vida, e hoje ele estava se questionando se o trabalho era realmente mais importante que tudo em sua vida, logo percebeu que não, desde que conheceu Rebeca, o trabalhou passou a ser a segunda coisa mais importante pra ele, a primeira coisa era ela, e a felicidade dela. Vinicius sabia que não precisava escolher entre o trabalho e ela, seria ela, sempre seria ela. Ficou por algumas horas ali pensando no rumo que ele iria tomar em sua vida. Pensou nas possibilidades e percebeu que as coisas não pareciam tão ruins quando ele percebeu que havia um mundo cheio de possibilidades pra ele.
Se levantou bruscamente e pegou o celular, se surpreendeu de como as horas haviam passado, já era três da tarde, havia 3 ligações não atendidas de Rebeca e mais algumas de funcionários dele, mas a prioridade era Rebeca,ligou para ela e no segundo toque ela atendeu, sua voz parecia preocupada, ele ficou com ódio de si mesmo só por deixá-la preocupada;
- Oi anjo.– Ele disse com um sorriso em seus lábios, só em ouvi-la já o deixava mais calmo.
- Oi amor, estava preocupada.
- Eu sei, me desculpe, eu ... eu precisava pensar.– Ele disse.
- Esta tudo bem?
- Sim, está.– Ele respondeu.
- Não, eu sei que não esta tudo bem, eu conheço você, eu sinto pela sua voz que aconteceu alguma coisa.
- Anjo podemos conversar pessoalmente? Como esta sua agenda hoje? – Ele perguntou.
- Eu acabei de dar uma aula, podemos nos ver agora se você puder, onde você esta? – Ela disse.
- Eu estou no parque no Ibirapuera, mas estou sem carro, vim andando da empresa ate aqui.
- Você foi andando para ai? Vinicius são quase 5 quilômetros, o que deu em você? – Ela perguntou incrédula.
- Eu não sei, eu só, precisava andar.– Ele disse, percebendo o quanto ele realmente andou.
- Eu vou até ai e depois passamos na empresa para você pegar seu carro, você me espera? Chego em uns 20 minutos.
- Te espero anjo, estou próximo da Oca. – Ele disse olhando em volta e percebeu que havia poucas pessoas no parque, era segunda a tarde, era normal o parque estar tão vazio essa hora.
- Te amo.– Ela disse e desligou.
Ele sentou na grama novamente, tirou seu terno, arregaçou as mangas de sua camisa e ficou observando o parque, em todos esses anos que morava em São Paulo, nunca conseguiu um tempo para simplesmente parar e admirar o parque, era realmente lindo. Ficou ali ate que sentiu duas delicadas mãos cobrirem seus olhos.
- Advinha quem é? – Perguntou aquela voz angelical que ele tão bem conhecia.
- Meu anjo. – Ele respondeu a puxando contra si. Ela sentou em seu colo e eles ficaram se olhando por um tempo.
- Eu te amo. – Ele disse, e ao dizer aquilo sabia que era a verdade absoluta da sua vida, seu amor por Rebeca ultrapassava qualquer coisa; Ela o beijou suavemente.
- Eu também te amo, mas eu preciso saber o que esta acontecendo, você nunca saiu assim sem dizer nada para ninguém, e o seu rosto, vejo uma ruguinha de preocupação aqui. – Ela apontou para o vinco na testa dele - Você esta com algum problema, eu sei que esta. É sobre o meu pai? – Ela perguntou receosa.
Ele contaria? Isso a magoaria muito, ele sabia que ela iria ficar chateada, mas ele tinha que ser honesto com ela, precisava contar a verdade.
- Sim, é sobre seu pai.– Ele disse devagar. Ela desceu do seu colo e se sentou ao lado dele na grama. Vinicius respirou fundo e contou a ela toda a conversa que tivera com Nestor naquela manha. Rebeca escutou calada e abaixou a cabeça, Vinicius podia ver as lagrimas descendo em seu rosto, mas ele precisava contar tudo. Quando terminou, levantou o rosto dela com seu dedo;
- Ei, olha pra mim. – Ele pediu.
Quando ela o fez, Vinicius pode ver toda dor e magoa em seus olhos.
- Me desculpe amor, mas eu tinha de ser sincero. Eu daria tudo para tirar esse olhar de magoa de você. Me dói saber que você esta sofrendo. – Ele disse abraçando-a.
Ela se afastou dele e levantou.
- Eu estou muito envergonhada pela atitude do meu pai, sinceramente eu não sei o que fazer a não ser pedir desculpas para você. E eu vou entender se você quiser se afastar de mim, eu sei que ser sócio é o seu grande sonho e eu não quero ficar no caminho. Então você não precisa esperar até sexta feira para dizer ao meu pai que estamos separados. – Ela disse chorando.
Vinicius se levantou rapidamente.
- O que.... ? O que você esta dizendo? Eu não vou deixar você, nunca... você esta entendendo?. – Ele disse firmemente.
- Mas é o seu sonho, eu não posso deixar você abandonar seu sonho assim.
- O meu sonho é você, é ser feliz com você. Eu quero muito ser sócio de alguma empresa bem sucedida, mas eu quero fazer isso estando com você, se eu não posso estar com você, então o emprego não me interessa. – E era a mais pura verdade, nenhum emprego importava se ele não estivesse com ela. Ela o abraçou forte.
- Mas e os sete anos que você trabalhou na empresa do meu pai, você esta jogando eles fora. – Ela dizia ainda chorando, era bem típico de Rebeca pensar nas pessoas.
- Eu não estou jogando fora, eu aprendi muito durante esse tempo na empresa do seu pai.
- Ele vai dificultar a nossa vida. – Ela disse.
- Eu sei, mas nós somos fortes e vamos superar tudo isso. – Ele disse a beijando intensamente.
O estomago dele roncou e o lembrou que ele ainda não havia almoçado, Rebeca riu e tirou de sua enorme bolsa uma toalha branca e a estendeu no chão.
- O que é isso? - Ele perguntou rindo.
- Eu tinha certeza que você não havia comido nada, então passei na sua padaria preferida e trouxe alguns Paes e doces que eu sei que você adora.
Ela começou a tirar as guloseimas de dentro da bolsa e ele imediatamente se sentou para se servir, realmente havia tudo o que ele mais gostava, suco de laranja, Pães recheados e frutas da estação, “essa mulher é perfeita” pensou ele.
- Você é um anjo.– Ele antes de colocar um pedaço de pão de ricota na boca.
- Eu sou o seu anjo. – Ela respondeu dando uma piscadinha.
Ficaram juntos a tarde inteira e ela decidiu dormir na casa dele, ele insistiu para que ela fosse para a casa dela, pois sabia que Nestor iria brigar caso ela dormisse fora, mas ela estava decidida a enfrentar o pai, e Vinicius não pode esconder a felicidade em ver a coragem que aquela pequena mulher tinha.
No outro dia, a deixou dormindo em seu apartamento e foi para o trabalho, estava disposto a pedir a demissão naquele dia, mas Nestor havia viajado para fechar um contrato com uma empresa no Rio de Janeiro e só voltaria na quinta feira. Então Vinicius aproveitou esses dias para deixar as coisas arrumadas para o novo gerente que iria assumir no lugar dele, por que ele sabia que quando Nestor soubesse que ele decidira ficar com Rebeca, ele seria demitido na hora. E mesmo se Nestor optasse por manter o seu emprego, ele não aceitaria, perdera a confiança que tinha no chefe no momento em que ele dissera aquelas palavras preconceituosas.
No restante da semana, Rebeca dormiu todos os dias na casa dele, ele já estava mais do que acostumado em dormir e acordar com ela, a cada dia que passava ao seu lado, sabia que tinha tomado a decisão certa.
Na sexta feira de manha, ele estava nervoso e ansioso. Nestor havia voltado de viagem na noite anterior e ligou para Rebeca, eles tiveram um terrível briga no telefone e Vinicius tinha certeza de que Nestor não aceitaria fácil sua decisão.
- Vai dar tudo certo. – Rebeca disse enquanto arrumava a gravata dele.
- Eu sei que vai, eu tenho você, todo resto não é importante. – Ele respondeu tentando esconder o nervosismo.
- Eu tenho fé em você. – Ela disse dando um beijo casto nele.
- Eu te amo. – Ele disse pegando o rosto dela com as mãos.
- Eu sei. – Ela disse sorridente.
Vinicius chegou meia hora adiantado e ficou repassando em sua cabeça a conversa que havia ensaiado no caminho. Mas tão logo ele percebeu que não lembraria de nada na hora em que falasse com o Nestor. As nove em ponto Nestor entrou em sua sala sem bater, Vinicius se levantou de sua cadeira e estendeu a Mao para um cumprimento, mas Nestor o ignorou e se sentou na cadeira a frente.
- Bom dia Nestor. – Vinicius disse tentando ser educado.
- Vamos logo ao que interessa, terminou com a minha filha hoje?
- Não, e nem pretendo terminar. – Vinicius disse firme.
Nestor se levantou bruscamente;
- Como não? Você esta louco? Vai largar esse emprego que você batalhou anos para ter por causa de um romance a toa?
- Em primeiro lugar eu não estou largando esse emprego, você que esta me forçando a sair, e em segundo lugar, não é apenas um romance de alguns meses, eu já te disse, eu amo a sua filha, e tenho planos para o nosso futuro.
- Eu nunca vou apoiar esse relacionamento. – Nestor disse esnobe.
- É realmente uma pena, Rebeca gosta muito de você e ela ficaria feliz em saber que você aprova nossa relação, mas nós já somos adultos e vamos ficar juntos, quer você queira ou não. – Vinicius agora se sentia confiante, dizer tudo aquilo so reforçou o que ele achava, ele estava tomando a decisão certa.
- Você realmente vai largar tudo por uma mulher. – Nestor perguntou.
- Não por qualquer mulher, eu vou largar tudo pela Rebeca. – Ele disse, recolheu sua caixa com suas coisas empacotas e saiu da sala com uma sensação de alivio percorrendo em seu corpo.
Um ano se passou depois que Vinicius largou com o emprego na empresa de Nestor, e ele nunca se sentiu tão feliz em sua vida quanto estava agora. Saulo, o amigo de Nestor soube o que aconteceu e ofereceu um emprego para Vinicius, ele trabalhou duro e nessa amanha foi convidado pelo próprio Saulo, para ser o novo sócio da empresa. Estava ansioso para chegar em casa e contar a novidade para Rebeca, agora ela era a sua mulher, eles se casaram a 8 meses atrás e Vinicius aproveitava cada minuto com ela. Nestor foi muito relutante em relação ao casamento no começo, mas fez questão de levar Rebeca ao altar. A relação dos dois estava melhorando a cada dia, Vinicius tinha esperanças de que um dia ele recuperasse a admiração que tinha por Nestor.
Chegou em casa contente, e encontrou Rebeca preparando seu prato favorito, lasanha.
- Hum, que cheiro bom. – Ele disse abraçando-a e dando um beijo.
- Você esta feliz hoje, o que aconteceu? – Ela perguntou fazendo carinho em seu rosto.
- Eu consegui – Ele disse eufórico – Eu vou ser sócio do Saulo.
- Meu Deus, que noticia boa. – Ela gritou e começou a chorar.
- Eu não conseguiria isso sem você meu amor. – Ele disse emocionado.
Os dois ficaram abraçados por mais um tempo e o estomago de Rebeca roncou de fome e eles riram.
- Acho que você esta com fome. – Ele disse rindo.
- Nós dois estamos com fome. – Ela disse.
- Sim, eu estou faminto. – Vinicius respondeu.
- Não, você não entendeu, nós dois estamos com fome. – Ela disse acariciando sua barriga.
Vinicius não podia acreditar, não é possível tanta felicidade em um dia só;
- Você... você esta grávida? – Ele perguntou esperançoso.
- Sim. – Ela respondeu chorando – Fiz o teste hoje, não é maravilhoso?
- Sim, é a felicidade plena.
“E o negro, pobre e favelado, enfim teve um final feliz” pensou ele chorando...

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