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Capitulo 1

 

Parada aqui na porta deste lugar, de óculos escuros, boné, jeans, camiseta e tênis quase não me reconheço. Dei um sorriso para meu reflexo, no vidro do carro. Como eu poderia imaginar que em vinte meses minha vida daria uma guinada tão grande?

 

Há quase dois anos eu era apenas uma CEO de uma empresa de cosméticos, com controle absoluto sobre minha vida, minha empresa. E hoje estou aqui, me disfarçando para que ninguém me reconheça.

 

Eu me chamo Ana Lia e sou dona da “Make Lia”, uma empresa de cosméticos, internacionalmente conhecida. Estava sempre no foco da mídia e ainda estou. Isso foi uma das poucas coisas que não mudaram. Acostumada a me relacionar com homens do meu nível social, pessoas famosas, enfim... Mas, sabe quando você se envolve com as pessoas apenas por prazer? Pois é, eu nunca havia me apaixonado por ninguém, até Fred...

 

 

 

Bom, estou eu aqui, adiantando as coisas. Daqui a pouco vamos falar do Fred...

 

 

 

 Enfim... Passei a vida sendo elogiada pelas pessoas por minha beleza. Sou morena, cabelos escuros e compridos, com leves ondas nas pontas, olhos verdes, lábios carnudos e corpo escultural.  E por conta de tanto elogio, ainda adolescente decidi que era isso que eu queria: proporcionar às mulheres que não se achavam atraentes um meio de se sentirem mais belas. Comecei como blogueira ensinando como se maquiar e sendo revendedoras de cosméticos, até que aos dezoito anos resolvi investir nisso, com o dinheiro que eu havia ganhado com merchandising dos meus vídeos, que eram sucesso no YouTube e claro alguma ajuda do meu pai.

 

Pra ser bem sincera mal me lembro de como consegui meu império, mas a verdade é que aos vinte e cinco anos eu já era dona da minha própria empresa de cosméticos e conhecida por toda sociedade.

 

Na adolescência eu não tinha tempo para relacionamentos e a minha situação não mudou depois que virei uma CEO. Mas eu gostava de sexo e minhas relações mais duradoras eram sempre com quem me proporcionasse bons orgasmos. E durante toda minha vida, até nisso fui bem sucedida.

 

 

 

Bom deixa eu te explicar como eu vim parar nesse lugar... Seria até uma história cômica, se não fosse trágica.

 

 

 

Conheci Adriano, em uma festa de uma emissora de TV. Ele era conhecido como “Triturador” no mundo da luta livre. Um lutador vitorioso, famoso por sua invencibilidade.  Moreno alto, barba cerrada, cabelos encaracolados compridos, cara de mau e bom de cama. Nossa! E como era bom de cama...

 

Nós íamos pra muitos lugares juntos e a mídia estava sempre ao nosso encalço. Eu fazia questão de acompanhar todas as suas lutas. E quando eu não podia por causa de alguma reunião ou viagem, nós sempre nos falávamos por telefone. Todo mundo achava que nós éramos o casal mais apaixonado do mundo e eu sempre dava risada quando via esse tipo de informação nas manchetes dos sites de fofoca. Só eu sabia a verdade. O que nós tínhamos era química, era carnal, puramente físico e delicioso, mas nem de longe era emocional.

 

Eu não conhecia o amor, aquele sentimento que faz as pessoas perderem a cabeça e entregarem suas vidas nas mãos de outro. O único amor que eu conhecia era o fraternal, até aquele dia.

 

Cheguei na empresa, no mesmo horário de sempre, cumprimentando educadamente os funcionários que por mim passavam, mas senti que alguns olhares se desviavam quando eu os encarava.

 

Quando cheguei à minha sala, minha secretária, que era a pessoa que eu mais tinha afinidade e sabia praticamente tudo sobre minha vida, não me encarou. E aquilo me incomodou.

 

— Venha até minha sala Leila.

 

— Agora mesmo dona Lia. – ela pegou seu tablet e me acompanhou.

 

                Sentei-me em minha mesa, pedi a ela que me trouxesse um café e ela o fez, depois acenei com a cabeça para que ela sentasse na cadeira à minha frente.

 

— Dona Lia, hoje a senhora tem uma reunião às onze...

 

— Espere Leila! – eu tomei um gole do meu café e continuei – Antes de passarmos a agenda, me diga o que há de errado.

 

— Como senhora? – ela disse como se não soubesse do que eu falava, mas abaixou o olhar, entregando sua mentira.

 

— Não faça isso Leila, não minta para mim, eu te conheço há muitos anos e pelo seu olhar, sei quando você mente. O que há de errado? – perguntei novamente.

 

— A senhora já viu os sites de fofoca hoje, dona Lia?

 

— Não! A reunião de ontem acabou tarde e eu dormi além da hora, não tive tempo de ver nada. O que aconteceu?

 

                Leila demorou um tempo mexendo no seu tablet quando virou a tela para mim e eu vi do que se tratava. Estava em todos os lugares, sites de fofoca, redes sociais e até hashtag no Twitter. “O triturador troca rainha da beleza por loira musculosa”. Eu fiquei encarando a tela alguns minutos, incrédula. Ira era pouco para o que eu sentia naquele momento.

 

                Não que eu estivesse magoada, mas eu era uma pessoa publica e eu sempre avisei a Adriano que no momento em que ele quisesse ficar com outras mulheres, ou ele fazia isso em total segredo ou nós daríamos uma nota à imprensa avisando que não estávamos mais juntos. Não podia nem queria estar sob esse tipo de holofote.

 

— Desde quando essa notícia está online?

 

— Eu só vi hoje de manhã, senhora, mas acredito que começou a ser divulgada durante a madrugada, já que...

 

— Já que...?

 

— Bom, está em segundo lugar nos Trending Topics do Twitter.

 

— Tudo bem, depois eu resolvo isso. – eu disse indiferente. Se isso repercutisse muito, Adriano iria conversar com meus advogados. – Quando aquela empresa de informática começa a fazer as mudanças aqui? Já tem mais de uma semana que nós os contratamos. – eu disse mudando o tópico da nossa conversa.

 

— Eles começam hoje, a InfoHome já passou o email com a ficha dos funcionários que vão fazer parte da equipe. Eles serão chefiados por um tal... Frederico Oliveira. – ela confirmou o nome olhando em seu tablet.

 

— Perfeito! – eu tomei outro gole do meu café – Vamos à minha agenda agora.

 

                Passamos os próximos quarenta minutos discutindo minha agenda do dia e revendo o balanço dos setores.

 

                Nós trabalhávamos com produção e distribuição de produtos de beleza. É claro, eu acompanhava tudo de perto. Cada setor, cada entrada e saída não passava despercebida em meus olhos e eu tomava praticamente todas as decisões. Estava sempre no controle. Uma delas foi a que causou maior repercussão na empresa e na mídia.

 

Desde o principio eu fui contra testes de cosméticos em animais e adotamos um método alternativo, onde realizávamos testes “in-vitro”, ou seja, testes laboratoriais em culturas de células e, depois de aprovadas, testes em humanos. Além disso, tínhamos um arquivo de testes de substâncias, que evita que novos testes tivessem que ser feitos para os mesmos produtos. Por isso a Make Lia era reconhecida internacionalmente e eu sempre estive à frente de tudo.

 

                Depois que terminamos, pedi que ela me ligasse com o Dr. Arthur, da Arthur e Filhos Advocacia. Ele era advogado da minha empresa, amigo da minha família desde sempre e era meu melhor conselheiro.

 

— Bom dia Arthur, já viu os sites de fofoca hoje? – eu perguntei calmamente, depois da sua habitual saudação.

 

— Vi sim Ana... O que eu lhe avisei sobre aquele brutamonte? – o senhor do outro lado da linha respondeu solícito, como um pai que se preocupa com sua filha.

 

— Eu sei Arthur, mas o que eu faço agora?

 

— Há quanto tempo vocês não são fotografados juntos, Ana?

 

— Uma semana mais ou menos, se eu não me engano.

 

— Isso é bom! Não o procure, não fale com ele, sequer ligue pra ele. A notícia já foi divulgada e quanto a isso não podemos fazer mais nada, no entanto se vocês não forem mais vistos juntos podemos enviar uma nota à imprensa dizendo que o relacionamento de vocês já havia terminado e por isso ele se relacionou com outra mulher.

 

— Excelente ideia Arthur, é por isso que eu te amo, muito obrigada!

 

— Não Ana, você me ama porque eu te vi nascer.

 

— Ah você me entendeu! – eu dei uma risada.

 

— Até mais Ana.

 

— Até.

 

 

 

                Eu passei as próximas quatro horas fora do escritório em reuniões. Quando voltei Leila me informou que Adriano não parou de ligar. Disse a ela que a ordem que havia dado, não tinha mudado, ela deveria dizer que eu não estava, quantas vezes ele ligasse.

 

                Depois que eu revi alguns contratos, saí para almoçar. Como de costume, Manoel meu motorista, estava me esperando em frente à empresa, mas eu ordenei que especificamente naquele dia, fossemos a um restaurante diferente.

 

                Adriano tinha conhecimento dos lugares que eu frequentava, e como Arthur sugeriu eu devia evitá-lo a qualquer custo. Fomos a um restaurante self-service onde eu enchi o meu prato de salada e um peito de frango grelhado e almocei, calmamente.

 

                Sentia olhares na minha direção, era comum devido minha beleza, fora que eu estava sempre arrumada. Me recusava a ser essas empresarias que usam terninho, sejam eles de calça ou saia. Eu usava apenas belos e caros vestidos, e nada mais baixo que salto doze. Mas naquele dia em questão os olhares se intensificaram e agora, eu sabia o motivo. As pessoas eram tolas, sempre que uma noticia dessas circulava na internet, o povo esperava ver a parte traída, nesse caso eu, sofrendo, mas a verdade é que eu estava muito bem, obrigada! Eu não nutria sentimentos por Adriano, era um fato. E sexo bom? Você pergunta e eu respondo: Isso eu encontraria em outro lugar.

 

 Lembro-me que na ocasião a atendente do restaurante chegou a fazer um comentário sobre o acontecido.

 

— Você é tão linda dona Lia, aquele Triturador é louco! Como e pode trocar você por aquela outra lá?

 

— Vou te contar um segredo... – eu me aproximei dela, mas não baixei o tom da voz – Eu que dei um chute nele e ele foi curar suas mágoas com ela.

 

— Ah, muito bem então. – ela abriu um largo sorriso como se aquilo fosse algum tipo de vingança.

 

                Quando voltei para o edifício da Make Lia, Leila me abordou, pois tivemos um problema com alguns produtos que queríamos exportar. Fui até o setor responsável e em menos de uma hora eu já havia resolvido tudo. Era assim que eu sempre resolvia as coisas, com rapidez e eficiência. Nada fugia ao meu controle.

 

                Voltei pra minha sala,  estava exausta e ainda tinha uma reunião às vinte horas com uns chineses que queriam levar a minha marca para China. Mas mesmo cansada eu não me rendia.

 

                Quarenta minutos depois Leila me passou um ramal.

 

— Dona Lia, o senhor Frederico, técnico da InfoHome está aqui, ele precisa falar com a senhora.

 

— Comigo? – eu suspirei – Não há nenhuma outra pessoa que ele possa resolver isso? – Eu sei, eu disse a vocês que gostava de estar à frente de tudo que se relacionava a minha empresa, mas eu era uma só e cá entre nós eu não entendia muito dessa coisa de roteador, servidores e tudo mais. Meu conhecimento se limitava aos programas utilizados na minha empresa, internet e tudo que eu necessitava pra trabalho e lazer. Nessa questão de rede eu era realmente um zero à esquerda.

 

— Ele disse que tinha que ser com a senhora.

 

— Tudo bem, mande-o entrar.  – eu não fazia ideia que era a partir dessa decisão que minha vida tomaria um novo rumo.

 

                Eu me levantei e fui até o frigobar pegar uma garrafa de água e quando me virei Frederico me olhava boquiaberto. Eu usava um vestido vermelho justo até os joelhos, com decote em V e uma sandália preta de salto alto. Meus cabelos estavam soltos e claro eu estava impecavelmente maquiada. Contive um sorriso e caminhei até ele estendendo minha mão.

 

— Oi, eu sou Ana Lia, mas pode me chamar de Lia. – ele apertou minha mão, mas não disse nada. Eu estava séria, mas internamente ria feito uma criança. Não vou negar que eu adorava causar essa reação nos homens – Você está bem?

 

— Ah, claro! Me desculpe – ele deu um sorriso desajeitado – eu sou Frederico, responsável pela TI e preciso passar diretamente para senhora algumas coisas sobre a mudança... – ele disse enquanto se sentava e alguma coisa nele me chamou atenção. Enquanto ele falava eu o ouvia atentamente e mesmo tempo o observava.

 

                Geralmente esses técnicos têm aparências engraçadas, mas Frederico era diferente. Ele era um falso magro, cabelo castanho claro, olhos muito azuis, que mesmo por trás de seus óculos de armação retangular, era perceptível que eram profundos e tinha um bonito sorriso. No geral, ele não se encaixava muito na ideia que tínhamos quando pensávamos em um “nerd”. Era realmente muito bonito e atraente.

 

— E como podemos fazer para isso não atrapalhar o funcionamento da minha empresa senhor Frederico? – eu perguntei quando ele parou de falar os motivos que levariam alguns sistemas ficarem fora do ar, por algumas horas.

 

— Ah, por favor, me chame de Fred. – ele disse ainda um tanto tímido – Eu posso evitar que sua empresa sofra com essa mudança, mas talvez algo possa sair do controle, o que eu prontamente resolverei. Esse foi o real motivo que eu solicitei vir falar pessoalmente com a senhora, para tranquiliza-la caso algo dê errado, não demorarei a solucionar o problema.

 

— Então, está tudo perfeito Fred. – eu dei a ele um largo sorriso e estendi minha mão para apertar a dele.  Lembro-me como se fosse hoje a reação que ele teve. Frederico arregalou os olhos e depois por alguns segundos, enquanto nossas mãos se tocavam, ele os fechou.

 

                Assim que ele saiu da minha sala eu dei uma risada. Ele parecia um menino no corpo de um homem. Naquele momento achei que seria divertido esbarrar com ele pelos corredores da empresa durante o tempo que ele trabalhasse ali. Resolvi que sempre que isso acontecesse eu daria meu melhor sorriso para Fred.

 

 

                Ah, se eu soubesse...

Perdendo o Controle

Capitulo 2

 

E realmente foi divertido.

 

A semana que se seguia àquele primeiro encontro foi inesquecivelmente divertida. Por várias ocasiões encontrei com Frederico pelos corredores, e a forma como ele desviava os olhos do meu rosto era impagável.

 

Lembro-me que, certa manhã, me dei conta de algo que estava fazendo enquanto me arrumava para o trabalho.

 

Eu estava me arrumando para ele.

 

Sorri para minha imagem no espelho, e mesmo hoje, aguardando no lado de fora desse lugar, um sorriso ainda me vem aos lábios ao lembrar aqueles primeiros dias, quando eu me divertia provocando-o.

 

O fato é que percebi que gostava disso, de provoca-lo, de tenta-lo. Sim, minha aparência fora meu grande trunfo de trabalho desde sempre, e eu sabia do efeito dela sobre os homens.

 

E eu podia usa-la para meu próprio proveito também.

 

Eu via como o olhar de Frederico fugia de mim quando nos encontrávamos, minhas roupas provocantes e sensuais fazendo-o sentir-se desconfortável com sua própria reação a mim.

 

Ele era uma mistura intrigante. Parecia haver um menino dentro dele, mas alguns olhares fortuitos que o vi lançar-me definitivamente não eram infantis...

 

Um dia ele estava na recepção quando entrei, e parei para falar com ele, propositalmente próxima. Não me importou que a recepcionista percebesse o que eu estava fazendo, ou que outro técnico que estava com ele arregalasse os olhos e ficasse me observando descaradamente. Só me importava ver como as faces dele estavam coradas, e quando lhe perguntei como estava indo o trabalho ele gaguejou.

 

Rindo internamente segui para minha sala, deixando-o em paz para prosseguir seu trabalho.

 

No dia seguinte ele estava na sala da minha secretaria, abaixado sob a mesa mexendo em uns fios. Fui até ele, e quando Fred levantou os olhos deparou-se imediatamente com minhas longas pernas, tão próximas de seu rosto que pude sentir sua respiração em minha pele nua. Observei com interesse enquanto ele subia lentamente o olhar, até chegar à saia do meu vestido. Senti um delicioso arrepio de antecipação com sua avaliação, e quando seus olhos azuis pousaram nos meus, senti o desejo crescer dentro de mim.

 

Ele logo desviou o olhar, e aquilo me decepcionou. Mas a decepção durou pouco.

 

Eu particularmente apreciava muito o jogo de sedução, mas até então eu dificilmente tinha tido a oportunidade de conquistar... Eu sempre era conquistada.

 

Estava adorando essa nova experiência!

 

Eu sempre mostrei aos meus namoros passados que estava interessada, e procurava manter algum controle sobre como o relacionamento progredia, mas não me lembrava de já ter conhecido um homem como Frederico.

 

Claro, naquela época eu não queria conhece-lo... Eu queria aventura, diversão, queria dar-lhe o gosto de ter uma mulher como eu cercando-o.

 

Certo dia enquanto caminhava apressada pelo corredor da empresa o vi vindo na direção oposta. Eu sempre soubera aproveitar uma boa oportunidade, e quando ele chegou mais perto deixei as pastas que trazia na mão deslizarem para o chão, os papéis dentro delas se espalhando. 

 

Quase não podia controlar meu sorriso enquanto me abaixava, a saia do meu vestido preto subindo pelas minhas pernas. Sabia que ele estava olhando, assim como sabia que o cavalheirismo e educação não permitiriam que ele não me ajudasse.

 

Se fechar os olhos ainda consigo vê-lo perfeitamente, abaixado à minha frente, o rosto próximo do meu. Ainda podia ver como o tecido da calça se colava as suas pernas, e o mesmo desejo daquele dia percorreu novamente meu corpo agora, incendiando minhas veias, aquecendo e sensibilizando minha pele.

 

Lembro-me de como o suor brotou em sua testa quando ele sentiu meu perfume, e como ele retirou rapidamente a mão quando pegamos juntos uma folha de papel.

 

— Obrigada. — agradeci quando recolhemos todos os documentos.

 

— Não por isso, Sra. Lia. — ele disse, levantando-se.

 

         Ele estava de pé a minha frente, mas eu ainda estava abaixada. Ficara de joelhos para melhor me apoiar, ou não... Dessa vez não consegui conter meu sorriso quando percebi o real momento em que ele percebeu as posições que nos encontrávamos. Ele passou as mãos pelos cabelos, deixando bagunçados de uma forma tão sexy que eu mesma queria correr meus dedos por eles. Através dos óculos eu pude ver quão brilhosos e ardentes estavam seus olhos, e claro que eu reconheceria aquele brilho.

 

— Poderia me ajudar a levantar, Frederico? — sussurrei para ele roucamente, como se estivesse acabado de acordar.

 

         Como se tivesse acabado de fazer sexo.

 

Ele me estendeu a mão, e obviamente me aproveitei da oportunidade. Deslizei lentamente meu corpo contra o dele, e pude sentir sua ereção contra mim. Meu sorriso ampliou-se, e quando enfim o encarei de frente, meu corpo estava deliciosamente ansioso.

 

— Muito obrigada por seu auxilio, Frederico. — centímetros separavam nossos rostos, e eu sabia que poderia beija-lo naquele instante. Mas embora estivesse somente me divertindo ao provoca-lo, por um momento eu quis... Quis aproximar nossos lábios e... Mas não o faria. Me aproveitando de nossa proximidade troquei o peso do corpo de pé, obrigatoriamente fazendo contato com sua parte intima. — E por seu apoio, evidentemente.

 

Continuei meu caminho pelo corredor com meu caminhado mais sedutor, sentindo seu olhar sobre mim.

 

Cheguei em minha sala com Leila atrás de mim. Ela sentou-se a mina frente e passou-me uma xicara de café, e começamos a trabalhar a minha agenda do dia.

 

— Há outro assunto que você precisa saber, Dona Lia. — Leila me disse, e seu tom chamou minha atenção.

 

— Algum problema, Leila?

 

— Bem, o seu namorado... Ex, o Triturador... — ela se mexeu desconfortável na cadeira, e franzi o cenho.

 

— O que tem ele?

 

— Tem telefonado várias vezes e... Bem, ele esta cada vez mais nervoso.

 

— Ele vai se acalmar, Leila. — disse despreocupadamente. — Não se preocupe com isso.

 

         Mas Leila não parecia convencida, e hoje sei que deveria ter dado maior atenção aos temores dela.

 

— Dona Lia, desculpe-me, mas... Bem, ele estava realmente transtornado. — ela disse preocupada, e sua palidez me fez me perguntar o que Adriano lhe tinha dito. — Ele afirmou que, caso não seja atendido da próxima vez em que telefonar, virá até aqui pessoalmente. “E vocês não gostarão disso!”, foram as palavras dele antes de desligar. Então...

 

— Não se impressione com todos aqueles músculos, Leila. — fiz um gesto displicente com a mão. — Ele é um atleta, não pode distribuir socos fora das competições.

 

— Mas...

 

— Leila. — meu tom foi impaciente. — Estou lhe dizendo que não se preocupe com isso. Conheço Adriano. São ameaças vazias.

 

         A secretaria corou violentamente, e concordou com um aceno rápido de cabeça, saindo em seguida.

 

E enquanto olhava aquela porta fechada, eu pude enfim dar vazão ao tremor assustado que percorreu meu corpo.

 

Aquele foi um dia particularmente cheio. Reuniões ininterruptas, e no final da tarde eu tinha vários papeis para analisar. Recolhi toda a documentação e minha bolsa, e enquanto saia do escritório Leila veio em minha direção.

 

— Dona Lia, os técnicos da InfoHome estão prontos para trabalhar em seu escritório. — ela disse, me acompanhando pelo caminho para a saída. — Como amanhã você estará em reunião toda a manhã, podemos agendar para amanhã?

 

— Eles já fizeram o trabalho em todos os outros setores?

 

— Sim, todos.

 

— Tudo bem, então. Pode agendar para amanhã.

 

         Leila voltou para sua sala e eu segui para a saída. Quando passei pela recepção o vi.

 

         Nossos olhos se prenderam naquele momento, e sorri enquanto piscava maliciosamente para Fred.

 

Naquela noite, depois que conclui o trabalho que levei para casa, peguei uma taça de vinho e me sentei em minha poltrona preferida, ouvindo uma musica relaxante. Estava de olhos fechados quando a campainha do telefone tocou.

 

— Alô.

 

— Até que enfim! Há dias telefono para você! Sua secretária eletrônica não está funcionando? — Adriano esbravejou do outro lado da linha. — Qual o seu problema? Seus funcionários são tão incompetentes que não sabem lhe passar um recado...

 

— Eles me passaram, Adriano. — disse-lhe sem emoção. — Eu não quis atender, assim como também apaguei seus recados da secretária. O que você quer, afinal?

 

— O que eu quero?! Você é louca? — ele gritara.

 

— Adriano, eu não quero falar com você. — minha voz foi calma e tranquila, como eu me sentia naquele dia. — E não posso ver o que você tenha a me dizer, nós não temos nada um com o outro...

 

— Sim, nós temos!

 

— Não, não temos! No momento em que você me traiu com aquela mulher deixamos de ter qualquer coisa. Não quero mais vê-lo, Adriano, e isso é definitivo!

 

— Nós só deixamos de ter algo quando eu digo que é o fim, Ana Lia! — ele disse ameaçador. — E eu ainda não terminei com você.

 

         Calmamente desliguei o telefone, e quando ele tocou novamente o tirei do gancho.

 

Realmente me senti relaxada naquele dia... Adriano não significava nada, além de um bom sexo.

 

O que eu não podia imaginar era como aquela noite prosseguiria.

 

         Naquela noite, surpreendendo a mim mesma, eu pude ver o que havia por trás dos óculos e da postura tímida e reservada pela primeira vez.

 

Fred pegou com força meu braço, me puxando contra seu tórax surpreendentemente firme, e me beijou com violência. A língua dele era saborosa e quente, e percorreu minha boca com maestria. Soltando meu braço, suas mãos percorreram meu corpo, enquanto sua língua deslizou de minha boca para meu pescoço, mordendo meu queixo no caminho.

 

Presa nas sensações que ele despertava em meu corpo, eu só podia gemer, e quando ele abriu a calça e libertou sua ereção para mim, não pude fazer outra coisa que não ajoelhar-me a sua frente e traze-lo até minha boca com vontade, sugando com força, sentindo sua mão em meu cabelo, acariciando de forma rítmica meu couro cabeludo. Passei a língua ao seu redor e no cumprimento de seu desejável membro, e quando ele gemeu, um som gutural e selvagem que senti diretamente em meu sexo, o abocanhei com mais força, sentindo-o crescer ainda mais.

 

Ele puxou meus cabelos, libertando-se da prisão úmida dos meus lábios. Ajoelhou-se à minha frente e reclamou meus lábios em um beijo faminto e necessitado que enviou descargas por todo meu corpo febril.

 

Fred se afastou de mim e me virou sem gentileza, empurrando-me contra o chão. Sem demora me penetrou por trás, puxando meus cabelos, me preenchendo de forma tão completa, fazendo-me sentir tão cheia... Gritei enquanto gozava de forma violenta e rapida.

 

Foi o grito que me acordou. Sentei-me suada e quente, o grito agoniado ainda reverberando em meus ouvidos, o forte orgasmo ainda me fazendo estremecer de forma descontrolada.

 

Um sonho erótico? Há quanto tempo não tinha um...

 

Toquei meus seios sensíveis, ainda lembrando o toque absurdamente quente de Fred sobre eles.

 

Eu nunca experimentara um sentimento tão devastador como aquele... E definitivamente revelador. Naquela noite, há tanto tempo, eu finalmente percebi que todo aquele jogo divertido e sensual que estava fazendo com Fred não estava afetando somente a ele...

 

        

 

Na manhã seguinte estava em minha sala recolhendo os documentos para a reunião quando Leila entrou após uma batida na porta.

 

— Dona Lia, a reunião de logo mais foi cancelada. Os empresários tiveram um imprevisto e pediram para remarcarmos sua reunião, sendo assim sua manhã está livre. — ela checou minha agenda em seu tablet. — Podemos adiantar sua agenda da tarde, ou então remarcar o trabalho da InfoHome no seu escritório para amanhã...

 

Lembro-me que, pela primeira vez em todos aqueles anos, meus pensamentos se desviaram do trabalho e recaíram sobre Fred e o sonho da noite passada.

 

— Dona Lia? — Leila me trouxe de volta à realidade.

 

— Não precisa remarcar com o técnico, Leila, e pode deixar minha manhã livre.

 

         Ela franziu o cenho para mim, mas apenas balançou com a cabeça em silencio e saiu da sala.

 

         Alguns minutos depois ela anunciou que Frederico estava lá, e então eu o vi. Ele estava parado próximo a porta fechada, vestindo calça jeans e camisa azul do mesmo tom de seus olhos.

 

         Fred me surpreendeu ao sustentar meu olhar firmemente, e foi minha vez de sentir as faces em chamas.

 

         Não podia acreditar que eu estava corando como uma adolescente.

 

         Mas o orgasmo que aquele homem me dera em sonho, a forma com que ele me tocara ainda era muito vivido, e vê-lo ali na minha frente, um menino em um corpo muito desejável de homem... Era impossível não pensar em como seria na realidade.

 

Vi um pequeno sorriso surgir no canto de seus lábios corados, e hoje, lembrando-me daquele dia, quando definitivamente as coisas haviam se definido, ainda consigo sentir o mesmo frisson percorrer meu corpo.

 

Assim que Frederico deu alguns passos em minha direção ouvimos uma movimentação do lado de fora da sala, e Adriano entrou, seguido de Leila.

 

— Dona Lia... — ela começou a explicar.

 

— Você não vai me receber? — Adriano a interrompeu caminhando furiosamente até minha mesa, mas eu sabia lidar com ele, e não me assustava com seu tamanho ou com seus músculos. — Eu sou o Triturador, e ninguém fecha portas na minha cara!

 

— Ah, Adriano, eu estou trabalhando! O que você quer? — perguntei calmamente, fazendo um sinal tranquilizador para Leila.

 

— Quero falar com você! — ele se inclinara sobre a mesa, parecendo maior e mais forte ainda.

 

— Você pode ir, Leila. — vi a indecisão nos olhos da outra mulher. — Não se preocupe. — completei firmemente.

 

         Leila saiu, e Frederico a acompanhou após um olhar para Adriano.

 

— Você tem cinco minutos, Adriano.

 

— Você deve estar ficando louca, certo? — ele gritou. — Delimitando tempo? Para mim? Eu não tenho limites, Ana Lia, e você sabe disso!

 

— Sim, sim, eu sei! — levantei-me exasperada. — Há varias fotos na internet demonstrando sua falta de limites, Adriano!

 

— Ela não é...

 

— Ah, não! Vamos pular essa parte, ok? — o interrompi com frio desdém. — Eu sei, você sabe... Todos sabem que trepou com aquela mulher! E eu não me importo! — olhei para ele. — Mas da ultima vez que você deu suas escapadas eu lhe disse que as fizesse escondido para que ninguém soubesse. Nunca me importei com isso, Adriano, e você bem sabe! Nós dois só tínhamos sexo bom e era tudo. — ele abriu a boca par argumentar, mas não dei espaço. — Mas eu sou uma empresária conhecida, e não posso ter meu nome relacionando a esse tipo de acontecimento.

 

— As pessoas não ligam para isso, Ana Lia! Não se importam com sua vida, com quem você fode, nem nada dessas besteiras que você diz!

 

— Eu ligo, Adriano. — disse friamente. — Nem mesmo devíamos estar tendo essa conversa. É totalmente sem sentido. Eu não quero mais vê-lo, nem falar com você. E agora que você já teve seus cinco minutos pode ir embora.

 

— Eu vou quando eu decidir, não antes disso! — ele me segurara com força pelo braço, e naquele momento eu devia ter percebido que as coisas podiam sair do controle. — Você não me diz o que dizer, nem quando! Eu o faço!

 

         Olhei fixamente para a mão que apertava meu braço, machucando.

 

— Solte-me. — ordenei friamente, mas ele apertou ainda mais. — Você está me machucando, Adriano.

 

— Você acha que eu me importo? Você me diz que vai me deixar e acha que me importo de machucar você? — o tom dele foi ameaçador.

 

— Não estou dizendo que vou deixa-lo. Estou dizendo que já o deixei.

 

         Tão logo me calei senti a parede contra as minhas costas no momento em que ele me empurrou. Minha cabeça bateu com força no concreto, e minha visão escureceu por um breve momento.

 

         Encarei-o de olhos arregalados, enquanto sentia dor na parte de trás da cabeça.

 

— Você ficou louco? — eu não conseguia acreditar no que ele fizera.

 

— Eu não vou perder você, Lia. — ele disse firmemente. — Você é minha e só deixará de ser quando eu o disser!

 

— Eu quero que você vá embora agora! — senti a raiva tomar conta de mim enquanto eu o olhava. — E quero que você vá agora, ou vou chamar a segurança.

 

— Você não vai! — debochou. — Preza demais por sua imagem para fazer uma cena.

 

— Prezo mais ainda por minha integridade física. — Sai de perto dele e caminhei rapidamente até a porta, abrindo-a, me colocando em um ângulo que, eu sabia, a câmera de segurança poderia me alcançar. — E se você se aproximar novamente de mim, Adriano, eu vou até a polícia. — o encarei, e pude ver que acreditou em minha ameaça. — Vejamos se sua imagem resiste depois de um caso de violência contra mulher.

 

— Você não ousaria. — desdenhou novamente, mas seu tom não estava mais tão seguro.

 

— Você sempre pode apostar para ver. — levantei a sobrancelha ironicamente para ele.

 

         Ele ainda me encarou por alguns segundos, e saiu furioso porta afora.

 

 

         Ah, como me arrependo de não ter tomado uma providência naquele mesmo dia! Talvez tudo isso pudesse ter sido evitado...

Capitulo 3

 

 Lembro bem que depois daquele dia, Fred começou a ter uma participação mais ativa na minha vida, digamos assim.

 

            Depois que Adriano saiu e a adrenalina baixou foi que meu corpo começou a sentir o que havia acontecido.

 

            Leila, como sempre, veio logo em meu auxilio

 

— Dona Lia, a senhora está bem? Ele te machucou? – perguntou ela preocupada.

 

— Sim eu estou, Adriano não é maluco de me fazer alguma coisa, ele com certeza saiu daqui convencido de que eu não abaixarei a cabeça para ele.

 

            Nesse instante Frederico se pronunciou:

 

— Com licença Srª Lia, se achar conveniente posso voltar amanhã. – sugeriu ele.

 

Hoje eu compreendo o que vi no seu olhar naquele dia, preocupação.

 

— Não há necessidade! - respondi virando-me e voltando para minha mesa. – pode concluir seu trabalho Frederico.  

 

            Um tremor, mesmo hoje, percorre meu corpo quando lembro daquele dia logo depois que as portas se fecharam após o incidente com Adriano.

 

            Assim que voltamos para a sala, Frederico se pôs a fazer seu trabalho mexendo em uns fios enquanto eu nervosamente xingava o computador por não conseguir realizar uma tarefa simples e corriqueira. Por mais que eu não quisesse Adriano havia me deixado nervosa. Fred percebeu minha agitação e sem dizer nenhuma palavra se aproximou e me ajudou com o computador.

 

            Enquanto ele olhava fingindo estar entretido para a tela eu observava-o mais de perto, sentia seu cheiro, ele usava um perfume envolvente e quente que me fez lembrar do sonho que tivera na noite anterior. Olhei-o fixamente até ele devolver o olhar, percebi quão nervoso ele ficou por se dar conta do quanto estava perto de mim. Ele tentou encontrar um meio de sair logo dali, mas de propósito perguntei algo sobre o computador que o faria permanecer ao meu lado, deslizei um pouco mais a cadeira para ficar mais próxima ainda. O contato de nossas peles incendiava-nos e eu resolvi dar por encerrado aquele jogo de sedução. Levantei-me deslizando lentamente meu corpo no dele, pela sua respiração eu podia praticamente sentir o desejo percorrer o seu corpo. Fred me surpreendeu outra vez por sustentar meu olhar e então o beijei.

 

Fui totalmente pega de surpresa, e que deliciosa surpresa Fred se revelou. Em seu beijo não havia nada do menino que se via nele, dentre tantos homens que tive antes de Fred nenhum beijava como ele.

 

O jeito como ele segurava meu corpo enquanto sua língua invadia minha boca a procura da minha diziam que aquele homem era um furacão na cama e ah como eu queria provocá-lo mais ainda. Eu acreditava que dificilmente Fred pudesse tomar-me ali mesmo, mas outra vez fui surpreendida. Ao passar a mão por seu tórax, que assim como em meu sonho, era extremamente rígido em direção à sua crescente ereção, um fogo acendeu-se dentro dele e Fred suspendeu-me e me sentou na mesa diante dele enquanto seu beijo ficava cada vez mais intenso. Quando me preparava para afastar todas as coisas que estavam por cima da mesa, Fred afastou-se.

 

— Não, não, isso não está certo. – dizia ele passando as mãos nervosamente pelos cabelos, deixando-os bagunçados do jeito que eu mais gostava.

 

— O que não está certo Fred? Somos adultos, não há o com que se preocupar. Por um acaso você é comprometido? – perguntei. Até então essa hipótese nem seque havia passado pela minha cabeça.

 

— Não! Mas não é assim que funciona, não é assim, eu não sou assim? – respondia ele freneticamente.

 

— Ainda não vejo problemas. – disse aproximando-me dele outra vez.

 

            Toquei seu peitoral firme e parecia que ele havia levado um choque de tão rápido que se afastou.

 

— Me desculpe Srª Lia, amanhã retornarei para concluir os ajustes. – disse ele exasperado indo em direção à porta. Eu me encostei na mesa para simplesmente observá-lo. Meu Deus! Como a mudança era rápida, a poucos instantes beijava-me como um homem que sabe muito bem o que quer, mas agora comportava-se como um menino assustado.

 

            Fred parou por um segundo diante à porta para recompor-se, tentou arrumar os cabelos novamente respirou fundo e saiu deixando a porta entreaberta, voltei para a minha cadeira enquanto ouvia-o dizer a Leila que não poderia ficar, pois precisava resolver alguns assuntos particulares e remarcou para o dia seguinte em um horário em que eu provavelmente não estaria.

 

            Pouco depois liguei para Leila.

 

— Leila por favor, marque com o Sr. Frederico em um horário em que ele ainda esteja por aqui amanhã quando eu voltar da reunião por volta de meio dia provavelmente.

 

— Mas Srª ele já marcou o horário.

 

— Ligue para ele remarcando, por favor, eu vou precisar que ele me tire algumas duvidas e é melhor remarcar para um horário mais tarde do que fazê-lo vir até aqui novamente no outro dia não acha?

 

— Pois não Dona Lia, remarcarei.

 

— Obrigada.

 

            Até hoje não sei descrever o beijo dele e mesmo que tanto tempo tenha passado e muitos outros beijos tenham sido dados, em nenhum deles se perdeu aquela doce sensação de surpresa pelo contraste do visual de um menino e do toque de um homem, mas o primeiro teve um gosto a mais, o desejo entre nós dois chegava a ser palpável naqueles dias.

 

            .

 

Na manhã seguinte fui direto à reunião com os chineses que havia sido adiada no dia anterior e outra que já estava marcada.

 

            Durante as reuniões eu mal consegui me concentrar. Dei graças a Deus quando tudo acabou e eu pude por fim ir até minha sala. Era quase meio dia. E assim como esperava Fred ainda estava por lá. Ele mexia em algo no computador quando entrei, tive que conter o riso ao vê-lo se levantar bruscamente deixando alguma coisa que ele tinha em seu colo cair no chão.

 

— Bom dia Fred. – cumprimentei dando o meu melhor sorriso. – conseguiu terminar o que veio fazer?

 

— Acabarei daqui a pouco, foi até bom a Srª ter chegado eu precisarei reiniciar o seu computador e...

 

            Fred não conseguiu terminar a frase. Adorei sua expressão enquanto eu caminhava em sua direção com os olhos cravados nos seus. Chegando perto dele o beijei assim como no dia anterior. Depois do beijo convide-o para almoçarmos juntos.

 

— Me desculpe Lia, mas realmente não posso acompanhá-la. – respondeu com um verdadeiro pesar na voz.

 

— Tudo bem, marcamos um jantar. – rebati prontamente.

 

— Tudo bem, caso possa poderia até mesmo ser esta noite. – disse ele.

 

— Perfeito! Você gostaria de sugerir algum lugar? – perguntei aproximando-me mais ainda dele e dando-lhe a chance de me surpreender.

 

— Passarei em sua casa as oito em ponto e na hora você saberá. – respondeu ele cheio de mistério do jeito que eu gostava.

 

— E como devo me vestir? – perguntei arrastando provocadoramente um dedo pelos botões de sua camisa descendo lentamente.

 

— Basta arrumar-se como se viesse trabalhar. – respondeu ele com um belo sorriso.

 

            Expliquei-lhe como chegar a minha casa e logo mais ele saiu, pois, segundo ele, precisava atender outro cliente em caráter de urgência. Fred não me parecia o tipo de homem que arranjava desculpas para fugir de algo. Dei-lhe um longo e sensual beijo antes de deixá-lo ir.

 

Segui com minha agenda normalmente pelo restante do dia. Mas confesso que já naquele momento um pouco de ansiedade pairava sobre mim.

 

            Fui para casa em meu horário habitual, ao chegar preparei um banho e relaxei, faltando uma hora para o horário marcado comecei a me arrumar, escolhi um vestido azul marinho colado ao corpo e um scarpin preto. Optei por usar os cabelos soltos esta noite. Arrumei-o em largos cachos fazendo-os cair ondulados pelos meus ombros, maquiei-me e segui para a sala. Terminava de beber uma taça de vinho quando o interfone tocou.

 

            Naquela noite eu que perdi a fala, não que Fred também não a tivesse perdido ao me ver, mas realmente não esperava vê-lo tão elegante em um terno. Sem os óculos seus olhos azuis pareciam mais lindos ainda, e de todas as coisas fazia-se ausente aquele jeito de menino. Diante de mim estava o Fred que me beijara com tanta volúpia um dia antes.

 

            Jantamos em um restaurante francês no centro da cidade. Deixei toda a escolha por sua conta e pelos conselhos de Fred ele eu iria adorar um prato chamado Coq au Vin, que segundo ao meître era a escolha perfeita para a noite.  

 

Como era de se esperar Fred deu uma aula sobre o prato contando-me sua história durante o jantar. Assim também foi com a sobremesa que havíamos encomendado no inicio da refeição, o Soufflé Glacé au Grand Marnier, que Fred assegurou ser a melhor dentre todas as sobremesas da culinária francesa. Sempre pensei que sair com um homem como Fred seria chato e exaustivo, mas embora ele tivesse dominado a noite com “conversas de Nerd” eu me vi, para minha surpresa, bastante interessada. E assim permaneceu, eu sempre admirei sua inteligência e perspicácia.

 

            Se eu soubesse naquela noite o que estar ali com Fred desencadearia, teria deixado por minha conta a escolha do lugar, mas de que adianta agora ficar pensando no que poderia ter sido feito?

 

            Após o jantar permanecemos à mesa ainda conversando sobre o que tivéssemos vontade, nos conhecendo assim um pouco mais. Na hora de irmos embora Fred outra vez comportou-se como um perfeito cavalheiro, puxou a cadeira para que eu me levantasse e seguiu comigo de braços dados até o carro, abriu a porta primeiramente para mim e só depois seguiu para o banco do motorista. Não que ninguém tivesse feito essas coisas comigo antes, mas nunca com a classe e elegância de Fred e nem mesmo os CEOs com quem já saí, o superavam nisso.

 

            Ao chegarmos, Fred fez questão de me acompanhar até a porta do meu apartamento. Mas quando pensei que ele entraria e eu poderia finalmente tê-lo em minha cama, ele insistiu em apenas me dar um beijo de boa noite.

 

— Não vai querer entrar? – perguntei insinuativa.

 

— Não hoje Lia. – respondeu ele negativamente desapontando-me. — Não sou como os homens com quem você já esteve Lia, digamos que eu ajo à moda antiga.

 

— Percebi. Bom, eu gostaria de sua presença por algum tempo mais, mas se prefere assim... – Quase não acreditei que estava concordando com aquilo. Ana Lia deixando um homem comandar as coisas? Era novidade.

 

            Fred se foi depois de um intenso beijo que me deixou com um sorriso bobo nos lábios como uma adolescente imatura. Pouco depois a campainha tocou, abri um sorriso maior ainda, ele não havia resistido a mim. Foi o que pensei. Abri a porta pronta para puxá-lo para dentro do apartamento, quando vi que na verdade era Adriano. Imediatamente tentei fechar a porta, mas ele impediu e entrou assim mesmo.

 

— O que diabos você está fazendo aqui? Como você subiu sem que o porteiro avisasse? Dei ordens para ninguém deixá-lo entrar. Saia da minha casa agora ou eu chamarei a policia.

 

— Ora cale-se, eu sairei quando tiver que sair. Então quer dizer agora que Ana Lia deu para fazer caridades? O que diabos você estava fazendo com aquele frangote? – perguntou ele aos berros.

 

— Não é da sua conta Adriano, eu não lhe devo satisfações. – respondi agressivamente.

 

— Quem disse isso Ana Lia? Eu já te falei que você é minha até que eu diga que você não é e eu não admito que você saia por aí com outro homem. – disse ele vindo em minha direção e segurando-me novamente pelo braço.

 

— Solte-me Adriano! Se você pensa que eu estava brincando quando falei que lhe processaria, você está muito enganado. Solte-me e saia daqui imediatamente!

 

            No lugar de me soltar Adriano me beijou, da forma como ele bem sabia que eu gostava, soltando meu braço puxou de leve meus cabelos enquanto sua língua procurava pela minha. Por um momento pensei em ceder há dias eu não sabia o que era ser tocada por um homem, mas de repente a imagem de Fred me veio à mente, seu sorriso, sua elegância. “Eu não sou como os outros homens com quem você já esteve Lia”. Eu quase podia ouvi-lo dizer.

 

            Tal recordação veio seguida de uma que me lembrava quem realmente era Adriano, tentei de todas as formas me livrar de seu aperto, mas ele não me deu outra opção. Chutei-o entre as pernas com toda a minha força, imediatamente ele me soltou. Peguei a primeira coisa a qual tive acesso e ameacei atacá-lo caso ele se aproximasse novamente.

 

            Depois de muito resmungar e xingar-me dos piores nomes, ele saiu, não sem antes dizer que não me deixaria em paz e seu já costumeiro “Você ainda é minha”.

 

            Tranquei a porta e corri para o telefone, não me importava que fosse tarde, liguei para o sindico para reclamar do porteiro que permitira a entrada de Adriano no prédio, disse que ele tomasse as providências necessárias, o homem muito assustado concordou com tudo.

 

 

            Naquela noite eu tive certeza de duas coisas: uma de que eu precisava imediatamente procurar tomar alguma providência com relação a Adriano e outra, eu estava perdidamente apaixonada por Fred.

Capitulo 4


Naquela noite, quase não dormi, fiquei pensando em Fred e no sentimento novo que começava a sentir por ele. “Apaixonada? eu estou apaixonada pelo nerd?” Eu pensei incrédula.

 

Não que eu seja preconceituosa, a essa altura você pode perceber que eu estava me lixando se ele era nerd ou não, mas é que eu sempre fui de me envolver com homens mais marombados, as vezes modelos e algumas vezes também fiquei com atores. Mas nunca havia ficado com alguém como Fred, e pior ainda me apaixonado. Sim, aquilo era definitivamente paixão.

 

Na manhã seguinte eu estava acabada, ficar uma noite sem dormir sempre me deixava indisposta. Me lembro que quando cheguei, Leila já estava me esperando com um café.

 

— Está tudo bem Dona Lia? — ela perguntou preocupada. Eu havia me maquiado, claro, mas nem as bases que eu fabricava, que diga-se de passagem, sempre foram as melhores nos ranking de cosméticos, me ajudaram a esconder as olheiras.

— Sim Leila, está sim, só tive uma noite mal dormida. — respondi.

 

Notei um arranjo lindo de orquídeas lilás em cima da minha mesa.

 

— Chegaram hoje. — Leila me disse. Eu sempre recebia flores, as vezes de clientes outras vezes de admiradores, mas essas eram as mais lindas que eu já havia ganhado.

— Quem as enviou? — perguntei.

— Eu não sei, o entregador só me pediu para assinar o recibo, não veio nenhum cartão nela.

— Nenhum cartão? Como saberia quem enviou? De qualquer modo são lindas. — respondi alisando uma pétala da flor.

— Podemos repassar a sua agenda de hoje?

— Sim, e o Sr Fred? Não vai terminar o serviço hoje? — perguntei curiosa, eu estava ansiosa para vê-lo novamente.

— A InfoHome já concluiu os serviços aqui Dona Lia. O Sr Fred passou logo cedo por aqui para verificar se estava tudo certo.

 

Saber que eu não veria mais o Fred todos os dias me deixou arrasada.

 

— Certo. — respondi tentando disfarçar meu desapontamento.

— Mas antes de ir ele deixou esse envelope para a sra, ele me pediu para entregar em mãos. — Leila me disse, entregando um envelope para mim.

 

Uma onda de euforia passou sobre mim naquele momento. Hoje, me lembrando disso, dou risada, eu parecia uma adolescente apaixonada.

 

— Ah, tudo bem, eu irei ver o que é depois.

 

Leila e eu repassamos minha agenda, naquele dia eu teria 4 reuniões com fornecedores de outros estados. O café havia me ajudado, mas ainda me sentia um trapo. Toda aquela briga com Adriano, havia me deixado exausta. Antes de se levantar, Leila fez menção de me falar alguma coisa, mas se conteve.

 

— O que houve Leila? — perguntei curiosa.

— Dona Lia, eu já não sei mais o que fazer, o Sr Adriano está ligando aqui diversas vezes por dia, ele começou a ficar mais agressivo Dona Lia, eu temo que ele faça alguma coisa contra a senhora.

 

Ver a expressão de pavor da Leila, me fez ficar mais um pouco mais preocupada com a situação. Eu precisava fazer algo.

 

— Não se preocupe Leila, eu farei alguma coisa a respeito.

— Tudo bem, qualquer coisa que precisar, estarei aqui. — ela respondeu prestativa e saiu da sala.

 

Eu precisava ligar para o Dr Arthur para contar sobre os ataques do Adriano. Hoje, eu entendo que deveria ter feito algo mais rápido, mas simplesmente não dei tamanha importância para o assunto no momento. Eu estava muito curiosa para saber o que Fred havia deixado para mim no envelope. Era um bilhete, com uma letra muito bonita.

 

Lia

A noite de ontem foi incrível. Eu espero que você tenha

gostado tanto quanto eu, e ficaria honrado se você me desse o prazer de

jantar comigo mais uma vez.

Por favor me ligue se você decidir que sim.

Estarei esperando ansioso!

 

Frederico

Obs. Tomara que tenha gostado das flores.

 

 

Meu coração acelerou de uma tal maneira que eu achei que ele ia sair pela minha boca, juro. Eu fiquei tão feliz que meu deu vontade de fazer aquelas dancinhas ridículas, é... eu sei, é ridículo mesmo, mas não riam, vão me dizer que não ficariam felizes assim? Enfim, eu fiquei feliz demais e imediatamente liguei para ele para agradecer as flores. Ele havia deixado um cartão junto com o envelope, mas não precisava, para ter aquele homem eu o encontraria até na China. Disquei os numero com as mãos tremulas, sério, eu estava muito nervosa.

 

— Frederico. — ele atendeu em um tom profissional.

— Bom dia Fred, sou eu Lia. — eu disse ainda nervosa. Fiquei com raiva de mim na hora, “acalme-se” eu me ordenava, nunca havia ficado assim por nenhum homem.

— Lia. — ele disse com um sorriso na voz. Aquela voz baixa dizendo meu nome, me fez instantaneamente ficar excitada. — Que bom que você ligou! — ele disse surpreso.

— Eu gostaria de agradecer pelas flores, são as mais lindas que eu já vi. — eu disse retomando o meu controle.

— Elas são especiais... assim como você. — ele disse ainda mais baixo. Nessa hora eu já apertava as minhas pernas para acalmar meu sexo carente. — Você vai... Vai aceitar o meu convite para jantar? Eu sei que nos vimos na noite passada, mas eu não consegui parar de pensar em você.  

 

Naquela hora eu senti vontade de dizer que também não parei de pensar nele, mas precisava manter o controle da situação, eu não poderia mostrar para o Fred o quanto eu já estava envolvida, não poderia ficar vulnerável.

 

— Sim, eu aceito jantar com você, mas hoje eu escolho o restaurante tudo bem? — eu não poderia correr o risco de deixar o Adriano atrapalhar mais uma noite minha.

— Tudo bem, você escolhe. Busco você as nove. — ele respondeu parecendo ansioso.

— Até breve Fred.

 

 A oportunidade de ver Fred mais uma vez, fez a expectativa crescer em mim. O meu dia havia melhorado muito e eu decidi não me estressar com as ameaças do Adriano. Ah como eu estava errada....

 

O dia passou rapidamente, participei de todas as reuniões agendadas e decidi ir para casa as cinco da tarde. Umas das vantagens de ser  CEO é que posso entrar e sair a hora que eu quiser. Na maioria das vezes eu fico até tarde, mas em ocasiões especiais, me dou o luxo de sair mais cedo. Eu nunca desligo meu blackberry claro, com a minha profissão, dificilmente eu deixo de atender uma chamada.

Cheguei cedo em casa, e vi que a secretaria eletrônica piscava com recados, eu levei um susto quando vi a quantidade, eram quarenta e duas mensagens.

 

Quando comecei a ouvi-las, uma onda de medo percorreu o meu corpo, todas eram de Adriano, e em quase todas ele me ameaçava.

 

— Ana Lia! Atende a porra do telefone!. — ele gritava alterado.

— Ana Lia! Você não vai ficar com mais ninguém se não ficar comigo, você esta entendendo?

— Ana Lia, quando eu te encontrar eu vou fazer você pagar por tudo isso que você está fazendo. Eu sou o Triturador porra!

 

Eu ouvi todas as mensagens e decidi não apagá-las, eu precisava mostrá-las para o Dr Arthur, o louco do Adriano precisava parar com isso. Resolvi deixar isso para o outro dia e fui me arrumar para o meu encontro com Fred. Quem diria, eu Ana Lia toda derretida por um cara como o Fred. Me arrumei com calma, prendi meus cabelos em um rabo de cavalo liso e impecável, e optei por um vestido preto básico na altura dos joelhos, o vestido era simples mas também muito sensual, havia um decote com renda nas costas que deixava apenas uma pequena parte da minha pele a mostra, sempre optei em usar roupas sexy sem parecer vulgar. Minha maquiagem estava como sempre, perfeita. Fiquei pronta as oito e quarenta e decidi esperar por Fred tomando um vinho.

 

As nove em ponto o porteiro chamou no interfone avisando que ele havia chegado, quando abri a porta, demorei alguns segundos o apreciando, ele estava com uma camisa azul escuro e uma calça jeans escura, usava um sapato descolado e me admirei com o bom gosto que ele tinha. Nas mãos ele segurava um buque de flores brancas e amarelas.

 

— Lia. — Ele me cumprimentou com um sorriso tímido no rosto.

— Fred. — eu o cumprimentei abrindo um pouco a porta para ele entrar.

— São para você. — ele disse me entregando as flores.

— São lindas, obrigada. — agradeci colocando-as em um vaso que estava em cima da mesa — Preciso colocá-las na água.

 

Nesse momento, ele me puxou e me beijou. Um beijo carinhoso, terno, diferente do primeiro beijo, mas tão bom quanto. Fred me intrigava, em momentos ele tinha uma pegada gostosa e selvagem, em outro uma delicadeza que eu nunca havia recebido.  

 

— Você está linda. — ele disse tocando o meu rosto. Eu segurei em sua mão sentindo todo o calor dele.

 

Não pude deixar de reparar como Fred me olhava com desejo nos olhos.

 

— Vamos? — perguntei um pouco ofegante, toda aquela aproximação me deixou mais que excitada.

— Vamos. — ele respondeu beijando a palma da minha mão.

 

Decidi levá-lo em um restaurante de um amigo meu, o clima era bem intimo e romântico e a comida italiana. A conversa com ele fluiu naturalmente e parecia que nos conhecíamos pela vida inteira.

Vocês devem estar pensando: “Nossa, a Lia ficou toda romântica agora?” e eu te respondo, Fred fez isso comigo. As coisas que ele dizia, os ideais que ele tinha, os desejos, os sonhos, tudo aquilo fazia com que eu me apaixonasse mais.

 

— E as namoradas? Você teve muitas? — eu perguntei curiosa.

— Não, não. — ele respondeu sorrindo. — Sempre preferi me dedicar aos estudos, não tinha tempo para namorar.

— Já amou alguém? — perguntei por impulso.

— Não, nunca amei ninguém... até agora. — ele respondeu com a voz firme. — E você?

— Também não, não tenho tempo pra esse tipo de relação. — respondi.

— Entendo. — ele respondeu parecendo chateado. — E o tal lutador? Aquele dia ele parecia um pouco nervoso.

— Ele era só um amigo. — respondi. Fred fez uma careta demonstrando que ele sabia que Adriano era meu “amigo de foda”, resolvi ser sincera com ele — Com benefícios. — acrescentei — Mas depois de ontem a noite, acho que ele entendeu que não temos mais nada. — falei dando os ombros, mas me arrependi no mesmo segundo de ter dito.

— Ontem a noite? — Fred perguntou confuso — Mas nós saímos ontem a noite.

— Depois que você me deixou em casa, ele apareceu por lá querendo voltar. Mas eu deixei as coisas bem claras para ele. — respondi.

— Lia, eu só tenho que deixar as coisas claras aqui, eu não gosto de ser uma opção, eu quero ser prioridade. — ele disse sério olhando para mim.

 

Eu não sabia o que responder, pela primeira vez na vida: Eu Lia, fiquei sem fala.

 

— Eu sei que isso pode ser novo pra você, que você nunca esteve em um relacionamento sério antes, mas eu só vou ficar com você se for desse jeito, eu quero exclusividade, eu quero você só para mim. — ele continuou falando — Mas se você não estiver afim, tudo bem, podemos ser somente amigos e...

 

Eu não sei o que deu em mim naquele momento, sério, eu mesma não me reconheci, mas quando vi já estava falando:

 

— Eu quero! — disse rapidamente. Respirei fundo retomando o meu precioso controle. — Quer dizer, vamos deixar o tempo dizer como as coisas vão acontecer Fred.

— Eu só preciso saber se seremos só nós dois Lia.

— Sim, eu só quero você agora Fred.

 

Ele abriu aquele sorriso tão lindo que ele tinha e relaxou visivelmente. O final da noite chegou e ele foi me deixar no meu apartamento.

 

— A noite foi incrível, você é... incrível. — ele disse quando chegamos na porta.

— Você não quer entrar? — perguntei esperançosa.

— Ainda não. — ele sorriu.

— Isso é maldade! — falei retribuindo seu sorriso.

— É difícil pra mim também, mas eu tenho que ir, amanha eu vou viajar para o Rio Grande do Sul para realizar um trabalho, tenho que acordar cedo.

— Ah você vai viajar? — perguntei indiferente . Eu estava arrasada por dentro, mas não queria demonstrar isso para ele.

— São apenas quatro dias. — ele disse tentando se explicar.

— Tudo bem, boa viagem. — falei entrando para o meu apartamento.

— Eu posso te ligar Lia? — ele perguntou segurando delicadamente em meu braço.

— Sim. — respondi o puxando para um beijo. Esse beijo foi mais intenso, mais quente, selvagem, com um gostinho de despedida.

— Não faz assim. — ele disse ofegante — Desse jeito eu não consigo ir embora.

— Não vá! — eu pedi.

 

Ele se afastou lentamente exibindo aquele sorriso nada inocente dele.

 

— Eu te ligo. —  disse se despedindo.

 

Fred havia mexido comigo, algo dentro de mim havia mudado. Eu começava a ver as coisas de outro modo, relacionamento para mim sempre foi um negocio complicado, mas com Fred as coisas eram mais simples, naturais. Ele me ligou todos os dias enquanto esteve fora, e eu pela primeira vez na vida, estava com saudades de alguém. Eu estava com saudades dele, e contava as horas para vê-lo.

Adriano continuava com as ligações e começava a me assustar. Aquilo não poderia ser normal, resolvi ligar para o Dr Arthur.

 

— Bom dia Ana! — ele me saudou com aquela voz grave.

— Bom dia Arthur, como vão as coisas?

— Tudo tranquilo, o que posso fazer por você?

 

Contei para Arthur tudo o que havia acontecido, as ameaças do Adriano, a invasão ao meu apartamento, as inúmeras ligações. Arthur ouviu calado e eu sentia a sua respiração ficar mais forte ao telefone. Quando acabei ele simplesmente explodiu.

 

— E você não pensou em me contar isso antes? — ele gritou. Nunca havia visto Arthur falar daquela maneira.

— Acalme-se Arthur. — ordenei. Ele era um amigo da família, mas também trabalhava para mim, não poderia deixá-lo falar daquele jeito.

— Me acalmar como Lia? Eu não estou falando agora como seu advogado, estou falando como um amigo que te viu nascer. Esse Adriano é perigoso, ele claramente é desequilibrado, precisamos agir agora afim de evitar que alguma coisa ruim aconteça.

— E o que você sugere? — perguntei aflita. Ouvir Arthur falar daquele jeito me fez entender a real situação do problema.

— Precisamos de uma medida cautelar, mostrarei para o juiz as mensagens que ele te deixou e pedirei uma ordem de restrição, ele não poderá chegar perto de você. — ele explicou.

— Ótimo, faça isso! Tenho uma reunião agora Arthur, tenho que desligar. Nos falamos depois.

— Tudo bem, só... somente se cuide ok? — ele pediu.

— Pode deixar. — respondi para tranquilizá-lo.

 

Aquele dia passou lentamente, Fred chegaria naquela noite e a expectativa de vê-lo me deixou ansiosa. Por volta das cinco da tarde Leila entrou em meu escritório carregando um buque enorme com rosas vermelhas. Eu abri um ligeiro sorriso quando vi o buque, esperava que fosse de Fred.

 

— Acabaram de chegar. — ela me disse entregando o cartão. Ela trocou as flores que eu tinha no vaso pelas rosas vermelhas, que eram lindas.

— Obrigada Leila, você pode sair.

 

Ao abrir o cartão, meu coração bateu mais forte, era de Fred.

 

Acabo de chegar de viagem, estou exausto, mas gostaria muito

de ver você. Estou com saudades, quando puder me ligue.

Beijos

Frederico

 

Abri um sorriso, mas aguardei alguns minutos para ligar para ele, não poderia parecer desesperada. Após meia hora, decidi ligar. Ouvir a voz dele me fez mais feliz. Marcamos um jantar na minha casa, ele estava cansado e decidi que ficar no meu apartamento seria o melhor. Ok, eu confesso, estava com segundas intenções, não me julgue ok? Fazia tempo que eu não transava, já estava mais do que na hora. Enfim...

 

Pedi comida no meu restaurante favorito, eles iriam entregar as nove da noite. Eu não sabia, e ainda não sei cozinhar. Me arrumei com um vestido lilás, ele era justo e um pouco acima dos joelhos, deixei meus cabelos soltos e fiz uma maquiagem leve. Acendi algumas velas... sim, eu estava tentando seduzi-lo aquela noite. E abri uma boa garrafa de vinho, as nove em ponto Fred tocou a campainha, eu já havia avisado o porteiro que ele iria chegar.

 

Fred estava lindo, vestia calça jeans, blusa branca básica e um terno cinza elegante. Ele estava sexy demais. Quando ele me viu abriu um sorriso, e eu tive de lembrar de respirar, aquele homem sabia ser sexy. Ele não me deu tempo para cumprimentá-lo, me puxou para um beijo, mas não foi qualquer beijo, foi um beijo quente, de saudade, com vontade. Fred não se segurou naquele beijo, ele nunca havia me beijado daquele jeito, e eu adorei aquilo.

 

— Meu Deus eu senti saudades! — ele disse enquanto mordiscava meu queixo.

— Eu também. — respondi em um sussurro.

 

Eu não conseguia pensar, naquele momento era só sensações, nem Fred conseguiria me parar, pedi aos céus para ele não se afastar e fui atendida. Fred estava excitado, eu já conseguia sentir sua ereção contra mim. Comecei a tirar o seu terno, enquanto ele passava as mãos por todo o meu corpo. Nós ainda estávamos na porta do meu apartamento, mas eu não me importava, só queria que Fred me tomasse ali, naquele momento. Mas Fred tinha outros planos, eu já deveria ter imaginado. Ele foi me beijando caminhando pelo apartamento enquanto eu tirava a camiseta branca dele.

 

— Onde é o quarto? — ele sussurrou em meu ouvido, levando arrepios para todo o meu corpo e me deixando mais excitada do que eu poderia imaginar.

 

O conduzi até o meu quarto e pude reparar em seu abdômen, ele não era sarado mas definitivamente ele era gostoso, seu corpo magro era definido e ele tinha aquelas entradas que formavam um V indicando o paraíso. Se é que vocês me entendem.

 

Ele estava só de calças jeans, não havia reparado quando foi que ele tinha tirado as meias e sapatos, mas isso não importou, eu só queria me entregar para ele. Meu quarto era todo branco com moveis de design super famosos, havia uma parede inteira revestida com espelhos. Parece que isso chamou a atenção de Fred. Ele me virou para o espelho e ficou atrás de mim, eu podia sentir a sua ereção na minha bunda, mas eu ainda estava vestida.

 

Fred, alcançou a barra do meu vestido e o tirou lentamente, eu observava a cena através do espelho e podia ver a sua reação enquanto eu ficava nua, eu não havia colocado nenhuma lingerie. Eu queria seduzi-lo, lembram-se?

 

O olhar de desejo de Fred, me deixou a ponto de gozar ali mesmo, parada.

 

— Tão linda. — ele sussurrou me dando beijos no pescoço enquanto deslizava delicadamente suas mãos pelos meus ombros, meus seios, nessa altura implorando por atenção, estavam cheios e empinados, e Fred começou lentamente a alisá-los, eu podia sentir minha excitação começar a escorrer por entre as minhas pernas, mas aquilo não me constrangeu, eu não era mulher de sentir pudores. Uma mão de Fred alisava e puxava meu mamilo, enquanto a outra descia em direção a minha vagina molhada, eu assistia a cena toda através do espelho, me contorcendo de prazer. Fred também observava, e aquela era a cena mais erótica que eu já havia visto na minha vida.

 

Ele começou a acariciar meu clitóris e o meu clímax foi se construindo, eu rebolava em seus dedos e ele ofegante atrás de mim, me pressionava com seu pau duro. O ritmo perfeito que Fred impôs, me fez alcançar o ápice rapidamente, me levando ao êxtase e me fazendo gritar.

 

— Ver você gozar, é a coisa mais linda que eu já vi em toda a minha vida. — ele me disse enquanto eu parava de tremer. — Mas eu preciso estar dentro de você agora.

 

Essas oito palavras fizeram eu ficar excitada novamente. Eu queria mais, eu queria tudo de Fred. Ele me deitou na cama e eu o observei retirar suas calças e cueca. Ele estava tão duro que eu só senti vontade de levá-lo a minha boca. E foi o que fiz, me ajoelhei na cama, e sem ele esperar, o coloquei na boca, sugando com vontade aquele pau perfeito. Ele encaixava perfeitamente em meus lábios, e eu pude sentir o gosto do seu pau, me fazendo pulsar de desejo. Ele gemia palavras incoerentes e eu intensificava ainda mais, lambendo, sugando, chupando.

 

— Lia, por favor pare, eu não vou aguentar muito. — ele pediu. Mas eu estava excitada demais para parar, eu só queria fazê-lo sentir o mesmo prazer que ele havia me dado. — Lia, eu quero fazer amor com  você. — ele disse ofegante. Eu me afastei lentamente, afinal, eu também queria isso.

 

Ele sorriu e se afastou para pegar o preservativo que estava no bolso de sua calça. Eu me ofereci para colocá-lo, era bom torturar Fred, ele já havia me torturado demais me fazendo esperar. Coloquei o preservativo lentamente, mas Fred estava com pressa, me jogou na cama e sem esperar, me penetrou rapidamente. Sério, eu achei que ia ser bom, só pelo beijo que ele me dava eu sabia que ia ser bom, mas eu não esperava que fosse tão... tão maravilhoso.

 

Fred começou o vai e vem mais delicioso que eu já tinha experimentado, tudo em mim se acendeu, aquele desejo todo, eu simplesmente não podia acreditar que ele era responsável por tudo aquilo. Ele me segurou com força me fazendo acompanhar o ritmo implacável dele, a sua pelve roçava em meu clitóris, me fazendo novamente construir meu orgasmo, eu sabia que ele estava perto, mas ele queria me fazer gozar de novo. Ele me beijava e mordia meu pescoço, ombros e finalmente meus seios, ele os chupou, mordeu e deu lambidas selvagens que me enlouqueciam. Fred sabia o que estava fazendo, era seguro de si, e me levou ao prazer me fazendo ter o orgasmo mais intenso da minha vida. Eu gozei gritando seu nome e murmurando coisas que nem eu mesmo me lembro. Vendo que eu havia gozado, ele se permitiu levar... e gozou, foi lindo vê-lo se entregar ao prazer sussurrando meu nome.

 

Sim, eu estava definitivamente, incontestavelmente apaixonada!

 

Os dois meses que se seguiram foram os mais felizes da minha vida, eu e Fred nos víamos quase todos os dias e eu não podia acreditar que um relacionamento comum, eu quero dizer, um namoro pudesse ser tão gostoso. Eu ainda era a mesma CEO implacável e no comando de tudo, mas Fred havia me mudado, me mostrado como era bom ter alguém para conversar, desabafar e amar.

 

Amor! Eu nunca havia pensado que eu um dia poderia amar alguém, mas a cada dia que se passava esse sentimento ia se construindo em mim, eu já amava o Fred, mas ainda não havia tido coragem para dizer a ele.

 

Todo ano acontecia uma festa homenageando os profissionais do ano e novamente eu estava concorrendo. Convidei Fred para ir comigo, era uma festa de gala e eu queria levar o meu namorado nesse momento tão especial, era uma honra ser nomeada. Fred ficou relutante no começo, mas depois de muita insistência e persuasão eu consegui convencê-lo. A mídia já espalhava rumores sobre o nosso relacionamento e eu já não queria mais esconder.

 

O Dr Arthur havia conseguido uma medida judicial contra Adriano e ele estava impedido de se aproximar de mim, ele tentou me ligar algumas vezes, mas com o tempo desistiu. Ele não iria colocar sua carreira em risco, fiquei aliviada e segui com a minha vida. Eu deveria ter desconfiado que não seria tão fácil assim...

 

No dia da festa, fui arrumada pelo melhor cabeleireiro e maquiadores da cidade. Fiquei realmente linda, usava um vestido vermelho com um decote profundo das costas e sandálias Christian Louboutin, meus cabelos estavam em um coque bagunçado, que era o penteado da moda. Fred havia me dado brincos de prata com pedrinhas de brilhante, eu sabia que não eram diamantes, mas não importava, vindo de Fred era a jóia mais linda do mundo e eu fiz questão de usar. Ele também estava muito elegante, vestia um smoking e gravata borboleta. Estava tudo perfeito.

 

— Você vai ser a mulher mais linda dessa festa. — ele me disse.

— Não vale, você só diz isso por que quer me levar para a cama. — eu disse rindo enquanto estávamos no caminho.

— Mas eu já consegui isso. — ele disse com um sorriso safado. — Duas vezes hoje.

— Quem é você e o que fez com meu namorado certinho? — perguntei espantada. Fred havia se soltado muito mais comigo, ele ainda era tímido as vezes, me cortejava e era um cavalheiro, mas na cama... ele era outro Fred.

 

Eu havia dispensado a limosine que a revista que fazia a cobertura da festa havia me enviado, eu e Fred preferimos ir com o meu carro. Chegamos na festa e fomos bombardeados com flashes e perguntas dos fotógrafos.

 

— Ana Lia! Esse é o seu novo namorado? — perguntou uma repórter.

— Mas é namorado mesmo, ou mais um dos seus amiguinhos? — disse outra desdenhando.

— É verdade que ele é um garoto de programa? — outro perguntou.

 

Eu já estava acostumada com essas perguntas idiotas, mas Fred estava assustado, aquele não era o mundo dele, e eu não poderia deixá-lo constrangido.

 

— Sim, esse é Frederico Oliveira meu namorado. Agora se me dão licença, nós estamos atrasados. — eu respondi me afastando.

 

Fred ainda estava um pouco desnorteado com aquilo tudo.

 

— Me desculpe por isso. — disse um pouco envergonhada.

— Tudo bem, quando eu te conheci, sabia a bagagem que vinha com você. Isso não muda o que sinto. — ele respondeu me dando um beijo na testa.

 

Eu quase lhe perguntei o que ele sentia por mim, mas vocês já devem ter percebido que eu sou meio durona quando se trata de falar de sentimentos não é? Então eu somente acenei e fiquei calada. A noite foi maravilhosa e eu acabei ganhando o premio de profissional do ano. Fiquei muito lisonjeada e feliz por ter Fred ao meu lado nesse momento.

 

A festa estava linda e nos divertimos muito, mas eu estava muito cansada e falei para Fred para irmos embora. Fred foi dirigindo o veiculo e estávamos conversando sobre a festa quando um carro vindo em alta velocidade começou a dar farol alto para nós. Fred, prudente do jeito que era, deu espaço para ele passar, mas o veiculo continuava a insistir com o farol.

 

— O que será que essa pessoa quer? — ele perguntou confuso.

— Será um repórter? — questionei.

 

O carro então passou por nós e eu o reconheci prontamente, aquele carro todo equipado era de Adriano. Eu sabia por que, aquelas peças eram feitas por encomenda. Meu sangue gelou.

 

— É o Adriano. — eu disse.

— O seu ex? — Fred perguntou intrigado. — O que ele quer?

— Eu não sei, ele não pode chegar perto de mim, caso contrario ele vai preso. 

— Preso? Por que?

 

Eu não havia contado para ele que acionei a justiça contra Adriano, havia decidido que era melhor não envolver Fred naquela situação. Mas já era tarde demais, Adriano foi com o carro para frente do nosso e freou bruscamente, Fred até tentou não bater, mas estávamos em uma velocidade relativamente alta e colidimos com o carro de Adriano. Até hoje agradeço a Deus por estarmos de cinto naquela noite, senão poderia ter sido muito pior.

 

Fred olhou assustado para mim, mas eu também pude ver algo a mais no seu olhar... fúria. Ele desceu do carro no mesmo momento que Adriano desceu do dele.

 

— Você é louco cara? — Fred gritou. Adriano já chegou dando um soco em Fred que caiu no chão.

— Cala boca otário, eu quero falar é com essa vagabunda aqui. — Adriano gritou transtornado para mim.

 

Eu já havia descido do carro para verificar como Fred estava, Adriano era muito forte, com certeza havia machucado ele. Os carros da rodovia passavam rapidamente e ninguém reparava que havia algo errado acontecendo ali.

 

— O que você esta fazendo Adriano? Eu tenho uma medida... — ele não me deixou terminar.

— Foda-se essa medida cautelar! — ele gritou — Eu venho observado você a dois meses, eu sei que você esta trepando com esse merdinha pra fazer ciúmes em mim.

— Você usou alguma droga? — perguntei assustada. Ele parecia drogado, estava com os olhos muito abertos e balançava a cabeça freneticamente. Ele ignorou minha pergunta.

— Então você acha que vai terminar comigo e ficará tudo bem? Eu sou a porra do lutador mais famoso do pais. — ele disse segurando meu braço com força — Você é minha sua puta! — nessa hora ele deu um tapa forte no meu rosto. Vi Fred se levantar desesperado, seu olhar era puro pânico.

 

Eu não senti as minhas pernas, a força do tapa me fez cair no chão. Adriano veio para cima de mim e eu tive a certeza que ele ia me matar, não reparei quando Fred o puxou e começou a socá-lo, os golpes que ele dava deixava Adriano um pouco desnorteado, mas bom lutador do jeito que era, se recuperava rápido. Adriano deu alguns socos em Fred, que caiu desacordado. Adriano continuava a socá-lo e eu sabia que ele não ia parar, eu gritava desesperada pedindo socorro, mas nada adiantava, então, eu fiz a única coisa que pensei no momento, usei toda a minha força para empurrá-lo de cima de Fred. Ele se desequilibrou e foi parar no meio da rodovia. Nesse momento, só ouvi o som muito forte de uma buzina e o corpo de Adriano sendo atropelado por um caminhão.

 

 Fred abriu os olhos assustado enquanto processava a cena que acontecia:

 

O motorista do caminhão desesperado, verificando a pulsação de Adriano e balançando a cabeça em negação.

 

— Ele morreu! — eu sussurrei em estado de choque. — Eu matei o Adriano.

 

Final

 

                Depois de contar um pouquinho da minha história, acredito que a maioria de vocês imagina na porta de que lugar eu estou, não é mesmo?

 

                Pois é, me encontro em frente à porta do presídio masculino. Ai você pergunta: Masculino?!

 

                Vocês não vão acreditar... Fred assumiu a culpa pela morte de Adriano e mesmo que todas as provas apontassem o lutador, como perigoso, a sentença do meu namorado foi dezoito meses por homicídio culposo.

 

                Mas não me julguem ainda. A ideia não foi minha e é claro que eu não concordei com esse desatino, afinal eu sou Ana Lia, dona da minha própria vida, lembram? Bom, pelo menos eu achava que era.

 

                Ainda tenho alguns minutos, vou explicar como tudo aconteceu...

 

                Depois que nos demos conta que Adriano realmente estava morto, chamamos a policia e eu liguei imediatamente para Arthur, que não levou nem meia hora para chegar. Assim que eu e Fred explicamos pra ele a situação o Dr Arthur disse que podia até tentar absolvição, no entanto pela experiência dele, dezoito meses era a pena mínima pra esse tipo de crime. Na mesma hora Fred deu a ideia de assumir a culpa.

 

— Você está louco?! Claro que eu não permitirei que você faça isso.

 

— A decisão é minha Lia.

 

— Sua uma ova. – eu disse aborrecida. Ora, eu já estava passando por uma situação estressante ainda tinha que lidar com os desatinos do meu amado namorado – Eu fiz, eu pago.

 

— Você estava me defendendo.

 

— Eu estava defendendo a nós dois.

 

— Frederico, – Arthur o chamou – Lia tem razão. Sua ideia é totalmente sem cabimento. Nós daremos um jeito.

 

— Eu já dei um jeito, eu assumo e pronto. Não vou deixar Lia passar dezoito meses na prisão.

 

                Antes que eu pudesse argumentar novamente, o local começou a ficar cheio de repórteres e não demorou nada para que eles estivessem nos cercando, como abelhas no mel. Em algum momento, enquanto tentávamos nos desvencilhar das perguntas curiosas e maldosas, Fred e eu nos afastamos. A principio eu não dei importância, achei que por não estar costumado com aquilo, ele se afastou. Mas minha surpresa mesmo foi quando os repórteres, por vontade própria começaram a mudar o foco da sua atenção e se dirigiram para uma das viaturas que ali estavam. Quando olhei o policial estava algemando alguém, Fred! Meu coração se apertou e meus olhos se encheram de lágrimas. Caminhei empurrando a multidão de curiosos e profissionais que assistiam a cena. Os flashes das câmeras pareciam me cegar e quando eu achei que ia conseguir me aproximar, um policial me manteve longe do carro. Parecia cena de filme, eu me debatia, chorava, gritava o nome de Fred e tudo passava em câmera lenta.

 

                Antes que o a viatura começasse a se afastar, Fred sorriu pra mim e disse “eu te amo” movimentando lentamente os lábios para que eu os lesse.

 

                Meu mundo ruiu sob meus pés. Eu não queria que Adriano tivesse batido em Fred, não queria ter matado ele e principalmente não queria que o único homem que me fez sentir o amor, levasse a culpa por mim.

 

                Arthur e eu corremos pra delegacia mais próxima, mas foi em vão. Quando eu cheguei lá Fred já tinha dado seu depoimento e já estavam levando-o para uma cela. Eu obriguei o delegado a ouvir meu depoimento, e muito de má vontade ele o fez, mas quando eu terminei ele disse:

 

— Olhe dona Ana Lia, entendo o que a senhorita esteja querendo fazer. Assumir a culpa pelo seu namorado... É claro que você não é a primeira mulher apaixonada que faz isso, mas vou te contar uma coisa. O depoimento dele é muito mais convincente que o seu.

 

                Delegado idiota! Aquele homem machista achava que eu estava assumindo a culpa, mas era justamente o contrario. Fred era um bom homem, não era justo que pagasse a por algo que não fez. Até hoje, eu não consigo entender o motivo dele ter feito isso.

 

                Por muito tempo eu e o Dr. Arthur tentamos convencê-lo a voltar atrás, mas Fred estava irredutível.

 

                No dia do julgamento quando juiz bateu o martelo, parecia que ele estava despedaçando meu coração. Mas Fred não estava abatido, nem parecia arrependido, pelo contrario, me dizia palavras de conforto enquanto eu me debulhava em lágrimas.

 

— O doutor Arthur disse que se eu tiver bom comportamento, saio antes, não chore Lia, por favor. Um ano passará rápido. – ele dizia enquanto com as mãos algemadas secava minhas incessantes lágrimas.

 

                Mas não passou. Esse um ano demorou uma eternidade, mas finalmente hoje, eu verei meu amor, livre. Claro que eu lhe fiz visitas periódicas durante esse tempo, mas não é a mesma coisa.

 

 Já programei minhas férias e vamos viajar para o Caribe. Aluguei para nós um chalé que fica na água. O chão do quarto é transparente e poderemos ver o mar enquanto nos amamos.

 

Os portões do presídio se abriram e meu coração deu um salto quando Fred passou por eles. Meus olhos se encheram de lágrimas e tudo que eu consegui fazer foi correr para seus braços. Ele estava visivelmente mais magro e uma barba cerrada embelezava ainda mais seu rosto. Fred parecia mais velho, mas quando me joguei nos braços dele e ele sorriu pude ver o mesmo rosto de menino por quem me apaixonei.

 

                Nossas bocas grudaram desejosas e nossas línguas travaram uma deliciosa batalha, enquanto nossos corpos respondiam automaticamente ao nosso desejo. Quando conseguimos nos afastar nossa respiração estava ofegante e nos encaramos. Outro sorriso lindo despontou no rosto de Fred e ele disse com a voz rouca de desejo.

 

— Saudades, amor?

 

— Não muita. – eu brinquei, e nós demos uma risada. – Vamos, tenho uma surpresa para você.

 

— Adoro surpresas!

 

                Dirigi até o aeroporto e Fred me olhou curioso. Quando descemos do carro, eu fui até a parte de trás do veiculo e tirei duas malas de lá. Joguei o boné no banco e sacudi os cabelos enquanto Fred me olhava com luxuria.

 

— Acho que você está me raptando, amor. – ele disse e me deu um beijo casto.

 

— Acertou! – sorri de volta.

 

                Enquanto esperávamos na antessala de embarque não conseguíamos tirar as mãos um do outro, mas quando eu o encarava, algo nele havia mudado. Não sabia dizer o que era, mas ele não desviava mais o olhar, não tinha mais sua timidez e eu não sabia dizer até que ponto isso seria bom ou ruim.

 

                Antes de embarcarmos mandei uma mensagem de texto para Leila avisando que o senhor Manuel já podia ir buscar meu carro.

 

                Algumas horas depois aterrisávamos no aeroporto Priscess Juliana no Caribe e logo pegamos um taxi para o resort. 

 

Assim que entramos no chalé, Fred me puxou e me deu um beijo ardente, suas mãos percorreram todo meu corpo enquanto sua língua dançava em todos os cantos da minha boca. Ele desceu seus beijos pela linha do meu pescoço, dando mordidas leves no lóbulo da minha orelha e sua mão alcançou meu seio e brincou com meus mamilos por cima da blusa.

 

— Venha Lia, vamos tomar um banho. – ele disse sussurrando ao meu ouvido. Soltei um gemido de prazer com aquela frase cheia de promessa e me virei par ir em direção à banheira.

 

                Mas antes que eu conseguisse me afastar, Fred me virou de costas e tirou minha blusa lentamente. Depois meu sutiã e me puxou contra seu corpo. Pude sentir sua ereção já latente, pressionar meu traseiro enquanto seus dedos encontraram meus mamilos enrijecidos de prazer e ele respirava pesadamente em minha nuca.

 

                Caminhamos grudado até o banheiro e enquanto eu colocava a banheira para encher Fred se livrou totalmente de suas roupas. Eu soltei um suspiro quando percebi que ele havia ganhado alguns músculos. Nada exagerado, mas era perceptível que ele andou malhando enquanto esteve preso. Com passos largos Fred caminhou até mim e nossas bocas se chocaram novamente, mas dessa vez não se demoraram muito para se desgrudar. Fred caiu de joelhos diante de mim, enquanto tirava meu tênis e minha calça ele dava leves mordidas em minha barriga e abocanhava meus seios, um de cada vez, lambendo e mordiscando.

 

                Fred me puxou para banheira e se sentou colocando-me de frente para ele, sem cerimônia fazendo seu membro me penetrar fundo. Seu desejo e suas saudades eram tão grandes quanto os meus. E precisávamos daquilo, urgente, duro! Necessitávamos dos nossos corpos unidos e se conectando. Eu cavalgava de frente pra ele enquanto ele massageava meus seios, os chupava e gemia com sua boca ainda colada em minha pele molhada. Senti o meu ventre se contorcer em um crescente orgasmo e Fred gozou logo depois, me preenchendo com seu liquido quente.

 

                Com nossas respirações ofegantes, ficamos um tempo abraçados na banheira até que Fred começou a me ensaboar, depois lavou meu cabelo, esfregando e massageando meu couro cabeludo, levando pequenos picos de eletricidade para meu ventre, fazendo meu desejo crescer novamente.

 

                Antes que eu pudesse corresponder Fred se levantou e pegou duas tolhas, secou meu corpo e quando foi secar meu sexo enfiou um dedo em mim, movimentando ele lentamente, depois enfiou outro, colocando e tirando, fazendo minhas pernas tremerem. Eu agarrei seus cabelos e ele continuou brincando com seus dedos em  meu sexo.

 

                Eu estava quase tendo outro orgasmo quando ele tirou o dedo e seu olhar escuro me encarou. Ele chupou seus dedos molhados de mim, depois fez com que eu também os chupasse. Quando eu o fiz, ele me puxou contra seu corpo e me beijou ardentemente. Envolveu minha cintura com os braços e me levou para o chão do quarto, me colocando de joelhos. Fred se esticou até a cama, pegando uma almofada, abaixou meu corpo para frente e colocou a almofada em baixo do meu rosto, deixando meu traseiro empinado e meu sexo totalmente exposto para ele. Começou a descer beijos lascivos pelas minha coluna e antes de me penetrar duramente, Fred puxou meus braços para trás e os prendeu nas minhas costas, com uma de suas mãos, enquanto com a outra ele segurava meu quadril.

 

                Aumentando a força das estocadas, Fred gritou meu nome entre os dentes enquanto novamente me preenchia com seu liquido e sentindo todo seu prazer eu me entreguei ao momento chegando ao orgasmo outra vez.

 

                Estávamos deitados na cama, nos recuperando das nossas recentes atividades, quando peguei Fred me encarando. Fitei-o por alguns segundos e depois abaixei o olhar dando um leve suspiro.

 

— Você está diferente. – eu disse sem encara-lo. Eu o amava e era fato, nada mudaria isso, mas ele realmente estava diferente e eu estava estranhando essa mudança.

 

— Diferente como? – ele perguntou sério.

 

— Não sei...

 

— Eu te machuquei? – ele me perguntou, puxou meu queixo delicadamente, fazendo com que eu o encarasse. Pude ver uma preocupação genuína em seu olhar.

 

— Não... Claro que não! Você foi maravilhoso, como sempre, bem como eu me lembrava... É só que... Não vejo mais timidez em seu olhar.

 

Fred deu uma risada rouca que fez meu ventre se contorcer novamente.

 

— No lugar onde eu estava não há lugar para timidez, Lia. Não se você quiser manter sua masculinidade.

 

                Eu soltei um gemido de tristeza e meus olhos se encheram de lágrimas. Claro que todo mundo já ouviu dizer como são essas coisas na prisão, mas daí você saber que a pessoa que você ama, pode ter sofrido algo, por assumir uma culpa que não era dele, fez um remorso consumir meu coração de uma forma que palavras não poderiam expressar.

 

— Ei! – ele disse beijando cada lágrima que corria por meu rosto – Não faça isso. A decisão foi minha, eu já te disse isso inúmeras vezes, Lia. Eu te amo e não permitira que você passasse por isso.

 

— Eu também te amo e não fiz nada para evitar que você, passasse por isso.

 

— Nós dois sabemos que não foi assim, querida! – ele acariciou meus lábios com o polegar – Eu não te dei escolha e se eu pudesse voltar no tempo, faria tudo outra vez, do mesmo jeito.

 

— Mas...

 

— Lia, pensei que você tinha me trazido aqui para matarmos as saudades, não para ficarmos falando de alguma coisa que não pode mais mudar. – ele me colocou de costas na cama e deitou-se por cima de mim – Olhe para mim. – eu o fiz – Eu ainda sou o mesmo Fred.

 

                Eu me odiei por ver no rosto dele, uma expressão preocupada. Eu não estava reclamando, mas não podia deixar de me sentir culpada pela mudança dele. Ele realmente era o mesmo, mas o menino tinha virado homem e a culpa, não deixava de ser minha.

 

— Ei sei que é... – eu sorri e o beijei.

 

                Nas três semanas que se seguiram nós saímos pouco do chalé. Uma vez por dia íamos conhecer algum lugar, mas voltávamos correndo para nos amarmos outra vez, e mais outra. Nem se passássemos seis meses ali, poderíamos matar toda saudade que sentimos durante aquele penoso ano. Mas eu ainda tinha mais algumas surpresas para Fred antes das minhas férias terminarem.

 

               

 

Durante esse tempo que ele ficou preso, tivemos muito tempo pra conversar e conhecer mais um sobre o outro. Descobri que ele não tinha mais seus pais e sua família se reduzia ao seu irmão, que morava na Argentina. Eles se viam uma vez por ano, quando estava próximo do aniversário deles, que era no mesmo mês.

 

Pegamos um voo para Argentina e fomos visitar o irmão dele. Engraçado como o Francisco era uma versão mais velha dele, dez anos para ser mais exata e alguns fios grisalhos já apareciam dentre os castanhos, mas ele tem o mesmo olhar de Fred.

 

                Ficamos uma semana na argentina, na casa de Francisco, que me tratou muito bem, como se eu fosse da família e nos conhecêssemos há anos. A principio achei q ele seria hostil por conta do que Fred havia feito.

 

Mas Fred me contou algo que eu não sabia. Ele enviou uma carta ao irmão e quando Francisco o visitou na cadeia, ele explicou ao irmão o que havia acontecido. A principio, o irmão se revoltou, mas depois Fred conseguiu fazê-lo ver que ele não poderia ter agido de outra maneira.

 

Quando nos despedimos, Francisco me deu um abraço tão apertado que mais uma vez, eu estava vazando pelos olhos. Saco! Não era só Frederico que havia mudado nesse ano, eu também e me descobri sempre muito emotiva a tudo que se relacionava ao meu amor.

 

Abri os olhos animada! Era segunda feira, mas eu planejava algo para Fred. Apenas mais uma surpresa. Tomávamos café da manhã, quando pedi pra que ele me acompanhasse até o trabalho com a desculpa que eu precisava de ajuda em algo relacionado aos servidores e ele prontamente concordou.

 

Há alguns quarteirões da Make Lia, entrei em um estacionamento de um prédio empresarial e Fred começou a me encher de perguntas que eu respondia com respostas vazias e monossilábicas.

 

Chegamos ao décimo andar do prédio entramos em uma sala toda reformada, com piso de madeira e paredes claras. Uma grande mesa de vidro com um MacBook, estavam em um canto da sala e uma estagiaria morena de cabelos encaracolados sorria para nós amigavelmente.

 

— Bom dia dona Lia.

 

— Bom dia, Rose. – eu a cumprimentei educadamente – Este é o senhor Frederico, é pra ele que você trabalhar a partir de agora.

 

— Como é?! – Fred me perguntou surpreso dando outra olhada no lugar.

 

— Outra surpresa, querido!

 

— Lia, eu não falei nada sobre as viagens porque nós dois desfrutávamos dela e da companhia um do outro, mas isso – ele apontou para o escritório com a mão – eu não posso aceitar.

 

— Porque não?

 

— Não é justo, Lia.  – ele estava irritado, apesar de estar controlando sua voz – Eu posso conseguir um trabalho. Não posso aceitar que você me dê um escritório... – ele olhou para secretária e eu entendi que ele não queria conversar na frente dela.

 

                Fiz sinal para que ela saísse e o puxei para dentro de sua sala, que estava equipada com tudo que há de mais moderno no ramo da tecnologia. Ele olhou estupefato para o lugar antes de continuar.

 

— Eu não posso aceitar isso, porque você está se sentindo em divida comigo, Lia! – ele finalmente disse e seus olhos demonstravam toda sua mágoa.

 

— Você me entendeu errado, Fred. – eu me aproximei dele e o abracei – Se eu lhe desse o mundo, ainda estaria te devendo. Duas vidas não seriam o suficiente para que eu pudesse saldar minha divida. Eu só fiz isso, porque te amo, quero o que é melhor pra você, porque o que for bom pra você, será bom pra mim.

 

— Mas não é certo.

 

— Claro que é. – eu o beijei – Você disse que a viagem, nós dois desfrutamos e por isso você não se importou. – eu sorri lascivamente para ele – Então, case-se comigo e eu desfrutarei do seu trabalho também.

 

                Fred não respondeu imediatamente. Depois de um tempo me encarando ele revirou os olhos e esboçou um sorriso.

 

— Céus, você não mudou nada, mulher! – ele me beijou – Você sabia que quem devia fazer esse pedido era eu, não sabia?

 

— Por quê?! – eu me fingi ofendida – Só porque você é homem?

 

— Bom, – ele debochou – desde os primórdios da humanidade, é assim que funciona.

 

— Mas não estamos mais nesse tempo. – eu disse fingindo aborrecimento – E você não me respondeu.

 

— Sim, dona Ana Lia, eu aceito me casar com você. – Fred disse e meu peito quase explodiu de felicidade. O beijei apaixonadamente.

 

                Depois que deixei Fred em seu escritório fui para minha empresa, e aqui, eu era a mesma. Meus funcionários ainda me viam como a mulher dos saltos de aço. Eu continuava imponente, senhora do meu mundo, controladora, mas com uma pequena diferença: Eu estava amando, era amada e eu posso dizer que hoje, sou a mulher mais feliz do mundo.

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