top of page

Dias de Sol

Capitulo 1

- Por favor, não faça isso! – Ela implorou novamente.

Melina não acreditava que todos os seus esforços tinham sido em vão, e que Edgar estava realmente se separando dela.

Há dois meses sua vida perfeita começara a ruir. Em um dia Seu marido voltara para casa e lhe pedira um tempo, se dizendo confuso sobre seus sentimentos. Edgar contara a Melina que tinha um caso há alguns meses. Ele não confirmara, mas ela sabia que essa outra mulher era Luana, a secretaria loira e fácil de Renato, o senador de quem Edgar era assessor.

Melina sabia que a vida deles tinha se tornado confortável e cotidiana ao longo dos dez anos de casados, e principalmente depois que os gêmeos nasceram, há sete anos. Edgar era um lindo e alto moreno de olhos escuros, de 34 anos, apenas dois anos mais velho do que ela.

Ela fizera de tudo. Realizara todas as fantasias sexuais que sabia que o marido acalentava, comprara lingerie nova, fizera uma surpresa no motel. Deixara as crianças com sua mãe e programara um final de semana em um hotel fazenda, somente os dois, como no namoro e inicio do casamento.

Aquele final de semana havia sido um sonho, e Melina tinha a certeza no coração que tão logo eles voltassem para a cidade ele terminaria com a amante e tudo voltaria a ser como sempre fora.

Mas isso não aconteceu.

Sim, ela sabia que durante esse tempo ele continuava se encontrando com a amante. Aquilo a feria mais do que tudo, mas Melina estava disposta a tudo para salvar seu casamento, para conservar sua família unida, para manter o homem que amava.

Sim, o lamentável episódio serviu para lhe mostrar que ela o amava desesperadamente. Não que tivesse duvida disso antes, mas, quando se está há tanto tempo com uma pessoa, acostuma-se a tê-la ao lado.

Mas nada adiantara. Melina se transformara em uma tigresa na cama, mudara toda a sua rotina, voltara a namorar o marido...

E agora ele estava arrumando as malas para deixa-la.

Ela não podia suportar a dor de vê-lo saindo da sua vida, da casa deles.

- Edgar, por favor... Não...

- Melina. – Ele virou-se para ela, e em seus olhos havia um mar de angustia e tristeza. – Por favor, querida, não faça isso. Eu tomei minha decisão. Não posso mais ficar aqui. – Ele se aproximou da cama, sentando-se ao lado da esposa. – Uma parte de mim sempre vai amar você. Eu quero ser seu amigo, quero continuar participando da vida das crianças... Estarei sempre aqui para vocês. Vocês são minha família...

- Nós não somos sua família! Você está nos deixando por uma vadia qualquer! – Melina gritou, desesperada. Era isso o que mais a machucava. Que ela o amava loucamente, e sabia que ele também a amava. Edgar fora um marido exemplar durante todos aqueles anos. – Você está jogando a nossa vida fora, jogando tudo o que nós construímos no lixo por uma aventura, Edgar! Você acha que uma vadiazinha como a Luana vai poder lhe dar tudo o que eu dei? – Ela viu os olhos dele se arregalarem á menção ao nome da outra. – Você achou mesmo que eu não sabia? Claro que eu sei! O que você acha que as outras esposas comentam naqueles jantares elegantes no meio daqueles políticos sujos do senado? Corrupção, dinheiro e traição! E você quer saber quantas vezes o nome da sua piranha esteve ligado ao ultimo ponto? – Viu Edgar empalidecer e sorriu ironicamente. – Já perdi a conta, querido!

- Você não sabe do que está falando, Melina! Você está zangada e é compreensível, mas...

- Zangada! Eu estou muito mais que zangada! Estou furiosa, ressentida e indignada! – Lagrimas desciam pelas faces dela, e Melina não se incomodou em disfarça-las. Tinha acabado! Toda a sua vida, todos os seus planos, tudo pelo o que ela lutara para ter... Tudo tirado dela.

Edgar veio até ela e a abraçou, e eles choraram juntos, e por um instante pareceu que nada havia mudado. Era só mais um problema da vida que eles estavam se confortando mutuamente. Ele era seu amigo, seu companheiro, seu amor de uma vida inteira.

- Não faça isso com a gente, amor! – Ela segurava as laterais do terno dele, enquanto soluçava. Os olhos dele estavam cheios de lágrimas, mas também estavam firmes. Ele não ia desistir, Melina podia ver isso.

- Você sabe que eu não posso, baby. – O apelido carinhoso a fez chorar ainda mais. – Você sabe que eu não posso estar com você sem estar inteiro.

Ela havia sido derrotada. Não importava o quanto ela havia se doado á esse homem, não importava a família linda que haviam construído, não importava nada.

Tudo estava acabado agora.

Edgar colocou as malas no carro e ela se trancou no quarto. Ele bateu na porta do quarto, perguntando se ela estava bem, e Melina gritou que ele fosse embora. O marido ainda insistiu, mas então ela ouviu a porta da frente batendo e o carro se afastando.

Melina deitou na cama, onde por anos se entregara a ele, e chorou até dormir, exausta.

 

 

Era tarde da noite quando ela acordou, a cabeça doendo. Levantou-se gemendo e pegou um remédio na bolsa, indo até a cozinha em busca de agua.
Tomou o remédio e olhou ao redor.

Quando eles compraram aquela casa, há seis anos, ela se imaginara envelhecendo ali com ele. Era uma bela casa de cinco quartos, duas salas, ampla cozinha, um bem cuidado jardim, sala de jogos, biblioteca, escritório, garagem p três carros, uma vasta área externa com piscina.

Era uma linda casa onde havia sido feliz por anos.

Agora vazia, a casa zombava dela.

As crianças estavam aproveitando as férias escolares na casa dos avós paternos, em Belo Horizonte. A ausência delas ali era tanto um alivio quanto uma tortura. Havia planejado uma segunda lua de mel para esse período, confiante de que seria o ato decisivo para que Edgar terminasse seu caso com Luana e eles poderiam seguir em frente com seu casamento.

Mas tudo estava acabado agora, e ela sentia desesperadamente a falta de suas barulhentas e carinhosas crianças. Mas eles estariam de volta em três dias, e Melina teria que ter recolhido seus cacos até lá.

Os dois dias seguintes foram uma amostra grátis do inferno para Melina. Ela dormiu, chorou e imaginou que Edgar estaria fazendo.
Provavelmente se divertindo na cama com Luana.
E então chorou novamente.

No terceiro dia obrigou-se a levantar para receber a diarista. Arrumou-se e foi até o aeroporto buscar as crianças. Estava aguardando o avião aterrissar quando viu Edgar se aproximando dela.

Ele a cumprimentou com um beijo na face, e seu coração afundou no peito.

- O que está fazendo aqui? – Melina perguntou bruscamente. Disfarçadamente, olhou ao redor, verificando se ele estava sozinho.

Edgar franziu o cenho, mas quando respondeu, sua voz saiu gentil.

- Vim esperar as crianças, baby. – Ele sentou-se ao lado dela.

- Não me chame assim! - Sua voz era dura para ele, enquanto apertava os lábios. – Não faz mais sentido algum...

- Eu vou sempre amar você, Mel. Sempre. – Ouvi-lo dizer isso tornava fácil imaginar que tudo era como antes. Que ele ainda era seu.

O silencio que se seguiu foi pesado e longo, embora só tivesse se passado alguns minutos desde que ele se sentara ao seu lado.

- Precisamos dizer ás crianças. – Edgar afirmou suavemente.

- Não precisamos. Nós podemos esperar. – Ela insistiu, teimosa. Talvez ele voltasse. Contar ás crianças tornava tudo tão... Definitivo.

Ele a encarou, compaixão e ternura misturados em seus olhos.

- Você sabe que precisamos. Elas precisam saber...

- Não, não precisam!

- Eu não vou voltar, Melina! – Aquilo realmente a machucou. Ele estava decidido.

Estava apaixonado por outra mulher!

A chegada das crianças foi anunciada pelos auto falantes, e eles passaram os próximos minutos recebendo os filhos.

Vê-los acariciou sua alma ferida. Anita e Bruno, seus lindos filhos de cabelos negros e olhos cinzas, como os seus. Eram gêmeos idênticos, de sete anos, amáveis e falantes.

Eles os abraçaram e foram para casa, ela dirigindo seu carro e Edgar no dele, seguindo-a.

Edgar e Melina escutaram a conversa animada dos filhos, e então ele os colocou sentados na sala e começou a lhes contar sobre a separação.

Edgar disse aos filhos que ele não morava mais naquela casa, e que eles ficaram ali com a mamãe, e que ele continuaria sendo o pai deles e que os dois poderiam contar com ele sempre.

Melina não sabia dizer se eles realmente entenderam o que Edgar lhes explicara, ou não. Anita sentou-se no colo do pai e lhe contou uma de suas aventuras na casa dos avós, e Bruno ficou pensativo e calado.

Horas depois, quando as crianças estavam na cama, e Edgar já havia ido embora, Melina foi até a sala e ligou o aparelho de som, selecionando a musica Don't Speak - No Doubt. Pegou um copo com uísque e tomou de um gole só, a bebida quente queimando sua garganta. Encheu novamente o copo e sentou-se no sofá, recostando a cabeça para trás, enquanto lágrimas deslizavam dos seus olhos...

























































 

Capitulo 2

As semanas passaram lentamente, a cada dia uma nova dor. Melina tentava manter-se inteira pelas crianças, mas a noite, depois que os dois dormiam, ela desabava.

    O dia de voltar a trabalhar foi tanto como sua salvação quanto sua perdição. Rever os colegas de trabalho, escutar suas histórias sobre como foi suas férias... Ver a surpresa nos olhares quando, de alguma forma, alguém soube de sua separação. Mas ter algo para fazer fora de casa, passar tempo preparando suas aulas de matemática, ainda eram momentos preciosos, quando ela podia fingir que sua vida não virar de cabeça para baixo.
E as semanas se passaram. Edgar buscou as crianças para passearem no parque uma tarde, para irem ao cinema uma noite, e para diversos outros programas.  Melina tinha evitado vê-lo nessas ocasiões, optando por pedir que sua irmã e melhor amiga, Mayara, os levasse o buscasse em um local pré-estabelecido entre os dois.

 

       Conversar com ele ao telefone era uma tortura, e não importa o quanto ela se convencesse de que iria conseguir se levantar e levar a vida sem ele, Melina sempre se desesperava depois de conversar com ele.
Não importando quanto saudades sentisse dele, sabia que não conseguiria vê-lo sem desmoronar.

     Alguns dias depois Edgar ligou, quando ouviu seu celular tocar My Lover’s Gone seu coração disparou, era o toque de Edgar, antes de atender não pode deixar de reparar o quanto aquela musica dizia de sua vida atualmente.

 

– Alô? – Tentou parecer indiferente, mas sabia que a voz chorosa a entregava. Era muito difícil falar com ele, mesmo agora, depois de quase três meses de separados.

– Oi, Melina! – Ela escutou sua voz macia, e fechou os olhos, lembrando-se de quando ele falava baixinho com ela, os lábios próximos de seu pescoço. – Como você esta passando? Liguei para saber se posso pegar as crianças para passar o fim de semana aqui comigo e...

 

– Pelo amor de Deus, Edgar! São seus filhos! Você não precisa pedir uma coisa dessas! – Melina o interrompeu, exasperada. Estava cansada desses telefonemas, quando ele lhe pedia permissão para sair com as crianças e lhe dizia o que iam fazer. Ela não queria saber. Ela queria sua família reunida novamente.  - Volte pra casa e você não terá que pedir isso – Decidiu alfinetar, embora, lá no fundo, Melina começasse a se convencer de que ele não voltaria.

– Nós já falamos sobre isso vezes demais, Mel. – Seu tom calmo estava pouco a pouco a enervando. - Você precisa aceitar, baby, eu não vou voltar.

 

– Como você pode fazer isso Edgar?! Depois de tudo! Depois de toda a vida que construímos juntos, você não pensa nisso? Tantos anos jogados fora e pelo que Edgar? Pelo que? Por causa de uma...

– Melina – interrompeu Edgar, duramente.  –, eu não vou lhe dar essa explicação novamente! Eu realmente quero fazer nossos filhos passarem por isso da maneira menos traumática possível, mas não vou voltar para casa! Eu preciso que você aceite isso! Nossos filhos precisam que você entenda isso! Eu não quero ter que brigar, Mel, não quero ter que lutar. Quero que sejamos amigos, justamente pela história e pela família linda que temos. – A  voz dele soava triste, mas firme, do outro lado do telefone, enquanto Melina se sentia como uma criança sendo corrigida por um professor. – Pense nos nossos filhos, Melina. Pense neles. São apenas crianças, não tem nada haver com o que decidimos fazer com nossas vidas.

 

                Melina ficou calada o telefone por algum tempo. Edgar tinha razão, seus filhos não mereciam isso, e ela também não queria se tornar o tipo de mulher que dificultava a convivência do pai separado com os filhos. Pelos filhos era capaz de tudo.

– Tudo bem Edgar, você tem razão. Pode vir para pegar as crianças, mas só te peço uma coisa. Pelo amor de Deus, venha sozinho – implorou.

 

– Eu irei Melina. Nunca sai com nossos filhos e mais alguém. Sempre foram só nós três. - Houve um momento de silencio, ao qual Melina não queria interromper. - Obrigada, Mel. Eu sabia que você iria pensar no melhor pra eles. Você sempre pensou.

– Eu ainda penso, Edgar. E o melhor para eles é que o pai volte pra casa.

 

– Melina... – falou Edgar suspirando já com impaciência – Eu sei como dói, mas eu...

– Não, Edgar! – gritou Melina com a força do orgulho ferido – Você não tem a mínima noção do quanto dói, e nunca terá! Mesmo que essazinha aí faça o mesmo que você fez comigo você não chegara nem perto de sentir um terço do que estou sentindo! – Melina estava cansada de tgenatr entender e aceitar. Não era justo. Nada aquilo era justo. – Então, dobre sua língua antes de dizer que entende qualquer coisa, certo?!

 

– Tudo bem, Melina, me desculpe – e após um silencio que mais pareceu uma eternidade se despediu – Preciso desligar, Mel. Aparecerei por aí a tarde. Avise ás crianças, por favor, está bem? Até amanhã.
              
                Na manhã do dia seguinte chamou Anita e Bruno para conversar, sentou-se no sofá a frente deles e falou:

– Meus amores, eu sei que vocês já estão bem grandinhos e que são inteligentes demais para entenderem o que esta acontecendo com a mamãe e com o papai não é?

 

                Ambos balançaram a cabeça afirmativamente.

– Então, o papai e eu estamos temporariamente de mau um com o outro, mas não se preocupem, ta bem? A mamãe vai resolver isso rápido, vocês vão ver. O papai vai vir aqui mais tarde pra pegar vocês dois pra passarem o fim de semana com ele, mas vocês só vão se vocês quiserem, tudo bem? Nem eu nem o papai vamos forçar vocês a nada, se quiserem ir vocês vão, se não quiserem podem ficar com a mamãe.

 

– Posso ficar com você mamãe? – disse Bruno abraçando-a – Eu não quero ir e te deixar sozinha aqui um fim de semana todo.

– Oh meu amor, claro que se você quiser, pode. Mas não se preocupe com a mamãe, não deixe de ir por isso. O papai esta com saudades de você eu tenho certeza.

 

– Eu já fui da outra fez mamãe, agora vou ficar!

– Tudo bem, meu amor, eu explico ao papai. Não se preocupe – falou acalentando o filho que sentara em seu colo – e você, minha princesa?

 

– Eu vou, os passeios com o papai sempre são divertidos e assim o papai não vai ficar triste também. – dito isso Anita voltou para o quarto, sempre fora a mais apegada ao pai, sempre parecera mais velha do que realmente era. Intimamente tinha inveja da filha que iria passar o final de semana ao lado do pai, mas baniu esse pensamento tão logo ele veio.

                Ás duas da tarde Edgar estacionava em frente à casa.

 

                Melina Abriu a porta e sentiu a dor da saudade apertar-lhe o peito. Sua vontade era de jogar-se em seus braços, mas seu orgulho a impediu. Vê-lo com uma aparência tão boa, quando ela própria era um pouco mais do que um zumbi a desconcertou. Era a pior facada que levara nos últimos dias. Edgar estava lindo, bronzeado e com um ar feliz.

– Entre – falou tristemente. Jamais pensou ter que falar isso a seu marido. – Anita está no banho, Bruno disse que não quer ir.

 

– Por quê? O que você falou pra ele, Melina?

– Eu não falei nada, Edgar, a decisão foi dele. Talvez ele pense como eu! Ele quer o pai de volta em casa. Ele sente sua falta, eles sentem. Assim como eu!
– Eu não sei se consigo acreditar nisso, Melina, ele é só uma criança, duvido muito que ele tenha uma opinião dessas sem influencias suas.

 

– Como você tem coragem de dizer uma coisa dessas?! – gritou Melina dando-lhe um tapa na cara – Não ouse dizer que não dou liberdade de escolha para os meus filhos! Você sabe muito bem que a coisa que eu mais prezei esses anos todos foi a liberdade de  expressão dessas crianças, ao contrario de você, não é, Edgar?!

– O que você quer dizer com isso, Melina? Eu nunca os influenciei a nada!

 

– Você foi embora Edgar! Foi isso que você fez! Tirou dos seus filhos e de mim o direito de ter um lar feliz, uma família estruturada onde eles pudessem crescer felizes e saudáveis.  Foi isso que você fez!

– Que lar feliz eu poderia dar aos meus filhos, estando apaixonado por outra mulher, Melina?

 

                Melina sentiu todo o ar sair de seus pulmões e cambaleou para o lado com a vertigem que sentira ao ouvir estas palavras. Rapidamente Edgar foi a seu encontro, temendo que ela desmaiasse. Conhecia essa reação de Melina, quando a dor era muito grande, ela desmaiava. Segurou-a em seus braços, e sentiu como ela estava mais magra do que há poucos meses. Aquilo machucou sua consciência e o entristeceu.

Para Melina era como se, por um instante, nada houvesse acontecido. Os braços dele em volta de seu corpo, seu perfume, tudo parecia estar em seu devido lugar até o encanto se quebrar e toda aquela dor voltar.

 

– Não vá mais embora, Edgar! Fique comigo, por favor! Eu preciso de você, sua família precisa de você! – suplicou-lhe enquanto ele a levantava – Será possível que você não enxerga isso,meu amor?

– Melina... – falou Edgar num suspiro – não torne as coisas mais difíceis do que já são, pelo amor de Deus! Eu já lhe pedi isso umas mil vezes!
– Mamãe! – gritou Bruno do alto da escada – Mamãe, o que você tem? Vocês estão brigando?

 

– Eu estou bem, meu amor! – falou abraçando o filho que corria em sua direção assustado. – Eu e papai só estamos conversando.
– Oi campeão! Pronto pra passar o final de semana com o papai?
– Eu não quero ir! Não quero deixar a mamãe sozinha aqui o fim de semana todo!
– Filho – Ela interrompeu a conversa. – A tia Mayara vem passar o final de semana com a mamãe, lembra? Eu não vou ficar sozinha. Você pode ir com o papai e se divertir.
– Mas você não vai ter a mim, nem a Anita e nem a você papai! – Bruno virou-se para o pai, os ingênuos olhos cinza tristes.

– Eu vou papai! – disse Anita que havia chegado silenciosamente e abraçava o pai – Eu vou passar o final de semana com o senhor! Aonde nós vamos?

 

– Oi minha princesa! Vamos a um lugar surpresa, você vai adorar! Tem certeza que não vai querer ir Bruno? Você iria gostar com toda certeza!
– Não, eu vou ficar com a mamãe!

– Tudo bem então. Nunca forcei vocês a nada e não será agora que o farei. Da próxima vez, quem sabe?

 

  – É... – respondeu Bruno, sem olhar para o pai.

– Então é isso... – despediu-se dando um beijo no filho – Melina, eu levarei Anita direto pra escola na segunda feira, não se preocupe.

 

- Tudo bem. – Olhando para o filho, de rosto escondido do pai, ela o fez levantar o queixo. – Querido, o papai está indo. Vá lhe dar um abraço e dizer tchau. – Ela disse carinhosamente, e Bruno balançou a cabeça, negativamente. – Bruno... Por favor, filho?

O menino foi então até o pai, e beijou sua face, correndo de volta para a mãe.

 

                Edgar olhou consternado para o filho, e acenou coma cabeça, despedindo-se de Melina, e saiu, deixando um vazio maior do que a primeira vez no coração de Melina, que estava tentando com todas as forças não chorar na frente do filho.

– E então? O que vamos fazer durante todo o fim de semana meu amor?

 

– Não sei. Vamos jogar vídeo game? Ou podemos ir à praia!

– Tudo bem, vamos começar pelo jogo?

 

 

                Na segunda, quando saiu para pegar as crianças na escola, rezou para que Anita não passasse o restante do dia contando como havia sido o final de semana e graças a Deus ela não estava fazendo isso.
Nos dois meses seguintes sua rotina ficou mais tranquila. Por fim, Melina começou a se convencer de que Edgar não voltaria. Ela ainda o amava, mas tivera uma conversa séria consigo mesma, e chegara á conclusão de que não poderia viver de dormir e chorar. Seus filhos precisavam de uma mãe inteira, seus alunos precisavam de uma professora atenta... Enfim, ela precisava voltar a viver.

 

            Ás vezes ainda acordava no meio da noite, sentindo-se solitária, e não podia evitar que lágrimas rolassem. Mas isso acontecia com menos frequência agora, e ela se sentia mais disposta a brincar com os filhos, a sorrir com sua irmã, a conversar com seus amigos.

            Por três vezes saíra com os outros professores da faculdade, para um drink após as aulas. As companhias eram basicamente as mesmas: Marisa, a professora de biologia, José, professor de História, Thiago, o diretor, Marcia, professora de Português, e Iran, professor de Anatomia.

 

         Melina conseguira se envolver na conversa, e rir das piadas de Thiago. Eram encontros divertidos entre amigos, e ela se pegou apreciando cada instante.

                Edgar avisara que nos três próximos finais de semana não pegaria as crianças para ficar no final de semana, pois estaria viajando com Renato Veigas.

 

             Foi em um final de semana desses que aconteceu, estava passeando pelo shopping com Anita e Bruno quando viu Edgar.

             Seu coração quase parou, ele estava de braços dados com Luana.

 

Anita foi correndo em direção ao pai, e o abraçou. Na tentativa de fazer parecer que aquilo não a afetara, foi caminhando em direção a eles, segurando firme a mão de Bruno.

– Olá, Edgar. – Sorriu falsamente para ele, propositalmente ignorando a loira de grandes seios e grandes olhos verdes ao lado dele. - Pensei que estaria viajando ate o próximo final de semana.

 

– Oi, Mel. – Edgar estava visivelmente constrangido – É, era pra estar, mas houve um imprevisto na campanha e voltei ontem à noite.

             Melina balançou afirmativamente a cabeça, mas não se enganou. Não acreditava nele. Ela o conhecia melhor do que ninguém, e sabia que ele estava mentindo. Ele não viajara.

 

– Vamos, Anita. O filme já deve estar começando.

– Vocês vão ao cinema? Que coincidência, estávamos indo também. – Edgar disse, e ela sabia que ele estava se sentindo culpado por estar perdendo tempo com as crianças para ficar com Luana. Ou era simplesmente por que tinha sido flagrado?

 

– Tenho certeza que não estamos indo assistir o mesmo filme, Edgar. – Melina arriscou então um olhar para Luana, que olhava a cena com estudada expressão de desinteresse. Era alta, de corpo escultural, cabelos loiros e cacheados, olhos verdes, o rosto maquiado com perfeição. Sim, era uma mulher bonita. Usava um curto vestido azul, e sapatos de salto alto pretos. Melina e ela não podiam ser mais diferentes. Melina tinha cabelos curtos e escuros, cálidos olhos cinzas. Era alta, e seu corpo era magro e saudável e bonito. Melina vestia jeans e blusa preta, o rosto maquiado suavemente. Diferente de outras mulheres nessa situação, ela não fez comparações. Não tinha como faze-las. Não importava que Edgar estivesse com ela, tinha algo Luana nunca teria. Dignidade. – Vamos, Anita – Disse Melina, pegando a mão da filha, que a seguiu obedientemente.

          Enquanto assistiam ao filme infantil, Melina pensava no encontro e em sua estranha reação.

 

          Naqueles meses em que estavam separados, ela se torturara varias vezes, pensando como reagiria se  os visse juntos.

             Ela antecipara a dor da morte.

 

           Mas não fora o que acontecera.

          Certo, não se sentira confortável. A outra mulher era realmente bonita, mas nem por um instante Melina sentira o desespero que imaginara que sentiria.

 

        Seria por que, no fundo, sabia que Edgar não ficaria para sempre com Luana?

Capitulo 3

Depois daquele encontro constrangedor com Edgar e a Luana, alguma coisa mudou em Melina, ela ja havia passado pela pior parte e agora se sentia mais confiante em seguir em frente. Ela ainda sentia sua falta a todo instante, mas decidiu seguir em frente com a sua vida e tentar superar essa historia. Anita já estava acostumada a idéia, mas Bruno ainda estava receoso em relação a Edgar, ele estava mais distante do pai e raramente ia aos passeios. Na tarde de terça-feira o celular de Melina tocou, era Edgar, apesar de ter alterado seu toque para um toque padrão, ela conhecia seu numero;

 

- Alô - ela tentou dizer de forma desprentesiosa

- Mel, sou eu - Ele disse com a voz baixa

 

- Ah, oi Edgar, precisa de alguma coisa? - Milena disse tentando disfarçar a angustia em sua voz, falar com Edgar era dificil.

- Sim Mel, precisamos conversar - Disse Edgar ainda com a voz baixa

 

A esperança surgiu em Melina, " será que ele vai dizer que quer voltar? ", pensou ela com o coração disparado

- Sobre o que..... ? - Sua voz falhou - Sobre o que voce quer conversar Edgar ? -

 

- É sobre o Bruno Melina, ele esta distante de mim, ele precisa entender que nosso casamento acabou, mas meu amor por ele continua o mesmo - Ele estava com a voz angustiada

   Melina sentiu um aperto em seu peito, ele não estava dizendo que voltaria para casa, talvez ele nunca voltasse. Ela tentou se recuperar rapidamente.

 

- Edgar, você precisa entende-lo, ele ainda é uma criança, é normal ele se sentir dessa forma, eu falo com ele quase todos os dias sobre a nossa situação e eu digo sempre para ele que voce o ama, não pense que por que voce saiu de casa e nos abandonou, que eu fico influenciando nossos filhos, por que eu não fico. Eles não tem culpa da situação e eu jamais os colocaria contra você - A voz de Melina agora estava emocionada.

- Eu sei Mel, eu conheço você, eu sei que você não faria uma coisa dessas, é só que .... - Edgar suspirou - Eu tenho medo dele se afastar mais de mim e ficar com raiva - Ele parecia desesperado agora

 

- Edgar, isso não vai acontecer, Bruno te ama, só de um tempo para ele ok ? - Ela estava mais confiante agora.

- Ok Mel, e você? Você esta bem? - Ele perguntou

 

    Melina sentiu vontade de dizer que não, não estava bem, sentiu vontade de implorar para ele voltar, de dizer que sentia sua falta a cada dia... mas a verdade é que queria que ele pensasse que ela era uma mulher madura e decidida, então a resposta que deu foi;

- Sim Edgar, apesar de tudo o que passei nesses ultimos 5 meses, eu estou bem, tudo vai ficar bem ... - Melina respirou aliviada

 

- Que bom Mel, você merece ficar bem, bom agora eu tenho que desligar, passo para pegar Bruno e Anita as oito na sexta feira ok? - Edgar disse

- Tudo bem, até sexta então - Melina desligou

 

   Aquela conversa fora extremamente desconfortavel, fingir que estava tudo bem havia sido mais dificil do que Melina imaginou.

   Quarta feira a noite, Mayara disse que iria ficar com as crianças enquanto Melina trabalhava até mais tarde. Ela estava corrigindo algumas provas quando viu o professor Iran entrar na sala dos professores,ele se sentou do outro lado da mesa, ele era professor de Anatomia. Melina nunca reparara nele antes, ela sempre fora loucamente apaixonada por Edgar e nunca se permitiu olhar para outros homens, mas agora pode ver o quanto ele era bonito, pele branca, cabelos e sobrancelhas negras, maxilar marcado, dentes brancos perfeitos, um sorriso de arrancar suspiros. O homem realmente era lindo, digno de revistas de modas, deveria ter seus 35 anos. Seu corpo era ainda um mistério, ele sempre usava roupas formais para dar aula. Ela ainda estava admirando quando ele se virou e sorriu para ela

 

- Oi Melina tudo bem? - A voz dele era rouca e sexy, ela ja havia saido  em alguns happy hours com os outros professores e ele estava junto, mas nunca havia percebido como o tom da sua voz era intimidador

- Oi Iran estou bem e você? - A voz dela saiu tremida e ela poderia jurar que estava ficando vermelha

 

- Eu estou bem, e as crianças? - Perguntou ele interessado

- Estao ótimas - Ela definitivamente estava com vergonha, mas por que? Iran sempre fora seu colega de trabalho, não havia motivos para ela ficar encabulada desse jeito. Seria talvez pelo olhar que ele dava a ela agora, um olhar sexy e intimidante.

 

- E elas estão lidando bem com ..... a separação ? - Ele perguntou receoso

- Na medida do possivel sim - Respondeu ela rapidamente, ele pareceu notar seu desconforto

 

- Me desculpe Melina, isso não é assunto meu, peço desculpa pela minha indiscrição - Ele estava vermelho de vergonha agora

- Não Iran, não tem problemas, sou eu que preciso me acostumar mais com essa situação, eu vivi tantos anos com o Edgar e as vezes é dificil entender que acabou - Ela não sabia por que, mas conversar com o Iran estava fazendo bem para ela.

 

- Eu sei bem pelo o que você esta passando Melina, eu fui casado por 4 anos e minha ex mulher me deixou para ficar com o personal dela. É eu sei, bem humilhante, mas eu superei. Sei que é mais dificil para você que tem dois filhos, mas você é uma mulher forte e decidida, vai superar essa situação. - Ele disse confiante

   As palavras de Iran surpreenderam Melina, ele tambem fora abandonado, ele entendia a dor da traição. Quem poderia imaginar que um homem lindo desse ja sofrera por amor. Ela ficou feliz em poder compartilhar sua historia com Iran, conversaram por horas sobre os mais variados assuntos, Iran era uma ótima companhia

 

- Meu Deus, eu perdi a noção do tempo -  disse Melina olhando para o relogio, ja se passavam das nove e ficara conversando por 2 horas com Iran

- Nossa, eu nem reparei o tempo passar tambem - Disse Iran rindo

 

- Tenho que ir, minha irmã esta com meu filhos e eu não posso abusar da boa vontade dela - Melina disse se levantando e recolhendo as suas coisas.

   Ela se despediu de Iran com um beijo no rosto, o primeiro contato fisico que tivera com ele ate agora. Mas depois de conversar por horas com ele, se sentia mais confortavel ao seu lado

 

- Foi um prazer te conhecer melhor Melina - Disse Iran segurando as mãos dela

- Eu tambem gostei muito de conversar com você, obrigada por me ouvir - Ela disse retirando rapidamente suas maos das dele.

 

- Quem sabe qualquer dias desses nós nao podemos sair pra conversar mais ? Um jantar talvez ? - Ele perguntou

   Melina ainda não estava pronta para encontros ou um novo relacionamento, mas para não ser indelicada respondeu a primeira coisa que veio a sua mente

 

- Claro, vamos marcar com o pessoal, fazer um happy hour novamente -

Ela viu um flash de tristeza passar pelo seu rosto, mas ele disfarçou rapidamente

 

- Claro, vamos marcar sim, até mais Melina - Ele disse e saiu rapidamente

   Na noite de sexta feira, Mayara convenceu Melina de sair para tomarem alguns drinks e conversarem um pouco, Melina no começo recusou, mas precisava sair um pouco para esquecer de seus problemas. Após sair da escola, pediu para Mayara buscar as crianças no colégio e decidiu passar no salão para cortar as pontas do cabelo, aproveitou e pediu para o Claude, um maquiador do salão onde ela arrumava os cabelo, fazer uma maquiagem nela. O resultado ficou bom e ela se sentiu bonita. Chegou em casa e pode ver Mayara com os olhos arregalados quando a viu;

 

- O que? Esta tão feio assim? - Melina perguntou insegura

- Você esta deslumbrante Mel, linda, desse jeito todos os gatos do barzinho vão olhar pra você e eu vou ficar de escanteio - Brincou Mayara

 

- Para com isso May, eu ja sou quase uma coroa, ninguém nessa altura da minha vida vai olhar pra mim - Melina disse

- Você so tem 32 anos Mel, ainda falta muito para você ser uma coroa - Mayara disse dando risada

 

   Melina sorrio  e se afastou para colocar o seu vestido vermelho. Ela havia ganhado aquele vestido de Edgar, porem nunca tinha usado. Ele era um vestilo ao estilo Audrey Hepburn, discreto e delicado . Colocou uma sandalia vermelha para combinar. Ela se sentia estranha em se arrumar assim novamente, a ultima vez que se arrumara tanto foi em um jantar com Edgar, ele estava tão distante aquele dia. Melina afastou os pensamentos tristes e se obrigou a ficar animada, ela resolveu que iria tentar se divertir essa noite.

   Quando ela estava terminando de colocar seus brincos, ouviu a campanhia tocar, era Edgar, ouviu os gritos de felicidade de Anita. Depois de muita insistencia de Anita, Bruno decidiu ir com eles. Edgar iria leva-los para visitar seus pais em Minas Gerais  e Bruno adorava seus avos. Melina respirou fundo e desceu as escadas, Edgar estava agachado dando um abraço apertado em Bruno quando a viu. Seus olhos foram de cima a baixo no corpo dela. Melina se sentiu estranha, era como se ele estivesse avaliando ela. Ela gostou da sensação.

 

- Boa noite Edgar - Ela pediu desesperamente para Deus, para que ela parecesse calma, Edgar estava lindo em uma camisa branca de botoes e uma calça jeans escura.

- Boa noite Mel, você vai sair ? - Ele perguntou interessado

 

- Sim - Melina se limitou a dizer, queria que Edgar ficasse intrigado e com ciumes.

Ele abriu a boca para falar alguma coisa, mas fechou -a novamente, Melina ficou frustada, ela queria que ele a questionasse ou a elogiasse mais ele somente acenou com a cabeça. Ela dei um beijo em Anita e Bruno e se despediu.

 

- Não esqueça que segunda de manha eles tem aula de karate ok ? - Melina disse lembrando-o

- Sim, eu sei, nós vamos no jatinho do Dr Veigas. No domingo a noite eu os trago de volta - Disse Edgar Serio

 

- Tudo bem, vão com Deus e se cuidem - Ela disse, sua voz saiu fraca como um sussuro.

Quando eles foram embora e a porta se fechou Melina sentiu uma vontade desesperada de chorar, mas se segurou, não iria borrar a maquiagem que Claude fizera. Ela ergueu a cabeça e respirou fundo

 

- Esta tudo bem ? - Mayara perguntou receosa

-  Edgar não me ama mais May, eu tenho que aceitar isso - Melina precisava sair para se divertir naquele momento ou entao iria desmanchar em choro ali mesmo no chão de sua sala.

 

- Sim, você tem que aceitar que acabou e que você precisa viver novamente. Agora coloca um sorriso nesse rosto bonito e vamos nos divertir, eu ja estou pronta. Vamos ? - Mayara era uma otima irma.

   Resolveram ir em um barzinho super badalado no centro da cidade. Melina a principio se sentiu estranha em estar naquele ambiente, a tempos ela nao saia em um bar como esse. O ambiente era agradavel, iluminação baixa e intimista, no som tocava Bon Jovi, a faixa etaria de era 25 a 45 anos entao Melina relaxou ao ver algumas mulheres de sua idade por la.
Pediram 2 drinks Cosmopolitan e conversavam animadamente quando o barman traz outras bebidas

 

- Desculpe, nós não pedimos isso - Disse Mayara confusa

- Uma cortesia do cavalheiro ali para as duas , especialmente para a dama de vermelho - Ele acenou para o homem e saiu

 

Mayara olhou imediatamente para a mesa que o garçom indicou

- Meu Deus, olha que homem lindo que esta oferecendo a bebida, parece um deus grego - Ela estava euforica

 

- Se controle May - Melina disse dando risada, ela não queria parecer interessada, não queria olhar para o homem, mas a curiosidade falar mais alto e ela se virou para olhar. Ela reconheceu imediatamente, era o Iran.

Ela sorriu e levantou a taça em agradecimento.

 

- Você o conhece ? - Perguntou Mayara incredula

- Sim, ele é o Iran, professor de anatomia da faculdade. Damos aula no mesmo periodo - Milena disse tentando fazer pouco caso do assunto, ela sabia que Mayara iria enche-la de perguntas.

 

- E voce nunca me disse sobre ele ? - Ela estava curiosa agora

- Dizer o que ? Eu nunca havia conversado com ele ate quarta feira. Sempre saimos junto com os outros professores, mas eu nunca havia conversado diretamente com ele, na quarta nos estavamos corrigindo provas juntos e conversamos um pouco - Melina disse sem jeito

 

- Por isso que voce chegou tarde em casa aquele dia, por que voce nao me contou ? - Mayara parecia chateada

- Por que nao a nada para contar, conversamos como amigos e prontos. Voce sabe que eu nao estou pronta para me relacionar com ninguem ainda. No fundo tenho esperanças de que Edgar vai voltar - A voz de Melina saiu triste

 

- Mel, você precisa seguir em frente, ele ja disse que esta apaixonado pela Luana, não se prenda a essa relação. Siga sua vida irma. - Ela disse segurando nas mão de Melina

- E nao olhe agora , mas o bonitão esta vindo diretamente pra ca - Mayara disse sussurando

 

Quando Melina se virou viu Iran vindo em sua direção, ele estava com uma camiseta cinza e uma calça jeans preta. Seu corpo era musculoso e seus braços definidos, uma visao do paraiso. Ele estava com um outro homem tão bonito quanto ele.

- Oi Melina - Disse Iran beijando seu rosto

 

- Oi Ian, tudo bem ? Obrigada pelo drink - Melina disse sem jeito

- Esse aqui é meu amigo Leonardo, ele é professor da faculdade tambem, porem em outro periodo - Iran disse

 

- Prazer Leonardo - Mayara disse sorridente , Melina lancou um olhar de " se controle " para ela, mas ela não entendeu a mensagem

- Essa aqui é a minha irma Mayara. May esse é o Iran - Melina disse sem graça

 

- Voces querem se sentar conosco ? - Mayara perguntou

Melina tinha vontade de enforcar Mayara naquele momento, mas ia se controlar até chegar em casa.

 

- Claro - Iran disse ja se sentando

A conversa fluiu a noite inteira, Melina ja tinha perdido as contas de quantos Cosmopolitan havia bebido. Ela reparou que Iran estava bebendo suco

 

- Voce não bebe nada ? - Perguntou ela curiosa

- Não, hoje eu sou o motorista da rodada, semana passada Leo não bebeu, dessa vez é a minha vez. - Ele explicou - Vocês vieram de carro ? - Perguntou ele olhando para o o copo de Melina e o da Mayara.

 

- Não, nos viemos de taxi - Explicou Mayara ja com a voz meio alcoolizada, " hora de ir embora" pensou Melina.

- Então nos levamos vocês pra casa, eu não bebi nada, posso ser o motorista de voces. - Iran afirmou

 

- Não precisa Iran - Melina disse - Nossa casa não é longe daqui, nós pegaremos um taxi -

- Deixa ele dar uma carona para nos Mel - Mayara disse animada, estava claro que ela queria mais tempo com o Leonardo

 

- Ok, tudo bem, então vamos embora ? Estou cansada - Disse Melina, e realmente, ela estava exausta.

Iran e Leonardo insistiram em pagar a conta apesar dos protestos de Melina. No caminho de volta para casa continuaram conversando animadamente, Leonardo estava no banco de tras com Mayara e Melina no banco da frente com Iran, aquela situação era pra ser muito constrangedora, mas nao foi, Iran foi agradavel e em nenhum momento a faltou com respeito.

 

Quando chegaram a casa de Melina, Mayara saltou do carro de mãos dadas com Leonardo e Melina e Iran se afastaram para dar privacidade aos dois. Quando se viraram, Mayara e Leo estavam se beijando

- Isso é um pouco constrangedor - Disse Iran rindo

 

- Você fala isso, mas ela é minha irmã, isso é infinitamente mais constrangedor pra mim - Melina agora dava gargalhadas, ela nao se lembrava de quanto tempo não se divertia daquele jeito.

- Você esta linda - Disse Iran agora serio - Você é sempre linda, mas hoje, esta espetacular -

 

Melina ficou sem graça e lisonjeada ao mesmo tempo.

- Iran eu ... - Ela não sabia o que dizer

 

- Eu sei Melina, eu sei que é tudo muito recente e que voce precisa de tempo e espaço, mas eu quero que voce saiba, que quando voce estiver pronta, eu estarei aqui ok ? - Ele disse olhando em seus olhos

- Ok - Foi o que Melina conseguiu dizer

 

- Eu adorei a noite Mel - Ele deu um beijo em seu rosto e saiu

Melina ficou parada esperando ele entrar em seu carro. Leo se despediu de Mayara com mais um beijo e entrou no carro tambem.

 

- Ai meu Deus, que homem lindo, estou apaixonada pelo Leo - Disse Mayara se joagando no sofa quando entraram

- Voce se apaixonada muito facil - Brincou Melina

 

- Mas e ai ? E você e o Iran ? Você sabe que ele esta gamado em você, não é ? - Mayara perguntou

- Ele me disse que quando eu estiver pronta para sair com alguem novamente, que ele esta esperando por mim - Melina disse sem jeito

 

- Irma eu ja te disse isso, mas vou dizer denovo, você é linda, inteligente e decidida, voce tem que viver sua vida... Aproveite as oportunidades Mel - Mayara disse dando um beijo em sua testa

Quando Melina estava se preparando para dormir seu telefone tocou o som de uma mensagem "Quem sera uma horas dessas ? "

 

Tomei a liberdade de pegar seu numero com a sua irmã.
Você estava ainda mais incrivel essa noite. Estou encantado por voce.
Me ligue quando quiser ok ?
Beijos e uma otima noite
Iran 

O coração de Melina disparou... ela gostou da sensação ! "Sera que estou disposta a seguir em frente ? " pensou ela enquanto se deitava.

 

" Acho que estou disposta a pagar pra ver " pensou sorridente.

E pela primeira vez em meses Melina teve um sono tranquilo e sereno, ela até se permitiu sonhar com um certo professor...

Capitulo 4

Melina acordou na manhã de sábado um pouco mais tarde. Deu-se ao luxo de dormir um pouco mais, uma vez que as crianças haviam ido passar o fim de semana com Edgar.  Mal ela abriu os olhos e as palavras de sua irmã voltaram a povoar seu pensamento. Ela sacudiu a cabeça em negação. Não podia realmente estar considerando a hipótese de sair com um colega de trabalho. Mas ele era tão bonito, tão simpático, tão cavalheiro. Porque não?

                Quando chegou à cozinha, Mayara estava preparando o café da manhã para elas e falava ao celular. Quando viu Melina chegando, Mayara levantou os olhos e sorriu.

- Ela acabou de acordar... Vou falar com ela... Mas nós vamos, nem que eu tenha que amarrá-la... Certo, até daqui a pouco então. – ela desligou o telefone.

- Posso saber pra onde eu vou amarrada? – Melina perguntou sem nenhuma animação na voz.

- Sente-se e tome seu café da manhã, enquanto eu te conto.

                Melina já estava ficando irritada. Mas fez o que a irmã pediu e começou a  se servir das coisas que Mayara havia posto na mesa.

- Então Mel, o Leonardo, o carinha de ontem...

- Eu sei quem é Leonardo May, desembucha logo!

- Estou tentando! Se você parar de me interromper. – Mayara olhou com um sorriso debochado para Melina – Então... Ele me ligou e nos convidou para irmos à chácara que os pais dele têm próximo ao Parque Nacional de Itiquira. Ele disse que é pertinho e depois que ele resolvesse as coisa por lá nós podíamos ir à cachoeira. Eu disse que iríamos!

- Você está maluca? – Melina quase gritava – Você nem o conhece, como aceita um convite para irmos para chácara dele? Você perdeu completamente o juízo. Vou ligar pra ele agora e dizer que não vamos que...

- Ei! Eu só aceitei porque o Iran vai. – Mayara deu de ombros – Mas já que somos adolescentes indefesas, eu cancelo.

- O Iran vai? Eu... Ainda assim, eu não acho certo Mayara.

- Pensei bem Melina! Que outra chance você terá de sair com um cara gostoso daqueles, curtir um fim de semana todinho com ele sem a presença das crianças? – Mayara disse tirando a louça e colocando na pia – Será que uma vez na vida você pode apenas curtir o momento e ser um pouquinho menos racional?

                Melina ficou encarando a irmã, que virou e começou a lavar a louça. Um silêncio incomum pairou entre as duas. Melina pensava no que sua irmã havia acabado de dizer. Ainda em silêncio, Melina se levantou e foi até seu quarto, sentou-se na cama e ficou observando as coisas ao redor. Viveu com Edgar ali por tanto tempo que a presença dele estava impregnada no lugar. Pra onde quer que ela olhasse ela o via. Até quando ela viveria saudosa das lembranças dele, enquanto ele se divertia com Luana?

                Seu celular tocou e ela se assustou. Ao olhar para tela, viu que era Edgar.

- Oi. – ela disse quase num sussurro.

- Olá Mel, bom dia! Bruno quer falar com você.

- Tudo bem, passe o telefone para ele. – Ouviu do outro lado da linha Edgar chamando Bruno.

- Oi mamãe!

- Oi meu amor, que saudades! – os olhos de Melina se encheram de lágrimas, mas ela as conteve para que o filho não percebesse – Como está o garotão da mamãe? Se divertindo?

- Também estou com saudades mamãe. Eu te amo! – o menino fez uma pausa. – Eu estou me divertindo um pouco.

- O que houve querido? – Melina ouviu uma risada feminina que ela não conhecia.

- Eu não gosto dela mamãe. Porque ela veio? – na mesma hora Melina soube de quem era aquela risada.

- Querido ela é amiga do papai. Você tem que ser educado meu anjo. Ela te tratou mal?

- Não! Ela disse que quer ser minha amiga, mas eu não quero.

- Você não precisa se não quiser querido, mas tem que ser educado. Tudo bem?

- Tá bem mamãe!

- Agora deixa a mamãe falar com a Anita. Se comporte meu amor. – ouviu do outro lado Bruno chamando Anita.

- Oi mãe.

- Oi princesinha. Tudo bem?

- Tudo bem!

- Está se divertindo?

- Muito! Eu tinha esquecido como aqui na casa do vô e da vó é animado.

- Tudo bem então meu amor, comporte-se.

- Tá bem mãe, tchau!

- Então, está tudo bem Mel...  – era a voz de Edgar novamente – Te ligo mais tarde.

- Adeus Edgar! - ela se limitou a responder. Ela estava chateada! Edgar havia levado os filhos e Luana juntos pra casa dos pais. Provavelmente para apresentá-la a eles.

                Melina desceu a escada correndo e pegou Mayara falando ao celular novamente.

- Eu sinto muito, não vamos mais...

- Nós vamos! – Melina disse da porta da cozinha – Diga a eles para apenas nos darem tempo pra colocar algumas roupas na mala e eles podem passar aqui pra nos pegar.

                Mayara levantou a sobrancelha e abriu um sorriso. Avisou a Leonardo sobre a mudança dos planos e marcou com ele pra daqui à uma hora. Ela foi até o quarto de Melina que agora separava algumas roupas leves e seus produtos pessoais.

- O que a fez mudar de ideia? – Mayara perguntou encostada no batente da porta.

- De verdade? – Melina sorriu – Edgar levou Luana pra conhecer os pais dele. Agora é definitivo! Eu quero mais é viver minha vida e aproveitar.

- Isso mesmo! – Mayara quase gritou – Deixa-me arrumar minhas coisas também. Itiquira, aí vamos nós.

 

                Uma hora depois eles saíam de casa rumo a chácara dos pais de Leonardo. Dessa vez quem dirigia era Leonardo e Mayara foi ao lado dele enquanto Melina foi atrás com Iran. A conversa estava animada e uma música agradável tocava no som do carro. Melina sorria e se divertia como há muito tempo não fazia. Ela mal conseguia acreditar que estava tão bem. Mal viu o tempo passar, e logo chegaram na tal chácara. Era um lugar lindo, bem rodeado de natureza e ar puro. Tudo que Melina precisava pra relaxar!

- Então me diga como um professor tem pais com uma casa como essa?  -Mayara perguntou soltando um assovio quando desciam do carro, estacionado em frente a enorme casa de dois andares.  Seis quartos, duas cozinhas, uma sala enorme. Na lateral da casa havia uma enorme piscina de fibra.

- Ah isso? Bom meu pai tem cinco irmãos. A família era grande e precisava de espaço. Meu avô construiu a casa com suor e sacrifício e meu pai e meus tios reformaram ela depois que herdaram dos meus avós, mas só meu pai toma conta. Meus tios nem ligam pra esse lugar. Um deles não vem aqui a mais de dez anos. A toda semana eu ou meu pai vimos aqui pra ver se a casa está em ordem, já que não temos como pagar um caseiro.  – ele respondeu sorrindo.

- Que desperdício! – Melina falou.

- É mesmo, mas vamos então aproveitar esse lugar lindo! – Iran falou pulando na piscina. Todos riram muito.

                Alguns minutos depois elas já haviam deixado as coisas em um dos quartos e colocado seus biquínis enquanto eles já tinham se jogado na piscina. Melina e Mayara se juntaram a eles.

                Um cooler estava providencialmente ao lado da piscina cheio de latinhas de cerveja. No caminho eles haviam passado no mercado e comprado o suficiente para abastecer a dispensa e a geladeira.

                Mayara não perdeu tempo e já estava em um canto da piscina aos beijos com Leonardo. Iran e Melina se olharam e ficaram um tanto constrangidos.

- Venha – ele a convidou – Vamos dar uma volta e conhecer as redondezas.

                Ela aceitou e o acompanhou. Andaram um pouco olhando toda fauna e flora que ficavam ali próximo. Era tudo tão bonito. Sentaram perto de um córrego que passava próximo a chácara e ficaram conversando.

                Antes do sol se pôr, eles voltaram e foram procurar Leonardo e Mayara. Ele estava na cozinha lavando alguns copos e ela estava tomando banho.

- Então ele quer me levar pra dar uma volta. – Mayara falava de dentro do chuveiro com Melina que estava parada próximo à porta. – Você não se importa, não é mesmo?

- Certo! – Melina não gostava muito da ideia, mas a irmã era maior de idade e dona do seu nariz – Leve o celular.

- Claro! Não seja boba.

                Mayara se arrumou com um shortinho branco e fez um lenço estampado com flores laranja de cinto, uma blusinha amarela e sandálias de couro. Estava linda!

- Se comportem! – Melina disse quando eles entravam no carro e Iran olhava da varanda da casa. Ele ainda ficou um tempo na varanda observando o carro sumir pela estrada de terra.

                Quando Iran entrou, Melina estava sentada no sofá de couro branco da sala, com os pés em cima da mesinha de centro, comendo uns amendoins.

- Então Mel, filme? – Iran perguntou.

- Seria ótimo!

                Eles conversaram mais do que prestaram atenção no filme. Quando o filme acabou eles resolveram tomar uma taça de vinho e acabaram bebendo meia garrafa. Pareciam amigos de longa data.

                Iran disse algo muito divertido e Melina caiu na gargalhada. Quando ela estava parando de sorrir Iran avançou e beijou-a. A princípio Melina estranhou. Há tanto tempo não beijara outro homem que não sabia precisar o que estava sentindo. Mas estava gostando. O beijo dele era calmo, carinhoso. Ele colocou a mão no cabelo dela e puxou-a contra ele cuidadosamente. Melina colocou a mão em seu peito e com carinho o empurrou.

                Ele se afastou dela e a olhou bem nos olhos. Melina se levantou e subiu as escadas em direção ao quarto. Iran colocou a mão na cabeça e passou a mão pelos cabelos. Sua cabeça estava em um turbilhão de emoções. - “Eu deveria ter esperado mais” - Ele pensou. Ele se levantou e foi atrás dela, decidido a se desculpar e dizer que aquilo não se repetiria. Ele a desejava, mas ela era uma boa amiga e ele não queria perder sua amizade.
- Melina... Eu... Abra a porta. – ele disse dando leve batidas com nós dos dedos – Por favor, abra a porta!

                Melina abriu e olhou bem nos olhos dele.

- Eu quero me desculpar. – Iran falou assim que seus olhares se prenderam – Eu não deveria ter...

- Eu não quero suas desculpas Iran. – Melina o interrompeu – Eu quero que você me beije novamente. – E ao dizer isso ela o puxou para dentro do quarto fazendo seus corpos se encostarem.

                Iran não pensou duas vezes e beijou-a com todo seu desejo. Ele envolveu sua cintura com os dois braços enquanto ela colocou as mãos nos cabelos dele e puxou levemente fazendo Iran soltar um leve gemido em sua boca.

                Lentamente eles foram se aproximando da cama e quando estavam próximos o suficiente Iran parou de beijá-la e olhou bem nos olhos de Melina. Ela sorriu e ele voltou ao beijo deitando-a na cama e ficando por cima dela, entre suas pernas. Ele foi descendo o beijo pelo pescoço dela enquanto sua mão puxava sua coxa contra o corpo dele. Com a outra mão Iran alcançou um seio dela e brincou com seu mamilo, fazendo Melina soltar um gemido. Ele tirou o vestido que ela usava e a deixou só de sutiã e calcinha. Levantou-se e tirou o short enquanto ela o admirava. Seu corpo era todo musculoso, na medida certa.   

                Quando se tocaram novamente não tinham mais a calma de antes. Até o beijo agora estava um pouco mais rápido. Lentamente tiraram as roupas íntimas enquanto suas mãos percorriam seus corpos, agora suados. Perdiam-se um no corpo do outro. Quando eles já não aguentavam mais, Iran pegou um pacote de preservativo no bolso da bermuda e colocou-o. Assim que ele o fez, penetrou Melina. Um vai e vem calmo e preciso fazia Melina ir ao extremo toda vez que o membro de Iran a penetrava totalmente. Conforme o prazer dos dois aumentava Iran foi aumentando as estocadas e os dois gemiam num delicioso orgasmo eminente. Iran chegou ao ápice do prazer primeiro e vendo que Melina estava próximo ao dela, ele continuou as estocadas até que ela gozou contraindo as pernas que agora estavam em volta da cintura dele.

                Deitaram um do lado do outro, com a respiração ofegante. Depois que seus peitos se acalmaram, Iran apoiou-se em seu braço e olho Melina. Ela tinha um leve sorriso no rosto, e quando viu que ele levantara o encarou. Ele ficou feliz em não ver nenhum traço de arrependimento nos olhos dela.

                Melina realmente não estava arrependida. Ela estava acostumada com o sexo com Edgar, nem sempre tão bom e se encantou em como foi maravilhoso com outro homem, em uma situação totalmente casual e descomprometida.

                Quando Mayara e Leonardo voltaram, Melina e Iran estavam sentados na sala assistindo TV, comendo pipoca e tomando vinho. Eles se juntaram aos dois e conversaram noite adentro.

                O resto da viagem foi maravilhoso. No dia seguinte eles foram conhecer a cachoeira que foi uma das imagens mais deslumbrantes que Melina já vira. Tomaram banho no riacho. Voltaram pra casa e arrumaram as coisas pra voltarem e por um instante Melina lamentou ter que voltar à vida normal.

                Quando Leonardo e Iran as deixaram na porta de casa no começo de noite do domingo, Iran se despediu dando um beijo casto em Melina, enquanto Mayara e Leonardo davam um beijo digno de cinema.

- Nos vemos amanhã Melina. – Iran disse e ela concordou sorrindo.

                Mal elas haviam desfeito as malas e a campainha tocou. Edgar estava vindo trazer as crianças. Anita e Bruno deram um abraço apertado na mãe. O de Bruno um pouco mais demorado.

- Que saudade meus amores. – Melina disse beijando a face de cada um deles. Edgar apenas olhava a cena.

                As crianças saíram correndo para abraçar a tia e ela os levou para o banho. Edgar e Melina ficaram observando-os subir a escada e quando eles sumiram do campo de visão deles Melina virou-se para Edgar.

- Eles se comportaram direitinho? – Melina perguntou.

- Muito. – ele a encarou e olhou bem nos olhos. – Melina você esta diferente hoje! Eu não sei... Está com um brilho diferente. Está mais...

- Mais o que Edgar?

- Deixa pra lá. Boa noite Mel! – E dizendo isso ele deu as costas e foi embora.
              
                As semanas foram passando e eventualmente Melina e Iran se encontravam pra um passeio a dois. Eles continuavam bons amigos e se permitiam gozar de um pouco mais. O sexo entre eles era cada vez melhor e a amizade crescia cada vez mais.

                Melina sorria feliz ao ouvir Mayara contar como seu namoro com Leonardo estava indo de vento em poupa e o quanto ele era maravilhoso. Ela estava realmente apaixonada.

                Num domingo, Melina chegava do cinema com Iran e Edgar estava parado com os filhos na porta da casa dela.

- Veio mais cedo Edgar! Aconteceu alguma coisa?

- Eu preciso falar com você.

- Mamãe quem é ele? – Bruno perguntou apontando pra Iran.

- É um amigo da mamãe, ele da aula junto comigo. Fomos assistir a um filme. Eu vou te contar o filme todinho, – ela fez carinho no rosto do filho – mas só depois que você tomar banho.

                Bruno entrou correndo e Anita foi logo atrás.

- Iran, nos vemos amanhã. – Melina disse olhando para ele praticamente o expulsando.

- Tudo bem, até amanhã então. – ele deu um beijo no rosto dela e foi embora.

- Então Edgar o que você quer falar comigo? Aconteceu alguma coisa com as crianças?

- Você não vai nem me convidar pra entrar Mel?

                Eles entraram e sentaram no sofá. Edgar recostou e tinha a expressão cansada. Como se não tivesse dormido direito.

- Vai me dizer logo o que você quer ou vai ficar enrolando?

- Eu não sei por onde começar Mel. – ele tinha a voz triste – Sabe quando você deseja do fundo da sua alma poder voltar atrás e consertar algo que você fez? – ele colocou a mão em cima da de Melina – Eu fiz uma burrada quando te deixei Mel, e estou arrependido. – Melina tentou puxar a mão, mas ele segurou – Volta pra mim Mel, eu faço o que você quiser, mas me perdoe. Eu te amo!

Final

Melina não poderia expressar sua surpresa, então simplesmente o encarou, em silencio.

 

- Eu fui tão inconsequente, baby! – Edgar a olhava nos olhos, e Melina não podia negar a sinceridade, o arrependimento e a tristeza nos olhos dele. – Você tinha razão em tudo o que me disse... Eu fui tão cego! Eu não sei explicar! – Ele colocou a cabeça entre as mãos. – Nós éramos felizes... Tão felizes, e eu estraguei tudo!

Melina o ouvia falar o quanto estava decepcionado consigo mesmo, o quanto estava arrependido. Mas não conseguia se concentrar o bastante nas palavras dele, os pensamentos tumultuados deixando-a confusa.

 

Ele queria voltar para casa. Ok. E ela com isso? Como realmente se sentia?

Quando se deu conta ele estava por cima dela, a boca cobrindo a sua em um beijo faminto e desesperado. Entreabriu os lábios para recebê-lo, sentindo o coração falhar uma batida, ao mesmo tempo em que o corpo reconhecia o dele, e se lembrava de todo o amor e paixão que eles viveram durante anos.

 

De alguma forma, ela estava agora deitada no sofá. Com ele por cima dela, intimamente aconchegado entre suas pernas. Melina podia sentir sua ereção contra a parte mais intima de seu corpo, mas algo não estava certo.

- Como senti saudade de você, do seus lábios, do seu corpo... Deus! Como eu amo você, baby. Como eu te quero...

 

Aquelas eram as palavras que ela ansiara ouvir por meses... Até que, por fim, desistira.

Mas agora Edgar estava á sua frente, protagonizando a cena que Melina sonhara por tanto tempo... E ela não sabia o que fazer.

 

Começou por parar os lábios que desciam pelo seu pescoço.

- Edgar... – Mas ele estava concentrado mordiscando o lóbulo de sua orelha, uma carícia que, ele sabia, a excitava. Melina sentiu um estremecimento de prazer pela carinho íntimo. – Edgar, pare! – Ela disse com mais firmeza dessa vez, empurrando-o pelos ombros.

 

Ele a encarou, confuso e magoado.

- Eu preciso tanto de você, Mel. Senti tanta saudade...

 

Melina saiu rapidamente de debaixo dele, indo em direção a grande janela de vidro que permitia ver o bem cuidado jardim. Abraçou a si mesma, como se sentisse frio.

- Eu precisei tanto de você, Edgar! – A voz dela estava carregada de amargura. – Caso não se lembre, permita-me refrescar sua memoria. Certo dia você acordou, e decidiu que um belo par de seios e pernas eram muito mais interessantes do que sua família. Você optou por viver uma aventura, deixando para trás dez anos de casamento. Você escolheu ficar com uma jovem desimpedida, e não com uma esposa, profissional e mãe. – Ela virou-se para ele, encarando-o friamente, e ele podia ver que a mágoa ainda transbordava dela. - Essa foi a sua escolha, Edgar. Não minha. Eu queria você aqui, na nossa casa, conosco. Mas você não quis! Você queria ser livre...

 

- Eu estava tão enganado, amor! Eu sinto tanto...

- Mas você não quis nada do que eu tinha para oferecer, Edgar. – Ela continuou firmemente, como se ele não tivesse interrompido. – Você pegou anos de dedicação, amor, companheirismo, amizade e jogou fora. Você não se importou. Você tinha encontrado o amor, lembra-se? – A ironia na pergunta não podia ser ignorada, mas obviamente Edgar achava que ela realmente queria saber dos acontecimentos.

 

- Eu estive cego por algum tempo, Mel. Bem, Luana... Luana só quer diversão. Eu fui divertido por um tempo para ela. Ela gostava que eu fosse casado e que fosse proibido... – Melina sorriu ironicamente diante disso. Obviamente não fora tão proibido, já que eles haviam se envolvido. – Mas quando sai de casa... Bem, as coisas mudaram. As crianças passavam o final de semana comigo, e eu queria que eles começassem a interagir. Mas ela não quer isso. É muito jovem para estar ás voltas com crianças. – Melina arqueou as sobrancelhas diante disso. Casara-se com Edgar aos vinte e dois anos, e fora mãe aos vinte e cinco. - As crianças não gostavam dela, embora fossem educadas por que você dizia a eles que deviam se comportar assim. Meus pais não gostavam dela. Meus colegas de trabalho começaram a rir de mim pelas costas, e os comentários andavam soltos depois que assumimos nosso caso. Eles me acham um idiota por ter desistido do meu casamento por alguém como ela. Alguns até chegaram a me falar isso... Eu me sentia tão envergonhado! Ver a diferença entre vocês duas, do quanto você é digna, corajosa, inteligente, bonita... Do quanto você me ajudou a alavancar minha carreira durante esses anos...

- Edgar! – Melina o interrompeu, estarrecida. – O que o faz pensar que estou interessada em saber o que aconteceu com você e Luana?

 

- Mel, você sempre será minha melhor amiga!

- Meu Deus, mas você é realmente cego, ou o que? Nós fomos melhores amigos, enquanto éramos casados e você me respeitava! Agora você é o homem que me traiu e abandonou! - Melina suspirou exasperada- Você é simplesmente impossível!

 

- Querida, entendo que esteja magoada... Claro, eu também estaria se fosse o contrário e você estivesse saindo com alguém... – Edgar pareceu lembrar-se de algo, pois seu olhar mudou. – Sobre isso, quem era aquele homem com você lá fora?

Diante disso, o queixo de Melina literalmente caiu.

 

Sem aviso, caiu na gargalhada.

Edgar a olhou feio, mas ela riu ainda mais.

 

- Meu Deus, Edgar! Você acha que tem algum direito de me questionar sobre com quem estou saindo? Não interessa a você!

- Vocês são sérios? – Edgar perguntou, mas parecia temer a resposta.

 

Ela o encarou por um instante, os olhos ainda brilhando com resquícios de lágrimas da crise de riso.

- Quem sabe?

 

Depois que Edgar e Mayara foram embora, Melina colocou as crianças na cama e desceu para a sala. Selecionou uma musica e sentou-se na varanda, uma taça de vinho na mão.

Edgar só concordara em ir embora após tirar dela a promessa de que pensaria no assunto. Mesmo a contra gosto, Melina tinha que confessar para si mesma essa não era uma porta que queria fechar sem antes analisar calmamente.

 

Não podia pensar com toda a mágoa que esse episódio ainda lhe despertava. Eles tinham dois filhos, um casamento de dez anos, e toda uma vida juntos.

As crianças ficariam exultantes se eles voltassem. Sua família estaria completa novamente. Tudo seria como antes.

 

Mas e ela? Tudo seria como antes no que dizia respeito a ela própria?

Poderia perdoa-lo?

 

Não importava que estivesse totalmente disposta a perdoar, apenas alguns meses atrás. As coisas tinham mudado desde então.

Ela tinha descoberto um mundo lá fora. Tinha conhecido pessoas.

 

Melina tinha mudado, e gostava de quem era hoje.

No dia seguinte, Melina estava na sala dos professores quando o porteiro chegou, acompanhando um entregador, com um grande buquê de flores. Ela as recebeu, enquanto os colegas sorriam e comentavam o quanto eram bonitas.

 

Procurou entre os botões, encontrando o cartão.

“Quero você mais do que tudo. Perdoe-me por ter sido um idiota. Dê-me mais uma chance. Volte para mim. Eu a amo!”

 

 

Não estava assinado, e ela não precisava que estivesse. Edgar fora um marido atencioso, e esse tipo de atitude não era raro nele.

 

Levantou o olhar, para deparar com Iran a observando atentamente.

Algumas horas depois Melina caminhava pelo estacionamento, e surpreendeu-se ao ver Iran recostado casualmente em seu carro, esperando-a.

 

- Oi! – Ele beijou sua face, e a ajudou a guardar suas coisas no carro. - Melina, preciso falar com você. – Ele anunciou, quando ela se virou para encara-lo. – Posso esperar você no meu apartamento esta noite?

Ela pensou um pouco. Precisava analisar a proposta de Edgar. Precisava estar sozinha para isso.

 

Mas gostava realmente de Iran e de estar em sua companhia. Viu-se aceitando o convite, e depois se dirigiu para casa.

No horário combinado, ela tocou a campainha da casa dele.

 

Quando ele abriu a porta, ela não pode ficar imune ao grande apelo sexual que emanava dele. Iran vestia calça jeans clara e camiseta gola polo preta, e era o homem mais sexy que ela já vira.

Ela entrou, ele serviu uma taça de vinho para os dois e sentaram-se no sofá.

 

Melina sentia o clima pesado, embora não conseguisse concluir o que era. Geralmente seus encontros eram divertidos e eróticos, e aquele clima tenso a estava deixando nervosa, mas antes que Melina pudesse questionar, Iran quebrou o silencio.

- Melina, hoje estive pensando... Na verdade, desde ontem, quando nos despedimos na frente da sua casa, estive pensando em nós. – Os olhos dele não abandonavam os de Melina, e seu tom era gentil. – Vi o olhar do seu ex ontem, assim como sei que foi ele que lhe enviou aquelas flores. Parece estar acontecendo o que todos sabiam que ia acontecer: Ele ia cair em si e pedir para reatar com você... – Iran calou-se então, e parecia estar procurando as palavras certas para prosseguir. – Mel, eu não sei como dizer isso, então eu posso apenar tentar fazer o meu melhor. Nunca senti algo assim por alguém.

 

“Oh, meu Deus!”, Melina pensou. Ele ia se declarar? Ela não sabia como reagir diante disso.

Ela já tinha que lidar com Edgar e sua recém-decisão de conquista-la. Não conseguiria ter que se preocupar com Iran também.

 

- Iran...

- Por favor – Ele pousou a mão em seu joelho. – Deixe-me terminar, está bem? – Silenciosamente, Melina balançou a cabeça. – Mel, você é linda! Tão linda, sexy e quente que eu não consigo olhar para você sem pensar em sexo. Mas você também é uma companhia sem igual e divertida, e eu me sinto a vontade com você como não me sinto com mais ninguém. Não é segredo para você que eu a desejava silenciosamente desde quando você ainda era casada. Mas era só isso, na época, e eu jamais desrespeitaria seu compromisso, tentando algo com você. Mas depois que você se separou, eu sabia que queria ter você, mas o que era desejo rapidamente se transformou em outra coisa. Você é uma mulher forte e admirável, linda e sensual... Melina, o que eu estou tentando dizer com todas essas voltas é que você se tornou a minha amiga mais querida. Eu confio em você, admiro você, gosto de você... E se não fosse suficiente, desejo você com loucura. Mas não é amor. E é isso. Eu não quero atrapalhar sua vida. Eu sou um espirito livre, ao menos por enquanto. Já fui casado, e gostei da experiência, mas infelizmente acabou, e eu sou feliz como sou. Não consigo imaginar outra mulher com quem eu gostaria de me relacionar do que com você, mas não sei se um dia estarei pronto para isso. Então, diante dos últimos acontecimentos, quero que você saiba que você não deve se preocupar comigo. Se você achar por bem voltar com ele, eu não ficarei com o coração partido...

 

Melina sorriu para ele, aliviada. Eles poderiam estar mais sintonizados? Colocou a taça de vinho sobre a mesa e sentou-se no colo dele, surpreendendo-o ao beijá-lo. As mãos dele foram para sua cintura, apertando suavemente, enquanto as línguas se encontravam.

- Ah, Iran... – Ela sorriu para ele, acariciando seu queixo, sentindo a barba do dia todo começando a despontar. Adorava quando ele estava com a barba cerrada. – Por um momento você me assustou! Pensei que você viria com a grande declaração! – Eles riram juntos, e então Melina continuou. – Bem, você também conquistou mais do que meu corpo. Transformou-se um amigo realmente querido, e fico muito feliz em saber que nossos sentimentos são claros quanto a isso. Ainda não sei o futuro do meu casamento, mas sei de uma coisa...

 

- O que?

- Se eu continuar solteira... – Sorriu sensualmente para ele, descendo a mão pelo abdômen definido.

 

- Não ouse esquecer-se de mim! – Ele ordenou, levantando-a do colo e deitando-a no chão da sala. Tirou a camisa e a beijou possessivamente. Rapidamente estavam nus, e ele esfregou o queixo nos seios dela, e Melina gemeu alto. Iran percorreu seu corpo com a língua, parando em lugares estratégicos para sugar e morder. Melina gritou o nome dele, e o puxou pelo cabelo, trazendo-o para seu beijo, enquanto envolvia seu pênis com a mão e acariciava ferozmente.

Iran gemeu contra seus lábios, e se afastou para alcançar a taça de vinho. Sorriu maliciosamente para ela, enquanto derramava a bebida lentamente pelo seu corpo. Ela estremeceu pela expectativa e pelo contato da bebida fria contra sua pele em chamas. Ele abaixou-se novamente, lambendo demoradamente o liquido do corpo dela, enquanto ela gritava desesperada, o prazer alcançando proporções enlouquecedoras.

 

Ele se afastou um pouco para beijar-lhe os lábios, mas então ela o empurrou, e deitou-se ao seu lado, tomando seu pênis na boca. Melina o abocanhou e sugou, e o ouviu grunhir selvagemente. Olhou para ele, que estava com a cabeça inclinada para trás. Melina acariciou todo os eu cumprimento, e Iran a olhou, os olhos desfocados de prazer, e ela sorriu maliciosamente para ele, e abaixou novamente a cabeça para suga-lo com força.

Rapidamente, Ele a puxou para cima de si, com as pernas abertas, os lábios dele batendo em seu sexo. Ela gemeu contra o pênis dele, e ele teve a mesma reação. E eles continuaram desse jeito, se sugando, lambendo e gemendo, e por fim chegaram juntos ao orgasmo, entre gritos de prazer indefinido e desesperado.

 

 

Era um pouco mais de dez da noite quando Melina chegou em casa.

 

Surpreendeu-se ao encontrar Edgar na sala, bebendo whisky, enquanto a esperava.

- Onde você estava? – Ele lhe perguntou, tão logo entrou.

 

- Como? – Melina levantou as sobrancelhas, estranhando o tom dele.

- Onde você estava, Mel? Vim aqui ver você, mas cheguei e Mayara me informou que estava com as crianças e que você tinha dito que não demoraria...

 

- Ah, Edgar, poupe-me! Se você queria falar comigo devia ter me ligado! Nem sempre estou disponível...

- Antes você não estava ocupada demais para mim! – Ele fez uma expressão magoada, o que só serviu para irritar Melina.

 

- Antes você era digno de admiração e merecia que eu dispensasse meu tempo á você! Agora, não mais! – Ela estava decidida.

Os olhos de Edgar se arregalaram, surpresos e temerosos.

 

- Isso quer dizer...

- Isso quer dizer que é o fim, Edgar! – Melina sentiu como se um peso tivesse sido tirado de seus ombros. Era realmente o fim, e, surpreendentemente, estava satisfeita por chegar a uma conclusão. A esta conclusão. Olhou para ele, sorridente. –Você sempre será o pai das crianças, Edgar, e alguém importante em minha vida. Mas é só. Nós dedicamos anos e anos das nossas vidas um ao outro, e chegou o nosso fim, como um casal. Eu não amo mais você.

 

- Entendo. Você quer se vingar...

- Não! – Ela veio até ele, e tocou seu rosto carinhosamente. – Não é verdade, e você sabe. Eu gosto de você, mas minha vida tomou outra direção, da qual eu gosto. Não tem nada a ver com você, ou com o que aconteceu. Tem a ver comigo...

 

- E com um certo professor... – Era uma mistura de afirmação e pergunta.

- Bem... Acredito que você já tenha percebido que estamos nos encontrando. Não é nada sério. Nós somos amigos, e isso é mais importante que qualquer coisa. Mas sim, nós fazemos sexo. - Ela deu de ombros, despreocupadamente. - Pode durar, ou não.

 

Edgar a encarou em silencio. Ele parecia não acreditar que estava escutando isso dela. Edgar fora seu primeiro namorado, ainda aos dezessete anos, e com ele Melina se casara, aos vinte e dois.

Agora, aos trinta e dois, ela estava conhecendo outro homem, e isso claramente o incomodava.

 

Mas ele teria que se conformar.

Assim que Edgar saiu, Mayara desceu as escadas, a expressão ansiosa.

 

- E ai? – Ela perguntou, se aproximando da irmã.

- Ele foi embora. Não vai rolar. – Melina declarou simplesmente, servindo duas taças de vinho. Um sorriso veio em seus lábios ao lembrar-se da brincadeira de mais cedo com Iran.

 

- E você, como está? – Mayara a estudava, buscando sinais de tristeza, mas Melina apenas sorriu mais largamente para ela, enquanto batia sua taça na da irmã.

- Feliz!

bottom of page