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Sem Limites para o Amor

Capitulo 1



Eu sempre fui gordinha, minha vida inteira, eu nunca fui considerada dentro dos padrões de beleza. Por toda a minha vida eu ouvi comentários sobre como eu estava fora de forma ou como eu nunca conseguiria um namorado. E hoje, com 19 anos eu posso dizer: Eles tinham razão. Não que eu nunca tenha ficado com um cara antes, eu ja fiquei com três, e perdi minha virgindade com o Renato, meu melhor amigo. Eu desconfio que ele fez isso por que estavamos bêbados no dia do baile da escola no terceiro ano. Ele jura que não, mas isso nao importa, foi um tremendo desastre mesmo, resolvemos ficar somente na amizade desde entao. Mas desde entao eu nunca mais fiquei com ninguem.

Minha vida na escola não foi nada fácil, diariamente eu recebia xingamentos e humilhações das outras meninas, os meninos me desprezavam e o aparelho que e usava nos dentes só ajudava a afasta-los. Eu tentei contar para a minha mãe diversas vezes, mas minha mãe na maioria das vezes estava muito ocupada com as suas aulas de Pilates. Grande ironia, uma professora de yoga e pilates ter uma filha gorda. Seria cômico se nao fosse trágico. Eu tenho uma irma linda e magra que è uma super amiga, ela è tres anos mais nova que eu e è a minha maior confidente. E è dela que eu sinto mais falta, quando eu resolvi sair de casa para ir morar na republica da faculdade eu sofri muito em deixar a Beatriz sozinha em casa com a minha mãe ausente. Meu pai è um professor de filosofia renomado e saiu de casa ha dois anos, eu não o culpo, minha mãe nao è facil. E meu pai è um dos meu melhores amigos, e me incentivou muito a entrar na faculdade, eu sempre fui estudiosa e consegui uma bolsa de estudos integral, eu estou matriculada no curso de medicina, e estou adorando cada segundo.

Na faculdade eu nao sofro mais com humilhações, agora eu sou a " gordinha invisivel " e eu ja nao me incomodo mais com isso, claro que ainda tem algumas meninas que me olham com cara de nojo, como que se o fato de eu ser mais cheinha fosse alguma doença. Eu fiz algumas amizades e a Juliana è a minha companheira de republica e umas das minhas amigas, ok, fora o Renato e minha irma Beatriz ela è a unica amiga que eu tenho.

Minha maior humilhação aconteceu quando eu tinha 14 anos, foi em uma festa na casa de uma menina da minha sala, eu nao queria ir, mas o Renato insistiu muito, disse que eu precisava sair e conhecer as pessoas, acabei aceitando e essa foi a pior decisão da minha vida. Chegando na festa ja percebi os olhares maldosos das pessoas, quando eu passava eu percebia as pessoas cochichando a meu respeito. Eu já estava quase indo embora quando o Daniel, o menino mais lindo e popular da escola me chamou para dançar, eu fiquei receosa no começo mais aceitei e me deixei levar, eu estava muito feliz, nunca ninguem havia me chamado para dançar e logo o capitão do time de futebol da escola havia me escolhido. Estavamos dançando uma musica lenta, ele estava olhando diretamente em meus olhos, aquilo não poderia ser mais perfeito, eu não estava mais preocupada em quem estava nos olhando, eu só pensava em como o Daniel era bonito e em como eu era sortuda so por estar dançando com ele. Em um determinado momento, Daniel me debruçou em seus braços tal como nos filmes românticos, quando o mocinho beija a mocinha num momento de amor, só que no meio caso foi bem diferente, eu ja havia fechado os olhos esperando meu momento mágico acontecer, seria o meu primeiro beijo, porem Daniel soltou os braços e eu cai de costas no chao. Eu não estava entendendo nada, só ouvia as outras pessoas rindo, quando eu abri os olhos pude ver o Daniel rindo da minha cara juntos com os seus amigos do time.

- Qual é Letty balofa ? Você achou mesmo que eu ia te beijar ? - Ele disse rindo de mim

Eu não sabia o que dizer, a vergonha da humilhação me deixou sem fala

- Eu te soltei por que não aguentava mais te segurar, você deve pesar umas duas toneladas - Ele agora falava alto e a festa inteira começou a gritar

- Letty balofa , Letty balofa , Letty balofa - Varias vozes gritando pra mim

Nem percebi o momento em que o Renato me pegou do chão e me levou embora, desde aquele dia eu não fui mais a festas da escola. Eu já sofria humilhações demais na escola, não precisava ser mais humilhada ainda nas festas, a última festa no colegial que eu fui, foi no baile de formatura, e ainda fui obrigada pela minha mãe. A minha sorte é que os outros estudantes estavam ocupados demais bebendo e dançando pra reparar em mim. Fiquei em um canto a festa inteira.

Mas depois que me mudei para a república e conheci a Juliana as coisas mudaram, eu começei a sair mais, eu agora ia ao shopping, cinema e as vezes me arriscava ir pra balada com ela, mas toda vez eu voltava triste, sempre havia um cara idiota me zuando ou algumas meninas zombando de mim. Entao eu normalmente preferia ficar em casa vendo filmes. Juliana sempre me defendia, era uma amiga leal, ela sempre foi sincera e direta e eu gostava de pessoas assim. Eu a conheço a dois anos, mas parece bem mais, a nossa afinidade foi imediata. Nós estudamos na mesma faculdade, mas ela cursa Advocacia, e graças a Deus que os nossos horarios de intervalo são iguais, odiaria ficar sozinha.


Em uma manha, no intervalo entre as aulas, eu e a Ju estavamos tomando o nosso lanche e conversando sobre um trabalho que eu estava fazendo, quando Juliana parou o seu sanduiche no ar, eu fiquei olhando curiosa pra ela e imaginei o motivo de deixar a minha amiga nesse estado.


- O que foi amiga ? - perguntei curiosa


- Acabei de ver o cara mais gato da faculdade - respondeu ela soltando o folego


- Ah , voce sempre diz isso - eu disse rindo


- Não amiga dessa vez eu falo serio, olha ali, aquele cara de blusa azul - Ela me disse apontando com o queixo


Quando olhei aquele cara eu pude concordar com ela, ele era lindo, loiro, com a barba rala, com olhos verdes intensos e cabelos bem curtinhos, o corpo atlético estava evidente em sua blusa apertada. Ele era de tirar o folego.


- Realmente .... lindo - eu disse pra ela - Porém inacessivel - eu completei


- Ah para com isso Leticia, você tem que se valorizar mais, você sabe que è linda - Juliana disse


- Amiga, nem vem com esse discurso " você è linda, simpatica, legal " , você sabe que não è isso que os caras querem .- eu disse emburrada, nós ja tivemos essa conversa antes. Juliana queria de qualquer modo arrumar um namorado pra mim

- ok , ok eu paro - ela disse com uma voz derrotada


- Agora eu vou para a minha aula, nos vemos na saida ok? - eu disse me despedindo


Cheguei em minha sala e ja fui me sentando eu sempre me sentei no fundo, não gostava de ficar exposta as perguntas dos professores. Eu estava de cabeça baixa fazendo um trabalho enquanto a aula não começava.


- Oi - Disse uma voz grave


Eu não levantei a cabeça, provavelmente não era comigo


- Ei, eu estou falando com você - Agora a voz estava mais leve, parecia ter humor nela.


Eu levantei a cabeça e vi o cara lindo da hora do intervalo. E ele esta falando comigo ? Nao pode ser ....


- Eu sou o Lucas, vim transferido de outra turma, vou cursar essa matéria com voce - Ele disse agora mostrando um sorriso lindo. Deus isso è um castigo? Colocar esse cara tao lindo na minha sala, chega a ser cruel.

- Eu sou a Leticia, prazer, seja bem vindo Lucas - Eu disse sem graça, eu tinha certeza que estava corada.


- O prazer é todo, todo meu Leticia - Ele se sentou e deu uma piscadinha pra mim.

Sò pode ser brincadeira .....

Capitulo 2

Continuei lá fazendo meu trabalho. Dava pra ver que ele de vez enquanto ficava me olhando e assim foi durante toda a aula, quando o professor de anatomia geral chegou, tivemos que ir para o laboratório. Vesti rapidamente o meu jaleco e saí da sala evitando passar perto dele, mas parecia que ele estava mesmo a fim de puxar assunto comigo, pois logo depois me alcançou no corredor.

 

– Oi outra vez! – disse ele sorrindo ao me alcançar.

– Oi!– o que será que ele quer? – pensei.

 

– Posso te acompanhar? É que eu estou meio perdido ainda, sabe.

– Tudo bem! – disse, apertando os livros contra o corpo, por que você não vai procurar outra pessoa pra te ensinar os caminhos? – pensei em perguntar.

 

– Quer que eu leve esses livros? Parecem pesados pra você.

– Não precisa se preocupar levo eles todos os dias sem ajuda de ninguém.

 

– Tudo bem então! – disse ele levantando as mão para o alto em sinal de rendição – Sabe me dizer onde fica a biblioteca?

– Fica logo ali na frente. Não vai assistir aula no laboratório? – perguntei. Minha curiosidade sempre me matou, eu não tinha nada que prolongar o assunto!

 

– Até tenho que ir, mas não sabia se iria precisar trazer o jaleco hoje. – respondeu.

– Como assim não sabia? Você não olhou sua grade curricular não? De onde você vem não tinha que usar todos os dias? – Perguntei incrédula

 

– Há até tinha, mas eu sempre esquecia os meus e lá tinha quem me emprestasse. Por um acaso você não teria um a mais aí com você?

– Tenho, mas não vou emprestar. – disse mas ríspida do que pretendia.

 

– Desculpa então! Mas posso saber o motivo?

– Motivo de quê? – Perguntei, já estava ficando exasperada com esse garoto. Ele pergunta demais!

 

– Por que não vai emprestar o jaleco? – disse ele pegando os livros de mim contra minha vontade

– Porque provavelmente terei que emprestar a outra pessoa. – respondi pegando os livros de volta e entrando no elevador. Ele entrou no elevador junto comigo, e ficou bem atrás de mim. Como estava muito cheio ele teve que ficar bem próximo. Senti meu rosto ficar vermelho quando vi pelo espelho que ele olhava meu corpo sem nem tentar disfarçar! Que atrevido! Pensei. Era só o que me faltava... Sai do elevador rapidamente, mas ele parecia realmente disposto a me perseguir.

 

– Você tem certeza que não pode me emprestar um? Eu espero você ir ver se a pessoa veio e se ela não tiver...

– Olha Lucas, Lucas não é? – Falei interrompendo-o - Eu não vou te emprestar o jaleco porque não quero ok? Eu tenho dois pra reserva caso aconteça algo com o meu. Eu não sei o que você quer, nem porque esta conversando comigo, mas vai procurar a Lindsey – apontei com o queixo para menina mais metida da escola - ela vai adorar fazer amizade com você, aproveita e pede o jaleco a ela. É aquela de rosa! Agora se me der licença, eu tenho que assistir aula. – me virei e entrei no laboratório. Desta vez ele não me seguiu, também nem poderia. Que cara mais chato! Só podia ser um mauricinho qualquer, desses que tem tudo o que quer num piscar de olhos pra nunca precisar levar um jaleco cursando medicina. Conheço bem esse tipo! E quero é distância!

 

Provavelmente ele não conseguiu o jaleco, pois não o vi durante as aulas práticas no laboratório, e nem no restante do dia. Não sabia se me sentia aliviada ou não, ele era chato, mas pelo menos parecia interessado em conversar comigo. Ah Letícia! A quem você quer enganar? É só o primeiro dia do rapaz logo ele arruma uma turma pra ele e nem lembra mais que eu existo! Pensei amargurada enquanto esperava Juliana. Uns cinco minutinhos depois ela apareceu.

– Oi Flor! E aí como foi o dia? – Perguntou ao chegar e me dar um abraço.

 

– Normal! Aquele carinha que você viu mais cedo, lembra? Ta na minha turma em algumas matérias, ele passou o dia querendo puxar assunto pro meu lado. – falei despreocupadamente enquanto comíamos uma pippo’s a caminho de casa.

– O QUÊ??!!! – Disse Juliana quase se engasgando com o refrigerante que estava tomando – Sério Letícia?! E aí vocês conversaram o que?

 

– Nada ora essa, ele me pareceu um tremendo de um chato!

– Chato?! Eu lá iria querer saber se ele é chato ou não, você percebeu aqueles olhos? Aquela boca? Você ainda diz que ele é chato! – Argumentou Juliana exasperadamente.

 

– Ai! Juliana, lógico que eu vi, mas de que adianta ele ser lindo e maravilhoso se ele for um completo imbecil?

Juliana ainda tentou por algum tempo me persuadir, fazer com que eu o visse com outros olhos, mas esse tipo de garoto eu já conhecia muito bem. Ele faz parte daquela turma que sempre riu da minha cara.

 

Ela queria o que? Que eu caísse de amores por um cara de provavelmente amanhã já estaria na turma dos que me ignoram? Não tem pra que fantasiar coisas impossíveis! Se eu seguisse todos os conselhos de Juliana eu já estaria louca de tanta decepção – pensei com amargura – Demos o assunto por encerrado.

Chegamos em casa, Juliana foi direto pro banho, enquanto eu fui preparar algo para nosso almoço ao som de Fly Away From Here. Não conseguia parar de pensar no carinha da faculdade, mas melhor nem comentar nada com a Juliana se não ela nunca mais iria me deixar em paz.

 

O restante do dia seguiu normalmente. Juliana saiu e eu fiquei em casa estudando. Adormeci entre os livros, acordei às três da manhã quando a Juliana voltou de onde ela tinha ido, visivelmente alterada, lá fui eu me levantar e forçar ela a tomar um banho. Depois do banho e já deitada na cama começou a parte que eu mais detestava: a conversa de bêbado!

– Lê sabe quem eu vi na festa amiga? – Perguntou ela com a voz embargada.

 

– Não faço ideia, mas vamos tentar falar sobre isso amanhã está bem? Já esta tarde! – respondi tentando fazê-la deitar na cama pra dormir.

– Eiii espera, deixe-me falar! – disse ela insistindo em não se deitar – Eu vi o carinha do intervalo, sabia que ele falou de você? – disse ela finalmente prendendo minha atenção.

 

– Como? – Eu sei que não devia dar ouvidos à conversa de bêbado, mas esta era interessante se fosse verdade. – Você está delirando Jú! Vamos se deite pra dormir.

– É serio amiga! Ele disse que tinha conhecido uma mocinha na sala dele muito linda, aí eu fiquei prestando atenção. Então ele disse quem era e o pessoal começou a rir! Bando de imbecis! Aí eu te defendi amiga! – disse ela me abraçando.

 

– Me defendeu? Como assim? O que foi que você disse? – Perguntei preocupada.

– Eu disse “Ei seus idiotas deixem de rir da minha amiga! Ela é uma pessoa mil vezes melhor que vocês todos juntos seus porcos preconceituosos!” aí o carinha, Lucas, me ajudou a sair de lá sabe? E ele veio me deixar em casa agorinha mesmo, eu até perguntei se ele não queria que eu te chamasse pra vocês darem um oi, mas ele disse que há essa hora você já deveria estar dormindo e não queria te acordar. Mandou eu te mandar um beijo! – dito isso ela se enganchou no meu pescoço e me deu um beijo no rosto. – Eu sei que ele não te daria um beijo no rosto, mas eu também não posso te beijar na boca né amiga! Ele é tãããão fofo Lê! – falou ela com uma voz arrastada. – Não sei por que você o achou tão chato! – ao falar isso se deitou e adormeceu, fiquei olhando atônita pra minha amiga, até que a cobri, apaguei as luzes e fui me deitar com as palavras dela rodopiando em minha mente.

 

No dia seguinte Juliana acordou com uma resaca tremenda e não foi à aula. Só ela para encher a cara no meio da semana. Ainda bem que sabia estudar se não já tinha reprovado há muito tempo. Estava a caminho da faculdade quando reparei que estava me perguntando se iria vê-lo outra vez. Provavelmente sim! Teríamos aula de anatomia geral novamente, aí percebi, tínhamos essa aula praticamente todos os dias, se ele só ia pagar essa matéria, eu só não o veria na quinta feira! Fui para aula que era melhor que eu fazia.

Minhas dúvidas foram tiradas assim que coloquei o pé dentro da sala. Esbarrei em Lucas e acabei caindo no chão, todos os meus livros se espalharam e eu vi com horror que uns dos imbecis da minha sala estavam rindo. Com o rosto em chamas me prontifiquei a apanhar os livros, fazendo que não estivesse ouvindo o deboche deles.

 

– O que foi isso cara? Você sentiu? – Perguntou um idiota que era todo metido só por que era o líder da turma, Ewerton.

– Acho que foi um terremoto cara! – respondeu outro imbecil que nunca me preocupei em saber o nome.

 

Era ótimo, porque estavam voltando a mexer comigo? Sempre passei despercebida por esses idiotas porque começariam agora com as chacotas? Apanhava meus livros apressadamente, assim como Lucas que fazia de tudo pra me ajudar e pedir desculpas pelo que havia causado.

– Letícia, pelo amor de Deus me perdoe! Eu não te vi entrando eu jur...

 

– Ouviram isso? O cara é cego só pode ser! – disse Everton interrompendo Lucas, falando alto pra toda a turma ouvir e fazendo com que todos viessem à porta para olhar a cena. Ótimo! Platéia! Era tudo o que eu precisava! Estão apreciando a cena da gordinha desastrada? Pensei, enquanto Everton fazia mais piadas sobre mim.

Tamanha foi minha surpresa quando vi um Lucas com a cara muito enfurecida e os punhos cerrados partir pra cima do Ewerton e acerta-lhe um soco no meio da cara.

 

– Quantos anos você tem seu imbecil? Por um acaso acha que esta no primário? Só pode, pra ficar fazendo piadinhas assim da garota! E vocês? – falou ele dirigindo-se a turma – Deviam ter vergonha na cara, como vocês chegaram ate a faculdade com doze anos de idade? Vamos Letícia, – disse ao pegar meus livros pra si – o professor já disse que éramos pra ir até o laboratório e hoje eu trouxe o meu jaleco. – disse ele virando as costas pra turma que tentava acudir o Ewerton que pelo que pude percebi quebrou o nariz. Bem feito! Pensei.

Acompanhei Lucas em silencio ate metade do caminho, quando ele finalmente perguntou:

 

– Você está bem? Se machucou na queda? Sente dor em alguma parte do corpo?

– Estou bem obrigada! – respondi por fim – E obrigada por me defender, eu não sei o que houve! Geralmente eles não reparam na minha existência. Não sei por que de uma hora pra outra me notaram. E você não se machucou ao acertar o nariz do Ewerton?

 

– Não! Não estou bem também. E creio que a culpa seja minha. – disse ele abaixando o tom de voz ao dizer estas palavras.

– Como? Não entendi?

 

– Foi algo que aconteceu ontem... Não se preocupe nada demais, mas acho que colocou você sobre a luz dos holofotes. – ele suspirou – Como eu disse não se preocupe, de verdade, acho que depois dessa ninguém vai mais te incomodar.

Eu sabia do que ele estava falando, mas fingi não saber. Do jeito que a Juliana estava bêbada, ela podia muito bem ter esquecido esse detalhe. Não sei se ele contava que eu soubesse ou não, mas fingi não ter conhecimento do seu comentário sobre mim. Às vezes eu ate achava que aquilo tudo era uma grande piada que estavam armando pra mim, tal como já vi em alguns filmes que o carinha finge que gost...

 

– Ei? – chamou ele interrompendo meus pensamentos – Vista seu jaleco para que possamos entrar no laboratório, quero pegar uma bancada livre só pra gente.

– Ok! – respondi atônita diante ao que via – Nossa como ele ficava lindo de jaleco! – pensei.

 

Vesti-me e entramos no laboratório, tal qual ele falou. Havia uma bancada vazia no final do laboratório. Nos acomodamos lá, e mesmo depois que toda a turma chegou ninguém veio ficar junto de nós dois. Podia perceber os olhares que a turma lançava para nos dois, mas nem prestei tanta atenção, assim como quase não prestei atenção na aula. Tinha um loiro de olhos muito verdes, com o sorriso mais lindo do mundo, de jaleco branco bem ao meu lado tirando completamente minha concentração.

Capitulo 3

Sacudi a cabeça me obrigando a voltar à realidade. Tudo bem! Talvez ele fosse um cara legal, mas era só isso e ponto. Eu não me permitiria enganar.

 

Assistimos à aula por longos cinqüenta minutos. Eu totalmente dispersa. Os demais alunos não fizeram mais piadinhas, mas pude perceber os olhares das meninas. Era um olhar de reprovação e mais alguma coisa que eu não consegui identificar. Quando a aula terminou, eu tratei de recolher minhas coisas e sair apressadamente. Ouvi Lucas me chamando, mas fingi não ouvir. Olhei pra trás pra ver se ele não estava ao meu encalço e vi Lindsay parada na frente dele jogando seu longo cabelo loiro enquanto dava seu sorriso “estou disponível” enquanto Lucas espiava o pescoço na minha direção.

Fui direto pra casa, não assisti às demais aulas. Eu estava abalada demais e precisava colocar as idéias no lugar.

 

Quando cheguei Juliana ainda dormia. Fui direto tomar um banho pra tentar relaxar, quando saí Juliana já tinha acordado.

- Oi! – ela disse franzindo a testa – Em casa essa hora?

 

- Não quis assistir as ultimas aulas.

- Você não quis assistir as ultimas aulas? – Juliana perguntou incrédula.

 

- Ah deixa prá lá. – Eu disse e caminhei em direção ao meu quarto.

- Deixa pra lá não senhora, pode vindo aqui e me contando o que aconteceu que fez você desistir de assistir as aulas.

 

Eu sabia que Juliana não ia desistir, então contei pra ela tudo que aconteceu. Ela ficou em silencio na maior parte do tempo e só balançava a cabeça positivamente. Quando eu terminei, ela ficou me olhando em silencio.

- Que foi?

 

- Ele gosta de você. – ela falou seria – Sabe disso não é?

- Não seja ridícula Ju. O que um cara como ele ia querer com alguém como eu? Deve ser alguma piada de mau gosto.

 

- Não seja ridícula você. Você é linda, inteligente...

- Gorda!

 

- Ei, desde quando você liga pro que os outros pensam?

- Não ligo, mas isso não muda a realidade.

 

- E quem disse que uma pessoa como você não pode ser amada por um cara como ele?

- Dezenove anos de vida! – eu respondi com a voz ríspida. Ok, eu realmente aprendi a não me importar com que as pessoas pensam a respeito do meu peso, mas a realidade era essa. Esse tipo de cara gostava de desfilar por ai com garotas lindas, gostosas e a maioria de cabeça vazia.

 

- Eu não concordo com você!

- Tudo bem Ju, você tem o direito de não concordar, mas agora me deixe estudar que a aula do laboratório hoje foi um fiasco e eu preciso revisar pelo menos na teoria.

 

- Tudo bem, mas essa conversa ainda não terminou.

Juliana saiu do meu quarto jogando um beijinho pra mim e eu retribuí com um sorriso simpático. Se eu bem a conhecia, realmente esse assunto ainda não estava encerrado, mas eu com certeza fugiria dele sempre que pudesse.

 

Já estava escurecendo quando Ju voltou ao meu quarto. Eu agora estava navegando na internet, mexendo no meu Facebook.

- Ei, chega de estudar. – ela parou do meu lado. Estava arrumada com um short jeans preto, uma blusa frente única branca, os cabelos soltos e sandália anabela. – Vamos ao shopping comigo.

 

- É dia de semana. – eu respondi sem nenhum entusiasmo.

- E daí? É aqui pertinho. – ela disse mexendo no meu guarda roupa – Eu tenho que comprar um tênis de academia e depois podemos assistir a um filminho. – ela olhou séria pra mim – Nem adianta dizer não. Levanta essa bunda daí e vamos.

 

Ela pegou uma bermuda jeans, uma blusa preta e minha sapatilha de oncinha no meu armário e jogou pra que eu vestisse. Saímos vinte minutos depois.

Escolhemos o filme e teríamos que esperar cinqüenta minutos pro filme começar. Enquanto esperávamos o filme começar, fomos tomar um Milk Shake de ovomaltine. Eu fiz os pedidos e aguardamos a atendente preparar os shakes. Ela nos entregou e quando viramos demos de cara com a Lindsay e mais duas meninas da turminha dela, a Clara e a Beatrice, paradas atrás de nós.

 

- Você sabe quantas calorias tem um Milk shake desses? – Lindsay falou num tom debochado enquanto as amigas caiam na gargalhada.

- Você sabia que ninguém te perguntou nada? – Juliana respondeu.

 

- Nem se de ao trabalho Ju, vamos! – eu disse puxando o braço de Juliana em direção ao cinema.

- Letícia espere! – Lindsay falou deixando as amigas pra trás e parando na minha frente. – Eu preciso falar com você. – ela olhou pra Juliana – Em particular.

 

- Eu não vou deixar você sozinha com ela Letícia! – Juliana disse olhando pra mim.

- Não seja boba. O que ela pode fazer? – eu respondi – Me encontre na entrada do cinema.

 

Lindsay deu uma risadinha debochada e eu olhei pra ela bem séria e na hora ela parou de rir. Esperou até que Juliana se afastasse o suficiente, o que ela fez lentamente, para começar a falar.

- Fale logo o que você quer! Tenho hora pro cinema. – eu disse impaciente.

 

- O que eu vou dizer é rápido. - ela olhou bem séria nos meus olhos - Fique longe do Lucas!

- Como é? Você ficou maluca?

 

- Estou falando sério Letícia, ele não é pra você.

- Você bateu a cabeça? Acha mesmo que eu me importo com o que você quer ou pensa?

 

- Se você não se afastar dele, vai se arrepender – eu virei às costas e sai andando ignorando ela completamente – Vou fazer você se arrepender Letícia!

Eu continuei andando, furiosa, mas fingindo não me importar. Quando cheguei perto de Juliana ela veio ao meu encontro com o olhar interrogativo.

 

- O que aquela vaca queria?

- Acredita que ela veio dizer pra que eu fique longe do Lucas, senão ela vai fazer eu me arrepender?

 

- Hum, então ela também já percebeu.

- Percebeu o que Juliana?

 

- Que ele gosta de você.

- Ah não me venha com essa conversa agora. – eu olhei pra ela com um olhar serio – Vamos assistir ao filme e vamos pra casa.

 

Eu mal consegui prestar atenção no filme de tanta raiva que eu estava sentindo. Como a Lindsay teve a petulância de me parar para me mandar ficar longe do Lucas? Agora mesmo que eu sentia mais vontade de me aproximar. “Ela ia ver só uma coisa”.

No dia seguinte cheguei cedo à faculdade e sentei no meu lugar de sempre, bem ao fundo da sala. Poucos alunos haviam chegado e eu estava perdida na leitura de um livro quando percebi que duas pessoas me olhavam. Levantei a cabeça pra ver quem era e Lindsay e Lucas conversavam na porta da sala. Ele estava sorrindo pra mim e quando olhei pra Lindsay ela também sorria. A principio, pensei em levantar o dedo do meio pra ela, mas colocando em pratica minha idéia de mostrar a ela o quanto eu ia fazer o que ela mandou, retribui o sorriso. Não demorou muito pra Lucas vir sentar ao meu lado e puxar assunto.

Quando a aula terminou fomos pro laboratório e ele me acompanhou. Não só naquele dia, mas nos dias seguintes também. Praticamente nos tornamos parceiros de laboratório. E a Lindsay manteve distancia, mas vez ou outra estava pelos cantos conversando com Lucas. Aquilo estava me deixando irritada.

 

Juliana cismava em insistir que ele gostava de mim. E eu continuava a negar e explicava a ela que só deixei ele se aproximar pra mostrar a Lindsay que ela não ia interferir em com quem eu andava ou conversava.

Naquele dia Juliana chegou ao refeitório toda animada.

 

- Já está sabendo da festa que vai ter no sitio daquele menino lindo do curso de gastronomia?

- Nem me venha com idéias Ju, eu não vou.

 

- Poxa é uma pena, porque eu vim convidar você pra ir comigo. – Lucas apareceu por trás de mim colocando a mão no meu ombro e dando um leve aperto.

- Eu não vou a festas. – eu disse a ele, mas sem tirar os olhos de Juliana. Ela literalmente o babava. Revirei os olhos pra ela.

 

- Então acho que também não vou. – ele respondeu sentando-se do meu lado.

- Ah você dois podiam ir ao cinema então. A Letícia adora filme de ação! – Juliana disse toda sorridente e eu fiz cara feia pra ela.

 

- Cinema pra mim ta ótimo! - Lucas respondeu animado.

- Não posso, sexta feira eu tenho um trabalho pra fazer.

 

- Não tem não! – Ju disse sorrindo. – E se tiver também você pode fazer no sábado.

- Que horas eu pego você? – Lucas me perguntou.

 

- Às sete está ótimo! – Juliana respondeu por mim e eu apenas concordei.

O tempo parece ter conspirado a favor de Lucas. A sexta feira chegou num piscar de olhos e apesar de eu ter passado os dias, muito próxima a ele, eu estava nervosa, como há muitos anos não me sentia.

Coloquei um vestido preto com decote quadrado, apertado até abaixo do busto e larguinho no resto. Minha sapatilha de sempre e deixei os cabelos soltos. Juliana me maquiou porque eu simplesmente não fazia aquilo. Lápis, rímel, sombra, blush, batom. Isso era coisa dela. Mal me reconheci no espelho quando ela terminou. Eu estava realmente linda. Parecia essas modelos plus size que a gente fica olhando nas capas das revistas e pensando “Porque eu não podia ser gordinha como ela?”

 

Quando Lucas chegou, ele estava com uma blusa de malha preta justa nos músculos, uma calça cargo preta e tênis. Estava muito lindo e cheiroso. Ele me deu um longo beijo na bochecha quando me viu.

- Você esta linda! – ele disse quando se afastou – Alias, mais linda!

 

- Obrigada, você também está muito bonito.

Fomos no carro dele para o cinema. Antes de o filme começar ele comprou dois combos de pipoca. Durante o filme ele segurou minha mão o tempo todo. Eu estava nervosa, mas estava adorando. Eu nunca havia me sentindo daquele jeito. Quando o filme terminou tomamos um sorvete e ele me levou pra casa.

 

Ao me deixar na porta de casa, eu virei o rosto pra ele me dar um beijo na bochecha, mas ele me puxou contra ele e me beijou na boca. A principio eu não retribui, então ele mordeu meu lábio e quando minha boca abriu um pouco sua língua invadiu e eu derreti em seus braços. Nossas línguas travando uma deliciosa batalha.

Nossas bocas não desgrudaram e quando eu percebi já estávamos na sala. Ele sentou no sofá e me sentou por cima dele. Segurou meu cabelo por trás e deu um leve puxão enquanto sua boca explorava todo meu pescoço. Enquanto me beijava Lucas abriu o zíper do meu vestido e tirou jogando-o no chão da sala. Depois desabotoou meu sutiã e brincou com os bicos dos meus seios.

 

Eu estava completamente entregue a ele. Cada toque dele no meu corpo acendia uma terminação nervosa que ligava diretamente com o fundo do meu sexo, deixando-a completamente úmida. Eu arranquei a camisa dele e nossas bocas se encontraram novamente. Lucas se levantou comigo e ficamos em pé, um de frente pro outro. Ele abaixou sua calça e cueca de uma vez só e seu membro já estava totalmente ereto, chegando próximo ao umbigo.

Eu fiquei olhando admirada. Ele estava em plena forma. Lucas abaixou lentamente minha calcinha e levantou uma de minhas pernas colocando-a dobrada em cima do sofá. Eu fiquei completamente exposta e ele começou a beijar o interior das minhas coxas até que chegou ao meu sexo e brincou com sua língua em meu clitóris. Depois ele enfiou dois dedos na minha entrada e enquanto sua língua dançava deus dedos faziam um vai e vem em ritmo duro.

 

Eu gozei como nunca. Minhas pernas ficaram bambas e minha respiração ofegante, mas Lucas não deu trégua. Ficou rapidamente de pé e me abaixou agora colocando-me de joelhos em frente a ele. Segurou meu cabelo por trás e colocou seu membro dentro da minha boca. Eu não conseguia chegar à base de seu pau, então coloquei uma das mãos no começo suguei tudo que eu consegui. Lucas forçava minha cabeça com a velocidade que ele queria. Senti seu liquido bater na minha garganta enquanto ele jogava sua cabeça pra trás. E me levantava carinhosamente.

Quando eu o encarei seus olhos ardiam e ele me puxou novamente para um delicioso beijo. Enquanto nos beijávamos ele acariciava todas as partes do meu copo com uma das mãos e com a outra prendia minha nuca. Senti seu membro enrijecer novamente.

 

De repente ele parou de me beijar e me virou de costas me colocando de joelhos em no assento do sofá enquanto meus braços ficavam apoiados nas costas do móvel. Ele me penetrou por trás sem dar tempo pra que eu me acostumasse com todo o seu tamanho. Quando seu membro bateu no fundo do meu sexo eu gemi alto, era um prazer que eu não nunca havia sentido antes. Lucas começou com estocadas leves e foi aumentando o ritmo ate bater fortemente contra meu corpo. Enquanto ele estocava puxou meus cabelos para trás, apenas o suficiente pra levantar minha cabeça e ouvir melhor meus gemidos.

- Goza pra mim de novo Letícia – ele disse ao pé do meu ouvido e aquilo foi o suficiente pra eu sentir um frio no fundo da barriga me fazendo chegar ao orgasmo pela segunda vez. Assim que ele percebeu, ele soltou meu cabelo, segurou minha cintura com as mãos e aumentou ainda mais a força das estocadas fazendo atingir o orgasmo rapidamente.

 

Lucas saiu de dentro de mim devagar e sentou-se no sofá do meu lado me puxando pra perto dele e fazendo carinho no meu cabelo. Estávamos com a respiração ofegante e exaustos.

- Eu queria fazer isso com você desde a primeira vez que te vi. – ele disse beijado minha boca carinhosamente.

 

- Porque eu?

- E porque não? Você não vê como é linda?

 

Eu o abracei e ficamos um tempo assim. Apenas abraçados ouvindo nossos corações voltarem ao ritmo normal.

- Eu ainda não quero ir embora. – Ele quebrou o silêncio – Quero ficar mais tempo com você.

 

- E eu não quero que você vá. – respondi com toda minha sinceridade.

- E se a gente der um pulo naquela festa onde sua amiga está?

 

- Eu já disse a você que não vou a festas.

- Então está na hora de mudar isso. Vamos! Quero que todos vejam a minha linda garota. – Ele disse se levantando e fazendo eu me levantar também.

 

- Sua garota? – eu levantei uma sobrancelha enquanto olhava pra ele.

- Isso! Minha... – ele deu um tapinha na minha bunda – Agora vá se vestir.

 

 

Ele estacionou o carro um pouco distante da entrada do sitio. Andamos um pouco e ele não soltou minha mão hora nenhuma. Enquanto caminhávamos do portão ate a varanda já ouvimos a musica alta. Estava tocando Rihanna e Lucas me colocou de frente pra ele e me envolveu em seus braços e começou a balançar o corpo me obrigando a dançar e andar junto com ele.

 

Quando chegamos próximo a varanda, percebi que havia muitos rostos conhecidos, mas Juliana não estava lá. Devia estar lá dentro ou em algum canto com um carinha bonito. Estávamos quase na escada quando Lindsay se levantou.

- Então você realmente conseguiu trazê-la? – Ela disse olhando para Lucas.

 

- Eu disse que tentaria, não disse? – Lucas respondeu sorrindo amigavelmente pra Lindsay.

- Droga! Você me fez perder dinheiro Letícia. – Lindsay disse com um sorriso malicioso no rosto.

 

- Do que ela esta falando? – eu perguntei a Lucas, mas meu coração me dizia que eu já sabia a resposta.

- Não faço idéia! – ele me respondeu sério e eu quase acreditei em suas palavras.

 

- Não precisa mais fingir Lucas – Lindsay disse e na mesma hora eu me afastei dele – Ela sabe que você nunca gostaria de alguém como ela. – Ela olhou bem nos meus olhos – Ele só fez uma aposta querida! E eu perdi. Eu disse que você era uma gorda frigida e que ele não conseguiria nada com você, mas vejo que errei uma vez que você veio à festa com ele.

Meus olhos se encheram de lágrimas e eu olhei fixamente para Lucas. Meu peito doía e meu coração parecia que ia sair pela minha boca.

 

- Lindsay o que você esta fazendo? Ficou maluca? – Lucas perguntou olhando pra ela e depois se virou para mim. – Letícia ela esta mentindo, não sei de aposta nenhuma!

Lindsay e as outras pessoas na varanda agora caiam na gargalhada. Eu nunca me senti tão humilhada em toda minha vida. Eu não respondi nada apenas me virei e fui andando em direção ao portão. Lágrimas quentes escorriam pelos meus olhos. Lucas me chamou, mas eu não olhei pra trás. Percebi que ele correu pra me alcançar e eu acelerei os passos.

 

- Letícia por favor – ele parou na minha frente – será que você pode me ouvir?

- Não Lucas, não posso. Volte pra lá. Você já conseguiu o que queria. Ganhou a aposta. Agora me deixe em paz.

 

- Ela esta mentindo Letícia, não tem aposta nenhuma, eu não sei...

- Já chega! – eu gritei – Nunca fui tão humilhada e nunca senti tanta dor na minha vida!

 

- Porque você não acredita em mim? – ele me perguntou tentando segurar minha mão, mas eu puxei antes que ele pudesse me tocar.

- Deixe de ser cínico. – Eu saí andando e ele ameaçou me seguir, mas eu me virei e olhei pra ele friamente. – Não venha atrás de mim! Estou falando sério.

 

Caminhei não sei até que horas. Mas sei que todo tempo lágrimas escorriam pelo meu rosto e meu peito estava apertado.

Capitulo 4

Eventualmente, um carro encostou ao meu lado na estrada, mas não dei atenção, até que ouvi a voz de Juliana. Olhei para ela, e senti a dor em meu peito duplicar de tamanho, e parecia estar tomando conta de todo o meu corpo.

 

Minha amiga desceu do carro, e correu para mim.

- Meu Deus, amiga, o que aconteceu?

 

- Ah, Ju... – Meus olhos pareciam não conseguir derramar as lágrimas com a velocidade com que elas se reproduziam, e abracei minha amiga, enquanto os soluços balançavam meus ombros.

Nós simplesmente ficamos ali abraçadas, e ela acariciava minhas costas, enquanto eu continuava chorando.

 

- Leticia, por favor... – Eu não tinha escutado Lucas encostar o carro, mas ele estava ali, os olhos arregalados. Era um cretino mentiroso. Quem poderia duvidar de sua sinceridade? Fingido!

- Vamos embora, Juliana. – Dei dois passou, quando ele me segurou pelo braço.

 

- Precisamos conversar, Leticia. Você precisa acreditar em mim quando eu lhe digo que eu não sei do que aquela garota...

- Eu não quero escutar! Eu não tenho que escutar! Eu só quero que você me deixe ir, droga! – Gritei para ele, libertando bruscamente meu braço.

 

Juliana segurou minha outra mão, olhando para Lucas por sobre meu ombro.

- Não é hora, Lucas... Apenas dê um tempo para ela esfriar a cabeça... Depois vocês conversam.

 

- Eu não posso esperar, Juliana. – Mas o cara era um maldito de um ator. Se eu não tivesse visto o que vi e ouvido o que ouvi, eu poderia facilmente acreditar naquela encenação. Os ombros tensos, a vos atormentada, os olhos arregalados.

- Ah, sim, você pode! – Virei-me para ele, vestindo minha mascara de fria indiferença. Sempre funcionava. – Quando você virar homem, e descobrir como se portar como um, aí então você pode me procurar! Como acho difícil que um canalha como você consiga essa façanha, felizmente esse será nosso ultimo encontro! – Ele empalideceu enquanto escutava minhas palavras, e virei-me e rapidamente, entrando no carro de Juliana. Ela colocou o carro em movimento, e não pude deixar de olhar para trás, pelo retrovisor.

 

Ele estava parado no acostamento, da mesma forma que eu o deixara.

O resto do dia passou como um borrão. Chegamos em casa e Juliana me ajudou a tomar banho e deitar, enquanto eu continuava chorando, agora silenciosamente. Ela não em perguntou nada, apenas se deitou comigo e me abraçou, até que eu estava tão cansada que não conseguia manter meus olhos abertos, e deslizei para um sono agitado.

 

Sonhei com Lucas e Lindsay. Eles estavam abraçados no corredor da faculdade, beijando-se. Eu os vi, e continuei meu caminho pelo corredor, mas de repente eles começaram a gargalhar histericamente e apontar para mim.

Não sei de onde, apareceram vários alunos, o corredor se enchendo rapidamente de pessoas que gargalhavam e apontavam para mim, e eu podia ouvir as vozes dela me dizendo o quanto eu era desprezível e o quanto minha aparência era grotesca. As gargalhadas foram ficando mais e mais altas, e algumas pareciam soluços altos e cortantes...

 

Acordei suada e ofegante. Os soluços eram meus. Levantei e bebi um copo com agua fresca, tentando esquecer o horrível pesadelo.

Pesadelo nada. Aquilo era só o que era a minha vida.

 

Mas não importava tudo pelo oque eu já havia passado, dessa vez tinha sido muito pior. Pior por que eu tinha começado a acreditar nele, acreditar que um homem pudesse se interessar por mim, pelas minhas ideias, meu minha personalidade, e não pelo meu corpo. Pensar que um homem pudesse desejar uma mulher com as minhas medidas.

Sorri ironicamente para mim mesma. Eu era uma tola.

 

Eu simplesmente não queria me entregar á tristeza. Quando Juliana acordou na manhã seguinte eu lhe contei sobre oque havia acontecido, chorei mais um pouco e me recusei a ouvir quando ela disse que não achava Lucas homem de fazer esse tipo de coisa. Ela me contou que ele tinha procurado por ela pela festa toda, e pediu que viesse atrás de mim, porque eu nós tínhamos discutido e eu não queria falar com ele.

Juliana começou a questionar a inocência dele quando lhe contei quantas vezes vi Lucas e Lindsay juntos, conversando e sorrindo, pelos corredores da faculdade.

 

A manhã do sábado estava no meio quando ouvi vozes alteradas na sala e repentinamente a porta do meu quarto se abriu, e Lucas entrou sem cerimonia. Pulei da cama, furiosa com a audácia dele.

- Você não pode entrar assim! Ela não quer ver você! – Juliana gritava com ele, mas Lucas fechou a porta sem cerimonia, deixando ela de fora. Ela ainda brigou do outro lado, e disse ameaçadoramente que estaria lá, se eu precisasse.

 

- O que Diabos você está fazendo aqui? – Perguntei com raiva.

- Eu vim colocar um pouco de juízo nessa sua cabeça teimosa, Leticia! – Ele me disse, no mesmo tom irado que eu tinha usado.

 

- Não devia ter-se incomodado. Eu recuperei o juízo no momento que entendi a canalhice que você fez, Lucas. Estou totalmente consciente do que você é agora!

Ele me encarou, olhos tristes. Veio em minha direção, até seu rosto ficar a centímetros do meu, suas mãos em meus ombros.

 

- Você me conhece melhor do que isso, Leticia! Você sabe que eu nunca faria algo tão sujo contra uma pessoa, principalmente contra você. Você me conhece!

Ele parecia estar sendo sincero. Olhando em seus lindos olhos verdes, por um momento eu vacilei. Mas então a imagem vivida dele com Lindsay pelos corredores da faculdade, sorrindo com camaradagem, me veio á memoria, me fazendo dar um passo atrás, livrando-me de seu toque.

 

Ele até podia estar arrependido, mas eu não queria saber.

- Isso foi o que eu pensei antes da sua amiguinha abrir o jogo, Lucas. – Sorri para ele. – Mas, sabe do que? Vocês não foram os únicos idiotas a fazerem essa ceninha ridícula comigo. O mundo está cheio de estúpidos como vocês, que acham que beleza é o que há de mais importante.

 

Ele segurou com força meu braço, enterrando os dedos na minha carne. Seus olhos estavam furiosos, a respiração pesada.

- Só eu consigo ver o quão fantasioso é tudo isso? Em que mundo eu passaria meu tempo com você, faria o sexo mais quente da minha vida com você, perseguiria você pela faculdade... Isso tudo por uma aposta inexistente?

 

Eu apenas o encarei, sem responder. Eu não tinha mais nada a dizer a ele e queria-o fora daqui.

- Eu estou aqui agora, Leticia, para que você possa escutar de mim que eu não tenho nada a ver com isso. – Ele me disse, e seus olhos não se desviavam dos meus. Mas eu não acreditava na sinceridade que havia ali. Eu sabia o quão eu era péssima julgadora de caráter. – Eu estou lhe dando a chance de acreditar na minha palavra. Eu não sei do que aquela louca estava falando! – Ele ficou me olhando, esperando que eu dissesse algo... Que dissesse que acreditava nele.

 

- Eu não acredito em você, Lucas.

Ele fechou os olhos, e soltou meu braço. No mesmo instante senti falta do seu toque, e no momento seguinte me repreendi, recolocando a mascara de força que por um segundo havia caído.

 

Lucas saiu sem mais nenhuma palavra, e Juliana correu ao meu encontro, me abraçando enquanto eu chorava.

Eu nunca odiei tanto uma segunda-feira como aquela, mas eu não podia ficar em casa para sempre, e não ia prejudicar meus estudos por causa de uma meia dúzia de imbecis.

 

Mas eu precisava de uma força extra para aguentar aquele dia, então pedi ajuda a Juliana na maquiagem e me arrumei mais do que geralmente eu fazia: Uma calça jeans, uma blusa de decote canoa preta e sapatos de salto alto amarelo. Deixei os cabelos soltos e brilhantes sobre os ombros, e me senti um pouco mais confiante para encarar a tortura que seria aquele dia.

Fui direto para o laboratório. Estava adiantada, e logo o restante da turma chegaria, e Lucas estaria entre eles. Meu coração afundou um pouco no peito, e me repreendi por pensar nele. Mas isso não impediu que uma lágrima descesse, e depois outra.

 

Controlei o choro, e fui até o pequeno banheiro que ficava no fundo do laboratório, verificar a maquiagem. Olhava meu reflexo quando ouvi passos no laboratório, e uma conversa animada. Estremeci ao reconhecer as vozes.

- Não sei como agradecer o que você fez por mim, Lindsay! – Lucas disse, tocando o rosto de Lindsay, enquanto sorria para ela. – Você não vai acreditar o quanto eu estava tentando me livrar da Leticia, mas estava impossível!

 

Lindsay riu, deliciada. Chegou mais perto dele, pressionando seu corpo perfeito contra o dele. Senti enjoo de ver aquela cena, mas eu parecia petrificada ali, espiando os dois pela fresta da porta, como uma voyeur maldita.

- Fico tão feliz que você tenha aprovado, Lucas! – ela ronronou como uma gata, acariciando o braço dele. – Você sabe, a Lety Balofa tem histórico no que se trata desse tipo de situação. Alguns alunos daqui estudaram com ela no segundo grau, e tem histórias fantásticas para contar! Quando vi como ela vivia atrás de você, eu sabia que você precisaria de ajuda para se livrar dela, querido. – Ela fez biquinho para ele, e Lucas sorriu sensualmente para ela, abraçando sua cintura e puxando-a para mais perto.

 

-E como você sabia o que fazer? Como você tinha certeza que ela ia acreditar?

- Ah, isso era previsível! – Ela fez um gesto com a mão, desdenhando. – Leticia é a pessoa mais sem autoestima que já conheci! E cá entre nós, ela tem razões para isso, com todo àquele peso!

 

Eles riram juntos, e Lindsay continuou:

- Me surpreendi quando os vi chegarem juntos: Leticia nunca vai á festas! Mas eu sabia que ela só tinha ido para estar com você, então só tive que falar para as pessoas próximas de mim entrarem na brincadeira. Você conhece o Ewerton? Então, ele estudou na mesma escola que a Leticia e ele me contou... – Meu estomago embrulhou enquanto ela narrava o episódio da dança com Daniel. Ela não perdeu a oportunidade de distorcer a história toda, e deixar aquilo ainda mais nauseante do que já era. Lindsay ria e gesticulava enquanto falava, e Lucas mantinha um sorriso fixo no rosto enquanto escutava. Eu estava prestes a vomitar. – Então, eu simplesmente me lembrei disso quando vi vocês chegando, e lancei a isca. E a Baleia Leticia mordeu direitinho!

 

Vi o sorriso de Lucas desaparecer enquanto ele afastava Lindsay de si. Mesmo á distancia, pude ver que seus olhos estavam cheios de repugnância.

- Leticia? – Ele chamou alto, sem tirar os olhos dela.

 

Eu me assustei, mas não me mexi. Continuei olhando pela porta entreaberta, sem ousar me mexer.

Lucas olhou diretamente para mim, e eu soube nesse instante que ele sempre soubera que eu estava ouvindo.

 

-Leticia, venha até aqui!

-Oque? O que ela esta fazendo aqui? Lucas! – Lindsay guinchou, olhando de mim para Lucas, sem saber o que fazer. Pela a primeira vez eu a vi pálida e nervosa. Havia suor em sua testa, e seus olhos estavam arregalados. Quanto mais eu me aproximava, mais nervosa ela ficava.

 

- Leticia está aqui por que precisamos esclarecer esse episódio lamentável, Lindsay! – Lucas era todo negócios. – Não gosto de ter meu nome envolvido em coisas medíocres, e gosto menos ainda de pessoas medíocres. Então, eu lhe digo, que se você ousar atravessar o meu caminho novamente eu não respondo por mim! – Ele olhou para mim agora, e eu senti o gelo que havia em seu olhar dirigido á mim. – Eu também não aceito que duvidem da minha palavra. Você tem a prova que você precisava. – Ele disse simplesmente e saiu do laboratório.

Lindsay e eu observamos sua saída, sem reação. Mas ela se recuperou rapidamente, e se virou para mim, sorrindo.

 

- Você não acreditou mesmo nisso, não é? Ele me pediu para dizer tudo isso, por que sabia que você estava escutando...

O barulho alto do tapa ecoou na sala, assustando a nós duas. Vi as marcas vermelhas dos meus dedos na face dela, mas não em arrependi.

 

- Você é uma vaca psicótica, Lindsay! Uma maldita de uma puta invejosa...

- Eu com inveja de você! – Ela acariciava a face vermelha, os olhos brilhando de ódio. – Olha para você e olha para mim!

 

Estalei mais um tapa na outra face, e ela me encarou, surpresa e amendrontada.

- Eu olho para você e só vejo uma mulherzinha vulgar e destrutiva, uma vadia medíocre! E sabe oque eu vejo quando me olho? Uma mulher bonita e cheia de curvas, mais digna de amor do que você nunca será! – Me aproximei mais dela, e segurei seu braço magro, minhas unhas cravando na pele. – E eu vou lhe dizer uma coisa, Lindsay: se você ao menos pensar em pronunciar o meu nome daqui para frente, eu acabo com você! Não vou me importar com nada, eu só vou encontrar você onde quer que você esteja! Fui clara? – Eu podia ver que ela estava com medo. Eu quase ri da expressão de pânico nos olhos dela. Lindsay, afinal, era só mais uma covarde.

 

Enquanto saia rapidamente para o corredor da faculdade, me perguntei quantos aborrecimentos eu não teria me poupado se eu apenas tivesse me imposto ás pessoas, ao invés de me esconder e esperar que cansassem de me importunar.

Eu estava ansiosa para encontrar Lucas. Precisava conversar com ele urgentemente.

 

- Leticia!

Parei para esperar Juliana, que vinha correndo em minha direção.

 

- Lucas estava com você no laboratório?

- Como você sabe? – Perguntei a ela, embora não tivesse importância.

 

- Por que ele me perguntou onde você estava, assim que você foi para lá. Desculpe, eu não sabia se devia falar, mas acho que fiz o certo, pelo o que acabei de saber. Vocês se acertaram?

- O que você acabou de saber? – Eu perguntei á ela, interessada.

 

- Amiga, segundo eu soube, hoje cedo, quando Lucas estava chegando, uns carinhas que estavam na festa estavam falando de você no estacionamento. Eles estavam rindo do que tinha acontecido na sexta e fazendo aqueles comentários idiotas que nós conhecemos. – Ela revirou os olhos. – Lucas partiu para cima deles, e agrediu á dois. Gritou para quem quisesse ouvir que você era muito melhor do que qualquer garota dessa faculdade, e que só idiotas não percebiam a mulher extraordinária que você é! – Ela sorriu para mim, obviamente encantada com a atitude dele. – Amiga, acho que Lucas não...

Mas eu não estava mais escutando.

 

Eu tinha perdido o homem mais maravilhoso que eu já tinha conhecido.

Final 

Procurei o Lucas por toda a faculdade naquele dia, liguei para seu celular e só dava caixa postal. Fui até a casa dele mas os caras da republica onde ele morava me disseram que ele nao estava. Eu fiquei arrasada o dia inteiro, não podia acreditar que tinha sido tão burra, duvidar do Lucas foi a reação natural que eu tive, por toda minha vida eu tive idiotas zuando de mim, mas eu devia saber que o Lucas era diferente, ele jamais faria algo assim para me magoar, eu fui idiota e perdi o único cara que um dia gostou de mim de verdade. Eu ainda não sabia o motivo dele gostar de mim, eu não entendia como um cara lindo como ele poderia se interessar por uma menina do meu tipo fisico, mas eu já não me importava mais.

 


Tentei mais uma vez ligar em seu celular e novamente foi para a caixa postal, Lucas havia desistido de mim, e por mais triste que eu pudesse estar, eu sabia que ele tinha toda a razão de estar chateado comigo. Juliana chegou em casa e me encontrou em meu quarto chorando sobre a cama.

- Amiga, amanha é outro dia. Lucas vai entender, você ja sofreu muito nessa vida, é normal você ter ressalvas - Juliana disse para me confortar

 

- Ele não vai me perdoar Ju, você precisava ver como ele olhou pra mim, ele estava magoado demais. Eu duvidei da palavra dele, eu perdi ele Ju - Eu agora chorava compulsivamente

- Calma amiga, da um tempo pra ele esfriar a cabeça e pensar, não se precipite. Procura ele outro dia, quando os dois tiverem calma pra resolver a situação - A voz da Ju estava calma e serena, e ajudou a me tranquilizar

 

- Você tem razão, vou dar um tempo pra ele, vou deixar ele se acalmar e contar pra ele que eu gosto dele - Eu disse, agora eu tinha mais esperanças.

Com o tempo ele poderia me perdoar, isso era o que eu esperava. Lucas não apareceu na aula de laboratorio no outro dia, eu já imaginava que ele iria me evitar, eu só não queria que ele se prejudicasse por minha causa. Na quinta feira nós nao teriamos aula de laboratorio, mas mesmo assim eu o procurei na faculdade inteira e nao o encontrei. Na sexta feira a mesma coisa, nada de Lucas. Eu estava começando a ficar desesperada, eu liguei para ele todos os dias e ele não me atendeu, eu estava começando a desistir.

 

Juliana estava tentando me animar de qualquer jeito, na sexta feira a noite eu estava deitada em minha cama pensando no Lucas quando ela entrou no meu quarto

- Amiga, vamos ao shopping hoje? - Ela disse empolgada

 

- Obrigada Ju, mas eu prefiro ficar em casa mesmo - Eu disse fechando meus olhos, eu esperava que ela se tocasse que eu queria ficar sozinha, mas com a Julliana não tem essas coisas não, ela consegue ser muito insistente quando quer.

- Não, não, não! Você nao vai ficar ai se lamentando pelo resto da vida por causa dele amiga. Ok eu sei que voce duvidou dele e que ele esta com um ódio mortal de você - Ela disse se sentando em minha cama

 

- Você não esta me ajudando muito me lembrando a situação Juliana - Eu disse brava

- Me desculpa amiga, mas eu só quero dizer, que você ja fez tudo o que podia para tentar falar com ele e se explicar, se ele não quer te ouvir fazer o que ? Quem esta perdendo é ele - Ela dizia de uma forma tão natural, até parece que era facil deixar simplismente pra la essa historia.

 

- Eu sei, você tem razão, eu ja não sei mais o que fazer pra ele me ouvir - Eu definitivamente tinha desistido - Vai ver ele caiu na real que eu não era o tipo dele mesmo -

- Para com isso Letty, o Lucas estava louco por você desde o começo, não se culpe, deixe o tempo passar, o que tiver de ser, será. Agora levanta dai e vai se arrumar, vamos no cinema ver um filme com algum bonitão sarado. Fiquei sabendo que hoje estreia um filme com o Vin Diesel, vamos assistir esse? Podemos ligar para o Renato tambem, eu sei que ele é seu amigo e que você esta com saudades, além do mais eu acho ele um gatinho - Juliana agora estava agitada

 

- Esta bem, acho que seria legal sairmos nos três para um cineminha, e já que você esta tão interessada no Renato, liga pra ele e pede para ele nos encontrar no cinema do shopping do centro as 21:00 pode ser ? Da tempo de nos arrumarmos - Eu ja estava levantando para ir tomar banho

Juliana saiu dando pulinhos de alegria, ela com certeza estava afim do Renato, pensando bem, eles formariam um lindo casal. Demorei algum tempo no banho, a água quente me relaxou, mas eu ainda não conseguia deixar de pensar no Lucas. O que será que ele estava fazendo em uma sexta feira a noite ? Provavelmente foi para alguma balada com uns amigos, ou amigas.

 

"Para Leticia, se ele não te quer mais, tudo bem, ninguem morre de amor não é mesmo? Você ja foi rejeitada antes, isso não é novidade pra você " eu pensei.

Arrumei os meus cabelos e fiz alguns cachos soltos, coloquei uma legging preta e uma blusa longa de cor rosa clara e minhas sapatilhas com glitter preta. Juliana estava produzida como se fosse para uma super festa, ela estava de vestido verde claro e uma sandalia de tirinhas. Com certeza ela queria impressionar o Renato.

 

Chegamos no shopping e escolhemos a sessão das 22:00, o Renato ligou e disse que iria se atrasar um pouco então eu e a Ju fomos tomar um milk shake, conversamos um pouco, demos risada e eu estava conseguindo me divertir um pouquinho. Eu vi os olhos da Ju brilharem e me virei para ver o que ela estava olhando. Renato estava vindo em nossa direção com uma blusa preta de manga longa e uma calça caqui de sarja, ela tinha razão de estar afim dele, ele era bonito, um nerd bonito. Ele sorriu para nós, deu um beijo no rosto dela e me levantou para me dar um abraço

- Letty minha linda, que saudades de você, quanto tempo que não nos vemos - Ele disse enquanto me dava o meu abraço de urso favorito

 

- Eu tambem estava com saudades Rê, você me abandonou - Eu disse rindo. Era verdade, eu sentia saudades do meu melhor amigo

Ainda estavamos abraçados quando ouvir alguem dizer meu nome

 

- Leticia -

Eu congelei, conhecia aquela voz, era o Lucas ! Eu me soltei do Renato e virei para encara-lo, ele estava parado com os braços cruzados olhando pra mim. Reconheci dois amigos dele da republica atras dele.

 

- Lucas - Foi o que eu consegui dizer , ja fazia 4 dias que eu nao o via, meu coração acelerou e eu achei que teria um ataque cardiaco

- Eu vejo que você esta se divertindo hoje - Ele disse com sarcasmo na voz.

 

O Renato deve ter percebido o clima, pois tratou de ir se apresentando

- Eu sou o Renato, amigo da Letty - Ele disse estendendo a mão

 

Lucas o olhou por um instante e por educação retribuiu o cumprimento, apertando firme a mão dele. Eu não sabia o que fazer, havia tanto para eu conversar com ele, mas eu não queria dizer aqui, não na frente de tanta gente.

- Lucas eu preciso falar com você, eu te liguei mais você não atendeu - Eu disse segurando em seu braço

 

Lucas se soltou de mim, seu olhar estava triste e magoado

- Não temos nada para falar Leticia, eu vejo que você seguiu em frente, muito bem, felicidades para você - Sua voz era baixa. Eu não estava entendendo por que ele estava me tratando daquele jeito . Sera que ele estava com ciumes ?

 

- Não Lucas você esta entendendo errado - Eu disse tentando me justificar, eu não queria fazer uma cena no shopping, mas ele estava imaginando coisas.

Ele não me deixou falar mais nada, disse boa noite e saiu me deixando olhando pra ele. Senti meu coração apertado, uma vontade imensa de chorar, mas eu não iria chorar em público, imediatamente senti as mãos do Renato e da Juliana me confortando.

 

- Se ele não quer falar com você ou não acredita em você, então ele não te merece - Disse Juliana com raiva na sua voz

- Alguem pode me dizer o que esta se passando aqui? - Perguntou Renato, ele estava ali sem entender nada, eu não havia contado para ele sobre o Lucas

 

Juliana resumiu para ele a historia, e ouvir ela dizendo só me fez me odiar mais por não ter confiado em Lucas, mas eu tambem estava brava por que ele não havia me dado a chance de conversar com ele e explicado a situação. Em vez disso ele acha que 4 dias depois de termos terminado eu ja iria estar com outro cara. Eu estava confusa e cansada, eu só queria ir embora.

- Ju, Re, eu estou bem - Eu disse forçando o meu melhor sorriso de fingimento - Se ele não me quer, tudo bem, eu posso viver com isso, eu so preciso ir pra casa e ficar um pouco sozinha - Eu forçava minhas lagrimas a não cair

 

- Então eu vou com você - disse Juliana ja se levantando

- Não Ju, fica aqui com o Renato e assistam o filme, eu estou bem de verdade - Eu sabia que ela queria esse encontro e eu queria ver ela feliz

 

- Mas amiga - Ela queria argumentar, mas eu a interrompi

- Eu quero ficar sozinha um pouco, eu preciso pensar na minha vida. Eu pego um taxi aqui na frente e chego rapidinho em casa. Renato, me desculpe podemos marcar pra outro dia ? - Minha voz estava começando a ficar chorosa, eu precisava ir embora

 

- Claro Letty, mas tem certeza de que você ficara bem? Eu posso levar vocês duas - Renato disse solicito

- Eu tenho certeza, vou ficar bem. Você leva a Ju embora ? - Perguntei dando uma piscadinha

 

Ele sorriu pra mim, um sorriso verdadeiro de amigo - Cuidarei dela eu prometo -

Ele me deu mais um abraço e eu os deixei la conversando. Chegando em casa fui direto para minha cama, ali eu me permiti chorar, chorei por todo o tempo perdido da minha vida, todo o tempo que eu deixei as pessoas me humilharem, por ter duvidado do Lucas e por ele nao ter me dado a chance de conversarmos, por que ele era um idiota e chorei mais ainda quando constatei que eu o amava. Após horas de choro eu cai em um sono tumultuado cheio de pesadelos e cenas tristes.

 

Acordei com alguem cutucando os meus pés, ainda de olhos fechados eu começei a reclamar

- Ju, pelo amor de Deus, eu sei que você deve estar super afim de me contar como foi com o Renato ontem, mas eu quero ficar aqui e curtir a minha fossa ok? - Eu estava realmente brava por ela ter me acordado no sabado cedo.

 

- Você é uma pessoa mal humorada de manhã - A voz de Lucas estava baixa e rouca, eu me assustei e dei um pulo

- Lucas? - Eu estava assustada - O que voce esta fazendo aqui ? -

 

Ele riu sem graça

- Juliana me deixou entrar, eu liguei no seu celular mas estava na caixa postal então eu vim aqui pra poder falar com você pessoalmente - Ele disse fazendo carinho em minhas pernas, eu me recolhi

 

- Agora você quer conversar comigo? - Eu perguntei insultada

- Leticia me desculpa a crise que eu tive ontem, mas é que eu estava com raiva por você não ter acreditado em mim e fiquei cego de ciumes quando eu vi aquele cara te abraçando daquele jeito - Ele parecia realmente arrependido

 

- O Renato é o meu melhor amigo, eu ja havia falado dele pra você, eu estava triste por que você não queria falar comigo e chamei ele para conversar - Eu disse me explicando

- Eu sei - Ele disse

 

- Você sabe? Como? - Eu estava confusa

- Ontem a noite a Juliana me ligou e me explicou a situação, disse que era ela que estava afim do Renato e que eles so estavam tentando te animar, por que eu fui um babaca de não querer conversar com você - Ele falava de cabeça baixa

 

Eu me aproximei dele, eu não estava ligando se estava com os olhos inchados de tanto chorar ou se meu rimel me transformou em um panda, eu so precisava esclarecer as coisas

- Olha pra mim Lucas - Eu pedi, ele levantou a cabeça e olhou pra mim

 

- Eu sinto muito, muito, muito ter desconfiado de você Lucas, eu deveria saber que você nunca faria alguma coisa para me magoar, eu fui idiota e precipitada. Eu jamais imaginei que alguem poderia gostar de mim, nunca ninguem havia se aproximado de mim, eu fiquei assustada. Me desculpa - Eu estava com lagrimas nos olhos, mas me recusava chorar na frente dele

- Eu fiquei muito magoado Leticia, eu achei que depois de tudo o que passamos, todas as nossas conversas, que você entenderia que eu te amo, e jamais falaria alguma coisa pra te deixar triste - Ele segurou em meu rosto

 

- Voce me ama? - Eu disse incredula

Ele riu - Sim eu amo, você ainda não percebeu isso? E eu gostaria muito que você um dia fosse capaz de me amar tambem -

 

- Eu amo você tambem Lucas, mas do que eu jamais amei alguem na minha vida - Eu agora chorava, - O que esta acontecendo comigo ? Eu acabei virando uma sentimental - Eu disse soluçando

- É o amor linda, ele transforma as pessoas - Lucas disse me beijando, aquele beijo foi devagar e apaixonado. Ele me amava, por um milagre de Deus, Lucas o cara mais bonito que eu ja tinha visto na vida, me amava.

 

- Mas por que eu Lucas? Você poderia ficar com qualquer garota da faculdade, por que logo a mais, vamos dizer desproporcional? - Eu estava curiosa

- Eu ja te disse isso, alem de voce ser linda, inteligente, gostosa e boa de cama - Ele riu - Voce ainda é a pessoa mais forte e corajosa que eu ja conheço - Ele alisa meu rosto com um dedo

 

- Obrigada por me amar - Eu disse dando um beijo casto em seus labios

- Tem um filósofo - eu disse olhando pra ele - Se eu não me engano o nome dele é Pascal, ele disse uma frase que eu acho perfeita para a nossa relação -

 

- Ah é ? Qual ? - Ele perguntou curioso

"O coração tem suas razões, que a própria razão desconhece".

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